02.
Falava com meus pais quase que diariamente, porém eles não tocavam nos nomes da Audrey e Max. E assim se passou a primeira semana.
Apesar do nosso prédio ter uma academia, ela era bem básica, então resolvi me matricular na academia onde Jimmy malhava (sim, era assim como Jérémy gostava de ser chamado), que ficava no bairro da Bela Vista, do outro lado da avenida paulista. De cara, curti o lugar, muita gente bonita, não só a mulherada, os caras com os corpos bem malhados, não que eu fosse aquele adolescente magricelo de antes, eu já tava com um corpo bem legal, mas nada chegava perto dos caras que treinavam ali. Inclusive, tinham dois instrutores no meu horário que pareciam dois touros.
Jimmy: você vai gostar de treinar aqui...
Eu: vou sim... a galera parece ser bem dedicada né?!
Jimmy: sim, aqui no Brasil o pessoal leva esse lance do corpo a sério!
O instrutor me ajudou a montar o treino, o primeiro mês seria um treino de adaptação. Sai um pouco moído do treino, louco por uma ducha. Entramos no vestiário, alguns caras estavam pelados, outros já se vestiam, porém era a primeira vez que eu via o Jimmy nu. Já o tinha visto sem camiseta e tal, mas nu em pelo nunca... E o cara tinha o corpo bonito como já havia descrito aqui, o peitoral todo liso, e a barriga dele tem aquele V e alguns gominhos desenhados. Sempre achei bonito barriga assim. Não pude deixar de reparar no pau dele, os pelos pubianos bem aparados, a cabeça coberta somente a metade pelo prepúcio, o saco liso, sem pelo algum. Fiquei meio que parado, olhando, mas acho que ele percebeu:
Jimmy: e aí mano, não vai tirar a roupa não?
Eu: Si-si-simm vou sim... – e fui me despindo, eu também nunca tinha ficado pelado na frente dele, e modéstia a parte tenho um pau de impor respeito, não sou nenhum Kid Bengala, mas meus 19cm não passam despercebidos, mesmo flácido. Também, deixo os pelos pubianos bem aparados e bem pouquinho, não gosto muito de pelos. Depois desse dia parece que uma barreira tinha sido quebrada entre a gente e ficávamos cada vez mais amigos, treinávamos juntos, as compras do mês fazíamos juntos, íamos pro campo juntos, ele me influenciou a torcer pelo Corinthians.
Teve um dia na academia que estava fazendo uma série de bíceps e notei alguns olhares pelo espelho. Mas quando eu olhava o carinha desviava o olhar, e isso aconteceu mais umas 3 vezes, aquilo já estava me incomodando, será que eu tava com algum problema, sei lá.
Eu: Jimmy, quem é aquele carinha ali de moletom e regata?
Jimmy: ahh ele mora no condomínio ao lado do nosso, acho que se chama Mateus, mas a galera chama ele de Mat... (Os paulistanos tem essa mania de abreviar os nomes hehehehe) ele já treina aqui há algum tempo, mas por que o interesse?
Eu: Sei lá, só achei o cara meio estranho.
Isso se repetiu por uns 4 dias, até que ele sumiu da academia. Já havia 3 semanas que não o via, até que um dia resolvi ir em outro horário e quem estava lá? Ele, o tal carinha que me olhava pelo espelho. E foi a mesma coisa, puta que pariu aquilo já tava me irritando, mas eu tinha que saber por que ele olhava e desviava o olhar, então coloquei o meu sorriso mais amical no rosto e fui caminhando em sua direção, ao chegar estendi minha mão e falei:
Eu: e aí, blz? Tava sumido da academia... - Ele me olhou assustado, acho que não esperava tamanha ousadia minha.
Mateus: o-o-oi... É que eu troquei de horário.
Eu: Eu sou o Tom – falei estendendo a mão.
Mateus: prazer, Mateus!
Vou descrevê-lo: ele era um pouco mais alto que eu, 1,82m, mais ou menos, claro, cabelo estilo militar, máquina 1, um corpo bem desenhado, todo trincado, olhos castanhos, e uma barriga mega definida. Começamos a puxar papo sobre treinos, suplementação, dieta, etc. E ele me falou que tinha uma loja de suplementos com os preços bem razoáveis na região da república, e se eu quisesse poderíamos marcar de ir lá. E sempre que cruzávamos na academia já nos cumprimentávamos, conversávamos normalmente. Contei da minha vida na França (exceto o real motivo de ter vindo pro Brasil), ele me contou com o que trabalhava, estudos, família, essas coisas. Nunca falamos ou mencionamos se namorávamos, etc. Teve um dia que ele me chamou no msn:
Mateus: cara, não vai dar pra gente ir no sábado comprar os suplementos...
Eu: por que?
Mateus: esqueci que na sexta vai rolar uma festa pro meu pai aqui em casa, e com certeza não vou acordar cedo no sábado e a loja fecha meio-dia.
Eu: ahh blz, então...
Mateus: putz, mano desculpa mesmo, mas dai vc não tá afim de colar aqui na festa do meu pai não?!?
Eu: ahh cara... eu nem conheço sua família, não vou ter cara de ir aí assim...
Mateus: deixa disso, quer convite por escrito é?
Eu: não seria uma má idéia, então tá, mas só vou com uma condição. – falei em tom de brincadeira.
Mateus: qual?
Eu: que vc venha agora aqui em casa me convidar pessoalmente. – eram 23:30, juro que pensei que ele não fosse, falei isso de brincadeira mesmo e sem nenhuma intenção.
Mateus: blz! Qual o ap? Em dez minutos tô aí...
E realmente em menos de 10 minutos ele tava lá tocando o interfone, não sei porque mas me sentia estranho, nervoso, um frio na barriga, como se fosse a um encontro que esperava há muito tempo.
Mateus: aqui estou, vossa excelência aceitaria ir a humilde festa de aniversário do meu pai? – ele disse rindo, e fazendo sinal de reverencia.
Eu: Já que estou sendo convocado pessoalmente e minha ilustre presença se faz necessária, diga que eu irei – disse rindo e ainda incrédulo de ele ter ido lá. – Entra aí, fica a vontade.
Nisso ele entrou, se sentou no sofá, me sentei de frente pra ele e ficou um silencio absurdo. Eu não sabia o que dizer, e não sei porque achava estranha toda aquela situação. Ele ficou me olhando sério, e eu também não conseguia desviar o olhar. Aqueles olhos castanhos, a maneira como ele me olhava era hipnotizante, aquele frio na barriga (borboletas voando), e nisso ele veio muito rápido e me beijou. Um beijo quente, forte e suave ao mesmo tempo, que sensação louca, beijar outro homem, mil coisas passavam na minha cabeça, se era certo ou errado, tive vontade de sair daquele beijo, mas minha cabeça falava uma coisa e meu corpo simplesmente não respondia. Realmente, o beijo de um homem é diferente, fiquei excitado só com aquele beijo.
Mateus: Onde fica seu quarto? – perguntou interrompendo o beijo e afagando minha nuca.
Eu: me segue!
Ao mesmo tempo que eu queria ir pro quarto com ele, eu tinha medo do que ia acontecer, não sabia o que ele queria, nunca me imaginei dando o cú, isso nem se passava pela minha cabeça. Chegando no quarto ele fechou a porta, me jogou em cima da cama, e me beijou de novo. Eu tava a ponto de bala, meu pau explodia dentro da bermuda. Ele tirou minha regata, e chupou meus mamilos, cara isso me deixou muito mais excitado, tenho muito tesão nos mamilos. Ele foi beijando minha barriga, e baixou lentamente minha bermuda, apalpou meu pau por cima da cueca, deu um beijo que me fez suspirar, aquilo já estava me torturando, desde minha chegada ao Brasil estava sem sexo. Ele então baixou minha cueca e abocanhou meu pau. Fui nas nuvens e voltei, coloquei as mãos atrás da cabeça, fechei os olhos, abri mais as pernas e curti a mamada. Ele chupava freneticamente, totalmente diferente de todas as mamadas que já tinha levado na vida, realmente o boquete feito por um homem é muito diferente do que é feito por uma mulher.
Eu: isso vai, chupa, delicia...
Mateus: que pau gostoso cara, desde a primeira vez que te vi fiquei afim de fazer isso!
Eu: continua vai, não para não, to quase gozando! – falei ofegante.
Mateus: então goza, gostoso, vai!
Woooowwwww, que gozada fantástica, saiu um rio de leite do meu pau e quanto mais ele me punhetava mais saia leite. Minha respiração tava ofegante, olhei pra ele e ele sustentava um olhar muito sacana no rosto. Ele veio até mim e me beijou a boca, senti o meu próprio gosto naquele beijo. Tesão demais.
Mateus: bom já vou indo, te espero amanhã na festa.
Eu: tudo bem, eu vou sim... pode me esperar. Falou, boa noite.
Galera, fui dormir nas nuvens, adormeci pensando naquela loucura toda, nunca me imaginei beijando outro cara, muito menos ser chupado por outro cara, e aconteceu tudo meio que naturalmente, lógico que isso tudo mexeu comigo, no outro dia fiquei super pensativo. Toda vez que recordava o que tínhamos feito, me vinha um frio na barriga, era uma sensação diferente, eu estava me sentindo diferente. Acho que tava assim porque tudo aconteceu sem forçar nada. Aconteceu e pronto. O Jimmy percebeu que eu estava diferente.
Jimmy: o que aconteceu ontem à noite? Você tá diferente, tá com um sorriso de canto de boca. Você parece pensativo... Isso foi mulher, tenho certeza, deve ter tomado um chá de buceta e já tá aí suspirando pelos cantos, tô certo? – me indagou bastante curioso.
Eu: mais ou menos... bom, vou tomar um banho para irmos treinar.
Ao entrar na academia, meus olhos o buscavam por todos os lados, mas não o vi naquele dia. “Não deve ter vindo por causa da festa do pai”, eu pensei. Fiquei um pouco triste de não vê-lo ali, meio que eu esperava por isso, e por esse motivo resolvi ir à festa do pai dele, mesmo não conhecendo ninguém. Tomei um banho, me produzi pra impressionar mesmo, vesti uma camiseta gola V, deixando o peitoral marcado, uma calça jeans preta e sapatos pretos, e uma boina (estilo francês), que modéstia a parte deu um charme especial ao meu visual; porém, eu não sei porque estava criando tanta expectativa, talvez por ser uma nova experiência, ou realmente estivesse precisando daquilo para apagar tudo que havia deixado em Nice.
A festa ocorria no salão do condomínio onde ele morava, tinha muita gente e eu não conhecia ninguém dali, percebi os olhares das pessoas presentes assim que adentrei o salão, talvez se perguntando quem eu era, e logo fui recepcionado por uma senhora de meia-idade.
Senhora: você deve ser amigo do meu filho, prazer, sou Cláudia, a mãe do Mateus! Ele me falou que tinha convidado alguns amigos, e os amigos do meu filho são sempre bem-vindos aqui e blá blá blá! – a mulher não parava de falar.
Eu: o prazer é meu, e falando no Mateus, onde ele está?
Senhora: está logo ali, ele e a namorada, olha... – e apontou para direção deles. Nesse momento senti minhas pernas bambearem, NAMORADA? Será que ouvi bem? – a senhora disse namorada?
Cláudia: sim, a namorada dele, você ainda não a conhece? vamos lá que irei apresenta-los... – e saiu me puxando, nem mesmo me dando tempo de responder alguma coisa. – Mateus, meu filho, um de seus amigos chegou! Então, como você disse que se chama mesmo?
Eu: Je m’appelle Tomas... – respondi em francês que mico! Quando fico nervoso, algumas coisas saem em francês, lógico que hoje em dia com muito menos frequência do que na época em que cheguei.
Cláudia: Que chique! Ele fala francês! – disse ela aos berros! “Que mulher espalhafatosa!” pensei.
Eu: me desculpa, é a força do hábito... – respondi um pouco sem graça.
Mateus: não pensei que você viesse... – disse ele sério.
Eu: por que eu não viria, se você mesmo me convidou “pessoalmente”. – frisei bastante quando falei “pessoalmente”.
Mateus: não, por nada não, deixa pra lá... mas fica a vontade. – notei uma certa frieza em sua voz.
Eu: obrigado.
Jaqueline: Então, não vai me apresentar o seu amigo? – perguntou sua namorada abrindo um sorriso pra mim.
Mateus: ele treina comigo na academia... Tomas, fique à vontade, sinta-se em casa! Jaque, vamo cumprimentar umas pessoas ali. – nisso se virou e saiu puxando a namorada.
Me senti mal, me sentia estranho, cara o que tava acontecendo comigo? Minha vontade era de sair dali correndo. O cara que tinha me chupado, um dia antes, tinha namorada. Como pude cair num rolo desses? Só me meto em confusão. E por que eu estava me sentindo tão mal de vê-los de mãos dadas, se beijando, rindo, trocando olhares. Eu só queria ter uma vida normal de novo, só isso!
Não demorei muito na festa, e dei graças a Deus que o Jimmy não estava em casa, não queria que ele me visse com aquela cara. Tomei uma ducha e caí na cama. No outro dia, mesmo sabendo que ele não ia treinar devido à festa, não sentia vontade nenhuma de ir. O Jimmy passou o fim de semana inteiro fora de casa, só aparecendo domingo à noite.
Eu: nossa, tava preocupado com você. – falei ao vê-lo entrar em casa.
Jimmy: cara, que fim de semana fodástico! Tô até esfolado de tanto fuder! – e se jogou no sofá. – e aí como foi a festa na casa do Mateus?
Eu: normal... – me limitei a responder isso.
Jimmy: como assim “normal”? Aconteceu alguma coisa que você não gostou, se aconteceu pode me falar cara, somos amigos tô aqui pro que der e vier! – falou isso olhando diretamente nos meus olhos e se ajeitando no sofá de modo que ficasse de frente pra mim.
Eu: nada não, é que fiquei meio deslocado, não conhecia ninguém... aí não teve muita graça né?! E o Mateus tava com a namorada (nessa hora falei em tom mais baixo) e não pode ficar me dando muita atenção. – na verdade ele não me deu atenção alguma, me ignorou totalmente, mas preferi não contar nada, senão o Jimmy ia querer saber o porque de ele ter feito issoEu: cara tô pensando em fazer um curso de piloto privado, o que você acha? – falei tentando mudar de assunto.
Jimmy: acho legal, mas aviação é punk neh? Vai viver fora de casa...
Eu: mas eu tenho que fazer alguma coisa da vida, não posso esperar até fevereiro pra entrar numa facul, e vi que tem uma turma de piloto privado que vai iniciar agora.
Jimmy: já é então, se é isso que você quer, cai dentro irmão!
Me matriculei no curso teórico de piloto privado, na EACON, perto do aeroporto de Congonhas, e escolhi um turno no qual me obrigaria a ir treinar em um horário diferente do Mateus. Gostei muito das matérias, principalmente navegação aérea e regras do ar. Em um certo dia, estava voltando do curso e resolvi parar no BlackDog (é uma rede de lanchonetes especializada em Hot dog prensado, acho que só tem em Sp), estava nas mesinhas do lado de fora quando um carro parou, e me assustei ao ver quem era, isso mesmo, Mateus.
Mateus: a gente precisa conversar! – disse em tom firme.
Eu: não temos nada pra conversar, aliás nós não temos nada, nem amigos nós somos. – respondi engolindo seco.
Mateus: como assim não somos nada? – ele parecia surpreso com minha resposta.
Eu: ah é, eu esqueci, o que eu sou mesmo? (fiz cara de interrogação). Ah, lembrei! Eu treino com você na academia né?! – falei ironicamente.
Mateus: me escuta, por favor, precisamos conversar mas não aqui... Vem comigo...
Aceitei ir com ele, queria ver no que isso ia dar. Mesmo tentando tirá-lo da minha cabeça, era difícil. Não tinha um só dia que não pensasse nele, no beijo, no toque. Entramos no carro e fomos em silêncio durante todo o caminho. Não sabia ao certo onde estávamos indo, mas não demorou muito para chegarmos. Fomos ao parque do Trianon-Masp, vimos um lugar mais reservado, naquele horário o movimento de pessoas era bem pequeno.
Mateus: primeiro, queria te pedir desculpas pela forma como te tratei naquele dia... – ele falou isso com um certo ar de arrependimento.
Eu: Não prec... – fui interrompido por ele com um sinal que era pra eu ficar calado.
Mateus: me deixa falar, depois você pode dizer o que quiser, me xingar, me mandar pra longe, mas eu preciso que você me escute! (pqp aquele olhar dele parece que ia no fundo da minha alma). – eu sei que eu errei, mas cara desde o dia que te vi que comecei a me sentir estranho, ficamos amigos, e naquele dia quando dei por mim já estávamos nos beijando, eu nunca tinha ficado com outro cara, eu sou hétero, porra! Sempre tive essa convicção, mas aconteceu... Não tô dizendo que me arrependo, mas um milhão de coisas se passaram na minha cabeça. Eu tenho namorada, ou tinha, não sei ao certo. Mas uma coisa é verdade, eu não consigo parar de pensar em você! Eu não durmo direito, não como direito, o que você fez pra mim, foi macumba? (nesse momento ele sorriu, mas vi que uma lágrima descia pelo seu rosto). Me diz, por que será que não consigo parar de pensar em você?
(...)
Não sabia o que responder, pela minha cabeça também passavam milhões de coisas, e naquele momento eu vi que tinha me apaixonado por ele. E vê-lo assim tão desarmado, revelando o que ele sentia, seus medos, suas dúvidas, tudo isso fez com que eu me encantasse ainda mais. Nunca pensei que fosse me apaixonar por outro cara. Como a vida prega peças na gente né? Há uns 3 meses atrás, eu estava mó feliz pois seria pai, depois descobri que o meu filho na verdade era filho do meu melhor amigo com minha (ex)namorada, e agora estava ali com um cara praticamente se declarando pra mim.
Eu: nã-nã-não sei o que dizer... – falei bem baixinho.
Mateus: eu tenho medo de tanta coisa, mas o que mais tem me deixado com medo é de não ser correspondido! – falou olhando para baixo.
Dessa vez fui eu que tomei a iniciativa, abracei-o, forte, tão forte que parecia que ia quebrar todos os seus ossos, porém minha vontade mesmo era de beijá-lo ali mesmo, mas eu ainda estava no meu juízo perfeito. Ficamos assim por incontáveis minutos, um sentindo a força do outro, o toque, a respiração, o cheiro dele me inebriava, o calor dos nossos corpos naquele abraço, sentia seu coração acelerado, o meu também estava a milhão. Senti como se uma tonelada tivesse sido tirada dos meus ombros, pois no fundo eu também tinha medo disso, de estar gostando dele, porém não ser correspondido.
Mateus: vamo lá pra casa? – falou com um sorriso no rosto.
Eu: eu não sei se tô preparado pra isso ainda...
Mateus: desculpa, mas não tô falando disso (sexo). Só queria deitar no seu peito, ficar junto com você, senti muito a sua falta esses dias.
Eu: tudo bem, vamos.
Seguimos para o seu condomínio, e assim ficamos o resto da tarde. Acabei cochilando com ele deitado no meu peito, poucas palavras foram trocadas, sabe aquele momento em que nada é preciso ser dito, somente sentido, assim foi. Eu sabia que muita coisa tinha que ser resolvida, esclarecida, mas não naquele momento, queria curtir cada segundo ali com ele. Não rolou sexo, o que estava acontecendo envolvia sentimento, envolvia dois homens que estavam descobrindo que estavam se gostando, e era isso que valia ali.
Eu: Matt, acorda, já tá quase de noite, preciso ir... – falei lhe dando um selinho.
Mateus: tudo bem, mas vê se não some pois eu vou te caçar onde quer que você esteja.
Eu sorri, vesti minha camiseta e sai, deixando-o ainda deitado. Meu, acho que minha alegria estava estampada na minha cara, estava sorrindo à toa, me sentindo meio abobado, queria gritar pro mundo minha felicidade. Contudo, quando cheguei em casa, vi algo bem constrangedor, O Jimmy estava transando com uma garota no seu quarto de porta aberta, não teve como não ver. Entrei rapidinho no meu quarto, e só escutei o barulho da porta dele se fechando. Liguei o som bem alto, e fiquei ouvindo Edith Piaf “Non, je ne regrette rien” (“Não, eu não me arrependo de nada”). Minha vida é regida por várias músicas, dá até pra montar a minha trilha sonora, acho que todos nós somos assim né?!
# Non, Je Ne Regrette Rien #
Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!
Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié,
Je me fous du passé!
Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n'ai plus besoin d'eux!
Balayé les amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro...
Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien égal!
Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Car ma vie, car mes joies,
Aujourd'hui, ça commence avec toi!
TRADUÇÃO:
# Não, Não Me Arrependo de Nada #
Não, nada de nada...
Não, não me arrependo de nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal – tudo isso tanto faz!
Não, nada de nada...
Não, não me arrependo de nada...
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!
Com minhas recordações
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!
Varridos os amores
E todos os seus temores
Varridos para sempre
Recomeço do zero.
Não, nada de nada...
Não, não me arrependo de nada...
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, tudo isso tanto faz!
Não, nada de nada...
Não, não me arrependo de nada...
Pois minha vida, pois minhas alegrias
Hoje, tudo isso começa contigo!
https://www.youtube.com/watch?v=y6Dz3-k1d9I
(Esse link mostra o final do filme “La vie en rose”, onde Edith canta essa música).
Essa música traduzia bem o que estava sentindo: RECOMEÇO. Uma nova vida, um novo amor (novo em todos os sentidos). E mesmo tendo tido desilusões em Nice, tendo sofrido pela traição da Audrey com o Max, eu não me arrependia de nada, pois foi tudo aquilo que me levou a estar onde eu estava agora, e a viver o que estava vivendo. Muita coisa ainda tinha que ser resolvida, como o lance do namoro do Matt com a Jaque, afinal de contas ela não merecia ser enganada desse jeito, não era justo com ela. E isso só cabia ao Matt resolver.
Teve uma hora que não aguentava mais de fome e resolvi ir na cozinha comer algo, e me deparei com o Jérémy sentado na sala.
Jimmy: cara, desculpa meu, a gente tava num fogo tão grande que nem deu tempo de fechar a porta. (risos)
Eu: relaxa, cara. Mas você hein, dava pra ouvir os gemidos da menina de lá do elevador! (lógico que era brincadeira minha).
Jimmy: ahh fazer o que né, se ela ficou doidinha na minha vara... Hehehehe – falou isso e pegou no pau, meio que se exibindo.
Eu: sai pra lá com isso mano, eu hein... deixa eu ir comer que ganho mais do que ficar ouvindo isso... – disse indo em direção à cozinha.
Jimmy: hey, onde o senhorito pensa que vai? Volta aqui e me conta logo por onde você andou a tarde toda, tá com cara de quem andou aprontando também!!!
Eu: imagina, não posso nem ficar feliz que você já acha que andei trepando por aí!
Jimmy: achar eu não acho nada, mas que você tá todo de sorrisinho isso você tá e eu vou descobrir por que! Hahahahaha – e saiu rindo me deixando lá sozinho.
Apesar de estar feliz com o rumo que minha vida estava tomando, ainda tinha algo para ser resolvido: a (ex)namorada do Mateus. Querendo ou não ele teria que conversar com ela, de toda forma eu não queria pressioná-lo mas por outro lado não me sentia confortável com aquela situação toda. Minha vida continuava num ritmo alucinante, aulas teóricas do curso de piloto, academia, e minha relação com Matt ficava a cada dia mais firme, mas ainda não tínhamos transado de fato. Ainda não sabia ao certo de como rolaria, quem seria o ativo ou passivo, ou sei lá, se os dois fariam as duas coisas, mas eu ainda não me sentia muito confortável em me imaginar sendo passivo. Depois de umas duas semanas, resolvi que teríamos que ter uma conversa com relação a sua (ex)namorada.
Eu: cara, eu não queria te pressionar, mas eu preciso saber realmente o que você quer pra sua vida. – já comecei falando bem direto.
Matt: eu quero ficar com você! É isso o que eu quero! – respondeu sem hesitar.
Eu: tudo bem, mas você tem que conversar com a Jaque, não é certo o que você está fazendo... aliás, o que nós estamos fazendo!
Matt: você tem razão, amanhã mesmo vou conversar com ela, então não vamos mais falar disso por hoje, beleza?! Me dá mais um beijinho vai. – meu, como ele beija bem, lógico que não consegui resistir e ficamos em um amasso bem quente.
No outro dia levantei bem cedo, pois precisava começar a ver onde faria as aulas práticas de voo. As opções mais viáveis seriam Bragança Paulista ou Jundiaí, mas não queria ficar muito tempo longe do meu amor, então vi a possibilidade de fazer as aulas no Campo de Marte, na Zona Norte de SP, seria um pouco mais caro, porém não precisaria passar a semana toda longe da capital. Decidi que contaria pro Mateus a respeito da minha decisão e assim também, já sondaria se ele tinha conversado ou não com a Jaque. O porteiro já me conhecia então nem fez muita cerimônia em me anunciar, já entrei direto.
Seu Rui: pode ir lá, você deve ter vindo pra comemoração né? – me perguntou.
Eu: comemoração? Que comemoração?
Seu Rui: ahh, o Matt kvai ser pai, a Dona Claúdia tá toda contente, saiu falando pra todo mundo que vai ser avó! Que a criança vai inundar a casa deles de alegria... etc etc etc – não ouvia mais nada. Fiquei tonto com o que tinha acabado de escutar. “Ele vai ser pai? Como assim? A Jaque tá grávida?”.
Seu Rui: o senhor tá bem? Ficou pálido! – falou todo preocupado.
Eu: acho que minha pressão caiu, deve ser o calor. Então, é melhor eu ir subindo né, pra dar os parabéns... – eu precisava ver com meus próprios olhos aquilo tudo. Ainda não tava acreditando, sentia um aperto no peito a cada andar que o elevador subia, não sei de onde tirei forças pra ir até lá, mas era necessário.
Respirei fundo antes de tocar a campainha, dava pra ouvir as risadas do corredor. Finalmente, alguém abriu a porta, era uma das empregadas. Fui entrando sem dar muita atenção a ela, e encontrei na sala, sentados lado a lado, de mãos dados, ele e a Jaque, com um sorriso enorme estampado nos rostos, rodeados pelas suas famílias e mais alguns amigos íntimos. Meu rosto ardia de raiva, de decepção, mas não podia chorar ali. Ouvia a voz da minha mãe em minha cabeça: “nunca chore na frente dos outros, não demonstre fraqueza, nunca!” E era isso o que eu ia fazer, e falei: “meus parabéns!”. Seu sorriso se fechou na hora, até então ele não tinha notado minha presença ali, na verdade ninguém tinha. A Jaque que se levantou e veio até mim.
Jaque: então, você já sabe? – e fez um gesto passando as mãos na barriga.
Eu: fiquei sabendo agora a pouco... e resolvi vir aqui dar os parabéns pessoalmente, espero não incomodar...
Jaque: imagina, você se tornou o melhor amigo do Mateus, é lógico que você tem que fazer parte desse momento tão especial pra nós três! – “nós três?” eu ouvi bem? Tava formada ali a família feliz e perfeita para toda a sociedade! Eu olhava fundo nos olhos dele, me aproximei e falei: “meu parabéns, papai!” Disse isso ironicamente, lógico, e estendi minha mão para cumprimenta-lo. Ele ficou paralisado me olhando e foi a Jaque que falou: “Amor, não vai aceitar os cumprimentos do Tom não, o que deu em você?”.
Cláudia: deve ser a emoção do momento. – e riu alto.
Matt: obrigado... obrigado por ter vindo, mas não precisava ter se incomodado de vir aqui... – falou isso com um duplo sentido.
Eu: não foi incomodo algum, na verdade eu fiz questão de cumprimentar o casal pessoalmente pelo primogênito, aliás você está com quantos meses Jaque?
Jaque: estou entrando na sétima semana de gestação, eu estava desconfiada, mas não tinha certeza ainda, aí o Mateus parece que pressentiu que eu queria falar alguma coisa, pois ele pediu para conversar comigo hoje de manhã, mas nem dei tempo de ele falar nada, pois estava tão feliz que não consegui segurar a novidade!
Eu: ahhh juraaaaa? E você como reagiu Mateus, aposto que ficou super feliz né?! – o sarcasmo escorria pelo canto da minha boca.
Flávio: euhh.. euhh... – e foi interrompido pela mãe dele.
Cláudia: feliz? Feliz é pouco, já estão até vendo a data do casamento, lógico que tem que ser o mais rápido possível, apesar de estarmos em pleno século XXI, não pega bem casar com a barriga aparecendo né verdade?!
Eu: lógico que não, só espero ser convidado, pois esse casamento eu não perco por nada. – falei fixando o olhar bem sério nele mais uma vez. – bom, vou indo nessa, mais uma vez parabéns pelo baby.
Jaque: ahhhh ainda não, fica para o almoço, vamos brindar pela chegada do nosso filho e fazemos questão que você esteja presente.
Eu: eu agradeço, mas realmente preciso ir, tenho que arrumar umas papeladas, pois vou para o interior do Estado fazer minhas aulas práticas de voo. Mas me avisem do casamento, que retornarei com certeza. Até mais.
Quando estava aguardando o elevador, senti uma mão segurar meu braço. Era ele.
Matt: calma aí, a gente precisa conversar... que história é essa de ir para o interior?
Eu: eu ouvi bem? E que história é essa de filho e casamento? Olha aqui, nós não temos mais nada pra conversar, aliás acho melhor você voltar lá pra sua família... – minha vontade era de soca-lo ali, de arrebentar a cara dele, tava com ódio de mim por ter me envolvido demais.
Matt: eu vou voltar pra lá sim, mas essa conversa ainda não terminou! – nisso o elevador chegou, eu entrei, mas ainda o vi pronunciar bem baixinho: “EU TE AMO”.
Fudeu, não consegui mais segurar as lágrimas, tentei mas não consegui, sai voando pra casa, e ao entrar dei de cara com a última pessoa que queria ver naquele momento: Jérémy, pois eu sabia que ele ia me encher de perguntas. Foi mais forte que eu, o abracei apertado, e ele me perguntou o que tinha acontecido pra eu estar naquele estado, só respondi: “não pergunta nada, só me abraça, depois eu conto tudo o que você quiser saber”. E me senti protegido naquele abraço, chorei copiosamente, parecia que meu coração se espremia e saiam lágrimas dele que transbordavam pelos meus olhos.
Jérémy: calma, isso, calma, o Jimmy tá aqui e nada vai te acontecer... nada vai te machucar, calma... – e começou a afagar meus cabelos. Aí mesmo que eu chorei, parecia a Maria do Bairro de tanta lágrima que saiu de mim, acho que chorei por todas as Marias juntas (Maria do Bairro, Maria Mercedes e Marimar). Fui me acalmando, e ele foi me levando para o quarto, me deitei na cama e quando ele ia saindo, eu lhe pedi que não me deixasse sozinho.
Jérémy: j’allais t’apporter un verre d’eau... (ia te trazer um copo d’água) – não sei porque ele falou em francês comigo, ele quase não falava em francês dentro de casa, talvez ele quisesse me fazer sentir melhor.
Eu: je te remercie, mais j’ai besoin que tu restes ici avec moi... (eu te agradeço, mas eu preciso que você fique aqui comigo).
Ele veio se deitou na cama, e eu deitei em seu peito, e ele ficou me fazendo cafuné e assim eu adormeci. Acordei assustado, achando que tinha sido um pesadelo mas não, era realidade mesmo. Olhei o celular e já eram quase 18:00, vi também que tinham várias ligações não atendidas do Mateus, que eu não iria retornar lógico. Resolvi levantar e encontrei o Jimmy arrumando a mesa de jantar.
Jimmy: eh ben, voilà le dormeur! (aí tá o dorminhoco!)
Eu: J’en avais besoin... (eu tava precisando disso...)
Jimmy: Matt te ligou várias vezes, eu sei que não é da minha conta, mas aconteceu algo entre vocês né? E vendo o estado que você entrou em casa, foi algo sério! Mas, se você não quiser falar disso agora, fica tranquilo, só queria que você soubesse que pode contar comigo. – falou isso e bateu no peito.
Eu: eu sei disso. – me aproximei e dei um abraço forte nele. - na verdade eu preciso contar o que aconteceu, senão minha cabeça vai explodir.
E assim eu contei o que tinha rolado entre a gente desde o início, e ele me ouviu atentamente, hora fazendo cara de surpresa, hora fazendo cara como se soubesse o que tava rolando, mas em nenhum momento ele foi preconceituoso.
Jimmy: que história louca... você gosta dele, não é?!
Eu: EU O AMO! Mas terei de esquecê-lo, como vou poder competir com um filho? Um filho! Eu não posso e nem tenho o direito de pedir nada a ele. – me segurei pra não voltar a chorar.
Jimmy: e agora o que você vai fazer?
Eu: eu não sei, o pior é que a gente vai acabar se esbarrando por aí, e com certeza vão me convidar pro casamento. O melhor seria eu sumir por uns tempos, não queria voltar pra Nice, então pensei em ir fazer as horas de voo em Bragança Paulista ou em qualquer outro lugar...
Jimmy: eu também não gostaria que você fosse pra longe de mim... – ele disse isso com um ar triste na voz.
Eu: fica assim não, eu nunca vou te deixar. Você tá aqui ó – e bati no peito imitando o mesmo gesto que ele tinha feito a poucos minutos atrás.
Jimmy: fala assim não, senão eu me apaixono! – e riu.
Eu: até que você é um bom partido e é gostosinho também. – falei isso e senti que ele ficou envergonhado. – Fica com essa cara não, falei brincando pô!
Jimmy: c’est dommage ! (que pena!)
Eu: quoi ? j’ai pas compris... (o quê? Eu não entendi...)
Jimmy: laisse tomber, on va manger ? (deixa pra lá, vamos comer?) – falou rapidinho mudando de assunto.
Minha cabeça tava fervendo tanto que nem vi maldade, ou segundas intenções nas palavras do Jimmy. Naquela noite, ainda assistimos um filme juntos e depois fomos dormir (cada um no seu quarto, lógico!). Apesar que ele se ofereceu pra dormir comigo, mas eu disse que iria ficar bem, e falou que ele estava ali pertinho, e repetiu que nunca ia deixar ninguém me fazer mal algum. Agradeci e demos mais um abraço, senti que ele cheirava meu pescoço (ou era impressão minha?). Senti algo se movendo dentro de seu short de dormir, nisso ele deu um sobressalto, falou boa noite e fechou a porta do quarto. Será que ele tinha ficado excitado? Mas o Jimmy até onde eu saiba era hétero... Deve ter sido impressão minha, afinal foram muitas emoções para um dia só, era só o que me faltava, além de ter perdido o namorado, saber que ele vai ser pai e vai casar, ainda descobrir que meu amigo é gay e tá afim de mim. Não, não, não! Isso já é demais pra minha cabeça.
Eu: Pas ça, pas ça, pas ça ! (isso não, isso não, isso não!) – já tinha me dito isso há um tempo atrás.
Acho que apaguei devido ao cansaço, no outro dia levantei mais disposto, com o Jérémy me olhando na porta do quarto.
Jimmy: bonjour! Ça va mieux ? (bom dia, melhor?)
Eu: oui, ça va... (sim, tudo bem...).
Jimmy: o que vamos fazer hoje? – me perguntou todo alegre.
Eu: como assim “vamos”? você não tem aula hoje?
Jimmy: sim, teria, mas eu não vou, quero passar o dia com você, se você quiser lógico...
Eu: lógico que quero você comigo, então vamos logo tomar café que eu to morrendo de fome...
Fiquei impressionado com a mesa, toda posta (eu adoro arrumar a mesa para fazer as refeições, na verdade é um hábito que tínhamos dentro de casa na França, e o Jérémy sabia disso, meu pai não gostava que comêssemos em frente a TV), com pães, frios, manteiga (ele comprou uma marca francesa ‘président’), leite, cereal, enfim, um café da manhã completo, só não tinha café pois eu não gosto, mas de resto estava perfeito.
Eu: tudo isso é para mim? – perguntei surpreso.
Jimmy: sim, é tudo pra você, você merece isso e muito mais. – falou fixando o olhar no meu.
Eu: já disse que assim eu me apaixono! – falei mais uma vez brincando.
Jimmy: ce serait super... (seria muito bom...)
Eu: comment ? (como?)
Jimmy: ce serait super qu’on mange, non?! (seria muito bom que comêssemos, né?!) – falou completando a frase.
Saimos, precisava passar na Fnac pra comprar uns livros, e depois ele me convidou para irmos ao Shopping Pátio Paulista, para almoçarmos, quando estávamos sentados, ele falou pra eu esperar que ele já voltava.
Jimmy: desculpa a demora, comprei isso pra você! – estendeu a mão me dando uma caixinha. – vai abre... achei a sua cara!
Eu: nossa, não acredito! – era um par de óculos aviador, espelhado, lindo! Fazia muito tempo que queria um assim.
Jimmy: gostou?
Eu: muito, obrigado mesmo, mas não precisava, deve ter custado caro!
Jimmy: é que quando você estiver lá em cima (apontou o dedo pro céu), eu quero que você lembre de mim! - juro que nessa hora eu senti no ar um clima diferente entre a gente, mas eu tava carente e não poderia confundir as coisas, ele só tava sendo amigo comigo, como ele sempre foi! E outra, ele era hétero, o que eu tava pensando?! Foi quando eu ouvi um grito de alguém me chamando, e viramos juntos na mesma hora pra ver quem era.
Cláudia: Toooooooooommmmmmm... – era impossível não reconhecer aquela voz. Eu percebi que ela também não estava sozinha, a Jaque estava com ela, as duas com algumas sacolas de compras.
Eu: oi, tudo bem? – respondi.
Cláudia: tudo ótimo, estamos aqui já nos preparativos pra chegada do bebê.
Jaque: oi Tom, tudo bem? Oi Jérémy, tudo bem com você?
Eu/Jimmy: sim, tudo bem. – respondemos em coro. – E aí, muitas compras? – perguntei em seguida.
Jaque: sim, algumas, resolvemos começar a fazer o enxoval aos poucos, ir curtindo a gravidez.
Eu: ué, mas vocês já sabem o sexo do bebê? – perguntei mas sentia o tom da minha voz pesada. O Jimmy nessa hora segurou a minha mão por debaixo da mesa, apertando-a com força, e em seguida me olhou direto nos olhos, como quem quisesse dizer “calma”.
Jaque: ainda não, mas tenho certeza que será um menino, Mateus sempre quis um menino, e ele vai levar o nome da família.
Eu: o importante é que ele ou ela venha com saúde! – me limitei a dizer isso.
Cláudia: bom, vamos indo, ainda temos muita coisa pra fazer. Até mais Tom! Tchau Jérémy!
Eu/Jimmy: tchau!
Meu coração parece que ia sair pela boca, eu abaixei a cabeça, e respirei fundo. O Jérémy não falava nada, mas não soltou a minha mão um minuto, se ele não estivesse ali não sei como teria reagido.
Jimmy: você se saiu muito bem, estou orgulhoso! – falou depois de uns minutos de silêncio.
Eu: fiz o que eu pude, mas por dentro estou destroçado! – falei dando um sorriso amarelo.
Jimmy: bom, será que conseguiremos comer? Pelo menos eu ainda to morrendo de fome.
Aproveitei para estrear meus óculos, assim esconderia meus olhos vermelhos de choro. Voltamos pra casa, o Jérémy me convidou pra ir pra academia, estava sem vontade mas treinar iria me fazer bem, liberar endorfina é o melhor remédio quando estamos pra baixo. Só fui pois sabia que não corria o risco de encontrar o Matt lá, até porque mais cedo ou mais tarde nos esbarraríamos, isso era inevitável. Quando já estava quase terminando o treino, me assustei com ele parado na minha frente.
Matt: precisamos conversar!
Eu: eu já disse que não temos mais nada pra conversar! – falei em um tom um pouco mais alto que até algumas pessoas se viraram pra ver o que estava acontecendo. O Jimmy percebeu o que ia rolar e foi até lá intervir.
Jimmy: tá tudo bem por aqui? Será que vocês podem resolver isso uma outra hora? – falou bem sério.
Matt: não te mete que você não sabe o que tá rolando aqui! – respondeu grosseiramente.
Eu: quem disse que ele não sabe? – falei em seguida.
Matt: você contou pra ele?
Eu: sim, contei, ele sabe de tudo! E dou graças a Deus por tê-lo do meu lado nessa hora, ele é a única pessoa em quem confio e que realmente se importa comigo!
Matt: isso não é verdade, eu também me importo com você, por favor só tô te pedindo pra me ouvir.
Jimmy: Tom, acho melhor irmos embora daqui...
Eu: Jimmy, tá tudo bem, a gente precisa mesmo esclarecer algumas coisas de uma vez por todas! Bom, vamos lá fora. Jimmy se quiser pode ir pra casa, depois a gente se fala, obrigado por tudo!
Meu coração batia acelerado, mas não poderia fugir mais, ou adiar essa conversa. Tinhamos que resolver tudo ali, e agora.
Matt: esse cara é afim de você! – falou se referindo ao Jérémy.
Eu: se ele é afim ou não, isso não é da sua conta, não vim aqui pra falar do Jérémy. Vai fala logo o que você queria falar.
Matt: a primeira coisa que queria te dizer, é que eu te amo! (continua...
Mais uma vez obrigado por acompanharem a minha história, obrigado pelos comentários! Espero que tenham gostado desse capítulo. Muita gente adivinhou o que realmente tinha acontecido entre a Audrey e o Max, e que o bebe nao era meu, o que posso contar desse caso é que a criança é uma menina, linda por sinal, mas eles dois não estão mais juntos, e que faz mais ou menos um mês eu e o Max voltamos a nos falar por Whatsapp, mas ainda tem muita coisa ainda pra rolar na minha vida no Brasil! Beijos!
Beijos! K.B, Melk Serra, Irish, Chele, LaaLah, DW-SEX, Celso Paris, hyan, DAVID, M(a)rcelo, Kevina, Haryan, Bielzinhoo1, Petricky, geomateus, Ramonzito, light yagame, love31, NPdotado, kahemy, Gabriel_Amarante_, Drica (Drikita), O autor K..., Rôh
==>> Gente, mil desculpas pelo sumiço, resolvi voltar a história do início, espero que entendam que tive problemas de saúde na família, mas graças a Deus está tudo bem. Resolvi fazer capítulos mais longos. Espero quero acompanhem e comentem dando suas opiniões! Beijos a todos e estava morrendo de saudades.