Cap.2
Quando percebi que não estava todo molhado, lentamente abri os olhos, e tive uma surpresa. Edu, de algum jeito, tinha aparecido do nada e me protegido daquele banho.
- Eduardo !-falei, surpreso. Ele se ergueu, e olhou para Mariano, que olhava pra ele e pra mim sem entender o que estava acontecendo.
- Ai, desculpa Edu, deixa eu te ajudar !- falou, Mariano, pegando um lenço e correndo para ajudar o seu namorado.
- Me solta !- ele falou em um tom calmo, mas assustador- dê um aviso a essa turminha que anda com você. Que todos fiquem bem longe dele, inclusive você, ou então, as coisas entre nós vão ficar piores do que já estão- falou, de costas pra mim. Então, ele virou, e deu um sorriso. Porque ele tinha feito aquilo ? Ainda estava sem entender nada- vocês estão na minha frente !- falou, fazendo os alunos abrirem caminho e ele passar. Fiquei observando ele ir embora.
- Merda !- Mariano gritou, jogando o lenço na mesa- e você, não fala nada garoto ?- falou, olhando pra mim.
- Hã ?- não tinha tirado os olhos dele indo embora.
- Ai, deixa pra lá, vamos embora !- ele apronta essa confusão toda por nada. Pra vocês verem como esse colégio é louco. Tão louco que eu ainda não tinha conseguido buscar explicação para o que tinha acontecido ali. Porque Edu tinha feito aquilo ? Porque ele tinha me protegido ? E porque eu estava assim tão besta ? Aff, perdi até a fome. Peguei minha bandeja e coloquei no balcão. Sai em direção ao bosque do colégio. Era pra lá que eu corria sempre que me sentia solitário, ou quando queria pensar, lá, era meu porto seguro. Avistei uma árvore vazia, corri pra lá e me sentei em baixo dela. Fiquei lá, pensando, tentando imaginar o porque de tudo aquilo. Quando avisto um garoto, longe. Ele vinha pra esta direção. Me avistou, e veio em minha direção. Já estava ameaçando ir embora, quando ele falou.
- Por favor, não vai embora, todos já me deixaram de lado hoje !- olhei pra trás e vi um garoto que eu não conhecia. E que definitivamente não era brasileiro. Era bem branco, loiro, tinha olhos azuis, parecia alemão. Alto, encorpado, tinha boca média, e nariz quase perfeito.
- Quem é você ?- perguntei
- Me chamo Hanz- falou, estendendo a mão. Apenas olhei pra ela e pra ele, apertar a mão de alguém era um sacrifício enorme que dificilmente eu fazia- tudo bem ?- balancei a cabeça, concordando.
- Me chamo Isac- ergui meu olhar, e percebi seu sorriso
- Isac ! Então Isac, que série você vai fazer.
- Segundo. Você é novato aqui né ?
- Sou. Por acaso você seria Isac Magalhães ?- falou, olhando para o sol.
- Sim- ainda me perguntava o porque dele estar ali, e estar sendo legal comigo. Gentileza era difícil na minha vida, então estranhava quando tinha.
- Legal, você vai estar na mesma sala que eu. Podemos ser amigos né Isac ?- falou, colocando a mão no meu ombro. Imediatamente me afastei dele, fazendo me encarar com estranheza- o que houve ?
- Desculpe, não posso ficar aqui !- falei, pegando minhas coisas e saindo correndo.
- Ei- ainda ouvir ele gritar, mas não dei ouvidos. Mais longe, me culpava, por ter sido novamente mal educado com alguém, mesmo que involuntariamente. Detestava essa maldita fobia que eu tinha. Já que não tinha mais lugares pra ir e o sol estava esquentando, decidi ir pro meu quarto, e arrumar as minhas coisas. Subi os andares, e logo abri porta.
- Olá Luan- quando virei, me surpreendi com quem estava ali- você ? O que faz aqui ?
- Bom dia pra você também- era Eduardo quem estava ali- e se caso não olhaste a lista, sou teu companheiro de quarto este ano- não acreditava que teria que ficar com outro garoto, e ainda mais um completo estranho, que eu só sabia o nome, e que, ainda por cima, me despertava desejos, e pior ainda, era o garoto mais popular da escola.
- Ai não ! Não acredito que vou ter que passar o ano com outro garoto no quarto- falava, sentando na cama.
- O que, não sou bom o suficiente pra dormir ao seu lado ? Olha que eu te salvei de tomar um banho de suco hoje, e me deu o maior trabalho pra lavar a camisa.
- Não é isso, e a propósito, obrigado por ter me salvo daquele banho, é que...
- Então você me acha bom. Interessante !
- Não... É... ah !- tentei falar algo, mas não consegui, me perdi todo !
- Não precisa ficar todo perdido. Você só precisa saber, que não gosto de gente andando pelo quarto de noite, e que durmo de pijama- apenas ri.
- Eu também
- Viu, a gente combina em alguma coisa. A propósito, você já sabe a turma em que vai estar ?
- Sim, é na 225- falava, lentamente ajeitando a mesa que ficava ao lado da minha cama.
- Legal, então você vai estudar comigo. Eu volto depois, até mais tarde- olhei pra porta e vi ele saindo. Primeiro, fiquei atônito, mas depois só consegui sorrir.
- Ai, ele deve ter me achado um doido depois dessas trapalhadas- fiquei alguns segundos pensando no que tinha acontecido no refeitório. Aquela cena, aquele olhar, aquele sorriso, não saiam da minha cabeça.
HORAS DEPOIS
Estava um luar lindo aquela noite, então decidi levar meu jantar pro observatório. Era um lugar aberto e principalmente, vazio. Era o que eu achava. Comia o meu jantar, enquanto olhava pra lua e pensava em tudo o que tinha acontecido no dia. Quando ouvi gritos.
- Ai, esse Mariano me irrita !- conhecia aquela voz- sempre o mesmo papo, não aguento mais- olho pro lado, e vejo Eduardo, subindo as escadas- ah, é você ! Espero que não se incomode de eu ficar aqui- eu já ia me levantar, quando ele me segura- ei, não vai embora. Você nem terminou de comer !- falou, puxando meu braço e me fazendo sentar novamente- você tem alguma espécie de fobia a pessoas. Uma pessofobia. Já percebi
- Pesso... o que ?- falei, confuso
- Nada, inventei isso pra ver se você sorria- falou, olhando pra mim. Continuei comendo. Pensando a todo momento o que ele estava fazendo ali.
- Ei, porque, você estava gritando quando veio pra cá ?- ele respirou fundo.
- Mariano...
- O que ? Você não gosta mais dele ?- negou com a cabeça- Hum- continuei comendo
- Acho que nunca gostei. Ele estava com ciumes de você.
- Hã ? De mim- falei, assustando-me
- É. Falei pra ele um dos meu segredos. Quer saber qual ?- não esbocei reação, então ele falou mesmo assim- O de que estou apaixonado por você.
Continua
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