Eai, galera! Bom, primeiro eu tenho que falar que essa série vai ser meio que uma continuação de uma série que escrevi aqui já faz um tempo. Estou continuando porque acho que algumas coisa que precisavam de uma história acabaram ficando sem, acho que terminei ela muito cedo como muitos disseram, o que me ajudou a decidir contar um pouco mais.
Já fazia uma semana desde que havia passado aquela noite maravilhosa com Igor, nos víamos todo dia e sempre dávamos um jeito de escapar pra algum lugar escondido por alguns minutos, alguns dos melhores minutos da minha vida, diga-se de passagem. Felipe também estava sempre por perto, nós três andávamos juntos de vez em quando, mas eu costumava andar mais com o Felipe por ser da mesma sala com os mesmos horários etc... Minha amizade com Felipe ficava cada vez mais forte, fazia tempo que não encontrava um amigo como ele com quem eu me importasse tanto. Andávamos juntos, estudávamos juntos, íamos embora juntos pois sua casa era no caminho da minha, por isso pegávamos o mesmo ônibus.
Era estranho, era sempre bom estar perto dele, ele era um amigo que eu queria preservar pra vida toda. O problema é que ele começou a reparar que eu andava passando tempo demais com Igor, e sempre que o Igor aparecia eu saia com ele escondido pra algum lugar. As vezes ele me perguntava sobre isso e eu simplesmente dizia que a gente ia só dar uma volta pelo bairro, ou conversar. Acho que isso começou a deixar ele meio triste, talvez ele estivesse se sentindo excluído, talvez ele me visse como um amigo tão bom quanto eu via ele, eu me sentiria muito mal caso me sentisse substituído por outro amigo, então entendia ele e sempre procurava deixar bem claro que ELE era meu melhor amigo, afinal eu não podia contar pra ele que minha relação com Igor era diferente de nossa relação.
Mas mesmo assim Felipe começou a se afastar um pouco de mim, na academia as vezes eu ia conversar com ele mas ele me cortava com a desculpa de que precisava se concentrar no treino, eu sentia que ele me observava quando eu ia conversar com Igor, e eu sentia tristeza no modo como ele me olhava e isso me deixou super pra baixo também. O amigo que pensei que estaria na minha vida por muito tempo começava a se afastar de mim, me matando aos poucos.
Chamei ele pra ir comer um lanche na esquina da escola e depois dar uma volta, ele aceitou como quem não tem mais nada pra fazer, aquilo me irritou um pouco, mas não tanto quanto me magoou. Conversamos um pouco, comemos e fomos dar uma volta, estudávamos a noite e andar por ali naquele horário era muito bom. Não estava mais aguentando, sou uma pessoa muito apegada a seus amigos, e quando eu tenho que falar alguma coisa eu falo:
- Olha, Felipe, sério cara, por favor você tem que parar de me tratar assim.
- Assim como? - Disse me olhando com um olhar inocente.
- Assim, sabe, parece que você tá me ignorando, cara, parece que você não quer mais andar comigo. O que tá acontecendo, cara? Eu fiz alguma coisa? Olha, se for por causa do Igor, mano, eu já te falei, véi, ele também é meu amigo, as vezes ele quer conversar comigo mas não se sente tão a vontade com você, entendeu? Você também deve ter outros amigos com quem você anda. E olha, na boa, você é o melhor amigo que eu já tive, não leva a mal, mas eu não quero perder sua amizade nunca, cara, então por favor, não se afasta de mim.
Ele ficou parado por um breve momento, parecia surpreso, feliz, estava escuro mas vi seus olhos lacrimejando.
- Não é isso, cara... - Ele abaixou a cabeça e começou a suspirar, eu podia ouvir um choro leve. Fiquei preocupado, não sabia o que fazer, será que havia sido grosso ou cruel? Não queria que ele chorasse - Olha, você me diz isso, mas parece que é VOCÊ quem está se afastando de mim. Você me deixa de lado pra ir falar com o Igor e parece que quer passar mais tempo com ele. Pra falar a verdade eu achei que estava te fazendo um favor. Pensei que você queria se afastar mas que não queria ser grosso comigo. Pensei que era o que você queria.
Eu quase bati nele, quase abracei ele. Senti que tinham lagrimas escorrendo pelo meu rosto também. Eu estava perdido em pensamentos, como eu havia sido burro! Eu estava mesmo me afastando dele, não intencionalmente, não por que eu não gostasse dele.
- Nunca, cara. Olha, me desculpa, eu não percebi que eu tava agindo assim com você, nunca foi minha intenção.
Nessa hora ele me olhou e pude ver claramente lágrimas em seus olhos. Nunca havia reparado na beleza dos olhos dele, estavam brilhando por causa das lágrimas, e ele estava com uma aparência serena. Na verdade eu já havia reparado, eu seus olhos, em seu sorriso, e em como me sentia especial perto dele. Ele continuava a me olhar, com a alegria estampada no seu rosto.
- Eu fiquei com medo de que você tivesse se cansado de mim. Você é muito especial pra mim também, Enzo.
Por um momento eu fiquei parado, só olhando pra ele, só aproveitando a felicidade que invadia meu corpo, minha mente. E por um momento a felicidade me tomou por inteiro, me dominou completamente. Mas as vezes, apenas um momento é necessário.
Foi então que eu o abracei e dei-lhe um beijo.
