O Inquilino Tarado

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 7209 palavras
Data: 15/08/2014 08:38:08
Assuntos: Gay, Homossexual

O Inquilino Tarado

A empresa de criação de softwares que eu havia criado pouco mais de um ano após o término da faculdade estava se consolidando e me permitindo juntar uma grana, por isso comecei a cogitar a saída da casa dos meus pais. Afinal, em poucos meses completaria 30 anos e estava na hora de ser dono do meu próprio nariz, e para isso, ter minha própria casa era um sonho que fazia parte desta tão almejada liberdade. Comecei a me empenhar na busca de um imóvel que se encaixasse no meu orçamento. Não queria comprar um destes apartamentos que pipocavam por toda a cidade. Primeiro, porque acho sufocante essa sensação de estar sempre com alguém atrás das paredes, como que tolhendo sua liberdade e, segundo, porque nesse novo lar não poderia faltar espaço para o Apolo, meu boxer de estimação e companheiro inseparável. Algumas semanas depois de haver intensificado minha busca, numa manhã a caminho do trabalho, acabei me deparando com um sobrado, recém-desocupado, na metade de uma quadra numa rua tranquila e arborizada. Embora estivesse localizado num bairro nobre e, portanto, talvez fora das minhas possibilidades financeiras, resolvi parar e dar uma olhada nas condições do imóvel.

Era uma construção antiga, mas relativamente bem conservada, um pouco grande para as minhas necessidades, mas achei que, com a ajuda de um amigo arquiteto, conseguiria deixa-la com uma cara mais atual. No primeiro contato com o corretor da imobiliária, fiquei feliz com o valor que estavam pedindo e, ao mesmo tempo, ressabiado com a oferta aquém daquilo que valia. O corretor me garantiu que o casal estava em processo litigioso de separação, e estava querendo se livrar do imóvel o mais rápido possível, para que o imbróglio se resolvesse. Naquela mesma semana pedi que um engenheiro fizesse uma avaliação das reais condições da construção, para me certificar de que não estava entrando numa fria. Para minha felicidade tudo parecia estar em ordem, e os reparos necessários, valiam cada centavo do investimento, me garantiu o engenheiro. Assim, recorri às minhas reservas financeiras, ainda insuficientes para a quitação total do imóvel, mas nada que um financiamento de dois ou três anos não saldasse.

A notícia em casa foi festejada, com alegria pela minha conquista, mas com uma tênue tristeza por estar deixando o ninho definitivamente, coisas de pais. Meu pai se ofereceu para o empréstimo do que faltava, no entanto, resolvi que faria tudo por conta própria, afinal liberdade se conquista caminhando com os próprios passos. Essa era minha filosofia. Até que eu pudesse me considerar dono da minha casa, lá se passaram quase nove meses, tempo para as burocracias do empréstimo e para as obras que a deixaram como eu queria. Como as prestações do financiamento ficaram um pouco salgadas, e a reforma raspou minhas reservas bancárias, decidi alugar uma das suítes para ajudar a cobrir as despesas pelos próximos dois anos. Nunca havia partilhado uma moradia com estranhos, num primeiro momento achei que talvez não fosse o tipo de pessoa que se acostuma com essa invasão de privacidade, mas ponderando, pensei que talvez isso me tornasse um pouco mais sociável. Como não queria um total estranho, comecei a espalhar a notícia entre os amigos, na esperança de que alguém dentre seus conhecidos pudesse ser o inquilino que eu procurava. No entanto, foi através de um amigo do meu pai que a coisa se resolveu. Esse amigo tinha um sobrinho que também morava com os pais em Uberaba, onde seu irmão tinha uma fazenda. Esse sobrinho havia se formado em administração e estava à procura de uma pós-graduação e um lugar para ficar em São Paulo. Depois de alguns telefonemas tudo foi ajeitado.

Depois de uma semana particularmente cansativa no trabalho, a volta para casa numa sexta-feira chuvosa e fria, parecia o sonho de uma utopia. Lá pelas oito horas da noite, depois de amargar uma hora no trânsito, finalmente eu estava embicando o carro na porta da garagem. Enquanto o portão abria, um carro luxuoso e esportivo se emparelhou com o meu. Dele desceu um sujeito atlético, cabelos curtos e uma barba cerrada por fazer, que se aproximou da minha janela com um sorriso amistoso expondo seus dentes grandes e olhos de um verde intenso.

- Murilo? ... Sou o Rafael, prazer. Você conversou com o meu pai na terça à noite. Tudo em ordem? – disse com a voz firme e bastante grossa.

- Ah! Tudo bem. Eu só o esperava amanhã . – cumprimentei, me recordando do combinado ao telefone com o senhor que o amigo do meu pai havia indicado.

- É que resolvi antecipar a minha vinda. Posso passar a noite num hotel se isso for um transtorno para você. – esclareceu, com uma cara tão desamparada que dava pena não deixa-lo ficar.

- Não tem problema, mas precisamos improvisar um pouco, pois o quarto que eu destinei a você só seria arrumado amanhã pela manhã, com a ajuda da empregada. – emendei, enquanto entrávamos e eu lhe apresentava a casa.

- Linda sua casa. Tenho a certeza de que vou me adaptar muito bem aqui. – respondeu, satisfeito com o que via.

- Que bom! Espero que você se sinta realmente à vontade aqui. – acrescentei.

Foi um final de semana agitado. Além de ajudar o Rafael a se instalar, dei umas dicas de como se locomover pela cidade, para que pudesse se familiarizar com as redondezas, apresentei-o a alguns amigos e saímos para que ele fizesse algumas compras. Nas semanas seguintes percebi que não teria mais tanto sossego quanto antes, pois sempre aparecia alguma demanda nova e a casa se tornou mais agitada. O Rafael não tardou a se enturmar e, depois de iniciar a pós-graduação, começaram a aparecer caras novas, ora para um bate-papo, ora para uma festinha improvisada que deixava a casa um tanto desarrumada. Quem não gostou muito desse burburinho todo foi a Lourdes, que torcia o nariz diante da bagunça agregada.

- Não consigo dar conta da bagunça de vocês. Para deixar tudo em ordem preciso de pelo menos mais um dia na semana, além dos dois que já venho. – lamentou-se com certa razão, pois o volume de serviço aumentou além do que imaginara.

- Tá bom Maria Chorona, pode vir mais um dia que eu banco o prejuízo. Mas não vai se acostumando com a moleza não! – brincou o Rafael, assumindo como sua a culpa pelo aumento do serviço.

- Moleza? O senhor é que pensa! Antes eu dava conta direitinho do serviço, não é senhor Murilo? – revidou num muxoxo.

- É que o Murilo é muito certinho e fica quebrando seu galho. – disse, troçando da cara zangada da Lourdes, enquanto a abraçava e lhe tascava um beijo nas bochechas.

- O senhor não tem jeito mesmo! – observou ao se dirigir à cozinha.

Depois de seis meses de convívio, havíamos nos tornado grandes amigos. Era como se houvéssemos crescido juntos. Ele me completava naquilo que eu tinha de tímido e introvertido, além de mais responsável e ordeiro, enquanto eu agia como uma espécie de freio para seus devaneios e estripulias, conseguindo até regrar um pouco aquele espírito inconsequente. Quando tínhamos um tempo só para nós, ficávamos vendo algum filme na TV, ou que ele descobrira numa locadora. Ou então eu preparava um jantarzinho que terminava na sala, com longas conversas madrugada adentro acompanhadas de um vinho. Criara-se uma intimidade de quem partilha o mesmo teto. Ultrapassáramos as barreiras da formalidade que estranhos cultivam. Num feriadão prolongado fomos até Uberaba, onde conheci seus pais pessoalmente, e fui aceito como se fosse um velho membro da família. Conheci uma das fazendas do pai dele e me propus a auxiliá-lo com uma demanda para o controle dos animais e da produção leiteira e de derivados, com a criação de um software na minha empresa. O pai dele se encantou com a minha ideia e virou uma espécie de fã, elogiando meu jeito de ser e a capacidade de uma pessoa tão jovem numa área que acabara de lhe ser apresentada, segundo suas palavras exageradas.

- Era tudo que o paizão queria, um filhinho obediente e cheio de boas intenções com as coisas das fazendas. – brincou o Rafael durante o jantar naquela primeira noite.

- Não seja desagradável! Não faria mal algum você se interessar um pouco pelos negócios da família, afinal isso está sendo construído para você e suas irmãs. – sentenciou o pai dele, como se essa frase já fosse um bordão repetido exaustivas vezes.

No dia-a-dia eu pouco via o Rafael pegar em livros ou se dedicar à pós-graduação. Aos poucos as noitadas deixaram de acontecer apenas aos finais de semana e aconteciam a qualquer dia. Estendiam-se até quase o amanhecer e, na maioria das vezes faziam parte delas mais mulheres do que seus novos amigos. Inicialmente dei pouca importância e elas quase não afetavam minha rotina, mas com o tempo, comecei a me incomodar ao descer para o café da manhã e encontrar, além dos ambientes como se um furacão os tivesse varrido, algumas garotas de aparência duvidosa, ainda penduradas ao pescoço dele. Nesses dias eu seguia para o trabalho chateado e, ele invariavelmente as despachava e ia dormir. Quando expus minha contrariedade com aquelas cenas, ele apenas se limitou a dizer que eu precisava curtir mais a vida, que não dava para ser tão certinho o tempo todo. Fiquei mais ríspido com ele e passei a exigir que ele moderasse estes encontros, ou que fosse fazê-los fora de casa. Fui parcialmente atendido e isso restabeleceu certa harmonia no nosso convívio.

- Vou fazer uma festa para o seu aniversário. Esta casa tá meio parada e você está precisando conhecer gente nova. Em especial uma amiga daquela garota loira que eu trouxe aqui recentemente, tá lembrado? Ela me disse que você vira a cabeça de qualquer mulher. – falou todo animado e cheio de ideias.

- Não estou muito a fim de festas. Acho que vou com uns amigos e meus pais até nossa casa em Campos do Jordão. Se você quiser vir, tudo bem. – respondi

- Teus amigos são meio caretas. Uma festa aqui vai ser muito mais legal. Conheci umas gostosas que você precisa conhecer. A mulherada tá doida para se atirar em cima de você. Tem uma rabuda que é teu número, você vai gostar tenho certeza! – replicou, sem dar atenção ao meu desinteresse.

- E eu lá quero conhecer alguma rabuda! E meus amigos são poucos, mas pessoas que eu estimo e que podem não ser tão festeiras por que trabalham e têm seus compromissos. – falei com rispidez.

- Com isso você quer dizer que eu sou um desocupado! Em vez de ficar horas papeando com seus amiguinhos, seria mais interessante você ficar com umas gostosas. Até parece que não gosta de mulher. Você parece um viado cercado quase exclusivamente de machões parrudos. – acrescentou indignado.

- Talvez por que eu seja um! – revidei, sem pensar.

- O que? – estagnou estupefato.

- Isso que você ouviu! – respondi encarando-o.

- Você tá me dizendo que é viado? ... Com essa cara de pau! Você só pode estar tirando uma com a minha cara! – explodiu

- Não tenho que ficar aqui me explicando! – retruquei, tentando esconder minha tristeza por estarmos tendo essa conversa.

- Estou aqui há meses me expondo, sendo legal com você. Ando pela casa sem camisa, todo à vontade, e você me diz que é uma bicha? – berrou furioso, e com a expressão de quem se sente ultrajado.

- Se esse é todo o seu receio, não se preocupe, você definitivamente não é o meu tipo! – revidei desolado.

- Não mesmo! Até imagino quem seja o tipo com o qual você sai por aí queimando a rosquinha! – completou cínico.

- Você está passando dos limites e eu não vou ficar aqui ouvindo desaforos dentro da minha casa. Se você acha que todo viado é igual as putas que você traz aqui para dentro, está muito enganado! – completei, já exausto com aquela discussão sem sentido.

Quase não o vi nas duas semanas seguintes. Nos cruzávamos rapidamente, ou entrando ou saindo, cada um de seu quarto, ou na entrada da casa. Ele não trouxe mais ninguém nos finais de semana e também não tomava mais o café da manhã em minha companhia. Até que numa noite, assim que cheguei do trabalho, ele anunciou que estava desocupando o quarto. Assenti conformado e fingi não dar importância quando ele entrou no carro e desceu a rampa da garagem sem se despedir de mim.

Involuntariamente tive uma crise de choro enquanto via o carro dele se afastado pela rua, e apertava, entre os dedos, as chaves que ele me devolvera com tanta força que chegaram a machucar a minha mão. Era a primeira vez que eu experimentava aquele sentimento de solidão, e a dor que ele trazia. Até então eu não havia me dado conta de que estava tão apegado ao Rafael. Tive uma noite péssima, agitada, um sono interrompido repetidas vezes. Nos dias que se seguiram a mágoa e a raiva se revezavam quando eu pensava nele.

Eu me senti ultrajado pela maneira com a qual ele me julgou. Durante todo aquele período de convívio ele nunca presenciou alguma cena, ou ouviu da minha boca qualquer insinuação que remetesse a um comportamento promíscuo ou afetado. Meu lema sempre foi o de se portar em sociedade com respeito aos demais, sem impor aos outros minha opinião, minha sexualidade, minhas vontades ou o que quer que fosse. Toda minha experiência, desde que me reconheci sexualmente, se resumia a alguns encontros efêmeros que tive com um primo, alguns anos mais velho do que eu, durante a complicada gestação da sua mulher, no tempo em que ainda cursava a faculdade. Impossibilitada de manter relações sexuais para conseguir levar a termo a gestação, ela pouca atenção dedicava ao marido. Numa destas costumeiras reuniões familiares ele se abriu comigo, falou de sua carência e esse meu jeito carinhoso, conhecido por todos, foi mais do que um alento para suas necessidades naquele momento. Meu corpo virginal, aquela inocência da juventude, minha bunda carnuda e o cuzinho apertado foram o palco no qual ele me ensinou a satisfazer um macho com toda dedicação e carinho. Me entreguei à sua necessidade reprimida pouco mais que meia dúzia de vezes. Ele se serviu de mim com ternura e cuidado, enquanto eu lhe retribuía carinhosamente aqueles ensinamentos. Disso restou um apego mútuo muito intenso e significativo, e um segredo a ser guardado no passado. Por isso, não conseguia compreender como um quase estranho, que pouco sabia da minha vida, podia me lançar gratuitamente no rol dos devassos e pervertidos.

Alguns meses haviam se passado, eu ainda lutava comigo mesmo para voltar a encarar a rotina e o trabalho como parte da vida. Numa manhã de domingo, pouco depois do sol tímido de inverno começar a banhar as copas das árvores da rua com seu brilho amarelado e frio, criando sombras alongadas na calçada, despertei com os latidos eufóricos do Apolo e seu agito costumeiro da campainha tocando. Cocei os olhos, virei em direção ao relógio sobre a mesa de cabeceira, os ponteiros ainda nebulosos assinalavam 06:40 e, meu corpo pesando infinitamente mais do que eu era capaz de mover, não me deixava concatenar os movimentos. A campainha continuava a tocar lá embaixo, mais três, quatro, inúmeras vezes, enquanto eu cambaleava escada abaixo. Quando entrei na cozinha e me aproximei da tela do interfone, um Rafael de cara amassada e, noite sem dormir, se movia em frente ao portão. Um sentimento de incredulidade e rancor começou a se apoderar de mim.

- Abre aí, deixe-me entrar. Preciso falar com você. – disse a voz que parecia estar sob o efeito de alguns goles extras de alguma bebida que regara a noitada.

- Você sabe que horas são? – berrei no interfone

- Deixe eu entrar, o sol já está ali. – disse o Rafael, erguendo desajeitadamente o braço e apontando para o nada.

- Volte depois de curar esse porre, ou melhor, nem volte. – continuei berrando.

- Eu vou ficar aqui, vou buzinar e tocar a campainha até você abrir. Preciso falar com você. – revidou irredutível.

Tive raiva de mim mesmo quando cedi e abri o portão para que ele entrasse com o carro na garagem. Bela maneira de começar um domingo pensei, enquanto me preparava para despejar minha fúria por ter sido acordado daquele jeito àquela hora.

- Você endoidou? Fazer esse escarcéu de madrugada na minha porta e bêbado desse jeito? – fui logo questionando enfurecido, assim que ele desceu do carro.

- Preciso falar com você! – repetiu, ao tentar me abraçar e ser rechaçado com um empurrão que quase o derrubou.

- Você já repetiu isso mil vezes. O que você quer? – perguntei, minha própria voz me incomodando àquela hora.

- Estou sem grana. Meu pai cortou minha mesada e eu não tenho onde ficar. – despejou, enquanto tomava a cabeça do Apolo entre as mãos e o beijava, deixando que o traidor lhe lambesse a cara de satisfação.

- Você não acha ridículo um cara de 34 anos falando em mesada do pai? E o que é que eu tenho a ver com isso? Vê se cresce e dá o fora! – retruquei furioso.

- Não tenho onde ficar. A Vera disse que eu não podia ficar mais lá com ela – lamuriou-se desolado.

- E você quer ficar aqui, na casa do viado, de repente perdeu o medo de ser violentado pelo bicha? É isso? – perguntei colérico, querendo socar aquela cara abobalhada.

- Me desculpe! Você está zangado comigo – disse na maior desfaçatez.

- Não foi por isso que você saiu daqui? Porque o viado não te avisou que era viado, e você ficou correndo um perigo enorme com isso? Responde! – intimei, ainda ferido pela maneira como encarou a descoberta da minha sexualidade.

- Eu sei que fui burro, que magoei você. Eu errei e estou arrependido! – disse, sem me convencer.

- Você está é sem a mesada do seu pai e as barangas deram um chute na sua bunda quando o pauzão não bancava mais as mordomias delas, essa é a verdade. – afirmei encarando-o intimidoramente.

- É verdade. – retorquiu humilhado.

- Me esquece! – concluí, deixando-o ali plantado e voltando para o quarto, ainda mais furioso com o meu coração mole.

O traidor do Apolo parecia feliz com aquele retorno, pois não cessava de pular e se enroscar nas pernas do Rafael, abanando alegremente o rabo enquanto ganhava cafuné na barriga.

Ele voltou a se instalar em seu quarto e só consegui voltar a ter uma conversa civilizada com ele dois dias depois.

- Vou procurar um emprego e tudo voltará a ser como antes. A grana que meu pai depositava para o aluguel eu mesmo vou bancar, e rachamos as despesas. Só preciso de um tempo, pois estou liso, mas te devolvo tudo. – prometeu solene.

- Na verdade, seu pai continuou a depositar o aluguel nesses meses que você não estava aqui, essa grana é sua – esclareci.

- Não. Talvez eu só precise de um pouco dela, para me ajeitar, depois te devolvo. – retrucou encabulado.

- Há dois meses eu falei com o seu pai e disse que devolveria o dinheiro do aluguel, mas ele continuou a efetuar o deposito. Não é justo eu ficar com essa grana – devolvi resoluto.

- Acho que foi assim que ele descobriu que eu não estava mais aqui, e veio ao meu encalço. – murmurou acabrunhado.

- Não foi minha intenção te entregar, só achei descabido ele depositar o aluguel sendo que você não morava mais aqui. – expliquei, me sentindo desconfortável, mesmo tendo agido corretamente.

- Eu sei disso. A culpa é só minha. Você é muito mais maduro do que eu, mas eu vou mudar, você vai ver – confidenciou resignado.

- Não é para mim que você deve falar isso. Acho que seu pai merece essa explicação, e não eu. – respondi, devolvendo o primeiro sorriso depois de nossa discussão.

- Você é muito especial. Obrigado! – retribuiu conciliador.

Nas semanas que se seguiram ele retomou a pós-graduação, apesar de me confidenciar que achava que não conseguiria mais acompanhar o restante da turma, devido às inúmeras faltas e por estar devendo muitos trabalhos que somavam pontos. Talvez fosse preciso recomeçar, mesmo porque, sem emprego não tinha como bancar os custos do curso. Aliás, supreendentemente, não tardou a conseguir o emprego, coisa que eu duvidava que ele fosse encarar, mas ele parece, tirou de letra. O que pegou foi o fato de ter que usar terno todos os dias, coisa que ele abominava, e com a qual não tinha a menor empatia. Em seu primeiro dia numa financeira, desceu resmungando, com a gravata toda embolada no pescoço, tentando fazer um nó.

- Essa droga não fica certa – disse compenetrado, tentando atá-lo.

- Você engruvinhou e amassou toda a gravata. Vem aqui que eu faço esse nó – trocei zombeteiro.

- Não sei quem inventou essa droga? – continuou resmungando.

- Pronto! Viu como é simples? – perguntei sarcástico.

- Vou demorar um ano para fazer igual! – exclamou rindo.

- Está lindo... Ah! Desculpe, escapou. – retifiquei, depois de fazer a observação que eu achei, ele interpretaria como uma cantada.

- Você me acha bonito? – perguntou de supetão.

- Você não faz o meu tipo! – brinquei para disfarçar meu embaraço.

- É a segunda vez que você me fala isso. Quem é que faz o seu tipo, por acaso aquela montanha de bíceps e peitorais do Alexandre? – inquiriu, com um tom de voz contrariado, e que eu desconhecia, referindo-se a um amigo com o qual eu me dava muito bem.

- O Alexandre é um tesão de homem, sem dúvida, mas somos apenas amigos. – retruquei.

- Não sei o que você vê num cara daqueles, que além do mais, não disfarça que dá em cima de você. – murmurou entre dentes.

Poucas semanas após ter voltado a morar comigo, quando já havia se desanuviado aquele clima desconfortável de um regresso forçado, ele involuntariamente cometeu uma indiscrição motivado por uma ideia que eu havia sugerido para um de seus trabalhos da pós-graduação. Estávamos novamente tão entrosados naquela familiaridade que o cotidiano de uma rotina partilhada proporciona, que nem se deu conta das consequências, quando irrompeu porta adentro do meu quarto e, como eu estava no chuveiro, invadindo o banheiro sem a menor cerimônia.

- Onde foi que você disse que colocou aquelas anotações que eu deveria ....? – começou perguntando, antes de ir engolindo as palavras, até não conseguir concluir a pergunta, dissipando-as de sua mente, enquanto ela se concentrava no que seus olhos contemplavam num êxtase crescente.

Eu estava de costas para a porta por onde ele havia entrado, estagnando os passos como se, repentinamente, seus pés estivessem atados a duas bolas de chumbo; meus braços erguidos espalhavam o xampu pelos cabelos, formando uma espuma densa e branca, da qual uma porção, do tamanho de um punho cerrado, se desprendeu e começou a deslizar lentamente, junto com a água que escorria pelo corpo e pelas minhas costas, até ganhar meu reguinho e se insinuar entre minhas nádegas polpudas, como um rio que se encrava profundamente nas paredes de um cânion. Era a primeira vez que ele me via completamente nu e, a cena que se descortinava a sua frente, fez sua pica se avolumar dentro da bermuda e formar uma rodela úmida sob o tecido distendido, obrigando-o a ajeitá-la com a mão para dissipar o desconforto que aquele enrijecimento súbito lhe causou.

- Anotações o que? – perguntei, sem me virar em sua direção, e sem interromper o enxague dos cabelos. Não conseguindo atinar com suas palavras que se confundiam com o barulho da água que caía sobre mim. E, até então, também não havia me conscientizado de que ele havia invadido meu quarto, e que eu estava nu. Nem mesmo mais tarde aquilo foi registrado como inusitado, passou simplesmente batido, caiu no esquecimento.

Isso do meu ponto de vista, pois aquela espuma acariciando complacentemente minhas costas e, ousando se enfiar descaradamente no meu reguinho, imaculadamente alvo e lisinho era algo que o atormentou pelos dias que se seguiram. Ele sentiu como se tivesse despertado naquele instante, e isso, deixou seu sono conturbado por quase duas semanas. Nele, suas mãos é que percorriam aquela pele molhada; a ponta de seus dedos é que se perdiam naquele rego profundo, antes dele acordar suado, com o cacete doendo de tão duro e todo melado. Na manhã seguinte ele me olhava de uma maneira perturbadora, sem que eu conseguisse decifrar aquele olhar peculiar e novo.

Ele ficava mais em casa. Dedicava-se ao trabalho e ao curso com a vontade de um leão, disposto a recuperar, ou talvez, desenterrar a honra que ficara abalada diante do pai e de mim. Quando assistíamos os filmes, que ele passou a trazer para casa com mais frequência, ele se espalhava sobre o sofá e dava um jeito de ir se aproximando e colocar a cabeça sobre as minhas coxas, todo despretensioso, como se fosse algo muito natural e que ele estava acostumado a fazer. Esse comportamento só chamou minha atenção quando me dei conta de que ele enfiava a mão na bermuda, ficava acariciando o cacete, e depois me tocava na mais ingênua safadeza.

- Olha onde coloca essa mãozona que acaba de mexer no seu pau. – eu ralhava sem convicção.

- Nem percebi. Você é que fica admirando minha pica. – devolvia zombeteiro.

- Até parece que eu vou me interessar por essa mixaria! – revidava desdenhando.

- Quem desdenha quer comprar! Não é isso que diz o ditado? E, eu vou te mostrar a mixaria! – respondia bravo, enquanto se atirava sobre mim esfregando propositalmente a mão que coçara o saco na minha cara.

Enquanto eu tentava me desvencilhar dele, ele ia me apertando com mais força, até que o tesão se apoderava dele e ele se levantava tentando disfarçar a pica dura que se armava entre suas pernas. Eu acabava rindo da situação, o que o deixava ainda mais constrangido.

- Qualquer hora dessa eu te pego de jeito, e faço você pedir arrego para a mixaria! – resmungava com a cara amarrada.

Tempos depois, findo o expediente, eu me encontrava sozinho no escritório, ainda dando andamento a algumas pendências, quando meu celular toca desconcentrando minha atenção do trabalho. Na tela a cara do Rafael rindo abraçado ao Apolo, uma fotografia que ele mesmo havia inserido no ícone do seu contato, indicava a origem da ligação.

- Oi! Você vai chegar tarde em casa hoje? – perguntou, com uma voz um tanto quanto afobada.

- Estou preparando umas tarefas para quando o pessoal chegar amanhã pela manhã e ter o que fazer. Por quê? – perguntei, sem desviar o olhar da tela do computador.

- É que estou comprando umas coisinhas para uma festinha lá em casa logo mais, e queria saber se você vai demorar a aparecer. – continuou, de um jeito atribulado e com o som de fundo que me pareceu o de algum lugar lotado de pessoas.

- Acho que dentro de uma hora, no máximo hora e meia devo estar em casa. – respondi, não sem me preocupar com a volta daquelas ‘festinhas’ que tanto me aborreciam.

- Legal! Então procure não se atrasar. Até daqui há pouco! – concluiu.

- Você não está aprontando das suas, não é? Estou cansado e tudo que não preciso hoje é de bagunça no final da noite. – adverti, já imaginando um bando de colegas dele se enroscando em meia dúzia de barangas loucas para sentirem suas bucetas preenchidas.

- Relaxa! Te vejo em casa, beijão! – completou rindo.

Desliguei com a preocupação rondando meus pensamentos. Beijão! Tive que rir. Da indignação ao descobrir que eu era homossexual, a esse beijão tão espontâneo e natural, passando por situações onde ele claramente demonstrava certo ciúme de mim com meus amigos, algo estava fora de sintonia, pensei.

Chegamos em casa quase ao mesmo tempo. Ele ainda segurava debaixo dos braços uns sacos de compras e tentava controlar o ânimo exaltado do Apolo com a nossa chegada. Caminhou até a cozinha para deixar as compras sobre o balcão, me respondendo enigmaticamente o que ele havia comprado.

- Vou tomar uma ducha para tirar esse peso de trabalho do corpo. A que horas o pessoal vai chegar? – perguntei já nos degraus da escada.

- Quem vai chegar? – retorquiu desembrulhando as compras.

- Ora o pessoal da festa. Você não disse que estava organizando uma festinha? – inquiri desconfiado.

- Ah! A festa.... Bem, eles devem estar chegando, mas dá tempo de você se arrumar, eu também já subo. – desconversou.

Pouco depois de sair da ducha, ainda com a toalha enrolada na cintura, ele bate na porta entreaberta do meu quarto, e entra de cabelo molhado, trajando apenas uma bermuda surrada que ele adorava vestir quando ficava em casa.

- Olha o que você está fazendo, está molhando todo o chão. Você não tem toalha para enxugar esse cabelo? – bronqueei diante do piso molhado.

- Só vim dizer que você não precisa colocar uma roupa cheia de nove horas. Aliás, esta é a ideal. – disse, ao dirigir o olhar, de cima abaixo, sobre meu corpo quase nu.

- Você está me alugando! Eu nem me vesti ainda. E vai dando o fora para eu me trocar. – revidei encabulado.

- Para mim está perfeito! – disse, com malícia, e acrescentou murmurando baixinho. – Fácil de tirar!

- O que, não entendi? – perguntei. Mas ao invés de uma resposta, ele se aproximou de mim, passou o braço em volta da minha cintura, me puxou contra si, de forma que os pelos do peito dele roçassem meu peito liso, e me deu um beijo na boca. Inicialmente um roçar suave dos lábios dele contra os meus, e depois, quando minhas pernas já bamboleavam, uma penetração de língua que tateava sôfrega pela minha e banhava minha boca com sua saliva.

Aquele beijo não tinha pressa. Sob o impacto da surpresa, eu não conseguia, e nem queria, me mover dali. Além das pernas, que eu não conseguia sentir, algo palpitava dentro de mim em ritmo alucinado, e meus lábios começavam a ficar dormentes com as mordidas que ele dava neles, seguidas de chupões que os entorpeciam. A mão dele deslizou pelas minhas costas lisas, arrepiando minha pele, e fez com que a toalha se desprendesse. Antes dela cair no chão, minha nádega estava na mão dele, sendo acariciada e amassada com ímpeto crescente e selvagem.

- Recomponha-se e vista alguma coisa! Quem é que aguenta ficar ao lado de um corpão tesudo desses sem ficar alucinado? Estou te esperando lá em baixo, não demore! – disse quando me soltou e se dirigiu até a porta, sem disfarçar a barraca que seu cacete armou sob a bermuda.

Eu ainda estava em transe. Não sabia se acabara de ter uma alucinação ou se era real a sensação de calor que ainda persistia na pele da minha nádega. Embora minha intenção fosse dar uma resposta, não consegui articular nenhuma palavra. Ele lançou mais um olhar sobre meu corpo estático, riu e atravessou o umbral caminhando em direção à escada.

Quinze minutos depois, vestido informalmente e exalando um discreto aroma cítrico, desci as escadas, atravessei a sala silenciosa e fui até a cozinha, onde o Rafael dispunha sobre algumas travessas e tigelinhas o conteúdo dos pacotes que havia trazido, na companhia curiosa do Apolo. No momento em que se virou em minha direção ele segurava uma garrafa champanha nas mãos e se preparava para colocá-la no balde de gelo.

- Uau! Meninão, dá só uma olhada como nosso gato está lindo! – disse ao fazer carícias na cabeça do Apolo

- Deixa de besteira. Você ainda está de bermuda? A que horas você disse para o pessoal chegar? Quer que eu ajude a fazer alguma coisa? – perguntei

- Respondendo seu interrogatório, eu vou ficar assim mesmo. E, quem deveria chegar já chegou. Pode ajudar sim, trazendo estas coisas até a sala. – respondeu numa sequência rápida e com uma alegria contagiante.

- Não entendi. – observei, enquanto levava algumas travessas com comida japonesa até a sala.

- Primeiro vamos abrir esta champanha e brindar. – disse, enquanto fazia estourar a garrafa.

- A que vamos brindar? E que festa é essa, sem convidados? – indaguei curioso.

- Fui promovido. Agora você está diante do diretor de gestão e risco da financeira. O que me diz? – proclamou quando me estendeu a taça com o líquido gelado e borbulhante.

- Que maravilha! Nossa, muito legal! Meus parabéns pela conquista! – cumprimentei efusivo, deixando a alegria dele me contagiar.

- Não mereço pelo menos um abraço? – retorquiu, estendendo os braços abertos.

- Claro! Sem dúvida que merece. – disse, abraçando-o carinhosamente.

Assim que me aproximei o suficiente, ele voltou a me puxar para junto dele e começou a me beijar num frenesi sensual e avassalador. Meteu a língua na minha boca e chupou a minha, enquanto suas mãos passeavam descontroladamente pelo meu tronco e bunda. Senti-o me pressionando contra a mesa e esboçar movimentos rítmicos de encoxamento. Minha boca era invadida pelo sabor másculo dele e eu aspirava o cheiro de seu corpo viril. Inebriado pela pegada dele, eu me entregava à sua concupiscência e retribuía timidamente com carícias na nuca e nas costas dele, onde cravava a ponta dos meus dedos. Um tremor generalizado se apossou do meu corpo e eu o desejei com toda intensidade dos meus sentidos. Ele deve ter percebido essa minha predisposição, pois começou a despir minha camisa polo e chupar meus mamilos que, indiscretamente, estavam com os biquinhos duros de tesão. Os peitinhos ficaram ainda mais salientes e arredondados depois dele tê-los sugado. Ele os contemplou assim expostos, pegou-os entre os dedos e mordeu-os com força, me fazendo gemer, até deixar a marca dos seus dentes na minha pele branquinha.

Depois ele me virou, fazendo com que eu me alojasse entre seus braços, enquanto ele desabotoava minha calça, abria a braguilha e a arriava junto com a cueca. Sentia -o esfregando sua pica dura nas minhas nádegas e gemi um quase ronronar, enquanto inclinava meu pescoço para o lado, franqueando minha pele perfumada para a voracidade de seus beijos e chupões. Ele esfregava seu peito peludo nas minhas costas, e metia a mão no meu rego em carícias sedentas.

- Quero meter em você tesudo. Deixa eu colocar minha pica nesse cuzinho, deixa? – sussurrou ao meu ouvido, e extraindo gemidos de complacência com seu desejo.

Com dois passos desajeitados ele me debruçou sobre o espaldar do sofá e tornou a meter a mão no meu rego. Seus dedos tateavam dentro dele a procura do meu cuzinho enrugado, ao mesmo tempo em que minha respiração se tornava ofegante e audível. Um dedo penetrou meu esfíncter anal e eu gemi indicando meu consentimento.

- Delícia de cuzinho apertado! Tesão do caralho! – ele murmurou safado.

A calça entrelaçada nos pés, o corpo dele inclinado sobre o meu me apertando contra o sofá, seus braços me envolvendo, tudo isso cerceava meus movimentos e me submetia à sua volúpia. Com uma das mãos ele abriu sua bermuda e deixou que o cacetão saltasse para fora, como um animal que se libera da jaula. Direcionou-o para o meu rego e pincelou-o na minha profundidade. Eu sentia que ele estava todo molhado e comecei a perceber meu rego todo melado, enquanto o ar se impregnava do cheio másculo dele. O Rafael me pegava como uma fera agarra sua presa. Eu percebi, atemorizado, a gana da sua urgência e me entregava submisso e cheio de desejo. Ele forçou a pica no meu cuzinho enquanto eu gemia de prazer. Depois de algumas tentativas a tora de veias sinuosas dele rompeu a resistência, distendeu minhas pregas, rasgou meu cuzinho e se alojou em mim. Soltei um grito de aflição, a dor se espalhando entre as coxas. Minha pouca experiência sabia apenas, que eu precisava aguentar, que ela iria se dissipar, e que eu precisava agasalhar aquela rola de músculos rijos e pulsáteis, com todo o carinho e desvelo que eu pudesse.

Senhor da situação, ele soube esperar meu desespero se tornar cúmplice. Embora nunca tivesse metido seu pau numa carne tão apertada e deliciosamente firme, ele procurou conter seu tesão para me machucar o mínimo possível. Enquanto me pedia para relaxar, deixando-o meter, ele ia estocando vagarosamente aquela jeba grossa no meu cuzinho. Quando meus gemidos iam se transformando em gritos ele aliviava um pouco antes de retomar sua gana por alojar completamente a pica nas minhas entranhas. Deixei que ele me tivesse, queria servi-lo, queria satisfazê-lo. Quando ele percebeu que eu me entreguei sem reservas, começou a bombar meu cuzinho, com movimentos amplos e ritmados, que deixavam apenas a cabeçorra entalada nas pregas antes de voltar a se atolar naquela mucosa morna e úmida. Eu me agarrei ao espaldar do sofá como se fosse minha tábua de salvação, senti o peso do corpo dele sobre o meu, e me virei para receber seus beijos e sua tara sensual, retribuindo-os com o carinho de um amante. Aquela resignação carinhosa e servil o alucinava, fazia explodir seu tesão, fazia com que ele quisesse meter mais fundo naquela maciez receptiva. Já não era mais possível se controlar, ele estocava meu cuzinho numa selvageria desenfreada. Estimulado pelos meus gemidos, quase gritos, seu corpo se retesou todo e ele deixou que toda aquela tensão descesse pelos culhões ingurgitados e explodisse em jatos abundantes de porra espessa e pegajosa nas minhas entranhas esfoladas, fazendo-o gozar a plenitude de sua virilidade. Eu senti meus olhos marejarem de tanto prazer, enquanto um sentimento de felicidade inundava meu peito por ter satisfeito aquele macho carente.

Ele demorou algum tempo para retirar a pica relutante em amolecer do meu cuzinho. Soltei um gemido quando a cabeçorra passou pelo esfíncter anal, deixando vazar um tanto daquela quantidade de porra que umedecia minha carne. Procuramos nos recompor minimamente para continuar a degustar aquele jantar de comemoração. Os olhos do Rafael brilhavam, havia neles uma alegria incontida. Aquele fora um dia inesquecível, um presente em sua vida. E, ele mirava com satisfação para o responsável por aquela felicidade toda. Já eu, descobri naquele dia um Rafael diferente; um cara decidido, um cara que saíra tardiamente das asas protetoras do pai, um homem fogoso e másculo, um macho pelo qual eu podia me apaixonar.

- Foi bom degustar a sobremesa antes do jantar. – disse maliciosamente, antes de entornar o último gole de sua taça.

- Sem graça, safado! – devolvi regozijante.

Fomos nos recolher tarde naquela noite. Quando percorremos o corredor até os quartos, eu ainda sentia minhas coxas úmidas e pegajosas. Ele parou em frente à porta do dele e me reteve pelo braço e me encarou.

- Gostou? – perguntou num sussurro junto ao meu pescoço, fazendo com que o ar morno de sua boca roçasse e arrepiasse minha pele.

- Muito. Quero mais! – murmurei, antes de tocar seu rosto com cuidado.

Nisso ele me pegou com força e me conduziu quarto adentro, colando seus lábios aos meus num beijo sedento e perturbador. Fomos até o chuveiro, pois até então, ele não havia se banhado, e eu, quando tirei a cueca, vi que estava manchada de sangue. Fiquei encabulado e devo ter ficado vermelho, pois senti o rosto em brasa.

- Delícia de cabaço. Vem cá vem! – disse, com ar esplendoroso e triunfante, ao me arrastar até o box, me apertando contra seu peito e voltando a me beijar gulosamente.

Enquanto eu o ensaboava provocadoramente, e fazia deslizar meus dedos entre os grossos pelos do peito dele, desenhando o contorno dos redemoinhos que eles faziam, ele me fitava com o tesão a lhe armar a jeba. Colocou uma das suas mãos sobre a minha e a fez deslizar até a pica, instigando-me a também acariciar aquela parte avantajada de seu corpo. A dor que eu sentira durante o coito se explicava diante daquilo. O cacete além de grande era indecentemente grosso, culminando numa cabeçorra destacada e lustrosa. Eu o acariciei num tesão contido e velado, tateando cada centímetro daquela tora coberta de grossas veias sinuosas, enquanto a sentia se avolumando e enrijecendo. Um secou o outro com movimentos meticulosos, explorando nossos corpos num ardor crescente. Na peseira da cama eu me ajoelhei diante dele para lamber o fluido viscoso de começara a escorrer da glande intumescida. Abocanhei-a com suavidade e a fiz entrar quase até a garganta. Ela latejava enquanto eu passava a língua ao seu redor e despejava aquele pré-gozo na minha boca. Um néctar de sabor acentuado e cheiro viril, que eu sorvia com zelo e deleite. O Rafael soltava urros baixinhos, segurava minha cabeça entre as mãos e me fodia, metendo a pica na minha garganta até me deixar quase sem ar. Depois me fez deitar de bruços na cama e começou a mordiscar minha bunda. Afastou as nádegas e contemplou satisfeito o estrago que sua pica descomunal impôs às minhas preguinhas. Movido a tesão ele começou a lamber e a dedar meu cuzinho num revezamento contínuo que me fazia delirar de prazer. Espragatava aquela carne macia e polpuda, que enchia suas mãozonas com uma abundância lasciva e vulnerável, apossando-se com uma dominação consentida. Não demorei a sentir seu corpo sobre o meu, sussurrando sacanagens no meu ouvido, esfregando a pica na minha bunda, mandando que eu pedisse para ele me foder. Eu o quis mais do que tudo naquele momento, e disse isso a ele gemendo. Alucinado com minha submissão, ele meteu a rola babando nas minhas preguinhas feridas, intensificando meus gemidos e meu tesão. A jeba entrava e saia impune do meu cuzinho, num ritmo desenfreado e másculo, demarcando o território que ele reivindicava. Mudamos de posições inúmeras vezes, a cada mudança ele sacava o cacete, esperava eu me ajeitar na posição e voltava a enfiá-lo na maciez suculenta que o agasalhava em apertos sensuais causados pela contração indômita dos meus esfíncteres anais. Quando eu deitado de costas, pernas enroscadas ao redor do tronco do Rafael, tendo as minhas expressões faciais admiradas a uma distância de pouco mais de um palmo, e as entranhas ardendo pelo vai-e-vem continuado daquela rola insaciável, senti uma sequência bruta de três estocadas profundas, soltei um grito curto, enquanto ele urrava num delírio acompanhado de um gozo descontrolado de jatos de porra que se alojaram nas profundezas do meu introito anal, banhando meu intimo com sua gala viril. Amei-o por isso, e o cobri de beijos carinhosos por todo pescoço e rosto, segurando-o num abraço acolhedor.

Apesar dos quartos ainda permanecerem divididos, geralmente apenas um deles é ocupado durante a noite. Me acostumei a sentir o cheiro másculo dele impregnado nos meus travesseiros, e sinto que a mera lembrança do cheiro da minha pele o deixa excitado e cheio de necessidades. Nossos programas já não incluem outras pessoas com a frequência de antes, são mais intimistas e cúmplices. Nossas famílias já se acostumaram com a presença do amigo que foi incorporado ao convívio.

- Alô! Oi seu Roberto. Como vão as coisas por aí? – perguntei assim que reconheci a voz do pai do Rafael.

- Tudo em ordem e por aí? Estamos de esperando por estas bandas. – respondeu, com um evidente sorriso que eu não podia ver.

- Acho que dentro de três semanas vamos dar um pulinho aí. Lamento, mas o Rafael acabou de sair, vou pedir para ele ligar quando retornar. – esclareci.

- OK, filho! Quero aproveitar para te agradecer por ter transformado meu filho num cara ajuizado. Sei que boa parte da mudança dele se deve a você, e por isso gostamos muito de você. – proferiu agradecido.

- Que isso seu Roberto, ele só precisava de um empurrão. – brinquei

- Fizemos isso muitas vezes e não deu resultado, foi só o seu empurrão que funcionou! E, agora dá para entender por que ele diz te amar tanto! Nós só podemos nos alegrar com isso. – confidenciou.

- Também o amo muito! – respondi, com os olhos marejados frente à surpresa daquela revelação, pois o Rafael nunca havia me dito isso pessoalmente.

- Então até mais, abração! – despediu-se.

- Até mais seu Roberto, beijo para a dona Vera! – conclui emocionado.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 18 estrelas.
Incentive kherr a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Olá pessoal !! Amei o.conto! Querem dar uma olhada no meu? Sou novo por aqui rs 10!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Eu havia lido esse conto e não havia me atentado ao autor. Seus textos são incríveis, espero que sempre publique. Seus contos são ótimos. Parabéns.

0 0
Foto de perfil genérica

Subarashii! Delicioso e envolvente como sempre. Amo teus contos e me sinto nele e sonho um dia em um deles se tornar o meu! Parabéns.

0 0
Foto de perfil genérica

:') sem dúvida a descrição de um sonho! Parabéns.

0 0
Foto de perfil genérica

Maravilhoso! Há, no seu conto, tudo que um conto erótico necessita e muito mais. Dez sem pestanejar.

0 0
Foto de perfil genérica

Maravilhoso! Há, no seu conto, tudo que um conto erótico necessita e muito mais. Dez sem pestanejar.

0 0
Foto de perfil genérica

vc escreve muito bem.. amei seu conto.. nota 10.. mais um conto deste merece mais do que 10..

0 0