Conserto de Corações - Parte 08

Um conto erótico de Puzzle
Categoria: Homossexual
Contém 3810 palavras
Data: 20/09/2014 12:42:55

Abri a porta da frente com o maior cuidado do mundo e me dirigi até o quintal aonde o Jordan estava me esperando deitado na rede e saiu dela ao me ver.

– Então, a gente vai a pé? - Eu olhava de um lado para o outro a procura de algum veículo.

– Lógico que não - Ele apontou para um carro cinza estacionado na outra calçada.

– E a gente vai pra onde, afinal? - Questionei enquanto atravessávamos a rua.

– Eu vou te levar num restaurante de comida japonesa no shopping que fica aberto o dia inteiro - Ele respondeu abrindo a porta do carona para eu entrar. Quando finalmente chegamos no restaurante, ele pediu uma barca de sushi para nós dois o que eu achei um exagero, mas tudo bem. Quem convida dá banquete.

O restaurante não estava muito cheio, tinham somente oito pessoas contado conosco. Sentamos numa mesa próxima ao balcão e ficamos esperando o nosso pedido até que ele finalmente chega em torno de vinte minutos depois.

– Essa barca tá tão bonita que dá até pena de comer - Comentei.

– Eles se preocupam muito com a parte visual da comida né? - Ele observou e vendo que eu não estava tendo muito sucesso ao usar o hashi, perguntou - Quer uma ajudinha aí?

– Não, obrigado. Eu estou só me familiarizando com eles.

– Só não espeta a comida com eles. Os japoneses só fazem isso com o arroz da oferenda aos mortos, se você usar os pauzinhos para espetar alguma refeição eles consideram isso uma provocação ao outro mundo - Ele avisou.

– Do mesmo jeito que consideram um pecado mortal passar alguma coisa de um hashi para outro, porque isso é associado com os rituais fúnebres japoneses.

– E você sabe como isso é associado? - Perguntou ele.

– Claro que eu sei. Depois da cremação em um funeral no japão, os parentes usam os hashis para passar os ossos do falecido uns para os outros.

– Nossa, pelo jeito eu não sou o único por dentro das superstições orientais.

– Tudo que se diz respeito a esses comedores de peixe crú eu adoro conhecer. Eu gosto muito dessa atmosfera oriental, só acho que japonês é uma língua muito complicada.

– É só você dizer arigotô sempre que eles vão adorar - Ele recomendou.

– Arigatô e sayonara - Acrescentei.

– Você sabe falar japonês? - Ele quis saber.

– Não, eu conheço essas duas palavras desde pequeno. Mas são só essas duas mesmo.

– Eu já conheço um pouquinho mais. Por exemplo, shimeji, tempurá, miso, temaki, nato.

– Uuui, mas você fala uma frase inteira! Traduz para mim.

– Não é uma frase, são alguns pratos da culinária japonesa - Ele disse exibindo o cardápio e rindo da minha ignorância junto comigo - Mas se você quiser ouvir uma frase, eu te falo uma que reflete muito bem o meu estado emocional. Boku ha anata ni zokkon nan desu.

– E o que isso significa?

– Eu estou muito apaixonado por você - Ele respondeu e nós ficamos em silêncio saboreando a comida por alguns minutos até que eu quebrei o gelo desviando da sua declaração bilíngue:

– Taí uma coisa que eu nunca me imaginei fazendo. Fugindo de casa na madrugada para jantar com um novato supostamente hétero, que vivia olhando misteriosamente para mim dias atrás e desejando me possuir como se ele fosse um sem-terra e Eu fosse um terreno mal aproveitado por um coronel nordestino - Brinquei fazendo com que ele quase se engasgasse com o sashimi de tanto gargalhar com o que eu falei. Não era por menos considerando que eu arraso nas analogias.

– Cara, você não é ave maria mas é cheio de graça.

– É que antes de dormir eu tomo sempre trinta gotas de sarcasmo.

– Exagerou na dose hoje a noite hein?

Ainda envolvidos por um papo alegre e descontraído, terminamos de comer e saímos do shopping indo em direção ao seu carro no estacionamento. No meio do caminho, pedi para que ele me deixasse há uma quadra de distância da minha casa porque caso minha mãe estivesse acordada e visse ela poderia ficar desconfiada. E também por conta daquela raça filha da puta dos meus vizinhos, não podiam ver nada que em questão de segundos já estavam semeando a discórdia e espalhando a notícia por aí.

– Tá entregue. São e salvo - Ele disse quando parou o carro aonde eu tinha pedido. Quando eu ia abrir a porta do carro, ele puxou o meu braço, me beijou e pediu - Sonha comigo, tá?

– Não precisa nem pedir - Fiquei olhando ele ir embora enquanto eu seguia para o caminho da minha casa. Abrindo a porta da frente tudo aparentava estar dentro dos conformes. Janelas fechadas, cortinas abertas e luzes apagadas do mesmo jeito que eu tinha deixado. Andei cantarolando até a escada e tropecei em alguma coisa caindo na mesma hora.

Tateando o chão, encontrei o boneco que eu tinha colocado debaixo do meu cobertor. Me levanto quando alguém acende o abajur que ficava na mesa de canto ao lado do sofá. Minha mãe estava sentada nele vestida com um roupão lilás e uma cara de abespinhada.

– Onde é que o senhor estava? - Ela se aproximou de mim com as duas mãos na cintura. Saí do chão me recompondo e bolando uma boa desculpa para ela - Responde, Vincent!

– Bom, é que antes de dormir eu acabei me lembrando que eu tenho um trabalho de geografia pra entregar amanhã com a Bianca valendo ponto, então eu passei na casa dela e a gente ficou lá fazendo até agora. Foi mal não ter te avisado.

– Mentira que eu liguei para casa dela, a Sônia falou que você não estava lá, e a Bianca também me disse que a última vez que ela esteve contigo foi na escola e depois disso vocês só se falaram por telefone. Garoto, você tem noção de como eu fiquei preocupada aqui imaginando se tinha acontecido alguma coisa contigo? Como é que você sai de casa no meio da madrugada desse jeito? Você tá achando que o mundo é o país da Alice?

– Mãe, o quê eu acho é que você está se irritando demais a toa. Eu só fui na casa de um colega meu que estava dando uma reunião com uns amigos dele e veio aqui me chamar pra ir. Como eu estava sem sono mesmo, eu aceitei. Não aconteceu nada demais, a gente só ficou lá jogando, conversando e depois ele me deixou aqui na porta.

– Ah claro, e você diz isso como se fosse algo normal né?

– Mas o quê tem de errado em ir visitar uns amigos?

– Não foi o quê você fez, foi como fez. Não custava nada você me pedir pra ir na casa dele. Eu ia deixar, só tinha que ser em outro horário e com mais antecedência. Mas o mínimo que você devia ter feito era ter colocado a porra de um bilhete na geladeira. Mas não, você saí escondido achando que eu não vou descobrir nada, e volta uma hora dessas pra casa sendo que vai ter aula daqui a pouco. E você ainda quer que eu não fique irritada?

– Mãe, não sei se você ainda tá lembrada desse pequeno detalhe, mas eu já tenho dezessete anos, não sete. Então para de me tratar como se eu fosse um bebê porque eu já sei me virar.

– Não interessa que você tem dezessete anos e saiba se virar sozinho, você pode ter até trinta mas enquanto você viver debaixo do meu teto e comer a vagem que eu como, vai ter que me dar satisfação de pra onde você vai e com quem vai.

– Já terminou com o sermão? Posso ir dormir?

– Antes me responda uma coisa. Quem é esse seu amigo que veio aqui te buscar?

– É o Jordan, você ainda não conhece ele.

– Não conheço mas quero conhecer. Deve ser um bom amigo ele né? Para vir aqui te convidar para fugir de casa. E eu que achava que a Thais era uma má influência para você.

– Mãe, não existe essa história de boa ou má influência, cada um faz aquilo que quer da sua vida. Eu saí de casa e fui com ele porque eu quis, não foi ninguém que me induziu.

– Não é o que parece. Porque você nunca foi de fazer isso, de sair sem me dar satisfação.

– Existe uma primeira vez para tudo na vida.

– Principalmente pra fazer o quê não deve na hora que não deve.

– Tá bom, eu já entendi, prometo que não vou fazer mais isso. Posso ir pro meu quarto agora?

– Antes me responde só mais outra coisa. Se o Jordan te deixou aqui na porta, por que é que eu não escutei barulho de carro na rua e vi você chegando sozinho?

– Porque eu pedi para ele me deixar há um quarteirão de distância daqui.

– Essa história tá muito mal contada. Qual era o problema dele te deixar aqui em frente?

– Porque se você estivesse acordada e visse ele saberia que eu não estava na casa da Bianca - Mandei na lata - Agora eu vou dormir que já tá ficando tarde.

– Santa cara de pau hein?

– Boa noite - Dei um beijo nela e fui pra minha cama. Quando o meu despertador tocou na manhã seguinte, eu acordei igual um zumbi, tenho certeza que nem o sutiã da Inês Brasil devia estar tão cansado quanto eu, que desejava ao máximo poder dormir só mais uns cinco minutinhos. Porém a minha mãe jamais deixaria que eu me desse aquele luxo.

– LEVANTA!!! - Ela me puxava pelos pés enquanto eu me segurava na cabeceira da cama.

– PARA! ME DEIXA DORMIR EM PAZ!! - Eu gritava debaixo do edredom. Vendo que eu não me soltaria, ela desistiu de tentar me tirar da cama e saiu do quarto instantaneamente, o que eu achei estranho já que ela não era de se render assim tão fácil. Eu estava quase pegando no sono novamente quando ouço um barulho estrondoso vindo do primeiro andar que fez os meus ouvidos sangrarem. Alguém estava ouvindo Gusttavo Lima no ultimo volume. Eu tentava a todo custo criar forças para me levantar da cama e fechar a porta do quarto até que eu ouço alguém se aproximando. Ainda com os olhos fechados, coloco uma almofada em cima da cabeça para não ter que ouvir novamente os gritos da Geni. Sinto algo úmido e gelado caindo nas minhas costas. Minha mãe tinha me jogado um balde enorme de água fria.

– Pronto, tá de banho tomado. Agora coloca o uniforme e desce pra tomar seu café da manhã.

– QUE SACOOO! - Berrei sendo ignorado por ela que saiu do quarto rindo junto com a Pamela.

Fui ao banheiro escovar os dentes, coloquei o meu uniforme e desci no momento que a minha irmã andava de um lado para o outro procurando as suas chaves para ir trabalhar. Meu padrasto estava sentado no sofá da sala assistindo a um show do Gusttavo Lima em um home theater novinho em folha, que segundo a minha mãe ele tinha dado o aparelho para ela como presente de três meses de namoro. Achei aquela atitude fofa por um lado e cafona por outro. Cafona porque eu considero muito irritante esses casais que todo o mês celebram o seu aniversário de namoro, comemorar uma vez por ano já é mais do que suficiente. E fofo porque agora nós tínhamos um novo home theater em casa, já que o antigo era igual a mulher de bandido, só funcionava a base de porrada. Abrindo a caixa do aparelho que estava no corredor, encontrei um pedaço grande de plástico bolha e escondi tudo no meu quarto antes que a Pamela visse, ela era viciada naquilo tanto quanto eu. Minha mãe me disse que a Thais, a Bianca e o Charlie ficaram me esperando pra irmos juntos pro colégio mas como eu estava dormindo ainda, eles foram embora. Tomei o meu cereal correndo e fui pra escola após me despedir de todo mundo. E como se já não bastasse ter começado o meu dia ouvindo música sertaneja e ganhando um balde de água fria, para coroar ele com chave de ouro um pombo cagou na minha cabeça enquanto eu corria apressado pela calçada. Eu devo ter fritado bolinho de chuva no diluvio para merecer isso, ou então era o planeta Terra que resolveu se voltar contra mim aquela manhã. Se bem que eu até invejo os pombos, queria poder cagar na cabeça de muito gente, principalmente na da Leona e o seu cardume de piranhas.

Chegando na escola, lavei o meu cabelo no banheiro, fui pra sala e me sentei no mesmo lugar de sempre, ao lado do Charlie que disputava com a Thais quem conseguia ficar mais tempo apertando o botão da caneta. Retirei a minha caneta azul na mochila e começamos uma nova rodada porque eu não poderia deixar de participar também. Na minha opinião, essa é a atividade mais viciante e relaxante que existe, depois de arrancar espiral de folha e estourar papel bolha, claro. Enquanto o professor não chegava, ficamos naquela disputa até que eu fui o primeiro a jogar a toalha. Thais ganhou do Charlie e tirou uma marreta da sua bolsa.

– Você vai fazer o que com isso aí criatura? - Indaguei assustado.

– Trollar a aula de geografia, e com a sua ajuda. É o seguinte, o Isaac vai vir aqui na sala perguntando se alguém tem um martelo para emprestar e como você ficou em último lugar na brincadeira, você vai responder que só tem marreta - Ela colocou a ferramenta na minha mochila assim que o professor entrou na sala e começou a escrever no quadro.

"Toc toc..." - Isaac bateu na porta e entrou com a permissão do professor.

– Com licença. Alguém tem um martelo aí para me emprestar? - Ele falou provocando a risada de todos com a sua pergunta aparentemente idiota.

– Quem é que ia trazer um martelo para escola? - Falou uma líder de torcida no fundão.

– Vai! Anda logo, Vincent! - Thais me apressava.

– Eu não trouxe o meu martelo hoje - Eu disse encarando ele - Serve marreta? - Perguntei e o morcego fez que sim com a cabeça. Fui até ele e entreguei a ferramenta na sua mão ao som das gargalhadas da turma e do professor que levou tudo na esportiva diferente da Bianca que não achou a menor graça daquilo e ainda nos chamou de imaturos, porque toda roda de amigos tem sempre que ter um estraga prazer.

Já no intervalo, fomos até o refeitório onde eu relatei para os quatro e o Isaac como tinha sido a minha manhã desastrosa, meu jantar com o Jordan na madrugada e o esporro que ele tinha me custado.

– Vincent, sem querer te cortar mas já te cortando porque o mundo não gira ao seu redor apesar de você achar que sim... Vocês estão vendo aquele negão ali atrás? - Bianca perguntou apontando para ele e nós assentimos - Então, ele me chamou para um Gang Bang!

– Meu deus! - Me espantei - Que menino ousado!

– Nunca ouvi falar disso. É algum jogo? - Ela indagou.

– Não. É sexo entre várias pessoas ao mesmo tempo em que só uma mulher ou homem são penetrados pelo resto dos participantes. Ou seja, como você não é a Gracyanne Barbosa e nem tem o corpo parecido com o dela, pode até morrer no ato sexual - Alertei.

– Vincent! Você acha que eu iria aceitar esse convite? Ainda mais namorando o Renan?

– E daí que você tá com ele? Vaca amarrada também pasta - Disse a Thais deixando Bianca irritada - Por falar nesse mamífero, vocês ficaram sabendo da mulher que foi parar no hospital porque teve um orgasmo de três horas e os médicos pensaram que ela estava em trabalho de parto?

– Que louco! E como eles conseguiram fazer ela parar? - Eu quis saber.

– Não disseram. Devem ter colocado ela para ouvir o álbum novo do latino e ela broxou.

– Ela tá melhor do que o porco que tem trinta minutos de orgasmo - Falou o Charlie.

– E onde é que você viu isso doida? - Perguntei para Thais.

– Vi hoje na edição vespertina do jornal.

– Vespertina não é aquele negócio que a gente joga pro alto no carnaval? - Bianca questionou.

– Não, o nome disso é serpentina! - Charlie corrigiu.

– Bianca, ainda bem que você não é feia, porque se fosse seriam duas minorias acumuladas - Disse a Thais pra amiga que revirou os olhos com desdém - Rabugenta!

Uma colega da Bianca se sentou conosco e ficou conversando com ela e com a gente sobre o curso de modelo que as duas faziam até que a garota perguntou pra ela:

– Você fez alguma coisa no cabelo hoje, Bi? Tá digno!

– Ao contrário dos outros dias - Thais alfinetou.

– Ela deve ter passado creme de abacate, leite, mel e pimenta do reino - Zombei.

– Maciez e suavidade sem perder o brilho - Charlie acrescentou.

– Hahaha. Tá aprendendo - Pisquei para ele.

– Até você Charlie? Eles te converteram também? - Bianca fez uma cara de brava - Já que vocês tiraram o dia para destilar o veneno de vocês em cima de mim, eu vou fazer companhia pro meu colírio - Ela foi com a Débora se sentar na mesa do Renan. Aqueles dois formavam um casal tão forçado que até a prova do ENEM devia ter bem mais química que eles.

– Que bicho mordeu ela? - Perguntei.

– De acordo com o humor variável nos últimos dias, deve ser TPM - Charlie deduziu.

– Já eu acho que o bicho que anda mordendo ela se chama pressão - Falou a Thais.

– Uma pressão que está sendo exercida por uma mãe controladora que quer que a sua filha seja uma coisa que ela não conseguiu ser no passado - Completei.

– Exatamente - Ela confirmou.

– Mas eu acredito que com o tempo a Bianca vai cair na real e perceber que está sendo influenciada. Uma hora ou outra, ela vai perceber - Eu pressenti.

– Tomara! Mas também o que a gente pode esperar de uma relação em que a filha é facilmente manipulável e a mãe consegue enfiar na cabeça da filha que ela precisa realizar um sonho que não é dela? Não dá pra esperar boa coisa né? - Thais se questionava na medida que o Isaac e o Charlie conversavam sobre uma série de terror que eles assistiam.

– Pois é. Dessa situação que ela tá passando só da para esperar um caso grave de bulimia nervosa, o que eu espero que não aconteça - Afirmei.

– No que depender da gente, isso não vai rolar nunca - Ela garantiu.

– Mas no que depender da mãe dela, vai rolar sim. Eu já vi esse filme diversas vezes, e a metade já começa com uma cabeça dentro da privada e uma escova na garganta - Falei.

– Então antes de chegar na metade desse filme, eu vou ter uma conversa bem séria com a Bianca e vai ser hoje a tarde - Ela avisou minutos antes de bater o sinal do penúltimo tempo.

Durante o restante das aulas, ficamos nós três lançando pelo canudo, bolinha de papel molhado com cuspe no cucuruto das inimigas e na hora da saída, fomos juntos para casa sem a companhia da Bianca. Esta foi com o Renan para um parque que tinha inaugurado em um bairro próximo ao nosso, e escapou temporariamente da Thais (Sem milícia). De noite, quando voltamos da livraria para nossas residencias, minha mãe chegou em casa junto comigo e a Pamela avisando que ela ia se arrumar para um encontro romântico com o Rodrigo em um restaurante chique para comemorar os três meses de namoro e que não era pra nós esperarmos por ela porque ela não sabia que horas vinham, e nem SE vinha.

– Não tragam ninguém pra cá, tranquem a porta quando forem dormir e o quê vocês sujarem, lavem porque se quando eu chegar encontrar louça suja eu vou quebrar.

– Pode deixar - Falamos juntos.

– Ah filha, fica de olho nele que agora ele inventou de fugir de casa na calada da noite.

– Antes de dormir eu amarro os pés dele na quina da cama - Disse a Pamela.

– Mãe, eu já disse que eu não vou fazer mais isso. Não confia em mim?

– Eu vou voltar a confiar depois que comprar uma babá eletrônica para pôr no seu quarto.

– Você tá falando sério?

– Sim. Amanhã mesmo eu compro a babá eletrônica.

– Mãe, isso é exagero!

– Desculpa, mas depois do que você fez ontem eu não tenho outra escolha senão essa. Tchau - Ela se despediu dando um beijo em nós dois antes de sair.

Assim que a porta se fechou, eu e a Pamela nos entreolhamos como um gesto de cumplicidade. Aquilo significava que poderíamos tomar refrigerante depois das onze da noite e comer fritura na madrugada sem ter que ouvir a genitora dizendo que faz mal comer tanta besteira antes de dormir. Pamela pegou seu telefone e ligou para o seu bofe pedindo que ele viesse a nossa casa visitá-la. Antes mesmo que eu fosse pegar o meu celular para fazer o mesmo que ela, o telefone residencial começou a tocar na cozinha. Era o Jordan do outro lado da linha me chamando para sair com ele outra vez. Falei que não estava muito afim de sair mas que ele poderia vir na minha casa e ficar me paparicando até altas horas já que minha mãe só voltaria pela madrugada. Em torno de vinte minutos, Jordan já estava tocando a minha campainha. Abri a porta para ele doido para apresenta-lo formalmente para a Pamela mas como ela estava ocupada demais tocando a corneta do Arthur, me contentei em leva-lo para o meu quarto.

– Quarto legal! - Ele exclamou. Aquele era um cômodo da casa que eu não gostava muito pelo simples fato dele ser todo branco, uma cor que não me agradava mas que eu só não mudava por preguiça de tirar todos os móveis dali e pinta-lo sozinho.

– Para um hospital né?

– Não. Eu gostei mesmo. A única coisa que eu não gostei é que você nem falou comigo direito hoje. Estava ocupado demais conversando com o nerdzinho ?

– Não fala assim dele que ele é meu amigo. E a gente já conversou sobre isso - Ele bufou e ficou me olhando com uma cara brava - Você queria que eu ficasse fazendo companhia para você e seu conjunto de almofadinhas? - Questionei - E pelo que eu saiba, você ainda não quer que ninguém saiba sobre nós e eu também não. Mas as pessoas vão desconfiar se verem a gente andando sempre junto e conversando o tempo todo como um casal.

– Tá, você tem razão. Desculpa - Ele disse dando um sorriso amarelo.

– Meu querido, eu sempre tenho razão.

Jordan veio para cima de mim querendo me beijar e acabamos na minha cama dando uns amassos. Tudo parecia ótimo até eu ouvir o barulho da maçaneta girando, da porta se abrindo e junto com ele a minha mãe entrando no quarto deixando cair a sua bolsa. Pamela surgiu logo atrás dela mas eu não via tanta surpresa no seu rosto ao contrário do da minha mãe que refletia a sua incredulidade na cena que acabara de presenciar.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Puzzle a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Pego no flagra pela genitora meu fih, te prepara pq o tsunami ta chegando

0 0
Foto de perfil genérica

Eita o bicho vai pegar continua logo por favor

0 0