Cap.11
NARRADO POR CESAR
Eu estava tentando ficar imóvel, e não demonstrar de jeito nenhum meu nervosismo. Mas eu vi. Eu senti. Eu beijei meu gêmeo. Na boca. Um selinho. Não foi carinho de irmão. Estava carregado de amor e desejo das duas partes. Eu ainda estou tentando lidar com isso, mas a verdade é que eu sinto muito desejo pelo meu irmão. Ainda não tomei plena consciência de qual é o sentimento que tenho por ele. Estou muito confuso. Ao mesmo tempo que tem praticamente uma bomba na minha cara, dizendo que isso é errado, o meu corpo e o meu coração me traem, fazendo com que cada vez mais eu tenha ainda mais desejo de ficar abraçado a ele, de beija-lo, e de sentir seu corpo colado ao meu. Ele me abraçou fortemente em seguida, e recostou sua cabeça em meu peito. Rezei pra que ele não percebesse meu coração acelerado. Acabamos dormindo
NO DIA SEGUINTE
Acordei com minha mãe gritando da porta do quarto.
- Ei, vocês dois, acordem- sabe aquele momento em que a preguiça é ultra extrema, e você abre apenas um olho, só pra ver se nada tá pegando fogo ? Assim estava eu. Olhei ao redor, Mariano já tinha me largado, mas continuava bem perto de mim. Dormia como um anjo.
- O que foi mãe ?
- Surgiu um contratempo, uma tia ficou doente lá em Itabuna, vamos pra lá.
- Aff mãe, temos que ir também, a tia de Itabuna é uma chata !- dizia eu, lembrando daquela velha que economizava até o sono.
- Não fala assim da sua tia menino. Não, vocês não precisam ir. Seria ruim que se desligassem da faculdade agora. Apenas eu e seu pai iremos. O voo vai sair mais tarde. Vamos ficar uns 15 dias fora, então qualquer coisa que precisarem, é só usar o cartão que tá lá dentro da gaveta. Nós já estamos saindo- ela ficou um tempo razoável olhando pra nós dois, praticamente grudados na cama, até que falou- comportem-se. Qualquer coisa liguem. Tchau, até a volta- falou, dando um beijo rápido na minha testa, e no pescoço do Mariano.
- Tchau mãe- assim que ela saiu, cai no ronco de novo. Mas não demorou muito e fui novamente acordado. Dessa vez era meu celular- ai que diabo- falei, passando a mão na mesa até achar o celular- o que é, caramba, não tá vendo que eu tô dormindo.
- Nossa, bom dia pra você também bela adormecida, e que eu saiba, não te liguei em vídeo chamada pra saber se você está dormindo- era Luana, com o seu bom humor matinal.
- Ah, Luh, desculpa. Bom dia pra você, o que houve ?- dizia, passando a mão em meu rosto.
- É que...- de repente, Mariano fala.
- Quem é César ?- e se joga novamente em cima de mim.
- Quem é que está ai ?
- É o Mariano.
- Hum, agora vocês dormem juntos. Achei que se odiavam- falou, insinuando
- Não nos odiamos ! Mas não muda de assunto, continue...
- É que o lançamento do livro do Felipe foi antecipado pra hoje.
NARRADO POR FELIPE CAVALCANTE
- O queeeeeee ???? Como você pode adiantar assim esse lançamento, eu nem me preparei direito, você está louco ?- gritava com Adalberto.
- Desculpa Felipe, é que a editora disse que tinha muita gente procurando o livro, e por isso decidiram adiantar.
- Nossa, mas parece que só tem idiota nessa editora. Se tiver um único problema, demitirei todos ! Aonde já se viu organizar uma festa em cima da hora ?
- Tenho certeza que tudo estará perfeito Felipe.
- Espero mesmo. E ah, arranje um terno pra ele- falei, apontando para André, que estava cozinhando.
- Você vai leva-lo ?
- Vou. E quero ele como meu convidado de honra.
- Nossa, então ele vai fazer praticamente parte da realeza kkkkk só os tops dos tops dos tops são convidados de honra- olhei pra ele, que cantarolava algo que eu não podia escutar pela distância. Olhou pra mim, e ao ver que eu o observava, sorriu. Retribui o sorriso- você está interessado nele né ?
- Não sei... acho que sim- falei, com um sorriso meio envergonhado.
TEMPO DEPOIS
- Tem certeza que você quer que eu vá, eu nem sei nada da sua carreira- dizia ele, tentando dar um nó de gravata.
- Lógico que eu quero que você vá, você vai adorar a festa. E tem mais, o povo que geralmente vai a essa festa são chatos de galocha, ai com você lá eu vou ter com quem conversar- falei, dando o nó na gravata dele. Peguei o paletó e o vesti- pronto, agora está bonito.
- Nossa, você está cada vez mais parecendo com um irmão mais velho que eu nunca tive- de repente, segurei em seu rosto, ele se assustou.
- Mas eu não quero ser um irmão mais velho- ele estava com uma expressão de susto- um amigo íntimo, por exemplo. É isso que eu quero ser- falei, soltando seu rosto e virando de costas. Sim, eu estava começando a sentir algo por ele. Seu jeito inocente, e sua forma de tratar as pessoas estavam me encantando.
FLASHBACK
Estávamos assistindo um filme na sala. Era comédia romântica. Ele havia insistido tanto que eu aceitei assistir aquele filme meloso.
- Vem logo André, você vai perder o começo do filme- falei, pausando e virando de costas.
- Calma, eu tô tentando tirar essa pipoca quente daqui- falou, segurando uns três panos na mão, pra conseguir tirar de dentro do microondas o saco.
- Ai mas como você é frouxo- falei, indo e rapidamente tirando aquilo de lá.
- Eu não sou frouxo, mas apenas não quero me queimar. Não queria, mas já me queimei- falava, olhando pro seu dedo, com um biquinho fofo na boca.
- Oh meu deus, vai sair a tripa por ai- dizia eu, sorrindo- deixa eu ver se você vai sobreviver- olhei para seu dedo, apenas estava vermelho- é, você sobrevive sim. Criança não se queima tão fácil.
- Hum, engraçadinho.
- Pega o sorvete ai e deixa de conversa- dizia eu, colocando a pipoca numa tigela. Ele começou a mexer no sorvete com a colher. E de repente, a colher veio parar no meu nariz.
- Ai meu deus, desculpa
- Olha, eu já vi gente desastrada, mas você é um pouco aquém da média. Me surpreende q não se queime quando cozinha. Mas agora, só pra retribuir o carinho- passei a colher na tampa do sorvete, e joguei no nariz dele- toma !!!! - Ele só fez sorrir
- Merecido. Mas agora eu vou ter que retribuir de novo- falou, jogando mais sorvete em mim. E assim começou uma mini batalha de sorvete. Risadas, duas pessoas, e um chão liso foi o que restou. Levamos um tombo, ele caiu por cima de mim, e ainda estávamos rindo. Quando parei de rir, foi que percebi o quão perto de mim ele estava. Podia sentir sua respiração. Meu coração acelerou. Me deu vontade de beija-lo. Mas antes disso ele saiu de cima de mim. Deixa eu ir trocar minha roupa. Você, criança 2, limpe isso aí, foi você que começou.
- Ok- peguei o pano e comecei a limpar o chão, estava tentando entender o porquê de tanto nervosismo.
Continua
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