Bom dia, recomendo a leitura das 4 partes anteriores, e comentários são bem vindos...
- Doeu muito?
- Um pouco, no começo... mas depois...
- Depois você começou a gritar.
- Não era de dor.
- Você me saiu um puto de responsa, hein, cara? Onde você aprendeu a fazer boquete daquele jeito?
- Ah... não sei. A gente nasce sabendo, sei lá. Ou o amor nos ensina. Nossa, Andrei, isso tudo está acontecendo mesmo? Até parece um sonho...
- Não, não é sonho...
- Mas parece. Sabe, aquela hora que eu disse que amava você, que eu te beijei, eu pensei que ia ser o fim de tudo... pensei que você ia ter nojo de mim, ia me dar umas porradas...
- Por que?
- Você nunca deu sinal que gostasse de homem...
- Eu não sei se eu gosto de homem, Leon. Eu sei que gostei de transar com você...
Andrei e Leon estavam deitados debaixo do edredom, pois o ar da madrugada estava um pouco frio. Faltava pouco para amanhecer. Andrei, recostado nos travesseiros, olhava para o teto, pensativo. Leon estava aninhado em seu peito, de olhos fechados, sentindo os dedos do amigo por entre seus cabelos.
- Caralho! Juro por tudo que você quiser, Leon, nunca pensei que um dia a gente fosse terminar na cama...
- Está arrependido?
- Você me conhece desde sempre. Não sou homem de me arrepender.
De repente Leon começou a rir, rir sem parar.
- Do que você está rindo? - quis saber Andrei.
- Nada não... é que eu me lembrei de uma coisa agora... ah, mas faz tanto tempo, duvido que você ainda se lembre.
-Fala!
- Lembra daquela vez que a gente tinha ido na pista de skate, e na volta encontroou dois caras transando num terreno baldio?
- Ah, lembro, sim... você ficou encanado com aquilo. Mas porque você lembrou disso agora?
- É que... naquele tempo, claro que eu já amava você, mas era só um garoto, não sabia... eu custei muito pra esquecer aquela cena. E dizia pra mim mesmo, tem que ser muito puto pra deixar outro cara meter no seu rabo... e agora... - e Leon escondeu o rosto, rindo às gargalhadas.
Andrei também riu.
- É... e agora você deixou...
Leon ficou sério.
- Quando a gente ama, é diferente. - encarou o amigo com seus olhos negros. - E eu amo você, Andrei. Amo tanto, que até dói...
O vocalista parecia refletir profundamente em tudo aquilo. Apertou o outro com mais força contra o peito.
- Puta que pariu, cara... essa me pegou de surpresa. Eu sempre fui hetero cem por cento, o maior pegador das quebradas, o cara da rua, do skate, que tirava onda dos viadinhos... - deu de ombros. - Ah, mas agora já era. Como eu te disse, não sou homem de amarelar. Agora você é meu... meu namorado/
- Seu amante... agora eu sou seu amante.
- OK, agora você é meu amante. Com mulher não está dando certo mesmo, quem sabe dois homens não se entendem melhor? Só tem uma coisa...
- O que/
- cara, isso não pode sair daqui. Tem de ser um segredo só nosso. Se alguém descobre, a gente está fodido, nossa carreira e tudo mais...
- Claro, meu amor. Nem precisava ter dito isso. É um segredo nosso. Só nosso...
- A gente vai ter de tomar cuidado, não pode dar bandeira...
Leon continuava ternamente abraçado ao companheiro, acariciando os pelos de seu tórax.
- Eu queria morrer assim...
- Pára de falar em morte, cara! A gente é novo, ainda tem a vida toda pela frente...
- Só tenho vida se for do seu lado.
- E você acha que vai ser ao lado de quem?
- Você brinca, Andrei... mas estou falando sério. Se um dia você me deixar... acho que isso me mataria.
Andrei pigarreou, um tanto assustado com o tamanho daquela paixão.
- Vamos tomar banho? A gente está fedendo...
- Vamos...
Debaixo do chuveiro, os dois amigos brincaram muito, um ensaboando o outro, um jogando água no outro, como faziam nos tempos de infância, quando brincavam com a mangueira no quintal. Depois começaram a se acariciar outra vez. Leon se ajoelhou no box e começou a chupar o membro de Andrei, até que ele estivesse a ponto de gozar. Então fez sentar e montou em cima dele.
- Me come... - pediu quase implorando. - Me come bem comido, meu amor.
Andrei o penetrou e os dois , pouco depois, explodiram juntos num gozo indescritível... Leon parecia ver pequeninas estrelas caindo do teto sobre eles. Então se enxaguaram e foram para a cozinha enrolados em toalhas, procurar algo para comer.
Não havia muita coisa, somente pão de forma, queijo e Coca Cola. Eles comeram alguns sanduíches, voltaram para a cama e então mergulharam num sono profundo, de exaustão e saciedade. Quando acordaram, já era noite outra vez. Então saíram para a noite, foram dar uma banda pelos bares e ver os amigos.
Agora tinha um segredo que precisavam esconder do mundo; que eram amantes...
Alguns dias depois, durante um show, Leon, que raramente cantava, surpreendeu o público e os próprios companheiros de banda, ao cantar um clássico romântico dos anos 70, depois regravado por Mariah Carey: Without You.