Cap.2
Tive que entrar numa dieta rigorosa. Aboli quase tudo o que eu gostava. Biscoitos, pizzas, refrigerantes, tudo foi jogado no lixo. Agora eu apenas comia comida integral, frutas, verduras, sucos. Esqueçam salgados, fast food, milk shake. Nada disso estava mais presente em minha vida. Minha avó me apoiou, e entrou na dieta também. Academia e natação. Não demorei muito pra sentir os efeitos. Já não ficava ofegante como antes, estava tomando gosto pelos exercícios. Minhas roupas estavam mais frouxas, e minha barriga diminuiu. Em alguns meses eu já estava com um corpo aceitável. Continuei na academia, pois agora queria ficar com o corpo definido. Enquanto isso, fui conhecendo novas pessoas em São Paulo. O meu primeiro dia no colégio não foi interessante.
- Professora, posso entrar ?-pra terminar, eu estava atrasado.
- Claro que sim, qual é o seu nome ?
- Lucas- aquela altura ainda não tinha mudado muito. Me sentei numa cadeira vazia, atrás de uma garota com um visual punk.
- Oi, meu nome é Natalia- ela disse, virando levemente e me cumprimentando.
- Prazer-sorri. Olhei ao redor, e não vi garotos babacas. Todos pareciam estar interessado nos estudos. Parecia que esse ano seria ótimo. Aos poucos todos começaram a perceber minhas mudanças.
- Nossa, você está bem bonito ein Lucas- sorria ao ouvir aquilo.
- Brigado- uma garota se aproximava.
- Você não quer ir na minha casa, a gente pode ver um filme- olhei pra aquela menina pensando "Eu ein, sai fora !"
- Não obrigado- falei com toda a educação e sai fora. Não que eu seja antipático, mas não tem a menor chance de eu ficar com uma garota. Fiquei muito amigo de Natália.
- Vamos logo Lucas !- ela dizia, me puxando pra piscina da sua casa. Logo caímos na água. Eu estava muito feliz ali. Tinha amigos, não era mais aquele de antes. Hoje eu estava bonito, tinha alcançado a minha meta. Tinha me tornado forte, não deixaria mais ninguém passar por cima de mim. Passou se 3 anos. Fiz 18 anos. Não que eu não fosse feliz em SP, mas sentia que ali não era o meu lugar. Foi por isso que eu decidi voltar pra Macapá. Me atrasei 1 ano nos estudos, então estava ainda no 3°ano.
- Tem certeza filho ?- ela perguntou quando eu a comuniquei.
- Sim vó. Aquele lugar pode ser um fim de mundo, mas eu gosto muito de lá. Estava pensando em arranjar um emprego e alugar um apartamento.
- Se você quiser eu compro um pra você.
- Ah vó, não precisa se incomodar.
- Não é incomodo, eu já me preparava pro dia em que você saísse de casa. Como é meu único neto, eu te tenho como filho. É por isso que quero te dar esse presente. Procure um apartamento lá, e depois me informe o preço e eu compro pra você.
- Tem certeza vó ?
- Sim filho. Mas como é que vai ser um encontro com sua mãe ?
- Não pretendo ve-la. Já conversei com uma amiga, posso ficar na casa dela até ajeitar o apartamento. Se ela quiser me ver, que venha me procurar.
- Entendo
E foi assim que deixei São Paulo e retornei para a capital do Amapá. Alguns buracos na estrada depois, cheguei na casa da minha amiga. Não costumava mandar fotos, então duvidava que ela me reconheceria. Peguei minha bagagem e desci. Bati na porta e logo ela apareceu.
- Pois não- ela olhou ao redor e estranhou o fato de eu estar com algumas coisas na mão.
- Sou eu juh, Lucas- ela arregalou os olhos. Botou a mão na boca e se afastou.
- O-o que ? Luke... é você mesmo ?
- Sim, quer minha identidade pra ver ?
- Só pra ter certeza, qual é minha banda preferida ?
- One direction. E você ama comer abacate amassado, e adora pipoca doce- ela sorriu e me abraçou.
- É você mesmo amigo. Nossa, como você está diferente, juro pra você que não te reconheci. Você está lindo ! Nossa, quanta diferença- ela olhava inteiro pra mim- se não fosse gay... e ai, tem muito gatinho lá em São Paulo ?- dizia, me ajudando com as coisas.
- Rum, se tem. Mas eu não fiquei com ninguém.
- Sério ? Bonito do jeito que você está, acredito que opções não faltaram.
- É, até teve algumas paqueras, mas nestes 3 anos eu não fiquei com ninguém.
Estava de volta a minha cidade. A primeira coisa que fiz foi ir rever a fortaleza. Coloquei uma bermuda, um sapato e uma camisa e fomos. Chamei o resto da galera, e fui rever todos. A cidade não havia mudado muito. Continuava esburacada e quente, sem ofensas. A fortaleza estava um pouco diferente. Haviam feito algumas obras de revitalização. Mas a ventania que dava ali continuava a mesma. Logo vi os outros quatro, e igual a Juh, eles não me reconheceram. Mas me notaram. Cheguei próximo deles, e sorri.
- Sério mesmo que vocês não sabem quem sou eu ?- eles se entreolharam
- Bem, não te vi antes, mas essa voz parece a do...- Luh suspirou- Lucas.
- Aff Luh, sou eu né !
- Mentira- ela se levantou e vi novamente aquela cara de espanto neles- caralho Lucas, o que você fez ? Nem parece você.
- Uma mágica ai- falei, sorrindo, enquanto era abraçado por ela. Agora já tinha revisto todos. Ou melhor, quase todos.
TEMPO DEPOIS
- E o que aconteceu com o Marcos, Juh ?- perguntava eu, enquanto andávamos de volta pra casa.
- Bem, ele continua estudando com a gente. De uns tempos pra cá, ele deixou de ser aquele garoto fofo, e passou a ser rebelde. Soube que ele se meteu com más companhias, e passou a usar drogas. Tão rebelde a ponto de ser expulso de casa.
- Sério ?
- Humrum. Ele passou a morar em um kitnet, no Laguinho. Trabalha lá no supermercado Fortaleza.
- Nossa, como as pessoas mudam. Ele tinha tudo pra ser feliz na vida, e tá nessa situação- acho que a vida já tinha se vingado por mim.
NO DIA SEGUINTE
Estávamos terminando de tomar café, e por sinal, reforçado.
- Já chega. Eu não posso comer mais nada, ou colocarei 3 anos de exercícios no lixo.
- Para tá, ai, me esqueci que tinha que fazer as compras hoje- ela dizia, pegando sua bolsa apressadamente.
- Se você tem algo pra fazer, me dá a lista que eu vou. Aproveito pra comprar algo que eu possa comer sem me preocupar tanto. E vou ver aonde tem uma academia por aqui, já que meu apartamento será duas ruas abaixo- é, eu já tinha achado um bem legal.
- Ai, antes você não era tão chato assim pra comer.
- Claro, se eu não, não manterei esse meu corpinho kkkkkkk- sai logo em seguida em direção ao supermercado. Comecei a fazer as compras que ela tinha pedido, e mais algumas coisas que eu podia comer. Enchi o carrinho. Peguei o meu cartão e parti em direção ao caixa. Já tinha pagado, quando sem querer deixei a minha carteira cair. Me abaixei pra pegar, foi quando alguém pegou pra mim. Ergui o olhar, era ele.
Continua
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