_ Pedrão... Meu querido, eu...
_ Eu já esperava por isso, só não pensei que fosse ser agora. Ainda hoje, antes de sair para encontrar o Jc, tivemos um dialogo tão cheio de emoção e pela primeira vez na vida soube que minha mãe sentia muito orgulho de mim... Ela chegou a se despedir, dizendo que com a minha formatura...
Ele não conseguiu terminar a frase. O choro veio avassalador. A dor foi algo completamente desproporcional ao seu suportável. Ewerton amparou o amado da melhor maneira que pôde e o deixou chorar abraçado a ele por longos e intermináveis minutos.
_ Era a melhor mãe do mundo... Ela sempre me defendeu de tudo e todos... Sempre acreditou em mim... Batalhou demais, você não faz ideia...
Ewerton tudo ouvia em completo silêncio e deixou o amado colocar pra fora toda a tristeza e pesar que acumulara no peito ao longo de sua vida.
Aos poucos Pedro foi acalmando e Ewerton achou o momento oportuno pra falar com ele:
_ Sozinho você não está e não ficará. Vamos, pois teremos que tomar uma série de providências e como sei que você não terá condições de resolver tudo sozinho, estarei a seu dispor por quanto tempo você precisar e pra tudo que você quiser também.
_ Obrigado, meu gostoso...Eu tô completamente perdido. Infelizmente você não faz a menor ideia de quem foi minha mãe. Você tá certo vamos sim, pois terei que juntar o que sobrou de minha história e seguir em frente. Bom saber que não tô sozinho. Ewerton foi puxado gentilmente pelo amado e os dois trocaram um beijo rápido.
Assim que chegou em casa umas duas horas depois, pois o trânsito não ajudou num deslocamento mais rápido, Pedro juntamente com Ewerton, começaram a agir com relação ao funeral da mãe. Os avós estavam sentados na sala e nada diziam. A mãe enquanto viva foi um elo entre eles, agora isso não tinha a menor importância, uma vez que Pedro nada sentia pelos dois.
Ewerton começou a ligar para os amigos, logo depois que Pedro entrou em contato com o plano funerário que a mãe sempre insistiu em pagar e deixar rigorosamente em dia, comunicando o local do velório e sepultamento.
_ Isso mesmo JC, Jardim Metropolitano, a gente já esta quase de saída pra lá... O pessoal da funerária já levou o corpo... Não foi necessário, o médico veio aqui e emitiu o atestado de óbito... O pessoal falou que lá pelas 23:00 h o corpo já estará numa das capelas para ser velado... Arrasado cara... Digo sim, fica tranquilo... Valeu.
Ewerton despediu do amado no quarto em que ele partilhava com a mãe...
_ Olha meu querido, tô indo em casa, vou tomar um banho e me trocar, vou comer alguma coisa e lá pras 22:00 h tô de volta. Toma um bom banho, arruma direitinho aí, pede pros teus avós se arrumarem também que lá pelas 22:00 h eu tô de volta pra poder te levar até o cemitério, ok?
_ Você volta logo? A frase mais parecia uma súplica.
_ Pode apostar que sim. E um beijo rápido foi trocado entre os dois. Eu jamais deixarei você sozinho novamente. Agora faz o que te pedi, tá certo?
Pedro deitou a cabeça no peito do seu amado e falou quase num sussurro...
_ Obrigado meu gostoso... Sem você seria muito difícil.
Quando Ewerton chegou na casa do amado para poder buscá-lo e aos avós, encontrou Jc e Catarina conversando na pequena área em frente o jardim da mesma.
_ Oi Jc, ou Catarina... Onde esta o Pedro?
_ Foi atender uma ligação de uns parentes do interior.
Ewerton agradeceu a informação e entrou na sala da casa e viu pedro de costas para a porta falando ao telefone.
_ Será amanhã por volta das 14:00 h. Isso mesmo... Agradeço a todos vocês pelas orações. Tá certo, aviso a vovó... Obrigado mais uma vez. A ligação foi desfeita.
Assim que ele ficou de frente pra porta, deu com o rosto do amado olhando em sua direção e estendeu o braço pra ele que foi ao seu encontro e os dois se abraçaram demoradamente enquanto Pedro voltava a chorar.
O dia amanheceu mais quente ainda. O verão desse ano estava de rachar como se diz por aqui. O cemitério foi tomado praticamente por todos os amigos de Pedro, não só da faculdade, como também do bairro em que morava. Após a missa que teve lugar na capela numero 2, Pedro foi à frente de todos e fez uma pequena homenagem a mãe Margarida Lins...
_ Apesar de ser uma certeza na vida de cada um de nós, um dia como hoje não deveria existir. Quem me conhece sabe que nunca fui e jamais serei um egoísta... Só que diante da provação é que conhecemos a nossa real natureza... Quem dera eu fosse o maior entre todos os egoístas que o mundo já viu, só pra poder ter mais um dia com a minha mãe. Ainda ontem falei para alguém muito especial, que ninguém tinha a menor ideia do quão extraordinária foi e continuará a ser aquela que eu por muitas e incansáveis vezes chamei de mãe. Hoje direi um até breve, mesmo sem querer dizer. Hoje eu também direi para que todos ouçam o que sempre lhe disse em segredo, eu amo e amarei você pra sempre. Se eu consegui ser o que sou e isso me deixou feliz, mãe, tenho certeza que conseguiu te deixar muito mais. Agora temos que dar continuidade a nossa jornada por aqui e a Senhora, vê se goza da eternidade junto de todos aqueles que amou nessa vida.
O caixão foi fechado, o cortejo saiu da capela e após tudo finalizado, Pedro e os avós voltaram pra casa no carro do seu amado Ewerton.
Quatro dias depois do sepultamento da mãe, o Orador da Turma Pedro Souza Lins, fez um discurso arrebatador no momento de sua fala, cujo final tinha as seguintes palavras...
_ Também se vive de sonhos, ilusões, certezas e verdades, desde que tomemos cuidado com os pesadelos, as desilusões, as incertezas e aos mentirosos que nos rondarem. Trilhamos o bom caminho, onde cada um de nós poderá praticar na vida real, o que a Universidade nos deixou aprender. Que saibamos conduzir a nossa vida por caminhos que a vida apontar, sem fazer distinção de quem devemos ou não ajudar, afinal de contas estamos no mesmo barco e devemos colaborar para que o mesmo não afunde. Os dias foram longos, cansativos, cheios de descobertas e medos, também... Mas podem ter certezas amigos, foram os melhores dias que cada um de nós soube viver... E o melhor de tudo isso, esta em nossas mãos a recompensa de tanto esforço e trabalho... Saberemos como agir diante de qualquer dificuldade que ousar se apresentar diante de nós. Termino com uma frase que li outro dia numa velha agenda escolar cujo autor,Nando Mota, dizia o seguinte: O homem que sobrevive a tantas amarguras que a vida lhe impõe é tão somente um sobrevivente, agora, àquele que sobrevive a todas, esse com certeza é meu herói. Obrigado.
Os amigos da Odontologia foram recepcionados numa jantar íntimo na casa da mais nova dentista e sócia na nova Clínica, Dra. Catarina Freire Lobo.
Quando tudo finalizou, Jc e Ewerton tiveram a primeira discussão por conta do amigo, Pedro Lins.
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A coisa vai começar a esquentar... O saudade de vocês meus queridos do Lado Esquerdo. Nando Mota.