Eu acordei no dia seguinte com uma puta dor de cabeça e decidi que não iria trabalhar, mas meu telefone tocou: era meu chefe.
- Preciso de você aqui rápido, é uma emergência.
- Ok, to indo.
Tomei um banho rápido e me arrumei de qualquer jeito, sem nem tomar café da manhã. Peguei um trânsito horrível porque apesar de a cidade ser pequena, ainda sim tinha bastante carros. Cheguei no Joquei uma meia hora depois.
- Aqui estou eu - disse eu, entrando na sala de meu chefe.
- Aleluia. Bom, como hoje eu to sem tempo, vou direto ao ponto: quero você na administração do novo Joquei.
Eu fiquei boquiaberto com o que ele havia me proposto. Se ele tivesse me proposto isso há alguns meses atrás eu teria ido com a maior certeza do mundo, mas eu não podia agora... eu estava perdidamente apaixonado pelo Marcelo.
- E-eu tenho que pensar. - respondi ainda boquiaberto.
- Pensar no que? Você é jovem, não tem nada a perder.
- Eu tenho minha família, faculdade, amigos, tudo aqui! Não posso abandonar tudo de uma vez.
- Bom, se você não for você vai ficar sem trabalho, porque o Marcelo vai ficar aqui. Você já pode se retirar, espero uma resposta até o fim da semana.
Apenas afirmei com a cabeça e saí da sala. Eu poderia ficar sem emprego, mas teria que depender do meu pai até eu conseguir um novo, e além do mais seria difícil encontrar um trabalho que fosse compatível com meus horários, já que a faculdade é o dia inteiro e as vezes até a noite. Aquilo ficou ecoando em minha cabeça até eu chegar em casa. Pensei em ligar pro Marcelo, mas ele com certeza ia dizer que era pra eu ir, que nós iríamos poder termos um relacionamento virtual, e isso era uma possibilidade que eu não queria considerar. Eu nunca acreditei que namoros pela internet dessem certo, então procurei nem pensar nisso. Desliguei meu telefone e dormi o resto do dia inteiro, quando acordei por volta das 19 da noite com a campainha do meu apartamento.
- Aleluia você deu sinal de vida, né - disse Marcelo, me dando um selinho.
- Foi mal, dormi o dia todo - respondi seco.
- Vish, o que tu tens? Caiu da cama?
- Fui demitido. - respondi.
- Como? Por quê?
- Porque o Adolfo quer contratar você.
- O que? Claro que eu não vou ficar com seu emprego, vou agora mesmo ligar pra ele e dizer que não quero.
- Não. Você vai ficar com o emprego.
- Mas por que?
- Porque eu quero que você fique. E tem mais uma coisa, eu quero terminar...
Ele deu um riso frenético que eu juro que me assustei.
- Tá de brincadeira né? - ele veio me beijar.
- Eu tô com cara de quem tá brincando?
- Alexandre, tu só pode tá brincando...
- Não, não tô. Tô curtindo outra pessoa, agora tu pode sair.
- Tá, eu vou sair... mas vou te falar uma coisa, isso que tu tá fazendo é coisa de moleque! Se eu sair por essa porta eu não volto mais - ele estava vermelho de raiva.
- Pois bem, é o que eu espero. Foi bom enquanto durou.
Ele saiu da minha casa batendo a porta e eu realmente me senti mal, mas era o que eu tinha de fazer. Eu não iria concordar em namorar pela internet e não queria considerar a possibilidade de ficar sem emprego, e aliás, vai ver eu nem gostava assim tanto dele.
Uma semana se passou e eu finalmente dei a resposta pro Adolfo. Meu pai ficou meio relutante com a minha escolha, mas disse que me apoiaria. Além do mais, ele e o Adolfo conversaram e alugaram um AP pra mim bem legal. Não era como o meu, mas era bem localizado, perto do trabalho. Tinha só uma suíte e uma cozinha americana (sala junto com a cozinha), mas bem organizado. No meu último dia na cidade, meus amigos resolveram dar uma festa de despedida na casa da Ju e todo mundo tava lá, até meus pais... menos o Marcelo.
A festa tinha muita carne, música ao vivo e bebida. Acho que rolou até umas 3 da manhã. Como eu e a Ju éramos os únicos que não estávamos bebendo, saímos no meu carro pra comprar mais cerveja pros bêbados da festa. Fomos até uma distribuidora de bebidas e compramos muito refrigerante e pouca cerveja, pra ver se eles ficavam melhores da bebedeira. Quando voltamos, paramos em frente da minha casa.
- É, você tá indo e a gente vai ficar aqui..
- É ju, mas não é pra sempre. Eu venho sempre que der, feriado, etc. A cidade só é à 190 KM daqui, lembra?
- Eu sei, mas vou sentir saudades das suas palhaçadas na aula, das nossas saídas, de te ver sempre... você é um amigão!
- Você também é - dei um beijo em seu rosto, mas ela virou e acabamos dando um selinho, mas o clima foi super engraçado e a gente só riu.
- Seu safado, quer se aproveitar de mim - disse ela, rindo e me dando um tapa no ombro.
- Haha, eii, figurinha repetida não repete o album - falei, dando uma piscada pra ela, que saiu do carro rindo.
Quando estava passando com o carro pela garagem, vejo que alguém estava atrás do meu carro, e eu conhecia muito bem aquela sombra: era o Marcelo.
Eu respirei fundo e desci do carro. Ele tava com um óculos escuro na cara, blusa regata e calção daqueles de jogar bola.
- Quer dizer que tu tá indo embora... - disse ele, rindo.
- Tô.
- É por isso que tu terminou comigo?
- Terminei contigo porque a gente não vai dar certo. Eu quero alguém que me assuma, que não saia comigo com medo de ser visto, que diga que eu sou seu namorado. Quero namorar com um HOMEM, não com um MOLEQUE - dei ênfase nessas duas palavras.
- E por que tu tá indo embora?
- Porque eu recebi uma proposta melhor de emprego. Agora deixa eu ir, se quiser entrar o pessoal da faculdade tá aí. - Dei de ombros e fui em direção aos fundos da casa.
Fiquei o resto da noite mal, então decidi ir pra casa. Eu ia de carro pra cidade grande depois do almoço e tinha que dormir bem pra pegar a estrada. Cheguei em casa por volta das 4 da manhã e capotei, e só acordei no dia seguinte as duas horas. Minha mãe já tava quase ligando pra polícia porque eu não atendia o telefone. Coloquei todas as caixas e malas no carro e dei a chave do meu AP pra minha mãe. Eu queria alugar ele pra poder ter mais uma renda, mas muita coisa que eu tinha teve que ficar porque o outro AP não era tão grande. Minha mãe ficou com as chaves e disse que iria ir dar uma olhada lá sempre que fosse necessário e possível. Também deixei uma cópia da chave com o Lúcio, o porteiro, pra ele ir lá e abrir todas as janelas aos sábados pra deixar o cheiro de mofo sair.
Finalmente estava na estrada indo pra cidade grande. Atrás de mim, meus pais, no carro de minha mãe. Eles iriam dormir lá aquela noite e no dia seguinte iriamos conhecer melhor a cidade. Eu teria um processo de adaptação de uma semana, pra ai então começar o trabalho. Quando cheguei na entrada da cidade, fiquei encantado, era linda e muito diferente da minha cidade do interior. Fui pro meu AP e meus pais ficaram em um hotel bem próximo e ficamos de nos encontrarmos no dia seguinte. Como eu não tinha wi-fi ainda e nem tava com coragem pra mexer nas sacolas pra procurar meu computador, resolvi dormir assim que cheguei.
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E aí galera. Sei que esse final ficou meio sem nexo, mas enfim, escrevi o máximo que deu. Eu estou me recuperando bem da LER e vamo que vamo!
Ah, gente, vocês erraram hein... hahahaha! Continuem comentando, dando opiniões e etc, é importante pra mim.
Kevina, a princípio eu odiei ficar sem usar o computador, mas até que me acostumei bem com a ideia... agora estou voltando aos poucos, mas parece que perdi um pouco da prática. :-(
Vi(c)tor, Que isso, cara, eu adoro quando comentam e quando vocês deixam as opiniões de vocês aqui, acho que é normal comentar o que você acha que vai acontecer, eu também comentaria se eu fosse o leitor. Um abraço.
seluh, eu irei terminar ele sim, só não sei quando, estou postando a maneira que posso, já que infelizmente não ganho nada por isso. Abraços.
