Cap.2
NARRADO POR MARIANO
Até hoje eu não me entendi. Que sentimento esquisito é esse. Tem horas que eu penso que é paixão. Não, não pode ser. Ele é meu irmão. Isso é errado. Irmãos não namoram, não se beijam, não se apaixonam um pelo outro. Será ?
NARRADO POR CÉSAR
Como sempre, nos intervalos, via meu irmão me observar. Eu não entendia ele. As vezes ele me irritava tanto, mas eu continuava amando meu irmão. Só não entendia o porque meu coração batia tanto quando ele me observava. Não sabia porque ele me olhava tanto. Nossa relação ficou tão próxima, que eu comecei a dar um basta. Estava com medo de confundir sentimentos. A aula passou rápido e logo ela chegou ao fim. Ainda não seria aquele dia que eu passaria a estagiar com o professor Luciano.
NO DIA SEGUINTE
Mais um dia de aula. Ela passou rápido. Logo o final da aula chegou.
- Ei, pra onde você vai hoje César ?- minha amiga Luana perguntou
- Eu vou ficar hoje. Tem o estágio com o professor mal humorado.
- Boa sorte pra você- falou ela, saindo. Fiquei esperando a minha sala ser ocupada por outros alunos de Letras. De repente, senti um abraço.
- Oi maninho- era Mariano, me abraçando. Sempre me arrepiava com seus Abraços.
- Oi Mariano- falei
- Você não vai pra casa hoje ?
- Avisa a mãe que eu só vou mais tarde- falei, me virando.
- Porque ?
- O professor Luciano me selecionou pro estágio dele, agora eu vou ter que ficar- ele me abraçou novamente e ficou cheirando meu pescoço. Estranhei aquele comportamento- aconteceu alguma coisa ?
- Não. Apenas tava com saudade de você.
- Ochi, você pode me ver a qualquer hora, moramos na mesma casa, esqueceu.
- É, mas na maior parte você me dá patada, briga comigo, tava com saudades de ver você educado.
- É só ser esse irmão fofo que você sempre é- ele olhou pra mim e sorriu
- Vou passar no restaurante de comida chinesa hoje, você quer alguma coisa ?- fazia tempo que eu não via aquele brilho nos olhos dele
- Compra Yakisoba pra mim ?
- Humrum. Tchau, até mais tarde.
- Até- ao ver ele sair, uma sensação estranha me atingiu. A mesma que me fazia pensar nele antes. Logo ouvi o barulho do sinal, e os alunos começaram a aparecer. A maioria era bem jovem. Logo entrou o professor. Ele olhou pra mim, e fechou a cara.
- Sente-se aqui- como era mal humorado esse homem, bonito, mas um poço de indelicadeza. Fui pra uma mesa ao lado da dele. Alguns alunos cochichavam. Eram mais velhos e estavam mais avançados do que eu. Com certeza a maioria já havia passado por aquela situação, então era normal. Mas não pude deixar de reparar os cochichos. Logo o professor começou a falar. Sobre alguns assuntos que eu já haviam ouvido falar, mas não gostava. Logo tive um primeiro trabalho, distribuir alguns papéis pra turma. Aos poucos eu fui descobrindo que ser estagiário dele significaria ser um secretário. Ajuda ele nisso, dá avisos, anota algo na lousa, anota as reclamações do aluno. Significa que tudo o que for a respeito dele, os alunos tem que procurar a mim. Logo aquela noite se encerrou. Eu estava com sono, cansado, procurando saber aonde ficava a minha cama. Eu já ia sair, em direção a estação de metrô, quando escutei a voz dele.
- Ei, você não quer uma carona, já está tarde, é perigoso pegar o metro a essa hora- me surpreendi com a educação.
- Não precisa- falei me virando e vendo ele a poucos centímetros de mim. Me afastei um pouco- eu posso ir de metrô.
- Eu insisto, já vai dar 00h, não é seguro, vamos ?- saiu andando. Eu podia deixa-lo falando sozinho, mas por algum motivo o segui. Ele andava segurando uma mochila, parecia estar cansado. Não estava com uma boa expressão. Acho que ninguém estaria, depois de um dia de trabalho exaustivo como aquele. Ele entrou num carro, eu entrei com ele- então, aonde você mora ?
- Na rua xxxxx - falei, dando meu endereço pra ele.
- Ok- fomos andando em silêncio. Até ele quebrar o gelo.
- E ai, anda estudando muito ?- andar com professor é foda.
- Sim. Você parece cansado- falei, tentando não deixar a conversa morrer.
- Estou. Cansado desse trabalho, dessa vida. Vida de professor não é fácil.
- Imagino. Você gosta dos livros do Felipe Cavalcante ?- ele olhou pra mim e sorriu. Era a primeira vez que eu vi ele sorrir.
- Adoro. Tô louco pra ir no lançamento que vai ter aqui em São Paulo.
- Eu também. Adoro o jeito que ele escreve, queria escrever daquele jeito- por incrível que pareça, nos conversamos bem a partir dali, e por incrível que pareça, por um momento esqueci que ele era o monstro Luciano. Não demoramos muito mais pra chegar na minha casa- pronto, é aqui !- falei, olhando pra minha casa.
- Ok, anota o meu número pra qualquer emergência.
- Ok- falei, salvando o número no meu celular- obrigado pela carona professor Luciano.
- De nada, e você pode me chamar de Luciano.
- Ok. Até amanhã.
- Até- fiquei pensando só era grosso dentro do colégio. Ou se aquele tratamento era especial. O que ? Será. Subi as escadas do meu quarto e entrei. Em seguida quase morri.
- De quem era esse carro ?- quase desfaleci quando Mariano do nada, apareceu.
- Ai caramba, vai matar a sua...- pensei melhor no xingamento- se você não fosse meu irmão.
- E então, de quem era ?
- Do professor- falei, me recuperando do susto e indo para a cozinha.
- O que ? Ele veio te trazer aqui ? Sério que o monstro Luciano é gentil ? Eu não acredito.
- Pois acredite, ele sabe ser gentil- falei, pegando o pacote do meu yakisoba. Logo comecei a comer. Eu sempre adorei comer yakisoba, era uma das minhas comidas prediletas. Ele sentou-se a minha frente e ficou me olhando. Sempre ficava envergonhado quando ele me olhava muito- Porque você me olha tanto ?
- Eu gosto de olhar pra você, me relaxa- fiquei um pouco corado com essa resposta. Não entendia porque, mas esse irmão me despertava coisas... Logo terminei de comer, e fui lavar as coisas, pra não deixar nada bagunçado. Estava na mais absoluta paz, quando de repente, ele me abraça. E fica cheirando meu pescoço, como fazia antigamente, me arrepiando todo.
- Para Mariano, você tá me arrepiando- falei, tentando sair do Abraço, mas ele me apertou ainda mais
- Tô com saudade daquele irmão de antigamente- falou, me fazendo lembrar de muitas coisas.
-Você está muito carinhoso hoje- falei, colocando o copo no armário.
- Ei
- O que ?
- Deixa eu dormir no seu quarto ? Como nos velhos tempos ?
Continua
Gostaram ????
