Cap.3
- Acho melhor não- falei, tirando os braços dele sobre mim e indo em direção ao meu quarto.
- Porque não- falou ele, me seguindo.
- Porque...- eu sabia porque não queria. Porque sentia coisas estranhas demais pra dois irmãos- eu não sei... só não quero.
- Ah vai, eu sei que você quer !- falou, entrando no quarto.
- Ai, tá bom, você pode dormir aqui comigo
- Eba !- falou, pulando na minha cama.
- Só não faz muito barulho, eu ainda não vou dormir agora, e tenho que estudar um pouco.
- Ok- falou, se cobrindo e olhando pra mim. Peguei minha mochila e comecei a estudar. Passei um bom tempo lendo, até que olhei pro relógio. Eram 01h da manhã.
- Nossa, já está tarde !- olhei pra cama, Mariano dormia perfeitamente. Lancei um sorriso involuntário. Porque estou sentindo isso. Decidi ir dormir também, já era tarde. Tirei minha camisa e me deitei na cama. Fiquei pensando em algumas coisas, quando de repente, ele coloca seus braços, pernas e cabeça sobre mim. Olhei pra ele, ainda dormia. Fiquei acariciando seu cabelo, e ainda me perguntando o porque de sentir aquelas coisas estranhas. Paixão, amor ? Queria me entender. Ele me apertou ainda mais, e com uma voz de sono escutei ele dizer.
- Te amo- olhei pra ele, ainda estava de olhos fechados. Acabei dormindo. Escutar aquilo fez meu coração bater mais forte. Ele devia estar tendo um ótimo sonho. Acordei com o sol batendo no rosto. Olhei pra ele, estava lindo dormindo. Deu até pena de acordar.
- Mariano, acorda, maninho- falei, balançando levemente o rosto dele.
- Uhh, o que ouve ?- falou, massageando os olhos.
- Já é de manhã, vamos, ou não chegaremos na faculdade.
- Ok- falou, levantando
Os dias foram passando. Meus dias foram ficando cada vez mais rotineiro. Estudo de manhã, Tarde Livre, Estágio a noite, Madrugadas abraçado com meu irmão. E cada vez mais ele foi passando a dormir no meu quarto. E por algum motivo eu não achava isso ruim. Adorava. Enquanto isso acontecia, ficava mais próximo de professor Luciano.
- Então pessoal, apenas essa lista deve ser entregue na próxima aula- o estridente som da campainha tocou, e era hora de voltar pra casa. Eu já ia sair com meus amigos, quando uma voz me faz ficar- ei, César- olhei pra trás e vi que era o professor me chamando
- Sim
- Você quer almoçar comigo hoje ?- oi
- Ã- tipo, o professor havia me chamado pra almoçar ? Oi ?
- É que saiu uma prévia do livro do Felipe, só alguns professores receberam, e como eu sei que você é o único que gosta, pensei que gostaria de ver.
- Sério ? É... eu tinha que almoçar em casa, mas... tudo bem, vou com você- o que estou fazendo ? Indo almoçar com um professor que eu detesto. Ou não. Segui ele até o carro e lá fomos nós. Ele pegou a mochila dele, e mostrou pra mim o novo livro da prévia- nossa, é novo mesmo. Eu nem acredito que você tem isso.
- Ah eu sei, pensei a mesma coisa, não é ultra massa.
- É kkkkkk- ele olhou pra mim, olhei pra ele, e notei como seus olhos eram lindos. O que ?
- Porque você está rindo ?
- Não sei. Parece ser tão esquisito um professor gostar dessas coisas.
- Ué, porquê ?- falou, com um sorriso bem branco.
- Bem... Não é querendo ser indelicado, mas na verdade, não achei que você gostasse de coisas de adolescentes. Sei lá, dentro da sala, você parece um homem ranzinza, que vive fechado, e detesta tudo e todos.
- É essa a imagem que vocês tem de mim ?
- É. Mas ela está mudando, você não é ranzinza- ele fechou a cara e não falou mais nada- desculpa se falei algo de errado.
- Não... tudo bem. Eu sei que essa é a imagem que todos tem de mim, mas eu não faço isso por mal. Algo me deixou assim- fiquei com aquilo na cabeça. Eu poderia perguntar pra cessar minha dúvida. Mas julguei que aquilo seria pessoal demais, e era melhor eu ficar calado.
- Ok- logo chegamos no restaurante. Almocei olhando pra ele. Olhar pra seu rosto me dava uma sensação de leveza incomparável. E a cada momento eu morria de curiosidade de saber o que tinha acontecido com ele pra ter ficado tão ranzinza assim. Logo terminamos o almoço, ele me deixou em casa.
- Porque você não veio almoçar hoje ?- minha mãe veio perguntar.
- Eu estava com meu professor.
- Fazendo o que ?- agora quem perguntou foi Mariano.
- Ele me mostrou uma previa do livro novo do Felipe Albuquerque.
- Hum- fui em direção ao meu quarto. Ele me seguiu- quer saber, eu tô achando muito estranho essa sua aproximação repentina com o monstro Luciano.
- Ué, qual o problema, ele é meu professor, e para de chamar ele assim, ele não é um monstro !- eu já ia sair do quarto, quando de repente ele me jogou contra a parede.
- O problema é que eu não gostei.
- Porque ?
- Eu... eu... acho que fiquei com ciume dele.
Continua
Gostaram ????