Amanheceu chovendo no domingo e por isso, e por Mauro ter acordado gripado, decidimos ir embora mais cedo. Ainda na lancha que nos conduzia de volta, eu percebi o sermao que Vitor passou em nosso amigo, gesticulando muito, com um ar carrancudo. Nao ouvi pois estava mais afastado deles, porem era notavel a contrariedade de Mauro, encarando meu namorado com irritaçao, respondendo com hostilidade, as vezes com sorrisos ironicos. Achei que Vitor perdeu tempo e labia com ele.
Troquei poucos olhares com Tony desde cedo, embora o sentisse me observando as vezes. No barco, em um momento em que os outros rapazes nao viram, ele me encarou, apertando o penis rapidamente e rindo bonito, mordendo o labio. Nao contive uma risada constrangida.
Voltamos à nossa rotina corrida : trabalho, faculdade, casa. Nao tive mais noticias de meus pais nesse tempo, e quando pensava neles era com um rancor vivo, doloroso. Evitava lembrar para nao sentir ainda mais raiva.
Comecei a procurar nos jornais por um emprego com melhor rendimento, mas nao estava facil. Minha experiencia era pouca, e o cargo de bancario nao pagava mal, porem era insuficiente para manter a faculdade. Temi precisar interromper o curso.
A minha turma de sala era relativamente bacana, contudo ultimamente eu vinha percebendo em alguns deles uma clara hostilidade a mim, a Vitor e a Mauro. Falavam que estavamos passando a "peste gay " pela cidade, que Deus estava nos castigando. Um dia o Vitor bateu boca com um cara na cantina, que nao quis se sentar perto dele, no unico lugar vago nos bancos de concreto.
- Seu veado aidetico! - disse o cara - Aposto como nao dura dois anos vivo.
A discussao foi enorme e contida depois por uns funcionarios da faculdade. Nao sei como sabiam que eramos gays, decerto por sermos unidos a Mauro. Ele, alias, estava faltando às aulas fazia uma semana e ninguem tinha noticias.
Quase dez dias sem ver o Tony e eis que uma tarde ele me surge, na saida do meu trabalho. Me esperava na rua, encostado em seu Opalla vermelho, fumando, muito bonito no seu jeans Lee e camiseta do Joy Division, modelada ao seu corpo perfeito.
- Entra - disse, assim que me aproximei.
Obedeci e ele deu partida no carro, me levando para uma praça a algumas quadras dali. Perguntei como ele conseguiu encontrar meu local de trabalho e me respondeu que foi Mauro quem disse certa vez.
- E por falar em Mauro, como ele esta? Nao aparece mais nas aulas - falei.
- Ainda um pouco fraco da gripe - respondeu Tony, hesitante - Logo estara bom.
Ligou o radio do carro : tocava uma musica brega e nacional. Desligou e começou a abrir a braguilha do jeans.
- Me ajuda aqui - pediu num sorriso malicioso, pondo penis e saco pra fora da calça.
Passava gente as vezes pela rua, mas assim mesmo levei a mao ao membro, movendo -o freneticamente, me controlando embora minha boca salivasse. Tony se recostou ao banco do carro, suspirando e gemendo. Quando estava perto de gozar eu nao resisti, me abaixei rapido e ele ejaculou na minha boca, gemendo alto, me fazendo engolir tudo. Limpei os labios com a lingua, sorrindo, vendo -o todo suado e ofegante.
- Preciso te foder de novo - falou, fechando a calça.
Era dificil, eu quase nunca estava sozinho em casa, e sair em horarios estranhos sem o Vitor era querer que ele soubesse de tudo. Expliquei isso a Tony.
- Larga desse palhaço! - disse ele, irritado - Ele esta longe de ser homem suficiente pra voce.
Mas eram dois anos de namoro e ate dividiamos a vida juntos. Nao disse isso, mas de subito lembrei que às sextas o banco fechava mais cedo e eu tinha, antes do horario de Vitor chegar, cerca de uma hora e meia.
- Beleza! -exclamou Tony assim que me ouviu - Entao apareço la depois de amanha.
Fiquei ansioso e, claro, excitado. Ele me levou embora, parando uma esquina antes do predio. Entrei em casa e Vitor se arrumava para a faculdade. Reclamou da minha demora e expliquei que foi o transito. Tomei banho, me vesti e escovei bem os dentes antes de beijar meu namorado. No elevador ainda deu para tirar um amasso bom antes da maratona de aulas.
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