Foi fantastica aquela hora que passei com Tony na sexta-feira. Ele chegou numa voracidade que me enlouqueceu, começando por me agarrar na sala mesmo, quase brutalmente, me fodendo no sofa, na mesa de jantar, no tapete empoeirado. Depois me levou para o quarto, ainda acoplado a ele, e caimos na cama arranjadinha pelo Vitor de manha. Ali foi muito forte e eu achei que fosse desmaiar de tanto prazer, num extase antes nunca sentido, nos braços daquele homem que mais parecia uma maquina sexual. Devo ter gozado umas tres vezes em cerca de uma hora de diversao.
Durou quase um mes aquele nosso "caso" escondido. Toda sexta era sagrada e eu nao me continha o dia todo de tanta expectativa. Ele chegava e era aquela hora de sexo pauleira, para me exaurir, para me fazer esquecer do Vitor por dias e noites.
- Se eu arrumar um lugar, voce deixa o cabeça de fogo? - falou Tony um certo dia, enquanto descansavamos.
Fazia uns dias que eu percebia que o meu amor pelo Vitor estava sendo apagado devagar, restando um sentimento de amizade atras daquilo. Tony me satisfazia plenamente, me dominava a alma inteira, e aqueles encontros escondidos estavam me dando nos nervos : eu queria transar com ele todos os dias, beija -lo sempre, te -lo para mim. Nao era paixao, eu sabia, era antes uma necessidade biologica do corpo dele, do prazer que ali eu obtinha.
- Talvez - respondi - Mas e o Mauro?
- Mauro nao serve mais - disse ele com desdem, com um nojo visivel -Aquela fruta ali apodreceu, sabe?
Tive receio de perguntar mais, ate porque sabia que Mauro continuava adoentado, contudo estava no interior, na casa dos tios que o criaram. Doente, mas de que? Ninguem sabia, e eu achei melhor nao perguntar.
Na outra sexta -feira, Tony praticamente me intimou : tinha achado um lugar e eu devia ir embora no sabado de manha. Fiquei um pouco confuso por ser tudo assim, tao de repente, mas naquela madrugada mesmo, enquanto Vitor dormia coloquei minhas coisas nas malas e as deixei na sala. Quando o ruivo acordou e viu aquilo, ficou palido.
- Mas o que significa isso? - balbuciou.
Olhei para ele sentindo uma tristeza passageira em deixa -lo. Tinha sido um grande amigo, um bom companheiro quando precisei.
- Estou indo embora, Vitor. Desculpa.
- Embora? Como assim?
- Eu estou com o Tony - falei de uma vez, o encarando.
Ele pareceu ter perdido o folego de repente, tamanho o choque. Me encarava, sem acreditar.
- Desde quando? - sussurrou.
- Desde Ilhabela.
- E vem transando com ele ha um mes? - gritou, vermelho de raiva - E eu?
- Nao te amo mais, Vitor - desviei os olhos, pegando as malas - Obrigado por tudo...e desculpe por isso.
- Nao, Marcos, nao vai - ele tentou me segurar, começando a chorar - Eu te amo tanto...
- Desculpa, Vitor, desculpa - soltei -me dele - Adeus.
Desci com pressa, com o coraçao meio apertado. Na rua, conforme o combinado, Tony me esperava no Opalla. Colocou minhas malas no bagageiro e fechava o porta - malas quando foi surpreendido pelo grito de Vitor.
- Ei, Tony! Seu filho da puta! - berrou ele, avançando para o outro.
Mal armou um soco e o vi sendo derrubado por um murro violento de Tony que, montando sobre ele à maneira dos boxeadores, passou a golpea -lo na cara, tirando sangue e desnorteando o outro. As pessoas em volta olhavam, horrorizadas.
- Chega, Tony! - puxei -o com força - Chega! Vamos embora.
Ele se deixou ir, olhando Vitor desnorteado no chao, com odio no olhar. O ruivo se ergueu cambaleando, passando a mao no rosto ensanguentado.
- Se vier atras dele eu te mato! -vociferou Tony.
Entrou no carro e eu tomei lugar ao seu lado, vendo -o respirar fundo antes de dar partida. Me entregou uma fita do New Order, pedindo que colocasse no tocador do automovel.
- Ja esta na musica que voce gosta - falou, sorrindo.
Aumentei o volume daquela musica que me contagiava. Eu olhava a manha limpa e bonita, o ceu muito azul acima dos predios da Paulista. Me sentia tao feliz!
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Valeu, gente! :) Ate o proximo!
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