Cap.3
NARRADO POR MARCOS
Entrei e ele fechou a porta. Olhei ao redor, e vi tudo extremamente arrumado, típico do Edu.
- Então, o que houve ?- ri
- O que houve ? "Houve" que você está magoando o seu namorado. Ele me contou que você está evitando ele. Cara, eu não sei o que aconteceu, se você conheceu outra pessoa, ou um raio acertou sua cabeça e fez com que você pare de gostar dele, mas ele gosta muito de você. Ele depende de você pra ser feliz. Se você não quer mais ficar com ele, esclareça ! Porque eu creio que você não quer que ele volte a ser aquele garotinho acuado e excluído de tudo- ele arregalou os olhos
- O que você quer dizer com isso Marcos ?
- A fobia dele, voltou- ele respirou fundo- eu não consigo acreditar que você tenha deixado de gostar dele, mas se realmente isso tiver acontecido, você tem que esclarecer. Eu e você sabemos que ele não merece isso- ele colocou as mãos na cabeça.
- Não, não, não era pra ser assim, não era- ele respirou fundo mais uma vez, e deu um soco na parede- Você não entende não é ? Eu amo aquele garoto mais que tudo, e é justamente por esse amor que eu estou fazendo isso- seu olhos estavam marejados
- Amar é evitar ?
- Eu vou te explicar...
TEMPO DEPOIS
NARRADO POR ISAC
Eu continuava a beira do riacho. Aquela altura milhões de pensamentos vinham a minha cabeça. Cada lembrança, cada beijo, cada carinho ali trocado com ele vinha em forma de dor na minha cabeça, e principalmente, no meu coração. Eu ainda continuava tentando entender o porquê dele ter feito aquilo, e o porque dele me evitar descaradamente. Senti uma mão em meu ombro, me assustei e imediatamente me afastei.
- Calma, sou eu- olhei pra cima e vi Marcos.
- Oi- estava aliviado e ao mesmo tempo nervoso
- Vim conversar com você- ele se sentou ao meu lado, por impulso me afastei.
- Desculpe, eu não consigo mais que isso- ele sorriu.
- Tudo bem. Sabe, conversei com Edu- só de ouvir o nome dele, me alegrei. Pulei em cima dele, e o agarrei pela camisa
- O que ele te disse ? Fala Marcos- ele riu
- Se você me deixar vivo talvez eu diga- sai de cima dele, e abracei minhas pernas- bem. Ele tem um motivo pra fazer isso que ele fez. E é um motivo plausível. Não, ele não deixou de gostar de você, pelo contrário, ele te ama. E ele não se enjoou de você. Como eu suspeitava, tudo tem a ver com aquele grupo novo de mauricinhos. Bem, eles são filhos de alguns amigos do pai dele, e segundo ele, iriam pegar muito no seu pé, a ponto de fazer sua vida virar um inferno caso descobrissem que você é namorado dele. Não me pergunte porque, eu não sei, mas imagino que seja por que aquele grupinho iria te achar inapropriado pra ele, por que você não é tão rico quanto eles. A questão é que ele tem um peso enorme nas costas. Se ele te assumisse, ele poderia de proteger de 1 ou 2, mas não de todos. Então ele decidiu não te dizer nada, e ir pelo lado mais difícil, fazer você se afastar dele a força- eu ouvi atentamente e sorria só de ter ouvido que ele ainda gostava de mim- o plano dele era tentar sofrer sozinho, segurar a onda sem te dizer nada. Era tentar fazer com que você criasse ódio dele, porque ele te deixou sem mais nem menos, e assim, longe, você não iria sofrer. É um egoísmo bem intencionado- Me levantei e sorri.
- Será se ele não percebe que vai ser pior assim ? Que eu nunca iria criar ódio dele ? Que eu o amo mais que tudo no mundo ? Eu não quero que ele segure essa barra sozinho. A gente pode se encontrar sozinho, sei lá. Mas ficar longe dele não dá, de jeito nenhum !
DIAS DEPOIS
NARRADO POR JORGE
No almoço, eu fiquei apenas o observando. Angel fazia jus ao nome. Vi ele vir com a bandeja em minha direção. Devia ter ficado todo abobalhado aquele momento.
- Oi- ele falou, sentando a minha frente- a comida daqui parece ser ótima.
- É sim- falei, continuando a comer. Nervosismo e calor se alastravam pelo meu corpo. Era incrível, e ao mesmo tempo preocupante.
- Ei, vem cá, você sabe alguma coisa de matemática ?- balancei a cabeça diversas vezes, ele riu- então acho que pode me ajudar com esse exercício. É que eu estou muito ocupado com algumas outras coisas, se eu te pedir ajuda, você faz pra mim ?- sorri
- Faço- por algum motivo, eu nunca iria negar nada pra ele.
NARRADO POR ANGEL
Os dias iam passando, e eu ia percebendo uma coisa. Jorge estava afim de mim. Ele deixou isso transparecer muitas vezes. Eu não fiz muita diferença. Eu não sentia nada por ele. Talvez uma atração boba, nada mais. Mas cada vez mais, eu via ele ficar grudado em mim, a ponto de incomodar. Além disso, via ele fazer tudo e qualquer coisa que eu pedia. Fui tomado por um desejo talvez, sádico, e comecei a pedir cada vez mais coisas a ele. Ele nunca negava nada, por mais difícil que seja. Não posso negar, estava sendo divertido e ao mesmo tempo interessante.
- Seu carrapato chegou Angel- dizia um garoto saindo do meu quarto. Vi ele entrar, com aquele mesmo sorriso de sempre, que, me incomodava as vezes.
- Olá Angel- ele entrava sempre saltitante.
- Oi
- Você está muito ocupado hoje ?
- Um pouco- vi ele se sentar na minha frente.
- Olha, trouxe aqueles bombons que você ama- olhei pra ele, sorri
- Valeu- imediatamente comecei a comer, e logo terminei
- Poxa, você podia ter me dado alguns- sorri
- Você quer ?- ele balancou a cabeça. Decidi brincar mais um pouco. Cheguei mais perto da boca dele, senti sua respiração mais forte. Apenas o beijei, por alguns segundos. Ele parecia não acreditar. Dividi com ele os bombons que ainda estavam na minha boca. Ele nunca reagia, não foi diferente dessa vez. Confesso que gostei do beijo. Logo separei me dele. Seu rosto estava todo vermelho- pronto, agora você já tem- terminei de engolir o que estava na minha boca, e fiquei pensando no que ele estaria pensando naquele momento
NARRADO POR JORGE
Meu deus, ele fez isso mesmo. Ele me beijou. Nossos lábios entraram em contato, eu não posso acreditar. Não posso dizer que foi um super beijo, mas foi inesquecível. Geralmente, Angel não demostrava muito apreço por mim. Mas isso só me fazia gostar mais dele. Eu não entendia. Eu não me entendia.
NARRADO POR ANGEL
- Você vai ficar aqui ?
- Você deixa ?- neguei
- Não
- Ah vai, por favorzinho, eu prometo não incomodar, deixa eu ficar vai olhar- ergui meu olhar um pouco, e sua cara era de cachorro pidão.
- Tá, mas não me incomode- ele colocou a mochila e a fez de travesseiro em minha mesa e ficou me observando. Queria saber o que ele ganhava com todo aquele grude. Parecia que quanto mais eu o desprezava, mais ele me amava. Que garoto indeciso.
TEMPO DEPOIS
Olhei para o relógio, eram 23hrs. Decidi parar. Fechei meus cadernos e me estiquei. Olhei pra ele, que continuava ali. Percebi que ele tinha dormido.
- Ei- o balancei, ele não acordou- Jorge ?- ele continuava abraçado a mochila, sem demonstrar reação- droga, o que eu faço ?-podia o acordar na marra, mas não o fiz- vamos ver qual vai ser a alegria dele ao acordar do meu lado amanhã. Peguei ele em meus braços e o levei até a minha cama. Tirei seus sapatos, e sua camisa. O cobri com meu lençol, e fiquei por alguns minutos o observando. Não tinha como negar, ele dormia lindamente. Parecia estar tendo um lindo sonho, que nunca iria terminar. Tomei um banho e tranquei a porta. Me deitei, e percebi que teríamos que dormir bem colados pois a cama era apertada. E assim o fiz. O cheiro que ele exalava era magnífico. Meu coração bateu mais forte.
NARRADO POR ISAC
Eu estava disposto a dividir aquela barra com Edu. Por ele, e por mim. Quando todos estavam dormindo, fui ao seu quarto. Bati na porta lentamente, e ele abriu, sem camisa.
- Nós precisamos conversar- falei
Continua
Gostaram ???????
