Na sexta a noite, por volta das 22h, eu estava sentada na cama tocando violão, quando o celular tocou. Eu não tinha o número e sendo a hora avançada achei estranho. Não fazia ideia de quem poderia ser.
Eu: Alô!
Ela: Oi, Mah?
Eu: Sim. Quem é?
Ela: Sou eu, a D..
Fiquei sem graça. O que ela poderia querer uma hora daquelas.
Eu: Oi.
Ela: Estava ocupada?
Eu: Não. Estava aqui tocando violão.
Ela: Liguei pra saber como você estava.
Eu: Estou bem. E Vc?
Ela: Estou bem também. Vou dormir aqui na casa do Vini.
O vini era o namorado dela. No mesmo instante pensei em como o cara estava entrando na igreja e queria uma vida certinha também, mas ainda dormia com ela.
Ela percebendo o que havia dito, tentou concertar e continuou:
Ela: Mas ele está dormindo em cima, na beliche.
Eu não tinha interesse naquele papo, nem em saber o que eles faziam. Então tentei ir cortando:
Eu: Você vai ao culto no sábado?
Ela: Não sei. Tenho um aniversario para ir.
Eu: Tudo bem então
Bocejei pra sinalizar que não tinha mais papo. Ela se tocou, me deu boa noite e desligou. Eu continuei pensando por quanto tempo ainda teria que conviver com aquela menina.
E assim seguiram os dias. As vezes ela ligava todas as noites, outras não. E fomos criando uma amizade. Uma tarde ela me chamou para ir a sua casa, havia feito bolo de chocolate. Cheguei lá às 14h, o sol estava de rachar. Ela abriu o portão e logo um poodle Branquinho correu para os meus pés. Entramos e perguntei pelos seus pais. Ela me disse que seu pai estava no trabalho e sua mãe havia falecido quando ela tinha 10 anos. Como percebi que era um assunto delicado, não insisti. Foi quando ela me chamou para o seu quarto e apesar do desconforto com a situação, eu fui. Ela sentou numa cama, e eu em outra. Então ela começou a falar:
Ela: Queria lhe dizer algo.
Eu: Pode falar.
Ela: Passei alguns anos morando em Aracaju e lá em me envolvido com um homem. Ele era casado e meu pai descobriu. Então me trouxe pra morar de volta com ele.
Eu: Não julgo você. Mas você se arrepende?
Ela: Nao. Foi bom, como posso me arrepender?
Apesar da amizade não poderia esquecer que meu papel era fazer daquela "perdida", uma cristã. Então falei:
Eu: O arrependimento é o início da sua nova vida com Deus.
O assunto pareceu não agradar muito, e para não ser chata, falei de outra coisa. Já eram quase 17h e eu devia ir embora. Nos despedimos e eu fui para casa.