Cap.6
NARRADO POR GABRIEL
Não tinha percebido, mas havia pegado no sono. Ainda estava dentro do carro. Me levantei, olhei ao redor, e percebi que estávamos em um posto de gasolina. Olhei para o relógio, eram 11hs. Minha barriga roncava. Lentamente desci do carro, e vi Cadu vindo em minha direção.
- Oi dorminhoco- falou ele, sorrindo- vem, é hora do almoço- disse ele, pegando na minha mão e me puxando. Entramos em um restaurante, estava vazio.
- Desde que horas eu dormi ?- perguntei, ainda meio sonolento.
- Desde a hora que saímos de Cabo Frio. Você é muito lindinho dormindo !- disse, pegando um prato e dando pra mim.
- Mentira sua.
- É sim, fiquei até com pena de te acordar- fizemos nosso prato e nos sentamos para comer. Ele fez questão de sentar ao meu lado.
- Vou sentir falta de cabo frio.
- Eu também vou- lentamente comemos nossa comida. Não sei se era por causa da fome, mas ela estava muito gostosa. Logo terminamos- Você quer sobremesa ?- sorri
- Me deu vontade de comer bolo de chocolate- ele sorriu.
- Eu também
TEMPO DEPOIS
Estávamos de volta ao nosso apartamento. Limpamos algumas coisas e logo depois fomos pra casa do pai dele. Chegamos lá, tinha muita gente. Com certeza a maior parte era de familiares e amigos. Logo vieram nos cumprimentar.
- Então esse é o seu marido Cadu- dizia uma mulher que aparentava ter uns 30 anos.
- Sim tia, esse é o Gabriel- ela sorriu.
- Muito prazer- falei.
- Ai que menino mais fofo- sorri. De repente duas crianças apareceram.
- Tio, tio-puxaram minha camisa- vem brincar na piscina com a gente, o tio Cadu não quer brincar- olhei pra ele, sorrindo.
- Poxa Cadu, porque você não quer brincar com essas crianças tão fofinhas- falei, me ajoelhando e abraçando os dois- qual é o nome de vocês ?
- Gabriel- disse um
- Natália- disse a outra.
- Ah é ? Vocês são irmãos ?
- Sim- eles disseram em coro.
- Ok, então vamos deixar o tio mal de vocês e vamos lá brincar- disse, carregando os dois e indo em direção a piscina. Sim, eu gostava de crianças. Amava ser chamado de tio, ou então ver a fofura em seus pequenos rostos. Logo ao chegarem lá, elas pularam na piscina. Troquei de roupa, coloquei uma sunga e pulei também. Ficamos jogando água um no outro, brincando de tubarão, e de outras brincadeiras de criança. Cadu apenas me observava do lado de fora da piscina.
TEMPO DEPOIS
- Ai, crianças, já estou muito cansado, deixa eu descansar um pouco- falei, indo em direção a Cadu, que estava de costas. Cheguei sorrateiramente, e joguei um pouco de água nele. Sorri.
- Ei- ele virou e viu que era eu- Você me paga Gabe !
- A juros ou a vista ?- ele riu- Porquê você não entra aqui ? - ele sentou se a beira da piscina
- Eu não estava querendo me molhar hoje- fiz uma cara de tristeza.
- Poxa, deixa de ser chato vai, entra logo aqui !.
- Não Gabe, vou me molhar todo- fiz agora uma cara de chateação.
- Se você não entrar eu vou ficar muito chateado- isso sempre funcionava.
- Tá bom, eu não resisto a esse seu rosto fofo, eu vou me trocar e já entro- fiquei escorado na parede da piscina, esperando ele entrar, e pensando. Nossa vida dali pra frente seria bem diferente de tudo o que já havíamos vivido. Pra muitos ser obrigado a casar parecia ser uma tortura. Mas por algum motivo, eu estava feliz. Senti ele pular e me abraçar por trás. Ficamos assim por alguns segundos- no que você está pensando ?- disse, me apertando ainda mais.
- Em nós- ele riu.
- Você só pensa em nós agora ?
- Claro que sim. Esqueceu que somos casados agora- eu amava ficar abraçado ao corpo dele. Me sentia protegido, seguro, parecia que nada nem ninguém poderia me abater um dia. Não tinha como negar, eu me atraia muito por Cadu. Acho que por isso deixo ele me abracar, pegar na minha mão, e fazer diversos carinhos que geralmente apenas namorados fazem um no outro. Pra falar a verdade, nunca percebi quando isso começou a acontecer. No início era bem restrito. O machismo ainda imperava em nós, de modo que qualquer toque de mão era terrível, moralmente. Mas quanto mais crescemos, deixamos nossos carinhos aflorarem. Quantas vezes escutei tios brigarem conosco, por estarmos de mãos dadas, ou abraçados. Não que eu sentisse algo por ele. Apenas me sentia bem, estando com ele.
A NOITE
- Não sabia que você cozinhava tão bem- dizia eu, provando a macarronada que ele havia feito.
- Aprendi com minha mãe.
- Pelo menos de fome eu não vou morrer- ele riu. Fiquei olhando para ele. Sempre ficava envergonhado quando ele me encarava demais, mas eu amava encara-lo- eu já te falei que te acho bonito- ele ficou vermelho.
- Não- sorri.
- Pois eu acho- ele sorriu em seguida e olhou pra mim.
- Eu também- ficamos em silêncio por alguns minutos, com meu coração acelerado. Fomos lavar as loucas. Ele lavava, eu enxugava. Já estava com um pouco de sono.
- Eu já quero dormir !- disse eu, indo para o quarto das visitas.
- Dorme comigo- disse ele, segurando meu braço.
- Tudo bem- me deixei ser puxado até o quarto dele. Escovei os dentes e me deitei. Logo em seguida ele veio. Deitou de costas pra mim. Por algum motivo eu não conseguia dormir, nunca fui de dormir rápido. Acabei me virando, e o abracei. Colei meu corpo ao dele e fiquei tentando dormir. Minha surpresa foi quando ele entrelaçou sua mão com a minha. Meu coração disparou.
Continua
Gostaram ???? Muito obrigado por todos que leram e comentaram.
