Após o abraço que demos, entramos na casa novamente e Dudo me levou para o quarto que estávamos compartilhando...
_ Sinto muito pelo que meu irmão fez... Ele destratou você e isso pra mim é inaceitável... Não sei o que levou você e trilhar esse caminho Heitor, só que você é um ser humano, entende?
_ Tá tudo bem Seu Dudo, que bom que houve essa primeira vez, pode apostar que daqui pra frente saberei tirar de letra esse tipo de humilhação.
Ele colocou as mãos em volta da minha cintura, olhou profundamente em meus olhos e disse:
_ Quero tirar você desse tipo de mundo. Você me daria essa oportunidade?
_ Não posso, nessa estrada que comecei a andar não cabe final feliz, não Seu Dudo. Olha pro senhor e olha pra mim... Seu irmão disse bem claro lá fora, eu sou apenas um buraco bonito pra ser fodido por quem pagar mais...
_ Não Heitor. Eu posso te ajudar e muito. Não faz tanto tempo assim que você tá metido nisso. A gente pode até viajar pra fora do País e enquanto isso você será um aluno que vai aprender tudo que quiser dessa vida, só que dessa vez, com muito mais ajuda do que já teve.
_ O Senhor esquece que um dos meus clientes foi justamente seu irmão? Ele me fez trepar até com o motorista particular dele, sabia? Como seria sua vida caso eu aceitasse sua proposta? E a minha? Não Seu Dudo, prefiro viver no meu canto e do jeito que escolhi viver.
_ Qualquer garoto na sua situação aceitaria correndo o que estou oferecendo a você. E quanto ao nosso tipo de vida, a gente poderia tentar ser feliz... Desculpa Heitor, acho que você não é um bom negociante.
_ O Senhor tá esquecendo só um detalhe... Posso não ser um bom negociante, mas sempre serei um homem livre.
Ele me largou, foi até a cama, sentou na beirada, baixou a cabeça e ao olhar pra mim novamente disse:
_ Não vou mais querer você dessa forma... Comprar o seu prazer, o seu tesão... No início foi bom, só que eu não contava com um troço chamado paixão... E posso jurar que você se entrega de forma natural pra mim, como se a grana que tá levando não fosse necessária, entende? Não quero ter você como os outros, quero você pra poder te amar da melhor maneira que penso que sei... Queria que você se apaixonasse por mim, só que parece que não vai dar, né?
_ Paixão, palavra estranha... Só que já conheço essa palavra seu Dudo... Sei do que o senhor fala... E sabe o que é o pior? Não poder ter quem a gente quer... Isso mata a gente um pouco.
O silêncio veio com força total após as minhas palavras. Eduardo Freire recebeu uma ligação de sua mãe e pelo que ouvi, os dois falaram sobre uma decoração que seria iniciada no dia seguinte... Saí do quarto ainda de roupão e fui até a cozinha preparar algo pra comer.
Eduardo se juntou a mim uns vinte minutos depois e o que me fez saber que a vontade de ficar junto que até então existia entre nós, tinha ido embora.
No dia seguinte ele mesmo me levou até a casa de minha Avó Rosália no começo da noite, me entregou um envelope amarelo, levantou os óculos até a testa e mais uma vez nos olhamos...
_ Você não me verá mais. Farei o que puder para manter meu irmão longe de você. Esse cartão é meu numero pessoal que somente uma outra pessoa além de mim tem, você. Se algum dia ele tocar, saberei que você esta disposto a me dar uma chance. Não sei quanto tempo isso poderá levar, só sei que estou disposto a te esperar. Pode ir, você afinal de contas é um homem livre.
_ Obrigado Eduardo, vida longa a nós dois...
Ele apenas me fez um afago e beijou meu rosto. Seu olhar era triste, sua mãos tremeu levemente pela primeira vez ao me tocar... Foi estranho.
Ao entrar pela cerca do terreiro, Vó Rosália me abraçou e entramos juntos em sua casa.
Estávamos sozinhos em casa, Jean e Denis estavam com certeza no trabalho, trabalho esse que não mais poderia fazer... Tinha que tentar outra coisa.
_ Tenho algo a lhe dizer meu filho, é meu coração quando acelera desse jeito que acelerou hoje, é porque o negócio vai ser muito ruim...
Ela mais uma vez sentou comigo na cama de solteiro que havia no canto do quarto, pegou minha mão esquerda e parece ter entrado numa espécie de transe...
_ O castigo que você receberia, será dado a outro. O mais velho tem ódio de você e de mim também, apesar dele não ter como saber que fomos nós que o tiramos da vida passada... Só que ao punir um dos nossos, acabará sofrendo novamente. O mais novo recebeu ontem o que lhe deu no passado, ele também não tem como saber disso, por isso que sofre nesse exato momento por pensar que você não o ama, pelo menos por enquanto.
Ela então começou a passar as duas mãos pelo meu rosto e braços e pegou novamente na minha mão, dessa vez, na direita.
_ Aquele que você não ama mais, pegou algo que não era dele... Só que nenhuma maldade será praticada contra o outro garoto que ama você, pois o tal irá embora em breve e a mulher com nome de Santa, receberá tudo o que lhe pertencia e estava guardado no armário de ferro... Seus dias aqui estão terminando, sinto isso a cada respiração sua... Todos que vão pra lá, vão cheios de sonhos e voltam derrotados... Você chegará lá sem qualquer pretensão e desde o início dará certo... Por dez vidas você sofreu e foi aprendendo a com a dor e a perda, plantou a esperança e vai ser muito, mais muito feliz. Como disse no dia que te vi, você jamais voltará a baixar essa cabeça.
Muita coisa que ela falava não era do meu entendimento ou meu conhecimento, só que tudo o que me foi dito pela minha querida Vó Rosália se confirmou...
NA THERMAS, EM RECIFE...
Léo Freire chegou ao local pontualmente às 20:40 h. Dessa vez ele estava na companhia de seu fiel motorista Zé Lúcio. Os dois rapidamente se trocaram na área vip do lugar e seguiram para o bar.
_ Aquele com a sunga preta, é ele que quero para nossas brincadeiras. Ele é um dos que moram naquela casa nojenta em que o outro ainda deve morar. Vou subir Zé Lúcio, pague por ele uma boa quantia e leve-o a nossa suíte o mais rápido que puder.
_ Pode deixar chefe. E o mais que motorista saiu para providenciar o que lhe havia sido ordenado por um homem cheio de ódio que atendia por Leonardo Freire Duarte.
Quando Jean e Zé Lúcio entraram na suíte que foi palco da primeira vez de Leonardo e Jimmy, a porta foi fechada e o garoto foi mandado andar até o centro do aposento.
_ Vire-se e me mostre essa bunda... Foi tudo o que Léo disse a Jean que fez prontamente o que ele lhe mandara.
_ Tá vendo esse puto Zé? Faça ele implorar pra que você pare de bater nele, depois, quando ele tiver bem molindo, foda ele com seu braço esquerdo e quando for gozar, faça com que ele engula cada gota do seu leite. Entendeu o que lhe disse?
_ Sim chefe, e vou adorar fazer o que o senhor tá me pedindo.
_ Isso é alguma brincadeira, Senhor?
O primeiro tapa na cara dado por Zé Lúcio fez o rosto de Jean virar rapidamente...
_ Quem mandou você falar aqui, seu desgraçado?
E começou a sessão espancamento que não parou enquanto Jean teve forças pra revidar e pedir pra que o homem parasse, no que não foi atendido.
O rosto foi preservado, apesar de muitos tapas que levou... Já o corpo de Jean foi castigado, mordido, beliscado, arranhado, chutado, mordido e violado de todas as maneiras conhecidas. Ele quando foi fistado não teve forças nem pra gritar pois já se encontrava amarrado à cama e sua boca estava amordaçada.
Zé Lúcio adorava fazer isso em garotos. O prazer que tinha era até melhor do que foder o cu deles. Seu braço esquerdo entrou dentro de Jean o mais que pode, para seu total desespero. Já perto de gozar, o braço do cara foi substituído por um enorme membro de látex, e sua boca foi preenchida pelo original quase que no mesmo momento do gozo.
Leonardo a tudo assistiu cheio de um desejo insano, o nome de Jimmy era repetido a cada comando seu...
_ Bate na cara desse safado... O nome dele é Jimmy, ouviu bem Zé Lúcio?
_ Isso, amarra o puto de bunda pra cima... Tá vendo como o Jimmy tem a bunda linda?
_ Entra logo no buraco dele Zé, e faz o Jimmy pedir por clemência... Vai porra...
E Léo aproveitava sua visão para se punhetar freneticamente.
Seu gozo foi farto.
Os dois foram embora e o próprio gerente veio ter com Jean a pedido de Leonardo. Quando ele desamarrou as mãos do garoto, compreendeu que dessa vez os dois haviam ido longe demais, pois o belo corpo de Jean estava cheio de hematomas, e compreendeu também que nada poderia ser feito, a não ser ajudar o rapaz a se recuperar o mais depressa possível.
Jean ficou uma semana toda sem pisar no seu local de trabalho e todo santo dia o gerente vinha até sua casa saber como ele estava...
_ Ele tá vivo, e isso é o que importa... Dizia Vó Rosália ao apavorado homem.
_ Se ele precisar de alguma coisa, por favor me avise.
_ Carece de preocupação não moço, minha vó Eulália já dizia que o troco vem a galope...
E ele veio tal qual uma tempestade arrasadora que a tudo destrói e não deixa pedra sobre pedra...
PRÓXIMO A FORTALEZA...
Tony estava estudando para uma prova que seria realizada no dia seguinte, quando seu celular chamou...
_ Alô?
_ Boa noite, meu querido. Disse D. Auxiliadora.
_ Oi tia. Que surpresa boa é essa?
_ É que prometi falar com você caso tivesse notícias do meu menino. O Juarez me disse hoje durante o almoço que um amigo dele que era da PM e hoje trabalha como caminhoneiro, encontrou numa cidade do interior de Pernambuco com o Heitor e segundo ele, ele tá bem e mandou lembrança pra todo mundo.
_ Poxa D. Auxiliadora, mais isso é realmente uma boa notícia, né? E ele disse qual era a cidade?
_ O Juarez nem lembrou de perguntar, parece que o amigo já tava de viagem de novo e eles não puderam falar mais.
E os dois conversaram por quase meia hora.
Óbvio que o sacana mentira, mas isso de certa forma trouxe alento ao coração dos dois.
EM JABOATÃO DOS GUARARAPES...
Na semana em que fiquei cuidando do meu amigo Jean junto com a nossa Vó Rosália, arranjei comprador pra moto que ganhara de Leonardo e fui ao banco pra depositar todo o dinheiro que havia conseguido juntar no último mês.
Como eu não podia mais trabalhar na melhor Thermas do Recife, coloquei um anúncio no jornal e passei a fazer programas com hora marcada. Claro que o nível da clientela caiu consideravelmente, mas o que importava era ter sempre dinheiro pra viver e um pouco pra guardar.
Na noite que Jean voltou a trabalhar, quase um mês depois do que havia lhe acontecido, o gerente da Thermas, a tia como era carinhosamente chamado o cara, foi morto por um desconhecido quando chegava em sua casa num bairro da periferia pobre de Recife.
Eu já estava no meu quarto esperando o sono chegar, quando minha Vó disse:
_ Ele começou... A roda tá girando e só vai parar quando o último cair.
E pra variar, fiquei sem entender o que suas palavras estavam dizendo...
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Meu querido POVO DO LADO ESQUERDO, peço desculpas por não falar com cada um de vcs hoje... O cansaço tá muito grande... Fiquem com meu beijo e meu carinho... Amanhã será diferente. Nando Mota.