Pessoal,como está corrido vou só postar o capítulo hoje e mandar um beijo para todos vocês! Amo todos, todos, todos! Beijão =D
P.S.: Alguém que estuda engenharia quer me dar aula de cálculo 2??? D= D= D=
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NARRADO POR VICTOR VILLEFORT
Depois que a gente saiu de Poços ficou um silencio ensurdecedor no carro. Nem eu nem Raul conversávamos sobre nada. Quem quebrou o gelo foi Raul:
- Sabe, Victor, eu acho que você é um jogador de handebol incrível. O jeito que você conduz o jogo, coloca seu time pra frente é... inspirador... – Olhei para ele sem entender nada.
- Como você sabe que eu jogo handebol?
- Lembra do campeonato estadual? Que vocês foram campeões? – É claro que eu lembrava. Foi o campeonato que Lucão ganhou praticamente sozinho...
- Lembro, claro.. Aquela final Lucão mitou em quadra. Eu nunca me esqueço disso...
- É, eu também não. Mas eu estava no time de BH. Eu assisti de dentro da quadra Lucão arregaçar nosso time inteiro. Esse foi um dos motivos de talvez ele ter me chamado tanto a atenção a ponto de me apaixonar por ele... – Olhei para ele censurando-o.
Novamente o silencio acometeu o carro. Raul dirigia bem. Ele era confiante no volante. Para quebrar o gelo novamente nós começamos a conversar sobre Lucão. Ele me contou sobre o namoro dele com Lucão e tudo mais.
Ele me contou direito o que tinha ocorrido no dia anterior, o motivo dele ter aprendido a tocar Nocturno, a briga dele com Raul. Contou do concerto que eles foram, que minha mãe tocou e tudo mais.
Fiquei com ciúmes de Raul. Parecia que ele conhecia muito melhor Lucão do que eu... Mas isso era só uma ilusão. A medida que ele ia contando os ocorridos, eu já sabia antes dele falar o jeito que Lucão reagira.
No meio do caminho fizemos uma parada rápida para comer algo. Comemos e já voltamos para a viagem.
Aos poucos fui descobrindo que Raul era um cara muito tranquilo, compreensivo e gente fina. Ele me contou de tudo o que fazia quando Lucas estava triste. Me contou que dormiu na sala da casa dele após a primeira grande briga deles, só para certificar que ele acordaria bem...
Basicamente todas as nossas conversas giraram em torno de Lucão. Contei para ele do que a gente fazia em Poços, antes dele fugir. Contei da noite que Lucão finalmente tomara uma atitude e me beijou forçado. Ele até estranhou, pois Lucão não era tão energético assim. Pelo contrário, ele era muito pensativo e racionalizava sobre tudo antes de agir.
Em um dos longos períodos de silencio, comecei a prestar atenção nas músicas. Tocou Engenheiros do Hawaii, Los Hermanos, alguns rocks americanos, tocou Nocturno... Mas uma música me chamou muito a atenção...
“Eu preciso te falar
Te encontrar de qualquer jeito
Pra sentar e conversar
Depois andar
De encontro ao vento...
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol que te bronzeia...
Eu preciso te tocar
E outra vez te ver sorrindo
Te encontrar num sonho lindo...
Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo...
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo...
Faz de conta que ainda é cedo
Tudo vai ficar
Por conta da emoção
Faz de conta que ainda é cedo
E deixar falar
A voz do coração...”
- É a Ana Carolina que está cantando? – Perguntei curioso. A letra da musica caia igual uma luva na minha situação...
- É sim. Mas a música é do Tim Maia... Mas eu gosto mais da versão dela.
- Como chama essa música? – Perguntei curioso.
- Um dia de Domingo – Ele me respondeu, mantendo os olhos fixos na estrada a nossa frente.
Após o fim da música coloquei ela para tocar de novo. Fiquei viajando na letra... Imaginando eu vivendo tudo o que ela fala com Lucão... Só nos dois, na pista de voo de Poços, lá no alto... Não consegui conter um leve sorriso no canto do rosto...
Chegamos em Belo Horizonte e fomos logo para onde Lucão morava, no condomínio da sua tia. Meu coração batia forte. Eu suava frio. Eu precisava ver Lucão.. De qualquer modo. Eu mais do que queria, eu precisava ver ele...
Raul desceu do carro e foi falar com o porteiro do condomínio. Fiquei atento prestando atenção na conversa:
- O seu Jaime, tudo bem! Estamos aqui para ver o Lucas, você pode telefonar para ele e avisar que estamos subindo. É urgente.
- Tudo bem, sim graças a Deus, Raul. Mas Lucas já foi com sua família para o aeroporto... – Meu coração gelou nessa hora. Lucão não podia ter ido embora... Não podia... Meu coração veio na boca... Lágrimas começaram a escorrer lentamente dos meus olhos.
Raul entrou no carro, deu ré e seguiu para o aeroporto. Ele foi a 1000 por hora. Ele correu muito nas avenidas de BH, demos sorte de não encontrar nenhuma policia no caminho, se não certamente ele nos pararia.
Na hora que eu vi a placa “Aeroporto” indicando que estávamos chegando, comecei a suar frio. Nunca tinha ficado tão nervoso quanto nessa hora... Nem nos instantes antes da final do Campeonato Estadual de Handebol...
Chegamos no aeroporto e descemos do carro correndo. Entramos lá, e olhei em volta procurando por ele. Raul olhou os letreiros e prestou atenção no que a vozinha dizia. Depois que ela parou de falar ele me disse:
- Acabou de ser a chamada do voo dele. Corre, a sala de embarque é pra lá! - Ele disse apontando. Eu e ele corremos muito. Chegamos até o local indicado como “sala de embarque”, mas Lucão não estava lá. É já era. Lucão já tinha ido para os EUA.
Quando eu tinha perdido todas as esperanças, Raul me puxou e foi falar com uma moça.
- Dona Martha, onde está Lucão?
- Raul meu querido! Ele acabou de entrar na sala de embarque, se você tivesse chegado 30 segundos antes, ainda pegava ele aqui...
Olhei para a porta de embarque. Sem pensar muito saí disparado para lá. Pulei a fita que marcava a fila e entrei lá. Escutei um “Ei, garoto! Pare” vindo de trás de mim. Olhei e vi Lucão mais a frente, de costas.
Corri como se não houvesse amanhã até ele. Quando mais eu me aproximava, mais rápido meu coração batia. Puxei Lucão pelo braço e coloquei ele contra parede. Ele me olhou assustado. E, depois de esperar muito, beijei ele.
- Victor... você veio... – Ele estava sem reação. Dei mais um selinho nele e falei no ouvido dele:
- Vim. Vim para te dizer o tanto que eu te amo. Vim pra te dizer que eu não consigo mais viver um segundo sem você. Vim pra te dizer que eu sou um bosta por não perceber o tanto que eu te amava a tempo. Vim para te pedir para você não ir. Fica aqui. Fica no Brasil. Fica comigo?
Lucão estava chorando muito também. A gente ali abraçado... estava perfeito. Eu não queria sair nunca dali.
- Eu não posso... É o que eu mais quero no mundo, mas não posso... Eu vou, mais eu volto, só por você!
- Não. Eu fui tolo o suficiente para deixar você ir uma vez. É minha obrigação ir até onde você está. Eu te amo – A gente se beijou mais uma vez. Os seguranças chegaram. Eu continuei abraçado com Lucão até os seguranças me soltarem a força.
Fui acompanhado até a saída. Encontrei Raul me esperando na sala de embarque. As lágrimas queimavam meu rosto.
- Ele foi. Ele foi – Essa foi a única coisa que eu consegui dizer. Eu tinha perdido meu chão, meu ar, minha vida... Raul me abraçou e disse baixinho no meu ouvido:
- Calma, tudo vai ficar bem. Vamos, vou te levar para casa...
Depois de um tempo, saí andando, ainda chorando muito. A única coisa que eu conseguia pensar era quando eu iria para os EUA, buscas Lucas. Enquanto isso, eu tinha que tocar minha vida aqui no Brasil.
“Eu prometo: você ainda vai ser meu, Lucas” pensei, enquanto saia do aeroporto.