Cap.5
Havia procurado Fábio por diversos lugares, mas não o achei em lugar algum. Ligava pra o seu celular, mas só dava caixa postal. Queria saber o porquê daquela reação impensada e assustadora. Eu gostava demais do meu amigo, e a opinião dele pra qualquer coisa, era extremamente importante pra mim.
- Porque o Fábio não veio hoje com a gente Wil ?- Gina perguntava, em meus braços, enquanto eu caminhava em direção a nossa casa.
- Acho que ele não está muito bem meu amor- atravessamos a rua e estávamos a poucos metros de casa.
- Eu gosto tanto dele, acho que ele combina muito com você- sorri, enquanto subia as escadas da parte de fora.
- Do que você está falando Gina ?- abri a porta e em seguida entrei. Logo a coloquei no chão
- Sei lá, é que vocês ficam tão bem juntos, nem parecem amigos- estranhei.
- É lógico que nós somos amigos, somos homens, esqueceu ?- eu não podia deixar nem ela pensar nessa hipótese, pois criança não sabe guardar segredo.
- Ué, qual o problema ? Lá no meu colégio tem um monte de garotos que namoram...
NARRADO POR FÁBIO
Eu não estava me entendendo, mas eu não estava bem. Meu corpo parecia pesado, meu coração doía, eu estava quente. Devo ter pego alguma gripe, aliás, é a única coisa que pego atualmente, gripe. Estava me achando tão esquisito. Parecia que mil facas estavam sendo fincadas lentamente sobre mim, e eu não podia fazer nada além de suspirar e esperar aquilo passar. Era uma sensação péssima, quase que incontrolável. Não sabia porque. Tinha algo a ver com meu melhor amigo. Eu estou tão confuso. Acho que estou ficando louco. Qual será essa doença que está me deixando assim ?
NARRADO POR WILLIAM
Fazia as minhas preces diárias ao lado da minha cama.
"Deus, peço perdão pelos meus pecados, me ajude a deixar de ser pecador, eu não quero pecar. Eu sei que ser gay é pecado, mas eu também sei que talvez eu não mude. Eu tento me controlar, mas é mais forte do que eu. Por favor, peço aceitação e compreensão do meu problema. Sei que para herdar o reino dos céus, tenho que me arrepender dos meus pecados. Eu só posso dizer, que esse não é por vontade própria..."
Mal pude concluir, pois escutei alguém tocar a campainha.
- Eu atendo Wil- vi Gina passar correndo pela casa, com um copo na mão.
- Cuidado com esse copo menina !- ela abriu a porta e meu coração acelerou.
- Oi, o Wil está ?- era ele, era a voz dele. Marcelo tinha mesmo vindo a minha cabeça. Olhei para o relógio, eram 15h30. Pelo menos ele era pontual.
- Wil, é aquele seu amigo- andei lentamente.
- Já ouvi querida. Veste uma roupa legal lá que a gente vai na sorveteria- ela saiu correndo, e eu fui ver a porta.
- Gaguinho !- em seguida ele me deu um abraço forte, e ao mesmo tempo suave. Tirou todo o meu fôlego- e aí, tá tudo bem aqui ?
- Sim, esta tudo ótimo. Você é bem pontual ein
- Minha mãe sempre me disse que eu não devia deixar as pessoas esperando, e que pontualidade é o principal princípio de uma boa vida. Acho que ela estava certa- ri. E logo vi Gina descer as escadas.
- Pronto Wil, podemos ir- imediatamente ela pegou na minha mão. Peguei minha carteira e em seguida saímos- você promete que vai comprar sorvete de chocolate pra mim ?
- Prometo- olhei pra Marcelo, que estava com um sorriso no rosto. Será se Gina conquistaria mais um coração ?
TEMPO DEPOIS
Ríamos na sorveteria.
- Que horror Marcelo, como você pode deixar isso acontecer ?- me referia a uma história que ele havia acabado de contar, quando ele começou a fazer pipoca, esqueceu de tampar, foi no banheiro, e quando voltou, o estrago tinha sido feito.
- Sei lá, eu, eu não sou bom em lembrar de algumas coisas, principalmente quando eu tô cozinhando- Gina tomava o sorvete enquanto brincava com a nova amiguinha que tinha achado na sorveteria- eu acho muito lindo isso que você faz.
- O que ?
- Cuidar da sua irmã como se ela fosse sua filha, dar carinho, levar e trazer da escola, fazer comida, ajudar no dever de casa, eu nunca fiz isso com a minha irmã. Talvez porque sempre existiu gente pra fazer por mim.
- Ué, eu amo demais ela, quase todo mundo ama, é por isso que eu faço- foi ai que senti ele tocar a minha mão.
- Mesmo assim, é lindo- olhei pra minha mão depois pra ele, ele sorria. Mesmo nervoso, apertei a mão dele. Meu coração acelerou, tudo esquentou. Uma sensação de liberdade tomou conta de mim. Era incrivelmente delicioso estar ali com ele. Mas logo, pensei no meu pai, na minha família, na bíblia.
- Não- soltei a mão dele- eu não estou pronto pra isso, não é a hora, isso é errado !- peguei minha irmã pelos braços e voltei pra casa.
TEMPO DEPOIS
NARRADO POR FÁBIO
Estava agradecendo aos deuses por eu não ter visto Wil em nenhum lugar. Eu não sabia direito o que estava sentindo, mas não estava pronto pra isso. Andava lentamente pelos corredores, e antes de virar mais um, escutei uma voz.
- É claro que não, eu nunca ficaria com aquele garoto, de onde vocês tiraram isso ?- aquela voz parecia ser conhecida
- É que tá rolando um papo de que tu foi com ele na sorveteria no maior clima de amor e tal- essa eu não conhecia.
- É mentira. Eu levei ele, mas apenas estou planejando dar um susto naquele viado, mostrar pra todo mundo o lixo que ele é- dei uma olhada bem de leve, e pude ver de quem era aquela voz. Era daquele "amigo" dele, o tal de Marcelo. Bem que eu não tinha confiado nele. Tenho que avisar meu amigo. Tinha dois brutamontes ao lado dele, com certeza eram quem estavam o interrogando.
- Acho bom mesmo. Avisa a gente, pra a gente acabar com aquele lixo humano- estava possesso de raiva, como eles podiam falar tão mal de um garoto tão perfeito e amoroso como era o Wil. Vi os dois brutamontes passarem sem ele. Sai correndo em seguida, em direção a casa de Wil.
TEMPO DEPOIS
NARRADO POR WIL
Eu não estava muito bem. Estava com uma dor de cabeça extrema, quase insuportável. Estava com uma bolsa de gelo, quando ouvi alguém bater na porta.
- Mas que diabo, quem será, logo hoje- abri a porta rapidamente, e a pessoa que vi eu não queria ter visto- vá embora
- Eu quero conversar com você- não que eu tivesse medo dele. Eu tinha medo das reações que ele causava em mim. Sabia que um dia não me controlaria.
- O que você quer Marcelo ?- abri a porta de uma vez.
- Fazer isso- senti quando ele, meio afoito, me puxou e me beijou.
NARRADO POR FÁBIO
Continuava correndo, precisava alerta-lo, dizer o que tinha acabado de ouvir. Mas ao chegar na casa dele, tive uma surpresa.
- Wil !- senti meu coração partir. Uma lágrima caiu.
Continua
Gostaram ??? Agradeço todos os comentários. Estou meio mal hoje, mas mesmo assim escrevi. Beijos. Comentem ein :)