Cap.17
Cada vez mais os sonhos de terror com meu primo estavam frequentes. Podia parecer paranóia, mas eu sentia o perigo nos rondando a cada vez que ele saia de casa.
- Tem certeza que você quer mesmo ir para Cabo Frio ?- afirmei com a cabeça
- Precisamos esfriar a cabeça, ver um lugar novo que nos traga felicidade, nos faça relembrar tudo o que de bom nos já passamos- e foi assim que fomos pra lá. Nunca aquele sítio mudava, as árvores estavam no mesmo lugar, agora cheias de flores, e a casa continuava linda como sempre- como eu senti falta desse lugar !- desci do carro e respirei aquele ar puro maravilhoso de interior. Ele se aproximou, e botou seu braço sobre o meu ombro.
- A gente já passou umas coisas legais aqui, tipo uma lua de mel, lembra ?- ri e dei um tapa nele.
- Para, só falta você lembrar que eu queimei o arroz aquela vez- ele se abriu na risada
- Viu, eu nem lembrava disso, você já está se entregando antes que eu diga alguma coisa- ri. Em seguida peguei uma maçã.
- Para de rir de mim seu filho da mãe- atirei a maçã nele, que acabou atingindo sua costa, que ficou toda suja, pra variar.
- Só pra sua informação, tenho um pai também. E segundo, como retribuição ao que você acabou de fazer...- ele pegou a maçã.
- Não, Cadu, naaaoooo, nao faz issoooooo- comecei a correr, mas ele logo me alcançou, e esfregou toda aquela fruta no meu cabelo, que ficou com um cheiro bom. Só fiz gargalhar e me jogar no chão- que bom que estamos aqui, esse lugar me da uma paz incrível !- ele sorriu. Ficamos observando as nuvens.
TEMPO DEPOIS
Era tão bom estar longe das responsabilidades do dia a dia. Aquele lugar me fazia relembrar que eu ainda era adolescente, apesar de me comportar como adulto. Um adolescente crianção por sinal.
- Você vai cortar as cebolas ou chorar- ele nunca perdia uma.
- Para Cadu. É que eu não tô acostumado a picar cebola- falei, piscando diversas vezes meus olhos por causa do ardor.
- E como você faz lá em casa ?
- Uma máquina faz isso pra mim né- ele riu
- Meu maridinho também é prático- beijou meu rosto- mas precisa aprender a cortar cebola- senti ele passar a mão pela minha cintura e em seguida me abraçar por trás. Colocou sua mão direita sobre a minha, e o mesmo fez com a esquerda. Uma cena incrivelmente fofa se formou. E então ele me ajudou a cortar a cebola- essa parte do meio é pra baixo, pra poder não pingar no seu olho, amorzinho- continuou me ajudando a cortar, com as mãos sobre as minhas. Logo terminamos- pronto, já aprendeu- ele ia sair, mas eu o puxei e tasquei-lhe um beijo.
- Te amo seu fofo cozinheiro
TEMPO DEPOIS
Eram umas 16hrs da tarde, e caia um pé d'agua no sítio. Desligamos a antena da TV e da net, pois com muitas árvores ao redor, a chance de raios atingirem a casa é grande. Ficamos do lado de dentro, esperando a chuva passar.
-Você quer chocolate quente ?- disse ele, se aproximando con duas xícaras na mão
- Quero- já estava cheio de moletons, pois o frio era enorme. Tomei lentamente o conteúdo da xícara, e em seguida vi uma coisa estranha. Uma sombra de algo se aproximou pairou na nossa janela. Olhei melhor, e abri a janela. Realmente, tinha alguém se aproximando. Esse alguém era pequeno, era uma criança. Estava todo encharcado, parecia prestes a desmaiar. Deixei a xícara e corri pra fora- meu deus, Cadu, vem me ajudar !- mal eu peguei ele nos braços, ele desmaiou.
- De quem é essa criança ?
-Sei lá, apareceu agora aqui, pega uma toalha e chama o médico !- sim, o médico vem até o sítio em emergências. Tirei a roupinha dele e o deixei só de cueca. Logo Cadu me entregou a toalha e eu o enxuguei. Seu corpo estava cheio de marcas, estava esquelético, ele parecia não comer nunca. Aos poucos ele recobrou a consciência.
- Ah... onde eu tô ?- ele abriu os olhos lentamente.
- Graças a Deus- quando nos viu, ele se assustou. Achei normal, pois éramos desconhecidos.
- Quem são vocês ? O que vocês querem ? Eu não tenho dinheiro !- ele estava muito assustado, vermelho e respirava fundo. Logo espirrou. Devia ter pego um resfriado
- Calma garoto, nós não vamos fazer mal a você- ele ainda estava desconfiado- olha, eu me chamo Gabriel, ou Gabe, ele se chama Carlos Eduardo, ou Cadu. E você, como se chama ?- ele piscou muitas vezes.
- Me chamo Rodrigo- respirou fundo- ou Rô- ri- eu tô com fome, muita fome !- pude ouvir sua barriga roncar mesmo longe.
- Trás alguma coisa pra ele comer Cadu- ele logo foi atrás. Peguei um dos moletons que eu estava usando e coloquei nele. Ficava enorme, mas servia pra ele não ficar mais no frio.
- Você não vai me devolver pra aquele homem ?- olhei pra ele, confuso.
- Que homem ?
- Um, que vive explorando as criancinhas que moram aqui. Ele manda a gente vender o que ele pede e dar o dinheiro pra ele, e se a gente não fizer, ele bate- vi lágrimas saírem dos seus olhos
- Eu não vou te devolver pra ninguém, eu já disse, não vou fazer mal pra você- limpei as lágrimas que escorriam
- Promete ?
- Prometo- ele sorriu, pela primeira vez. Rô era um garoto bem bonito. Tinha um cabelo bem enrolado, era negro e de altura normal pra qualquer criança. Muito fofo- quantos anos você tem ?- ele mostrou 6 dedos pra mim- já tem 6 anos ? Mas já está um rapazinho- ele sorriu de novo- vem cá, você não tem mãe ?- ele baixou a cabeça
- Tenho, mas ela não liga pra mim. Só fica com os amigos dela, bebendo. Você acredita que eu tive que procurar o colégio pra mim ? Ela nunca me ajuda, é como se eu não tivesse mãe- logo Cadu chegou com uma bandeja. Ao ver ele já se animou, e logo começou a comer.
- E porque você estava na chuva assim ?- ele perguntou
- Eu tentei fugir dele.
- Você sabe o nome dele ?- ele pareceu pensar
- Edward- respirei fundo ao ouvir esse nome.
- Como ele é ?
- Parece um fantasma, mas é muito mal- olhei pra Cadu, e comecei a imaginar que aquele homem era o meu primo
Continua
Gente, desculpem o tamanho. Vocês gostaram ??? Obrigado pelos comentários, e retribuindo a declaração do meu NAMORADO Emerson, é, ele mesmo, o Estranho da Rádio, que está dormindo neste momento, eu também te amo muito viu amor, e ai de quem dar em cima de você nos seus contos. Leva meu coração de novo ♡ Amo você demais seu fofo, boa aula. Beijos a todos pessoal.