Cap.6
Vi ele respirar fundo. Parecia pensar. Estava raciocinando.
- Bem, agora que as pessoas que me criaram, me deixaram, só me restou você- senti ele me abraçar forte. Eu gostava tanto daquele Abraço. Me lembrava de quando ele era bebê. De quando dormia em meus braços, e de quando sorria quando eu brincava com ele. Meus olhos se encheram de lágrimas. Enfim, eu estava sendo feliz.
- Isso é um sim ?- ele olhou pra mim, com os olhos também marejados, e concordou com a cabeça. Sorri e beijei seu rosto.
TEMPO DEPOIS
Entre risadas e conversas, arrumamos suas coisas e descobrimos coisas um do outro.
- Eu não acredito que você usa regatas !!!- ele sorriu
- Eu amo regatas, realçam o meu corpo.
- É por isso também que eu uso- estávamos colocando alguns objetos numa caixa, e assim achei os seus álbuns de fotos- olha, eu posso ver ?
- Claro- me sentei na cama e comecei a ver as suas fotos. Me senti sendo transportado, pra outra época, uma época que eu não estivesse presente, mas era como se eu estivesse. Fotos dele criança, tomando banho de piscina, se formando na alfabetização, fazendo feiras culturais, sem os dentinhos, tudo estava ali. Uma época que não voltaria mais, e que eu sentia muita raiva por não ter presenciado. Chorei.
TEMPO DEPOIS
Havia chegado o dia. Eu havia pedido pro Rodrigo chamar a empregada pra limpar o quarto de hóspedes, e pedido pra ele redecorar todo o quarto. Eu nem acreditava que aquele dia tinha realmente chegado, que pela primeira vez, meu filho estaria perto de mim, de verdade. Chamei um táxi, que logo chegou. Ele estava com um monte de coisas, afinal, mudança sempre arrasta um monte de bagagens. Estava tão bonito. Vestia uma camisa branca, com um casaco preto por cima, típico de adolescente.
- Estamos indo- falei, olhando pra Miguel
- Eu percebi- pedi ajuda ao taxista e colocamos todas as coisas dele no carro. Vi ele se despedir de todos e vir em minha direção. A casa ficaria trancada, e ele ainda estava decidindo o que faria, afinal, ela era dele agora. Ele entrou primeiro, eu entrei em seguida. Vi ele dar uma última olhada naquela casa.
- Vida nova- falou, em seguida se escorando em mim. Coloquei meu braço sobre seu ombro, e assim fomos até o aeroporto. Ao chegar lá, me surpreendi quando vi ele pegar na minha mão. Não tive vergonha, mas foi surpreendente. Algumas pessoas olhavam, mas logo desviavam a atenção. Fizemos nosso check-in. Estávamos indo em direção a uma nova vida.
TEMPO DEPOIS
Acabávamos de chegar em Guarulhos. Ele se impressionava com o tamanho do aeroporto.
- Meu deus, como é grande isso aqui- sorri
- Acostume-se filho, aqui tudo é grande. São Paulo é uma metrópole enorme, muito melhor que Ilhéus- sim, ele já esteve aqui um dia. Mas foi embora tão cedo que nem se lembrava mais. Um tempinho mais andando de carro, havíamos chegado no prédio aonde eu morava. Ele permanecia abobalhado.
- É aqui que você mora ?
- É, você gostou ???-fez que sim com a cabeça- tem um monte de coisas aqui, tem piscina, tem quadra, tem academia, tenho certeza que você vai adorar morar aqui- logo chegamos no meu apartamento. A vizinha estava na porta ao lado.
- Já voltou, Henrique ?
- Já, Marina. Minha viagem foi tensa, mas já voltei- ela olhava pra ele a todo momento- ah, esse é o meu filho Taylor, ele vai morar aqui agora- ela arregalou os olhos.
- Você tem filhos ? E desse tamanho ?
- Tenho. Um acidente me trouxe a coisa mais preciosa da minha vida- ela estava espantada, ele sorria. Logo abrimos a porta e entramos. Ele se espantou com o tamanho.
- Nossa, como é grande !!- olhou ao redor.
- E esse foi o menor que eu encontrei, acredita ?- ele sorria. Parecia encantado. O admirei por alguns segundos. Meu filho era tão lindinho e tão fofo ao mesmo tempo, que era uma alegria pra mim poder admira-lo.
- Eu vou poder cozinhar ?
- Se você quiser sim, mas no geral não precisa, eu faço a comida aqui
- Ah não, eu adoro cozinhar- sorri
- Vamos, deixa eu te mostrar seu quarto- peguei em sua mão e puxei para o segundo quarto do corredor, aonde ele ficaria- pode abrir- ele abriu rapidamente e sorriu ao ver o seu novo cantinho. Tinha uma cama de casal, uma tv, video game, diversos cabos que eu achei que ele iria precisar, notebook, dentre diversas outras coisas.
- Nossa, eu adorei- estava tão feliz que ele estava ali
TEMPO DEPOIS
Conferi os colégios da região, e havia o matriculado no melhor que eu havia encontrado. Revi toda a pilha que estava sobre a minha mesa na construtora, e ela era enorme. Levei alguns papéis pra casa, precisava acabar com aquela pilha logo. Ao chegar, vi ele mexendo na cozinha.
- Oi, cheguei- escutei barulho de alumínio batendo no chão. Sorri e fui até lá
- Ah, oi. Você pode me dizer aonde ficam as vasilhas neste lugar ?
- Ficam aqui Tay- falei, abrindo a porta de baixo
- Ah obrigado- era noite, e estava tudo escuro do lado de fora. Voltei a olhar minha papelada, até que do nada, tudo fica escuro. Não consigo enxergar quase nada. Apenas senti dois braços me agarrarem fortemente.
Continua
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