"Hoje eu estava no mercado com o William, a Laurinha o Igor, minha mãe e a mãe do William, amanhã é véspera de Natal e por isso fomos comprar as coisas para nossa ceia.
Minha mãe e a Laura sairam com as crianças, enquanto eu e o William escolhiamos algumas frutas, percebi que um homem de aparentemente 45 ou 50 anos caminhava e nos observava, ele estava nos seguindo.
Dado momento eu já incomodado me virei e perguntei se ele precisava de alguma coisa ou de alguma ajuda.
Ele fez uma pergunta óbvia:
Vocês são gays?
Sim, somos eu respondi!
E vocês são felizes?
Somos muito felizes, nos respeitamos e nos amamos.
Hum entendi, que bom, desejo a vocês muita felicidade.
Mas porque o Senhor nos perguntou isso?
Bem, eu sou casado a 27 anos com a mesma mulher, não vivo bem, não sou feliz e não proporciono felicidade alguma a ela, somente a meus filhos.
Eu gostaria de ser livre para poder viver a vida à meu modo, com a pessoa que eu escolhece e não uma escolha feita por meus pais.
Já estou um pouco velho para querer pular fora do barco e reivindicar alguma coisa agora, mas olhando pessoas como vocês, eu já fico satisfeito em saber que a felicidade está aí, esta aí pra quem quiser e ter coragem de se aventurar, basta ter a coragem que eu nunca consegui encontrar.
Foi um prazer falar com vocês, Feliz Natal e um ano cheio de felicidades a vocês.
Ele saiu empurrando o carrinho de compras, sem nem olhar para trás, sem se apresentar e sem perguntar nossos nomes, fiquei comovido com o semblante triste daquele Senhor."
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Depois de ouvir o desabafo do William eu não aguentei e me joguei pra cima dele, me deu um desespero, um aperto no coração.
O beijei como se aquele fosse o meu primeiro beijo, eu não gostava de fazer essas demonstrações de afeto na frente das pessoas (em público), mas não consegui me segurar.
Ele me pareceu tão perdido, tão sozinho e amedrontado, eu me apaixonei por aquele garoto exatamente daquele jeito que ela era.
Ele estava alí demonstrando um sentimento que em seis anos de idas e vindas nunca havia me dito.
Foi a primeira vez que ele abriu o coração de verdade para mim, foi a primeira vez que eu vi insegurança e medo nas palavras dele e também foi a primeira vez que ele contou com detalhes coisas sobre nossas vidas.
O William é um cara doce, engraçado, charmoso e muito brincalhão, essa alegria dele que conquistou o coração da minha mãe, me lembro que eu tinha um certo ciumes dos dois rs.
Ele ainda com os olhos vermelhos e lacrimejados, sorria e me beijava de volta.
Eu escutava ao fundo os gritinhos de alegria do meu pequeno Igor e as gargalhadas gostosas que a Laurinha dava.
Como você mesmo disse magrelo, teve vezes que você foi cruel comigo, como no dia em que a menina da loja me discriminou na frente de todos e você fugiu por medo e vergonha, aquele foi um dos piores dias da minha vida, querendo ou não foi o Renato que me ajudou na ocasião.
Mas teves as vezes que me fizeram rir, mesmo estando furioso com você, lembra uma vez que você me disse que se eu fosse embora, você se jogaria na frente do ônibus?
Sim me lembro e eu me joguei na frente do carro da sua tia ela me xingou todo e mesmo assim você foi embora.
Lembra uma vez que você pediu que eu usasse uma cueca vermelha?
Lembro sim, foi no meu aniversário de 18 anos, você foi me buscar em casa, só não sei se você usou a cueca vermelha, aquele dia você correu de mim rs.
Verdade William aquele dia eu me senti um pedófilo correndo de um garotinho rs.
Pois o que eu quero dizer com tudo isso é que a gente não se perdeu, a gente se acomodou, não saímos mais, não fazemos nenhum programa juntos, você não foi mais nas peladinhas com seus colegas de trabalho, ficou tudo comodo tanto pra mim quanto pra você.
Quando foi a última vez que a gente brigou?
William eu também sinto saudades dessas coisas, das nossas saidinhas, das nossas briguinhas, das vezes que você me prensava na parede e me dava mordidinhas no corpo, sinto falta até das vezes que você chegava do trabalho e já ia tirando as roupas e as jogava por todo o quarto.
Me recordo do dia que você me carregou na avenida da praia e todos começaram a gritar e assoviar pra nós, quase morri de vergonha aquele dia, mas foi maravilhoso.
Ou das vezes que você pegava seu violão e ficava dedilhando canções de amor pra mim.
William vamos recuperar essas pequenas coisas que a gente deixou cair no esquecimento, eu amo você meu magrelo.
Eu não me vejo com outro cara se não você, não me vejo com outra família se não a que construimos juntos.
Você é meu pilar William e por isso tudo que faço eu faço pensando em nós.
Eu também não quero ser uma âncora na sua vida magrelo, e não quero te perder por nenhuma bobagem, eu vou deixar de falar com ele, prometo que vou cortar caminho dele, você é uma das coisas mais importantes na minha vida.
Agora vamos parar com essa melação e vamos aproveitar o sol dessa manhã, pois daqui a pouco a galera chega pra derrubar a nossa casa.
Depois ainda temos que ir comprar as coisas para o nosso almoço!
Continua.
Ele me abraçou e caminhou junto comigo até a piscina, o Igor já gritou oferecendo os braços ao magrelo, ele ria e gritava ao mesmo tempo.
Eu peguei a Laurinha e começamos a brincar na água, a Gaby me deu um beijo no rosto e sorriu.
Enquanto o Gu e o Iago conversavam sobre alguma coisa boba.
Aquele dia eles teriam que voltar para Campinas.
Continua.