Bom, eu sempre pensei no amor como uma forma pura, real como a brisa e o cheiro de madressilva em um campo florido. Eu me lembro, que eu perdi a cabeça com o primeiro beijo, quando tudo era tão puro e verde do lado de fora da minha janela, mais eu me vi queimando, quebrando e acabando em tons esfumaçados, porque eu estava vivendo o meu primeiro amor, o meu primeiro cadeleíscopio de memorias, porque eu nunca pensei que o meu primeiro amor seria o primeiro a quebrar o meu coração, transformando tudo em um mosaico de pedaços partidos.
Ele veio vindo em minha direção, com o olhar para baixo, enquanto eu o esperava ao lado da sua bicicleta, mais, em uma rápida levantada de olhar, ele viu que eu estava ali, a poucos metros dele, e do perfume dele e dos olhos negros, então, simplesmente em uma meia volta seca, ele desviou o caminho, voltando em direção ao portão do mercado. Nessa hora fiquei s reação, porque ele conseguia me ignorar de todas as maneiras possíveis, todas as vezes que me via, mais, dentro do meu coração, a cada ignorada, era como se fosse a primeira vez, porque em todas as vezes eu sentia a mesma dor, que não mudava, que não se acostumava com essa situação rotineira.
Então, fui atrás, andando a poucos metros dele.
_Vinicius!!! Falei.
Minha voz ecoou no silencio mórbido daquele domingo cinza, ele nem se quer olhou para trás, apenas continuou andando, como se eu não estivesse nunca estado ali.
_ Vinicius! Falei novamente.
E outra vez tenho como a sua única resposta, o silêncio, que me machucava mais profundo do que qualquer palavra mal que ele viesse á me falar.
Então, vi que não iria adiantar eu continuar a chamar-lo, porque todas as vezes o silêncio era a minha única resposta. Apenas parei de andar, segurando meus passos e minhas lagrimas, engolindo em seco tudo o que eu já sabia que ele faria, mais mesmo assim, como em uma ladeira traiçoeira, eu tinha que tentar, "Porque eu vi ele ali, querendo mais de mim, e tudo o que eu poderia fazer era tentar". Ele observando que eu havia parado, voltou até aonde a sua bicicleta estava e foi embora, enquanto eu fiquei ali, tentando de alguma maneira juntar os meus pedaços. Mais, eu tinha um segundo plano, porque não seria " apenas " mais uma ignorada dele que me faria desistir de fazer com que a minha carta chegasse até as mãos dele.
Na época em que eu havia trabalhado nas entregas do mercado, conheci o guardião, e éramos amigos, então, ele poderia me ajudar a entregar a dita carta.
_ Boa noite Seu João?
_ Boa noite filho, como vai?
_ Vou bem e o Senhor?
_ Olha filho, como manda a vida haha
Bom, pelo menos ele estava vivendo, porque eu não, eu já não sabia o que era uma vida desde a reviravolta do destino.
Continuei:
_ Bom, eu tenho um documento para entregar para um amigo meu que trabalha aqui, mais como ele é do segundo horário, raramente nos vemos, e eu não consigo entregar para ele isso (mostrei a pasta com a carta dentro), teria como o Senhor, que fica aqui até a hora que todos saem do mercado, entregar para mim?
_ Mais como eu vou fazer esse favor? Se nem ao mesmos eu sei para quem é.
_ É simples, o nome dele é Helisson Vinicius, ele trabalha no açougue, então provavelmente sera um dos últimos a sair.
_ Mais como vou ver a hora que ele sair, porque tem vezes que saem todos juntos os funcionários do açougue e da padaria, e todos de branco.
_ Bom, ai que esta! Ele é um pouco menor que eu, mas, ele vai vir ali (apontei para a bicicleta dele) pegar a bicicleta dele, que é aquela azul. Então acho que fica fácil para o senhor.
_ Bom, eu vou tentar filho, como é mesmo o nome dele?
_ Helisson Vinicius.
_ Está OK, (enquanto escrevia "Helisson Vinicius" na palma da mão) eu vou tentar entregar.
Entreguei-lhe a pasta, agradeci a ele por me ajudar e fui para a casa.
Bom, era estranho em como o meu humor mudava repentinamente quando se tratava sobre o Vinicius. Ru poderia estar em uma apocalipse, mais se eu tinha algum plano que poderia me fazer a ter ele de volta, tudo mudava, era como se eu fosse a pessoa mais feliz do mundo, de bem com tudo e com todos, e principalmente, de bem comigo mesmo.
Aquela noite me custou a passar, eram passado das 22 quando resolvi saber se o meu plano surtia efeitos, ou iria ficar no silêncio como todas as outras coisas antes.
Estava quase dormindo na frente do computador, não havia surgido nada de novo, nenhum sinal que me pudesse deixar certo de que ele havia recebido a carta, e muito menos de que ele havia lido a carta. Levantei, fui na cozinha pegar um copo de agua e deixei a porta do meu quarto aberto, com o computador ligado, dei uma conferida no meu rosto cansado no espelho do corredor, meu rosto agora era visivelmente mais pálido, meus olhos cansados e sem vida, apenas refletindo o meu verdadeiro estado. Voltei para o meu quarto, estava terminando de entrar, quando o copo que estava em minha mão cai em um som seco, enquanto eu estava com o olhar fixo, meu coração disparou como um foguete dentro do meu peito, a agua que antes estava no copo, agora começavam a molhar os meus pés, e minhas mãos soavam como se estivesse uma tarde quente de verão.
Bem na minha frente, na tela do computador, era exibida a janela de que ele havia se conectado ao MSN, e, isso queria dizer que ele havia me desbloqueado, e se depois de tantos dias bloqueados, o único motivo pelo qual ele me desbloquearia certamente era a carta. E é engraçado quando você tem alguma atitude baseado nos seus momentos gritantes, porque só depois, com as conseqüências nos damos conta de que realmente colocamos em pratica tais atitudes.
Eu não havia parado para pensar em como seria depois que ele lesse a carta, eu não sabia nem ao menos o porque de eu ter escrito uma carta falando para ele sobre os meus sentimentos, sobre tudo o que o Adeus dele estava me causando. Porque eu imagina que pessoas como ele sempre querem de volta todo o amor que lhes fora dado, e mesmo eu me enganando sozinho, Eu pensava que pessoas como eu acreditaria que em algum dia toda a nossa história teria mudança, e a única coisa que ele deveria fazer era ficar. Mais, dentro do meu interior, mesmo não querendo aceitar, pessoas como eu sabiam que essa história já havia tido um fim antes mesmo de começar.
Ele era tudo o que eu queria, mais não desse jeito. Ele me tinha na palma da sua mão, ele apenas deveria dizer que sim.
Caminhei lentamente ate a frente do computador, abri a janela de conversa com ele, pensei por alguns segundos: O que eu falo? Pergunto se ele leu a carta? Não! Ele vai me achar muito idiota. O que eu faço? Peço para conversamos pessoalmente? Não! Eu ficaria mais travado do que no nosso primeiro encontro.
" Resolveu me desbloquear?
Foi a única coisa mais viável que achei que deveria mandar a ele, porque sinceramente, eu não sabia nada para falar em um momento como aquele, eu não havia planejado isso.
" Vinicius esta Off-Line"
Foram as palavras que , novamente eu lia, sem entender direito o que acontecia, agora meio atordoado demais para pensar em alguma coisa, porque eu sabia que ele não entrava no MSN e saia 5 minutos depois, tudo me dava a plena certeza de que ele havia me bloqueado novamente, e o pior, eu nem ao menos sabia o motivo dessa vez. Se é que existe um motivo, Pensei.
Então, novamente, o pior dos sentimentos tomavam conta de mim, porque eu tinha muitas duvidas, mais ele não me dava respostas à nenhuma delas. Mais o sentimento já não era de tristeza, o meu sentimento era de vazio, rancor, magoá, duplicidade, e eu não conseguia ao menos evitar de me sentir assim, porque eu era o único a tentar limpar todas as bagunças que fizemos.
"Você se lembra das luzes da cidade na água? Você me viu começar a acreditar pela primeira vez."
Mais as lagrimas naquele dia não me escorreram pelo rosto, agora elas não se atreviam a me inundar, mais, isso era apenas por fora, porque no meu interior elas escorriam como se fossem um rio inundado pela enchente. Dormi nessa noite como eram praticamente todas as outras noites, pensamento nele, eu via que eu já não tinha mais forças para tirar ele de mim, e muito menos para deixar de amar ele, porque mesmo sofrendo, eu sabia que toda essa sensação fazia parte da vida de muitas outras pessoas, eu precisava saber que eu não era o único, eu não estava em um caso isolado. Então, vagamente lembrei de um nome, em que o Vinicius havia mencionado no dia em que ficamos. O nome era João Henrique.