Cap.11
NARRADO POR HENRIQUE
Eu me senti tão mal. Sabia que estava sendo ridículo. Sabia que estava parecendo idiota. Sabia que estava sentindo ciumes dele. Ciumes do meu filho. Eu não podia acreditar. Não era ciúme paterno, eu sabia disso. Era um outro tipo de ciúme. Um ciúme que me assustou. Compramos tudo o que foi necessário, e entramos. O filme tinha tudo pra ser hiper engraçado. Escolhemos um lugar no canto. Tinha quatro cadeiras na fileira do canto. Sentamos e ficamos esperando o filme passar.
- Eu queria tanto ver esse filme- Taylor dizia, uma poltrona depois da minha.
- Tudo indica que é um filme muito bom kkk- pensei que nada mais me extressaria. Pensei.
NARRADO POR TAYLOR
Eu estava feliz por fora. Por dentro, eu morria de raiva. Rodrigo havia tomado o meu lugar do lado dele. Que ódio ! Eu não vou com a cara dele, de jeito nenhum. Estava mexendo no meu celular, quando a sala começou a ficar escura. Aquele videozinho básico que eles exibem antes do filme começar era um saco. Desliguei meu celular e já ia pegar minha pipoca, quando senti duas mãos taparem meus olhos.
- Ai meu deus, quem é ?- realmente, tomei um susto. Senti a respiração da pessoa próxima do meu ouvido, e logo um sussurro, que me arrepiou por completo.
- Adivinha- Não pude conter o sorriso. Era ele, o garoto do banheiro, o tal de Jorge. Vi ele contornar a fileira e sentar na cadeira vazia ao meu lado.
- Não sabia que você iria vir ver esse filme.
- Ué, tá todo mundo querendo ver- ele se levantou e voltou com sua pipoca e refrigerante. Tá vai, ele havia me arrancado um sorriso com aquela atitude. Um sorriso que desagradou muita gente.
NARRADO POR HENRIQUE
Por algum motivo, via aquele adolescente ao lado do meu filho como uma ameaça. O pior era que eu me via nele. Me lembrava dos meus momentos com Rodrigo, e imaginava ele fazendo isso com aquele garoto. Chegava a me dar asco. Eu estava enciumado. Meu ciúme só aumentou durante o filme. O garoto era piadista, e fazia meu filho rir diversas vezes. Sim, ele era meu filho. Eu não podia esquecer isso. Eu não poderia, e nem devia ter nada com ele. Eu tinha menos chance que aquele garoto, tinha certeza disso. E isso me doía.
TEMPO DEPOIS
Aquele beijo no rosto que o garoto deu nele fez meu coração acelerar ainda mais. Voltei pra casa em silêncio, mas com uma vontade enorme de gritar pra ver se passava esse maldito ciúme. Pra ver se esses sentimentos me abandonavam. Pra ver se eu poderia ter paz, e não pensar nele daquele jeito por apenas alguns segundos. Queria voltar a ver ele apenas como um filho. Meu filho que foi afastado de mim. Agora ele já não parece mais ser o meu filho. Eu penso nele de outra forma. Me chamariam de tarado e de herege se descobrissem. Mas era o que eu sentia. Ninguém podia julgar. Ninguém.
DIAS DEPOIS
Eu estava bem cansado. Andei bastante observando as obras de um condomínio. Estava meio nervoso, pois o empreendimento estava localizado em um local íngreme, o que requer atenção especial por parte do engenheiro. Um erro de calculo e tudo pode desabar. Ao chegar em casa, senti um cheiro forte de comida, sorri.
- Tay, cheguei- ouvi risadas. Não era apenas a do meu filho.
- Oi pai. Você quer comer ? Trouxe um amigo meu aqui, espero que não tenha problemas. É aquele mesmo do cinema- Ao ver o tal garoto, minha vontade foi de jogar ele pela janela. Comecei a imaginar que eles tinham feito mil coisas comigo fora. Pensei se deveria brigar. Não, não queria ser um pai careta. Meu senso me fez tentar me mostrar calmo.
- Tá tudo bem filho, não tem problema nenhum, e eu não quero comer-passei mais que rapidamente pro meu quarto. Ao entrar, me joguei na cama. Por algum motivo emblemático, comecei a chorar.
NARRADO POR TAYLOR
Fiquei boquiaberto. Ele nunca fazia aquilo. Sempre me abraçava, beijava meu rosto, comia a comida e dizia que estava ótimo. Ele nunca havia dito não. Algo tinha acontecido
- Ele está bem ?- Jorge perguntou.
- Sinceramente, eu não sei.
Jorge foi embora tempo depois. Nos encontramos por acaso. Estávamos no supermercado, e nos vimos. Acabei comentando que precisava de ajuda em física, e ele disse que era bom. Trouxe ele até aqui, e ele acabou me ajudando. Conversamos sobre muitas coisas, que acabei nem vendo o tempo passar. Poderia até ser amigo dele. Apenas amigo.
- Ai, a gente já conversou tanto que minha garganta tá doendo. Deixa eu ir embora- ele falou, se levantando.
- Ok, manda mensagem.
- Tá. Adorei conhecer sua casa. Tchau Tay- ele deu um beijo no meu rosto e saiu. Gente, eu tinha que me segurar. Ele era muito, muito sedutor. Quase acabei cedendo. Mas me mantive firme.
TEMPO DEPOIS
NARRADO POR HENRIQUE
Decidi sair daquela fossa e ir tomar um banho. Pensei que aqueles sentimentos não podiam ter aparecido por acaso. Após o banho, ouvi minha barriga roncar. Sai, e vi que todas as luzes estavam apagadas. Fiz um sanduíche e um achocolatado, e comi. Ao terminar, comecei a pensar nele, como sempre fazia. Me lembrei do primeiro dia. Sua confusão em achar as coisas na cozinha kkkkk. Decidi ir até o seu quarto. O frio era extremo. Ele dormia como um anjo. Era como um ímã. Fui me aproximando lentamente. Sentei na beira da cama, e comecei a observar seu rosto. Por que tudo isso tinha que acontecer ? Porque eu tinha que me apaixonar pelo meu próprio filho ? Isso era tão bizarro. Tão ininacreditável. Tao novo. Tão real. Minha mente começou a embaralhar. Meu coração acelerou. Meu corpo tremeu. Quando vi, já estava com os lábios colados ao dele.
Continua
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