"O encontro inesperado, as situações inusitadas, o que não foi combinado, mas tinha que acontecer." - Rubem Alves
Voz - Boa noite - viro em direção a voz e levo um susto ao perceber de quem se tratava. - Calma, não precisa ficar assustado, vim em paz.
Eu - O que você quer, Antônio?
Antônio - Eu só quero conversar, bater um papo contigo.
Eu - E quem disse que eu quero falar com você?
Antônio - Nossa, você puxou a sua mãe. Sempre com uma resposta na ponta da língua feito ela, mas eu dei um jeito nisso rapidinho hahahaha.
Eu - Dá para dizer logo o que você quer? - ele abriu um sorriso sarcástico e continuou falando.
Antônio - Vamos direto ao assunto. - ele começou a andar vagarosamente em volta de mim. - Bom, você está bem crescidinho desde a última vez que nos vimos, e não deve se lembrar do que aconteceu. A não ser que sua mãe já tenha te contado.
Eu - Que você maltratou ela? Que você fez ela sofrer? - fechei a cara e serrei os punhos. - Que você abusou dela? Que você... - ia continuar falando, mas ele me interrompe.
Antônio - Não foi bem isso que eu perguntei. Pelo visto ela não lhe contou tudo, não é mesmo?
Eu - E tem mais?
Antônio - Hahaha. Ah, criança inocente... Enfim, quando você era bem pequeno eu te dei uma coisa e pedi para você guardar ela para mim. Você se lembra? - tentei me lembrar mas não consegui. Balançei a cabeça em sinal negativo. Ele fez um cara de decepção. - Bem, então eu vou ter que perguntar à sua mãe... - ele parou de andar e ficou de frente comigo. Tive que olhar para cima, pois ele é mais alto que eu. - Vamos, eu te acompanho até em casa.
Eu - NÃO! - fui categórico. - EU NÃO QUERO QUE VOCÊ SE ENCONTRE COM ELA DE NOVO!
Antônio - Olha só fedelho, eu já estou perdendo minha paciência com você. Não pense você que eu esqueci do golpe que você me deu à uns dias atrás. - disse sem elevar o tom de voz. - Agora, voltemos ao assunto: essa... coisa que eu te dei é muito importante para mim.
Eu - Dane-se, estou nem aí.
Antônio - Ah, mas deveria estar. Vamos fazer o seguinte: vou te dar um tempo... uma semana está bom para você? E eu espero que se lembre dessa... coisa que eu te dei.
Eu - E porque eu faria isso para você?
Antônio - Por que eu acredito que você não queira ver sua mãe machucada... não é mesmo?
Eu - E como você acha que eu vou me lembrar disso?
Antônio - Pergunte à sua mãe sobre um certo envelope pardo. Ela vai saber do que você está falando. - ele se virou e deu três passos em direção à esquina, mas parou e, sem olhar para mim, disse: - Lembre-se, você tem uma semana.
Eu - E se caso eu conseguir como fica a nossa situação? - ele se virou de frente para mim mas não se aproximou. Ficou me encarando com uma expressão indagativa - Eu proponho uma troca. Eu consigo isso que você quer e você nos deixa em paz.
Antônio - Como?
Eu - É isso mesmo que você ouviu. Eu consigo o que você quer e você me dá o que eu quero. - ele ficou alguns segundos pensando na minha proposta e disse:
Antônio - Você está ficando igualzinho à mim...
Eu - EU NÃO SOU E NUNCA VOU SER IGUAL À VOCÊ.
Antônio - Você já pensou na posibilidade de que eu posso ser seu pai? - ao dizer isso ele me encarou esperando uma resposta. Eu fiquei sem o que dizer, eu não tinha pensado nisso. Na hora fiquei enjoado mas me limitei à dizer:
Eu - Essa é a minha proposta. É pegar ou largar. - ele balançou a cabeça em sinal afirmativo, deu um sorriso vitorioso (porque sabia que tinha conseguido colar essa dúvida na minha cabeça) e disse:
Antônio - Aceito. Assim que eu tiver o que eu quero nas mãos, eu deixo você e a Sara em paz... desde que tudo fique em sigilo.
Eu - Fechado. - ele estendeu a mão mas eu deixei ele no vácuo. - Agora você já pode ir.
Ele se virou e deu alguns passos, do nada apareceu um carro preto apareceu e parou à sua frente. Ele abriu a porta, olhou para mim, e levantou o dedo indicador em sinal de um. Logo depois, apontou esse dedo para mim e levantou o dedão, como se fizesse uma arma, sorriu e entrou no carro. Encarei isso como um lembrete, de que se eu não fizesse o que combinamos em uma semana eu... melhor nem comentar. Fiquei parado vendo o carro se afastar e fui para a casa do Pedrinho. Entrei devarzinho e sem fazer barulho para não acordar todo mundo. Fui até o quarto, do Pedrinho e abri a porta, ele estava deitado de bruços, descobero, só com um short de dormir e com o rosto virado para a janela. Fiquei olhando para ele e pensando "ele deve estar muito puto comigo". Me virei de costas para ele e fechei a porta. "Mas também depois do que eu fiz...". Sou tirado dos meus pensamentos com a voz dele.
Pedro - Demorou a voltar. Estava se divertindo com ele? - disse com a voz calma e ainda na mesma posição.
Eu - Não. Estava com o Antônio. - ele deu um pulo da cama e, mesmo com a luz apagada e o quarto iluminado somente com a luz da noite, pude ver que ele me encarou incrédulo.
Pedro - Acho que eu não entendi o que você disse.
Eu - Você me ouviu bem. - ele se levantou e acendeu a luz. Só então percebi que seus olhos estavam vermelhos. - Pedro, você estava... - deixei a frase incompleta e ele logo tratou de completar.
Pedro - Chorando? Talvez, mas isso não vem ao caso agora.
Eu - Sobre o que rolou...
Pedro - Eu não quero saber.
Eu - Mas...
Pedro - Eu já disse que não quero saber. - disse friamente. Ele abaixou a cabeça e se sentou na cama. Deixei uma solitária lágrima cair, mas logo limpei ela. Me sentei ao seu lado e ficamos em silêncio. Eu o havia machucado muito e fiquei muito puto comigo mesmo por isso.
Pedro - Então você viu o Antônio? O que ele te disse?
Eu - Ele disse que... - minha voz saiu embargada. Eu respirei fundo tentando me controlar. Eu sei que ele disse que queria sigilo, mas eu confio no Pedrinho. - Que quer uma coisa que ele me deu quando era pequeno.
Pedro - Que coisa é essa? - ele manteve sua voz calma.
Eu - Eu não faço a menor ideia. - mais alguns segundos de silêncio. - Ele me deu uma semana para achar essa coisa, senão... - ele me olhou como quem pergunta: "É isso mesmo que eu estou pensando?". Eu apenas balancei a cabeça afirmando. - Mas amanhã eu tento resolver isso. Não sei como, mas pelo menos vou tentar. - me levantei e fui para o banheiro. Tomei um banho, escovei os dentes, enrolei uma toalha na cintura e saí. Ele estava deitado olhando para o teto.
Pedro - Pega o short preto de dormir dentro do armário. - peguei o short, vesti e me deitei, e ele continuava olhando para o teto.
Eu - Pedro... - ele continuou olhando para o teto. - Pedro... não faz isso comigo... por favor... - sem desgrudar meus olhos do teto ele disse:
Pedro - Acho que quem está fazendo algo aqui não sou eu, e sim você.
Eu - Eu sei que estou errado...
Pedro - Sim, você está.
Eu - ...E que não mereço ser desculpado por você...
Pedro - Não, não merece.
Eu - ...Mas mesmo assim peço que me desculpe.
Pedro - Eu... cansei. Toda vez é isso, você pede me desculpa e depois vai lá e faz de novo.
Eu - Também não é assim... - ele se sentou e me encarou.
Pedro - Não?
Eu - Não!
Pedro - Falou então. - ele se deitou e se cobriu até a cabeça.
Eu - Pedro, dá para parar de ser mimado e me escutar.
Pedro - Depois conversamos com calma, Marlon. - disse ainda com a cabeça coberta.
Eu - Argh, você é mais teimoso que uma mula!
Pedro - E você é um...
Eu - Fala, mas fala isso olhando na minha cara. - ele descobriu a cabeça.
Pedro - Você é um filho da mãe desgraçado, Marlon. Você brinca com os meus sentimentos e acha que é só pedir desculpas que fica tudo certo. Mas não é assim que funciona. Um pedido de desculpas não pode desfazer o que você fez! - ele alterou um pouco a voz mas logo se controlou. - Você não merece o que eu sinto por você. - ele disse isso olhando nos meus olhos e eu senti um frio na barriga. - O único jeito de eu te esqucer é me afastando de você.
Eu - Não diz isso, Pedrinho...
Pedro - Eu cansei, Marlon. Cansei. - ele se levantou, pegou o travesseiro dele, um cobertor e disse antes de sair: - Boa noite.
Aquilo foi como receber um soco na cara. Me deitei na cama, mas não consegui dormir. Fiquei pensando em tudo o que tinha acontecido para ver onde é que eu tinha errado e percebi que tinha errado desde o inicio. Se eu chorei? Sim, e muito. Se eu dormi? Nem um pouco. Nas vezes em que brigávamos faziamos as pazes logo, mas depois de tudo aquilo que ele me disse... parecia que eu tinha perdido de vez o Pedrinho. Assim que o sol entrou no quarto resolvi me levantar, caminhar um pouco. Fui no banheiro, fiz minha higiene, desci e fui para a cozinha. Foi inevitável passar pela sala, vi o Pedrinho deitado no sofá de olhos fechados e com rosto todo vermelho. Ele não estava dormindo mas resolvi não pertubá-lo, passei direto. Bebi um copo de suco, peguei uma maçã e fui em direção à porta da sala. Olhei mais uma vez para o Pedrinho e nossos olhos se encontram por algum tempo, abaixei a cabeça e saí. Talvez uma caminhada me faça pensar no que fazer. Fui caminhando em direção à... bem... não faço ideia de onde, mas continuei caminhando. Primeiro o Antônio, depois o Pedrinho, depois a Lara, depois a vagabriele, depois Guilherme, muita coisa ao mesmo tempo, e em tão pouco tempo. Errei feio com todos eles. Porque? Bom, primeiro: não deveria ter deixado o Antônio falar daquele jeito com a minha mãe nem comigo. Devia ter tomado uma atitude, mas travei. Segundo: não deveria ter feito isso com o Pedrinho. Somos amigos à muito tempo para a nossa amizade acabar assim. Terceiro: Eu devia ter contado à Lara que o Pedrinho é gay e que gosta (ou gostava) de mim. Acho que ela gosta de verdade dele. Quarto: Eu já deveria ter dado um jeito na vagabriele à muito tempo. Não é de hoje que ela faz essas coisas comigo. Sabe, um dia nós fomos colegas... Isso mesmo, gente: um dia fomos COLEGAS... só que de uma hora para outra ela deu à louca e começou à me odiar. Por várias vezes tentei perguntar o motivo, mas em todas elas fui recebido com sete pedras na mão. E quinto: O Guilherme. Não faço ideia do que nós temos (se é que temos alguma coisa). Não vou negar que sinto uma atração por ele. Minhas pernas bambeiam quando ele sussurra alguma coisa no meu ouvido, seu beijo é algo que... ah, sei lá como descrever... Enfim, não sei como agir com ele. Pensando em soluções perdi a noção do tempo, tateei os bolços do short procurando meu celular.
Eu - Merda, esqueci na casa da tia.
Como eu não vivo sem meu celular, voltei à casa do Pedrinho. Abri a porta devagar e pude ouvir eles conversando na cozinha. O clima era de descontração, eles riam de algo que não cheguei a tempo para ouvir. Foi bom ouvir minha mãe rindo, foi reconfortante. Mesmo depois de tudo o que ela passou, ouvi-la rindo foi o suficiente para melhorar meu humor. Essa caminhada me fez bem, coloquei minha cabeça no lugar e organizei meus próximos passos. E o primeiro deles era esclarecer algumas coisas com a minha mãe. Fui em direção à cozinha e dei bom dia à todos.
Eu - Bom dia!
Tia - Bom dia.
Sara - Bom dia, meu amor. - olhei para Pedrinho que estava com um pedaço de bolo na mão.
Eu - Bom dia, Pedro. - ele olhou em meus olhos e respondeu.
Pedro - Bom dia, Marlon. - nos encaramos por breves segundos. Foi rápido, mas foi o suficiente para as duas repararem no clima que estava entre a gente. Minha mãe pigarreou e perguntou:
Sara - Aconteceu alguma coisa? - ficamos em silêncio.
Tia Sueli - Meninos? - o Pedrinho se levantou da cadeira e disse, como se não tivesse ouvido a pergunta:
Pedro - Mãe, vou andar de skate na praça. - e, sem esperar resposta, saiu sem me olhar.
Sara - Marlon, dá para me explicar?
Eu - A gente discutiu por uma bobagem, só isso. - menti. Não ia contar a verdade porque elas com certeza iriam se intrometer, quero resolver isso eu mesmo.
Tia - Tem certeza que foi só isso?
Eu - Foi só isso mesmo, tia. - sorri para poder convencê-las do que eu estava dizendo.
Sara - Tudo bem. Marlon, nós vamos embora para casa. Já abusamos demais da casa da Su kkk. Vai lá encima e pega o que você tem que pegar, tá?
Eu - Está bem.
Peguei meu celular e minhas roupas (afinal, estava vestido apenas com o short do Pedrinho), nos despedimos da Tia Sueli e fomos para casa. No caminho, ficamos falando banalidades e, assim que entramos em casa, eu soltei a bomba.
Eu - Mãe, a senhora sabe alguma história sobre um envelope pardo?
Boa noite, meus amores. Gente, esse ficou meio longo, né? Mas teve um motivo, meus créditos acabaram e eu vou ficar sem internet até quarta-feira :'( . Agora, aos comentários hehe:
Alguem95 - kkkk bem que o Marlon está merecendo kkk. Mas acho que agora ele vai tomar jeito. Abraços, amore.
SafadinhoGostoso - Fica com raiva não, menino rsrsrs. Realmente o Marlon pisou feio na bola e se enrolou todo. Mas ele parou para pensar no que ele fez e nas atitudes dele. Bem, daqui para frente... surpresa kkkkk. Abraços, lindo.
Gabee - #teamPedro com força total kkkkk. Abraços, amore.
esperança - Obrigado, amore :D
Lukas. (Lukinhas) - Bom, ao que parece, o Gui gosta mesmo do Marlon. Mas calma que você não é o único, não rsrsrsrs. Tem algumas pessoas que querem ver o Marlon com o Gui :D Beijos, lindo.
Geomateus - Own obrigado, Geo.
oPAKO - Kkkkkkkk nossa, como você saiu dessa, lindo? kkkkk
Biel Evans - Como assim Avenida Brasil rsrs? E vem cá, o Gui com o Pedrinho e o Negão com a vagabriele? kkkkk Que isso, Bie? kkkkkkk
$Léo$;) - Pois é, sofrendo por causa do Negão :( Abraços, lindo.
sterlan - kkkkkk verdade, mas acho que agora ele toma jeito rsrsrs
KayoB - Obrigado, lindooo. Beijo :)
Anjo Sedutora - Fica triste não, linda. Fico feliz que eu tenha te feito rir numa hora dessas. Beijo, meu Anjo.
Belfort.fujoshi - Ai Bel, obrigado, lindo.
Wk_Brankello - Que bom que voltou :D . Mas agora vamos brigar, vamos ter que dividir o Pedrinho no meio kkkkkkkkk
Bom amores., por hoje é só. E agora só na quarta mesmo, o que será que esse envelope pardo tem? Criticas, comentários, palpites e votos serão muito bem vindos. E (novamente kkk) desculpa pelos erros.
Até quarta, meus amores :)