Rumo ao Desconhecido - Parte 2

Um conto erótico de Lucas Henrique
Categoria: Homossexual
Contém 2275 palavras
Data: 03/01/2015 10:30:41
Última revisão: 03/01/2015 10:51:12
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Capítulo 2 – “Million Miles”

- Demorou Lucas, já estava ficando preocupado!

- Hum... – Senti uma sensação estranha ao ver o Alberto feliz em me ver, toda hora vinham os flashes do Natal em que eu me assumi pra ele e o que eu ouvi depois: “Sua aberração, eu tenho nojo de você!” Aquilo divergia com aquele olhar terno dele hoje.

- Desce e já vamos que hoje eu tenho muitas coisas pra resolver na fazenda.

- Mãe me ajuda aqui? Não tem como eu carregar essas duas malas. – Alberto tentou dizer que iria me ajudar, mas logo foi cortado pela minha mãe que subiu as escadas rapidamente.

- Está nervoso né?

- Ai meu Deus, ainda dá tempo da senhora desistir dessa loucura e me levar clandestinamente pra Rússia? – Eu a olhava pedindo socorro, mas sentia seu olhar de riso pra mim.

- Você está com medo!

- Não, é só que... – Verdade, eu estava com medo. Muito medo não do Alberto, mas daquela situação. E se a família dele não gostar de mim? E se ele me apresentar aos amigos e eles me tratarem mal? E se... Fui acordado dos meus pensamentos pela minha mãe me abraçando.

- Eu sei o que você está sentindo Lucas, mas supere esse medo e dá uma chance ao seu pai e a família dele! Vamos descer logo.

Eu olhei pra baixo e ele continuava me olhando todo sorridente. Respirei fundo, peguei uma mala e desci as escadas com minha mãe atrás de mim. Quando cheguei bem perto dele soltei a mala e ensaiei um sorriso, mas ele foi tão rápido que nem o vi se aproximar direito. O abraço foi tão forte que eu já estava rindo internamente me imaginando explodindo ali nos braços dele, até que senti tapas nas costas. Não sei por que tem quente que cumprimenta com tapas... Não sei se a pessoa esta feliz ou com raiva!

- Que saudade Lucas! – Me afastei dele pensando no que dizer, mas ele continuou. – Não precisa dizer que está com saudades, eu entendo seu lado da história.

- Eu não ia dizer que estava com saudades, ia perguntar se tem sinal de celular onde você mora! – Ele deu uma risada alta e minha mãe o acompanhou.

- Claro que tem! Você vai gostar bastante da fazenda. – “Claro que vou” Disse rindo comigo mesmo.

- Bom, então vamos?

- Sim! – Fomos pra fora de casa e vi uma Hilux preta enorme parada na frente de casa. – Esse é o seu carro?

- Ele mesmo. Gostou?

- Nada mal pra um cangaceiro. – Disse rindo.

Colocamos as malas na caçamba atrás e ele foi cumprimentar minha mãe.

- Muito obrigado por deixar o Lucas passar esse tempo comigo Luana, vou ser grato a você pra sempre por isso.

- Que isso! Agora vem aqui Lucas. – Ele se afastou e eu fui correndo abraçar ela. – Se comporta hein?! Não o quero achando que não te eduquei direito.

- Pode deixar, e a senhora me ligue todo dia ok? Quero saber tudo sobre as modelos, a viagem e principalmente quando a senhora volta pra me buscar! Kkkkk – Nos despedimos e eu entrei no carro. Alberto falou alguma coisa com a minha mãe e logo entrou também.

- Então... Espero que a gente se dê muito bem nesses dias, e a propósito! Esse ai atrás é o Felipe, seu irmão. – Levei um susto tão grande que fiquei até pálido. Não tinha percebido ninguém dentro do carro, mas como assim irmão? Nem sabia que ele tinha filhos, quanto mais desse tamanho!

- E ai pirralho! – Ouvi o garoto dizer. Ele estava com um sorriso no rosto, mas o olhar era outro, como se não gostasse nada daquilo. Não gostei de ser chamado de pirralho então respondi no mesmo tom.

- E ai caipira! – Ele fechou a cara na hora. Voltei à atenção ao Alberto.

- Tem como parar em algum lugar pra eu tomar café? É que eu não comi nada... – Disse envergonhado.

- Se tem meu filho! – Ele ligou o carro e finalmente partimos.

O inicio da viagem foi tranquilo, fiz o Alberto parar em um mercado por que nem em outra vida eu comeria algo na conveniência de posto de gasolina. Ouvi o Felipe dizer que eu sou fresco, mas o Alberto fuzilou ele com o olhar. Ele me oferecia tudo, ficava todo bobo me vendo comer e o menino lá com a cara fechada. Comprei um monte de besteira pra comer durante a viagem e mesmo com a insistência do Alberto em pagar eu preferi usar o dinheiro que minha mãe havia me dado.

Durante o longo caminho ele aproveitou pra me dizer um pouco sobre sua vida. Ele é dono da maior fazenda da região, é produtor de grãos e ama o que faz. É casado há doze anos com a Janaína, que é dona de casa e tem como filho o Felipe, que tem vinte anos e estuda Agronomia para ajudar o “pai” com a fazenda. Me disse também que toda a família sabe que eu estou indo pra lá e quer me conhecer. Enquanto ele falava, eu reparei no Felipe que olhava o Alberto com admiração e me olhava com desprezo. Como se eu fosse um intruso ali.

Estava cansado de ficar sentado esperando chegar na tal fazenda. Já fazia duas horas que estávamos na estrada e eu só via mato. Alberto conversava com o Felipe agora, estavam falando de um adubo ou coisa parecida. Abri um saco de batatinhas e comecei a comer. Por educação ofereci aos dois, mas Felipe nem olhou na minha cara, mas o Alberto disse:

- Eu quero, estou com fome! – Estendi o pacote pra ele, mas ele olhava atento a estrada. Era carreta passando feito um raio o tempo todo! Ele abriu a boca. – Põe aqui!

- Sério? Kkkkkk – Felipe olhava atento com ar de riso. Ele acenou positivamente e abriu mais a boca. Peguei algumas e coloquei na boca dele que disse obrigado depois de mastigar. Foi no mínimo estranho aquilo, mas resolvi deixar pra lá. Quando terminei de comer peguei no sono com Felipe reclamando de alguma coisa.

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Acordei com o carro balançando, olhei pra fora e vi que já estávamos em uma estrada de chão e que já se passava de uma da tarde.

- Alberto? – Ele me olhou com um sorriso no rosto.

- Acordou meu filho! Já estamos em casa, olha lá! – Ele apontou pra frente e eu vi ao longe uma casa enorme, com uma estrada de pinheiros em fileira bem à frente.

- Ai meu Deus! Retiro o que eu disse você definitivamente não é mais um cangaceiro.

- Kkkkkkkkkkk sempre tive vontade de te perguntar o porquê você me chama assim.

- Me lembro que quando eu era mais novo e você vinha no Natal me ver eu morria de medo, então eu vi um filme em que o ator se parecia com você e era cangaceiro. Acabei associando isso, mas hoje com essa roupa eu vejo que o cangaceiro partiu!

Não descrevi o Alberto, mas ele é um homem muito bonito: Têm os olhos verdes e o cabelo castanho claro, um corpo forte e me parecia sarado. Uma barba por fazer e um sorriso contagiante. Claro que eu não ia dizer isso pra ele, mas não tinha como negar que ele é bonito! Ele estava vestido com uma calça jeans preta, um sapatênis cinza e uma camisa de botão xadrez, que estava meio aberta e as mangas estavam dobradas na altura do cotovelo. Felipe é loiro e bem forte também, rosto lisinho, um cara lindo e se não fosse tão falso eu até trataria ele melhor.

- Ta certo, mas eu queria mesmo é ouvir você me chamar de outro nome... – Eu sabia bem o que ele queria dizer, então dei dois tapinhas no seu braço e disse:

- Não força a barra! Eu vou te chamar de pai quando me sentir confortável com isso.

- Ok então. Chegamos! – Disse ele parando o carro bem em frente daquela casa que mais parecia o prédio da minha antiga escola de tão grande. Já tinha algumas pessoas paradas na frente, o que me deixou visivelmente nervoso. Sei que pode ser estranho, mas quando ele vinha me ver nunca trazia ninguém e eu nunca vim na casa dele, então eu não sabia o que esperar daquelas pessoas. Ele pareceu ler meus pensamentos. – Não precisa se preocupar, todos querem te conhecer e vão te respeitar, afinal você é meu filho! – Quando ele disse isso o Felipe saiu do carro e entrou na casa quase passando por cima de tudo.

- O que esse cara tem hein?!

- Ele está com ciúmes, mas depois eu falo com ele. Vamos entrar! – Não sou do tipo anti social então abri a porta e sai como se não estivesse acontecendo nada. O Alberto logo saiu e foi no bagageiro pegar minhas malas, ele subiu alguns degraus, cumprimentou uma mulher baixinha, um homem e deu um beijo na Janaína. (sabia que era ela por que ele me mostrou uma foto dela no celular dele).

- Vem Lucas!

Andei em direção a moça baixinha e dei um abraço nela, ela me disse que seu nome era Maria e apontou ao homem do lado dela e disse ser seu marido Carlos. Dei um aperto de mão nele e fui falar com a esposa do Alberto.

- Meu querido, eu esperei tanto tempo pra te conhecer! – Disse ela com um sorriso no rosto e me abraçando apertado. Diferente de quando eu conheci Felipe, eu tinha gostado de todos ali.

- Oi! Fico feliz que tenha gostado de mim, ou pelo menos não odiado! Kkkkk

Entramos na casa com a Jana e o Alberto me mostrando tudo, eles estavam bem felizes com minha presença ali. Felipe estava no quarto dele, eu perguntei sobre onde eu ficaria já com medo de ser no mesmo quarto que ele, mas o Alberto disse que tinha preparado um quarto especialmente pra mim. Quando eu abri a porta me apaixonei de cara: Uma cama de casal, uma TV enorme na parede, um guarda roupas perfeito todo brando e uma mesa com um computador e uns livros em cima, percebi que era uma suíte. E eu pensava que o Alberto era um cangaceiro que ia me colocar pra dormir em uma rede... Surpreendeu! O padrão de vida dele é tão bom ou até melhor que o na minha casa.

Depois de ver a casa toda eu voltei para o meu quarto e tomei um banho, desfiz as malas e arrumei tudo no quarto do meu jeito. Como já eram quase cinco da tarde Alberto me chamou para fazer um lanche. Quando chegamos ele queria que eu almoçasse, mas já era quase duas da tarde e eu já estava sem fome. Quando eu cheguei à cozinha a Maria estava arrumando alguns sanduíches com suco na mesa e Felipe estava sentado devorando tudo. Ele me olhou com desdém.

- To vendo que o pirralho já está se sentindo em casa. – Pensei comigo mesmo: A casa é minha, o pai é meu... quem esse garoto pensa que é? Mas não falei nada por que minha mãe pediu que eu fosse educado com todos. Alberto estava do meu lado e ele mesmo respondeu.

- Quero que ele se sinta em casa mesmo, algum problema com isso Felipe? – Ele se calou e continuou comendo. Eu me sentei longe dele e Maria tentou me servir, mas eu disse:

- Não Maria, faz assim: Senta aqui e come comigo, eu não vou aguentar comer isso tudo sozinho!

- Gostei dele seu Alberto! Kkkkkkk – Meu pai a mandou sentar do meu lado e ele sentou do outro. Acabou que no final até a Jana e o Carlos entraram na brincadeira e lanchamos todos.

Depois do lanche eu fui nos fundos da casa conhecer o jardim da Jana que era tão lindo como ela havia me dito. Ao longe eu vi alguns cavalos e um homem tentando domá-los. Fiquei observando e sentindo o cheiro das rosas até que assustei com um tapa nas costas. Me virei e vi o Felipe parado com um cara do lado dele.

- Então é esse o viado que você me falou Felipe? – Disse o cara sério

- Não é engraçado, sempre fui o filho perfeito do Alberto e agora esse bastardo vem na minha casa cantar de galo. – Disse Felipe. Ta, agora eu posso ser mal educado só um pouco.

- Primeiro que eu sempre estive aqui, sou o único filho do Alberto e se acha que vai me ofender me chamando de viado está muito enganado. Sou gay e tenho orgulho de ser quem sou, agora me poupem da inveja de vocês e me dêem licença. – Disse indo em direção a porta e ouvi ainda os dois falarem que eu ia pagar caro por ter desafiado eles. Ah ta, e eu desafiei alguém só por que disse a verdade?

Fui para o meu quarto e deitei na cama pensando que essas semanas poderiam ser mais difíceis que eu imaginei. Em outro ponto de vista eu gostei de conhecer mais o meu pai e sua família. A noite jantamos normalmente com o Felipe se fazendo de santo e eu quieto. Pedi ao Alberto que me levasse para ver os cavalos, e ele disse que amanhã cedo providenciaria isso... Mas só depois de eu ir à fazenda dos meus avôs. Minha mãe disse que eles me visitavam até meus cinco anos, mas não sabia o porquê pararam de ir me ver. Eu estava à milhas de distância da minha vida normal, mas por incrível que pareça eu gostei do que eu encontrei.

Continua...

Oi! Espero que tenham gostado do capítulo, me empolguei um pouco por isso está meio grande. Críticas e comentários são super válidos e qualquer coisa que queiram perguntar estarei pronto pra responder. Muito obrigado por ler, beijos... Lucas.

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Comentários

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Muito bom! Ainda bem que você está gostando! Nada de Rússia, lá a homofobia é grande, chéri!

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Estou Adorando li desde o primeiro e ja estou indo pro 3º, não esta grande e sim com vontade de quero mais.

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Menino, prossiga e continue fazendo textos longos. Estou ansioso pela continuidade.

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Ta bom mas qndo vai rola barraco ou ter uns pega? To ancioso pra isso

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Isso vai dar rolo.vai virar um incesto que lindo e continua logo e não ligue em se empolgar.gostamos de contos bem grandes. Nota 1000

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Você tem que se empolgar mais ai sim os capítulos serão grandes

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Se fosse ele ainda dava um gelo no pai. esses idiotas acham que são quem, se descreve de novo pode ser?

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