Oi, gente! Tudo bem com vocês? Bom, essa é a primeira vez que eu conto minha história para tantas pessoas de uma vez só. Essa história é real, portanto, não adianta ninguém pedir para eu matar uma personagem no meio do caminho, por exemplo (kkkk). Eu passei muito tempo refletindo se eu deveria ou não contá-la, mas creio que me fará bem, e a vocês também. Eu confesso que, às vezes, lia algumas histórias aqui, e essas histórias me ajudaram bastante. Desse modo, é com esse objetivo que eu venho aqui me expor: ajudar alguém, não importa quem seja. Às vezes nós estamos tão desesperados por uma palavra amiga e não temos ninguém para nos aconselhar, então são as histórias que nos salvam. Nós sempre aprendemos com os erros e acertos das pessoas. Assim, eu me atrevo a colocar minha história de vida como exemplo, exemplo do que é errado e do que é certo. Afinal, toda história, não importa se seja gay ou não, tem o poder de influenciar a vida das pessoas.
Bom, deixa eu me apresentar. Eu sou um cara bem divertido, adoro meus amigos, amooooo nossos finais de semana com nossa biritinha SÃO SAGRADOS. Eu sou moreno, alto (1m91cm). Não sou afeminado, sou somente um homem que gosta de outros homens, somente isso! Não gosto muito dessa ideia de que pelo fato de ser gay (na verdade, sou bissexual), eu tenho que ser afeminado. Para mim isso é uma pura idiotice. Não tenho nenhum preconceito por quem seja afeminado, onde já se viu uma bicha ter preconceito por outra, JAMAIS! (Kkkk) Quando eu comecei o meu relacionamento com o Thiago eu era gordinho, mas hoje eu estou bem gostosinho, modéstia à parte. Ah, eu me chamo Antoine (meu nome é francês, minha mãe é francesa, então o meu nome é lido da seguinte maneira: Antuane). Hoje eu estou com 27 anos, mas quando minha história começou com o Thiago eu tinha 20 anos então voltemos um pouquinho no tempo....
Era um dia como outro qualquer, eu morava sozinho, (ah esqueci de falar, eu moro no extremo norte do país: Amapá. Não me venham com a pergunta: ONDE FICA O AMAPÁ? Vão procurar no mapa. Vocês ficariam surpresos como as pessoas desconhecem seu próprio país!), estava cursando meu terceiro ano de faculdade. Eu fazia Letras - Francês (Por que será?), sim meus caros, hoje eu sou um professor, ganho pouco, sou fodido (sem duplo sentido, viu? Kkkk), sem muita grana, tenho que aturar muitos capetinhas por dia, mas posso ser sincero com vocês? AMO MINHA PROFISSÃO! AMO MEUS CAPETINHAS! SOU LOUCO, ALUCINADO PELA MINHA SALA DE AULA!
Mas bom, como eu ia dizendo, era um dia qualquer, eu me levantei às 5h30, tomei meu maravilhoso banho estritamente gelado (quem mora no norte sabe o calor do cão que faz aqui, e como Macapá é a única cidade do país que é cortada pela linha do Equador, meus amigos, o calor aqui é de matar qualquer um, por isso aqui não existe essa história de banho quente, não! Tá louco? A gente cozinharia, literalmente, no banho!), escovei meus dentes e me arrumei para ir à universidade. Em seguida, tomei meu café da manhã e me preparei psicologicamente para poder pegar o busão. Sim, a cidade é pequena, o único transporte público é o ônibus. Ooooo tristeza!
Fui para minha aula normalmente, rezando para chegar logo. Assim que cheguei na universidade, dei de cara com os melhores amigos desse universo: Carlinhos, Ana, Jujuba (Juliana), Thithi (Thiago, minha gente o apelido dele surgiu bem antes do "Titi" do The Voice Brasil), Pâmela, Dudu (Eduardo) e Aline. De todos, sou mais próximo do Thithi, pois nos conhecemos desde criança, sempre estudamos juntos, durante toda a nossa vida escolar, e agora até na universidade estudamos juntos. A Jujuba e o Carlinhos são de outro curso (Letras-Espanhol) e os outros estudam junto comigo e com o Thithi.
A Jujuba é uma baita morena, tem umas pernas e uma bunda que causa inveja em muita mulher por ai. O Thithi é fortinho, nada em excesso, ele faz academia, na verdade fazemos juntos. Ele tem minha idade, na verdade todos meus amigos têm minha idade, com exceção da Ana que é a anciã do grupo (kkk), ela tem 30 anos. O Thithi tem olhos verdes, sempre tive uma invejinha dos olhos dele. Ele é moreno, muito divertido, tem hora que ele é um saco, juro que tenho vontade de dar um soco nele, às vezes. O Carlinhos é um anão, mas é super gente boa, a relação dele e a danada da “Cathaça” é de amor eterno. A Pâmela, é loirinha, baixinha, toda menininha, ela é linda! O Dudu é todo bonbadão, é enorme! Ele parece uma montanha, minha gente! Às vezes tenho até medo dele. A Aline é a cabeça do grupo, ela não bebe, não fuma e se duvidar nem fode. Quando está todo mundo trilouco, é ela que comanda a galera.
Mas bom, o dia não foi fácil, não! Nós tivemos aula de manhã, a tarde Thithi e eu tínhamos que trabalhar (éramos pesquisadores da universidade. SIM, somos inseparáveis!) a noite resolvemos sair um pouquinho, afinal quem fica em casa numa sexta à noite?
Então, nós marcamos tudo pelo Facebook, combinamos de nos encontrarmos em um barzinho na Orla de Macapá. E assim fizemos! Thithi e eu chegamos primeiro, pois ele foi me buscar de carro em casa, logo depois chegaram Jujuba e Ana e depois o restante da nossa galerinha foi chegando aos poucos.
Nós bebemos, conversamos, brincamos e até dançamos no meio do bar (detalhe, não existia pista de dança), a Jujuba já estava "muitho" louca e saiu puxando todo mundo para dançar. Quando eu digo todo mundo, refiro-me a todos que estavam no bar. Foi uma loucura!
A noite estava muito quente, principalmente dentro do bar com várias pessoas bêbadas dançando sem parar. Eu resolvi sair um pouquinho para tomar um ar. A Orla de Macapá é muito bonita, eu adoro ficar olhando o imenso rio Amazonas. Então, eu resolvi sair um pouquinho da frente do bar e dar uma volta pela Orla. Depois de andar um pouquinho, resolvi parar é ficar admirando o rio. Eu estava tão concentrado que não percebi quando um cara parou ao meu lado e ficou olhando para o rio também.
Ficamos um bom tempo assim, até ele dizer:
- Nossa, amo o rio! Ele me traz uma paz enorme!
Eu achei meio estranho essa cara parar, ficar olhando o rio junto comigo e depois falar uma coisa dessas, que traduzia perfeitamente meus pensamentos naquele momento.
- Ele também exerce esse poder sobre mim. Falei sem olhar para o sujeito.
O cara do nada ficou me olhando, e eu achando isso cada vez mais estranho. Como eu disse sou um cara bem discreto, não sou afeminado, a única pessoa que sabe que sou bissexual é o Thithi, eu sou bem resolvido, sabem? Mas eu tenho medo da sociedade. Isso é muito triste, eu sei! Mas fazer o quê? Eu tenho medo de não ser aceito nos lugares onde frequento, tenho medo de perder meus amigos, minha família, tenho medo de perder tudo que amo. Portanto, ainda não sai do armário por completo.
- Prazer - falou o cara estendendo a mão - eu me chamo César.
- Prazer, eu me chamo Antoine. Falei apertando a mão dele.
- Sabe, eu estou te observando a noite toda, estava meio que criando coragem de falar com você.
Como assim estava me observando a noite toda? De onde surgiu esse cara?
- Como assim você está me observando a noite toda? Falei já muito desconfiado.
- Eu estava lá no barzinho que você estava. Tentei falar com você lá, mas você sempre estava com um rapaz ao seu lado. Ele é seu namorado?
- Quem? O Thithi? Nãããão, ele é meu amigo!
Espera aí, por que é que eu estou dando explicações para esse cara? Só posso estar porre! Pensei.
- Que bom!
Oi? Como assim "que bom"? É isso mesmo? O cara está dando em cima de mim? Devo confessar que sempre fui lento para perceber quando alguém dava em cima de mim. Sempre fui meio pateta para essas coisas.
Ficamos em um silêncio horrível. Eu já estava pensando em uma forma de ir embora quando ele disse:
- Posso te perguntar uma coisa?
- Sim! Disse olhando para o rio.
- Você curte meninos?
- Oi? Eu disse sentindo meu coração acelerar. Acho que fiz uma cara de idiota, por que ele sorriu.
- Você curte ficar com meninos?
E agora? O que respondo? Pensei.
Nessa hora eu olhei bem para o cara. Só então pude perceber que era um rapaz muito bonito. Ele era loiro, olhos verdes, um sorriso capaz de abalar a estrutura de qualquer um.
- E então? Ele perguntou.
Esqueci completamente de responder a pergunta dele, fiquei encantado com seu olhar. Algo me chamava. Algo me atraia àqueles olhos.
- Sim! Respondi finalmente. Deu a louca em mim, só pode!
- Nossa que bom. Como eu te disse eu te observei a noite toda, não consegui chegar a uma conclusão.
- Acredito que agora você já tenha sua conclusão. Eu disse sorrindo.
Quando ele ia falar mais alguma coisa, o Thithi surge sabe-se Deus de onde.
- Cara, até que enfim eu te encontrei. Tu sumiste!
- Ah, pois é, estava muito quente lá dentro do bar, resolvi respirar um pouco de ar fresco. Foi mal, Thithi.
- Ar fresco é?
- Isso!
- Bom, então vamos voltar lá para dentro, está todo mundo te procurando.
- OK, vamos sim! Falow, César! Tô indo nessa!
- Hum... eu vou com vocês para o bar.
O Thithi ficou me encarando, não entendi muito bem os olhares dele, afinal ele sabia da minha sexualidade. Sabia que eu gostava de meninos. Tá certo que eu estava há dois anos sem namorar ninguém (Sim, dois anos, minha gente! Que vergonha ! Sou um moço de família! Kkk), talvez fosse só preocupação. Deixei essas ideias de lado e comecei a andar, o dois me seguiram.
Chegando na frente do bar, Thithi não saiu do meu lado de jeito nenhum.
- Então..... falou o César, percebi que ele estava muito sem graça.
-Então.... eu respondi.
-Será que eu poderia pegar seu número?
Quando eu ia abrir a boca para falar, Thithi sai me puxando.
-Vamos logo, Antoine! Tá todo mundo te esperando.
O César ficou me olhando enquanto eu me afastava dele. Juro que eu fiquei com vontade de dar um soco no Thithi.
- Porra, Thiago! Tá doido, meu? Precisava sair me arrastando assim?
- Claro que precisava! Tu estavas todo de papinho com aquele cara.
- E o que é que tem? Tô solteiro, parceiro!
- Eu sei! Mas precisava ficar todo, todo lá com aquele cara! Tu nem conheces ele!
- Meu amigo, se eu for ficar com quem eu conheço eu tô fodido, até onde eu sei nem tu e nem o Carlinhos e nem o Dudu curtem.
- Custa ficar com uma menina?
- Sim, agora tu vais querer decidir com quem eu fico?
- Não, não é isso! Mas tinha que ser com um cara desconhecido?
- Aaah, quer saber de uma coisa Thiago? Não me importo com a tua opinião, meu.
Dizendo isso sai andando, bufando de raiva. Eu odeio quando alguém quer me controlar. Eu sou livre, eu preciso da minha liberdade. Sou sagitariano, a liberdade é essencial para mim.
- Quer dizer que minha opinião não importa? Disse Thithi correndo atrás de mim e segurando firme meu braço.
- Não, não me importa! Me solta, Thiago! Tá louco, meu? Não tô te entendendo!
- Claro, né? Nunca me entende! Ele me soltou e saiu correndo para fora do bar.
- O que foi isso? Por que vocês estão brigando? Me perguntou a Jujuba. Ela estava toda descabelada, um horror! Fiquei me perguntando que diabos ela estava fazendo, ela não ficou assim só dançando. Se ficou só com a dança, juro que queria ter visto, acho que eu teria me mijado de tanto rir da minha amiga.
Juro que com a raiva que eu estava sentindo eu nem percebi que nós estávamos brigando no meio do bar. Fiquei morrendo de vergonha quando eu percebi que todos assistiram tudo e todos estavam ainda olhando para mim.
- Crise do Thiago! Ficou louco só por que eu estava conversando com um cara lá fora. Falei baixinho só para a Jujuba ouvir.
- Eita! Mas por que ele fez isso? Onde ele foi? Falou ela gritando feito uma louca.
- Fala baixo porra! O show do Thiago já foi suficiente. Mas, respondendo as tuas perguntas: não sei, não sei e também não estou afim de saber.
- Credo amigo!
- Aaaah.... Quer saber de uma coisa Jujuba, tô indo nessa. Depois desse show eu vou pra casa. Isso sim!
- E tu vais como? A tua carona era ele!
- Vou pegar um táxi! Beijo! Fui! Eu disse dando um beijo e um abraço na minha amiga. Até esqueci do resto da galera que estava me esperando.
Não demorei muito para pegar um táxi. Cheguei em casa, tomei um banho, um remédio para dor de cabeça, pois aquele filho de uma égua me causou uma porra de uma dor de cabeça tão forte que eu vinha de olhos fechados dentro do táxi, minha cabeça latejava. Depois do remédio me joguei na cama. Fiquei pensando no que deu no Thithi. Por que ele agiu daquela maneira? Por que foi tão rude comigo? Nós quase nunca brigávamos, ainda mais por um motivo tão nada a ver. Acabei adormecendo.
Acordei no outro dia sem dor de cabeça. Levantei-me, tomei me meu banho, escovei meus dentes, preparei e tomei meu café da manhã. Após tomar café da manhã lavei toda a louça que eu sujei, como eu moro sozinho, eu sempre tento deixar minha casa a mais organizada possível. Não suporto bagunça!
Ao sair da cozinha, (na minha casa a sala e a cozinha são separadas por um balcão de mármore. Acho muito linda a sala-cozinha nesse estilo.) resolvo me sentar no sofá e assistir a um filme. Coloco um filme qualquer e começo a assistir, mas eu ouço meu celular tocar e vou até o quarto buscá-lo. Quando eu olho, tem mais de 30 mensagens do Thithi, todas elas me pedindo desculpas. Eu resolvo ligar para ele.
- Oi! Disse o Thithi ao atender o celular.
- Oi, Thiago!
- Ainda tá chateado comigo, né? Tá me chamando de Thiago, tu só me chamas assim quando estas com muita raiva de mim. Disse ele em um tom muito triste.
- Sim, ainda estou muito chateado contigo.
- Posso ir aí, eu prefiro conversar pessoalmente.
- NãoThiago, não quero ouvir nada hoje, eu só quero ficar um pouco em paz. Não tenho por que te ouvir.
- Cara, por favor me deixa ir ai? Ele falava quase chorando.
- NÃO, THIAGO! Falei gritando, eu estava com muita raiva dele. NÃO ME INCOMODA MAIS, SE EU RECEBER MAIS UMA MENSAGEM EU NÃO SEI O QUE EU FAÇO QUANDO EU TE VER.
- Desc... Não deixei ele terminar de falar, eu desliguei o telefone na cara do meu amigo.
Não sei por que eu estava com tanta raiva dele, aquela briga não tinha sentido nenhum. Mas infelizmente eu estava com muita raiva ainda, acho que foi pelo fato dele ter me exposto daquela maneira na frente de todo mundo, na frente de todos os nossos amigos.
Continua....
Gente, não vou falar o que eu sempre leio por aqui: comentem, se gostarem eu continuo. NÃO, vou continuar mesmo sem vocês gostarem. Sou abusado, mesmo! Kkk Eu falo por que como eu disse no início, eu refleti durante muito tempo, e agora que eu decidi compartilhar minha história, eu vou até o fim. Mas se quiserem comentar, eu agradeço. Como vocês sabem, os comentários nos dão um grande estímulo para continuarmos.