Dan narrando...
Depois da noticia, todos sentimos necessidade de ficar mais proximos dela, pois seria questão de tempo, então nunca mais a teriamos por perto...
Quanto mais os dias se passavam, mais me dava medo de perdê-la, eu sempre ficava por perto, queria aproveitá-la ao máximo...
Eu estava no momento deitado no sofá com a cabeça em seu colo, ela me fazia carinho, estávamos conversando...
Eu: Vovó, você está com medo? Digo, da morte?
Ela: No momento não Dan, agora a única coisa que me vem a cabeça é ficar perto das pessoas que amo.
Eu: Tipo eu.
Ela sorriu e me deu um beijo na testa.
A noite fui conversar com papai...
Eu: Será que ela sente dor?
Ele: Dan ela está tomando remédios para isso amor, esquece essa história um pouco e vem deitar, ando percebendo que você não dorme a dias.
E não dormia mesmo, minha cabeça não saía dela... Papai pegou no sono, eu levantei devagar e fui andando lentamente, abri a porta de seu quarto e deitei em sua cama, ela estava dormindo mas abriu seus olhos e me viu...
Ela: Querido...
Eu: Quero dormir aqui hoje, como fazíamos quando era criança... Posso?
Ela: E precisa pedir?
Eu: Canta para eu dormir?
Ela me abraçou, passou a mão nos meus cabelos e pela primaira vez em dias consegui dormir sabendo que ela estava alí comigo.
No dia seguinte ela já havia acordado, fiz tudo que tinha de fazer e desci, comecei a ouvir gargalhadas vindas da cozinha, me aproximei e vi todo mundo ali com ela, estavam preparando algo, ao mesmo tempo ela contava travessuras de papai com os irmãos quando ainda eram crianças, me aproximei...
Ela: Dan amor, acordou?
Eu: Sim. O que estão fazendo?
Ela: Estou ensinando o Peter a fazer cookies.
Eu o olhei e ele sorriu para mim...
Ela: Me lembro uma vez que estava na cozinha, estava fazendo algo, Peter quis me ajudar e se sujou todo.
Ele: Sério?
Ela: Sim! - Melou a ponta do nariz de dele de massa.
Tia Candy: Peter e suas traquinagens.
Ela: Você não fica atrás não mocinha, e o Phil? Fazia as coisas e culpava o Peter!
Tio Phil: Você sabia?
Ela: Mãe sempre sabe.
Sabe quando você para só pra observar uma cena em seus minimos detalhes para guardar para sempre? Ela estava tão feliz, alegre, alí com os filhos, eu parei e fiquei observando tudo, até mesmo o carinho que tio Phil demonstrava por ela...
A tarde ela estava no jardim, toda tarde ela ia ver o pôr do sol desde que recebeu a noticia, fui até lá...
Ela: Dan amor, venha sentar aqui comigo. Sabe, vou te ensinar agora você é muito novo e pode aproveitar, veja que maravilha... - Apontou para o céu.- As pessoas estão sempre tão ocupadas que não percebem a beleza nas coisas mais simples, todo dia temos este momento maravilhoso que é quando o sol se esconde, mas ninguém para pra ver... E quando finalmente percebe já é tarde, não desperdice Dan, pare para olhar as belezas da vida desde agora, principalmente o amor, procure amar desde já.
Eu: Eu amo vovó. Tenho uma pessoa do meu lado que amo mais que tudo.
Ela: O Peter.
Eu: Sim. Sabe vó, eu o amo tanto que chega a doer, não sei explicar este sentimento que sinto...
Ela: Pois não deixe escapar, Dan o amor vem sem pedirmos e se apodera da nossa alma, eu sei que você e ele não escolheram isso, antes eu ainda o aconselhava para seguir em frente, mas hoje vejo as coisas de forma diferente.
Eu: Você sabia?
Ela: Mãe sempre sabe Dan.
Voltamos a olhar o sol se escondendo no horizonte, eu a abracei e ficamos alí em silêncio...
A noite fui dormir, papai estava deitado...
Eu: Sabe, hoje andei conversando com a vovó.
Ele: Sobre?
Eu: Nós.
Ele: Você quer dizer que...
Eu: Eu contei. Sabe o que ela me disse?
Ele: O quê?
Eu: Mãe sempre sabe.
Ele me olhou com uma cara meio pasmo, e me abraçou...
Eu: Sabe o que significa? Temos a benção dela... Ela me disse que amor verdadeiro é difícil e para mim não deixar escapar.
Ele me abraçou com seus olhos marejados...
Ele: Oh Dan, sabe o quanto isso significa para mim? Eu sempre sonhei contando a ela e ela nos aceitando, sabe Dan, minha mãe é a pessoa que eu sempre quis dá orgulho, e não poder contar a ela da pessoa que mais amo no mundo me doía, quantas e quantas vezes eu tentei contar, mas tinha medo da sua reação. Obrigado Dan, por me dá este lindo presente hoje.
Ele me abraçou chorando e eu também, a aceitação causa um sentimento tão bom na gente, principalmente de quem a gente mais ama, se torna um alívio não ser julgado por amar.
Naquela noite nos emocionamos de verdade, fomos ao quarto dela nós dois, a vovó já estava pálida aquela altura e mais magra, entramos e ela estava lendo um livro, tirou os óculos de leitura, e colocou junto ao livro no criado mudo ao lado...
Ela: O que meus amores querem aqui?
Ele: Te dizer que te amamos...
Ela: E?
Ele: Agradecer por nos aceitar.
Ela: Amor você não tem que agradecer nada, eu te amo Peter, do jeitinho que você é e amo o Dan...
Deitamos junto a ela...
Ela continua: Sabe depois desta doença eu ando vendo a vida com outros olhos, não se pode descriminar duas pessoas pelo simples fato de amar, Peter eu sei que você ama o Dan, mais que a sí mesmo, não vive sem ele, "ele é seu coração, o ar que respira"... Lembra que você me disse estas palavras quando o Dan se internou por conta da diabetes?
Ele balançou a cabeça afirmativamente.
Ela: Naquele momento eu percebi que você o amava de todas as formas possíveis, como pai, mas tinha algo mais... Me portei errado, admito, quis de todas as formas que você encontrasse alguém e passasse a ter um amor apenas fraterno por o Dan. Mas hoje vejo que na vida o que importa mesmo é amar, não importa sexo, cor, religião, nada. Quantas e quantas pessoas são impedidas de amar verdadeiramente alguém por uma dessas coisas que acabei de citar? Pois meus amores amo vocês e não vai ser isso que vai mudar o amor que sinto por vocês.
Papai abraçou ela e os dois me abraçaram...
Ela: Me prometam uma coisa?
Ele: Sim.
Ela: Que os dois irão cuidar muito bem um do outro e tentar de todas as formas ser feliz porque na vida isso é o que importa, ser feliz.
Nós dois: Prometo.
Deitamos eu no meio deles, e dormimos alí com ela.
Quem já leu "A culpa é das estrelas" sabe que quem tem câncer, um dia pode estar maravilhosamente bem, no outro começa o início do fim... No livro o autor chama de: "O último dia bom", e quele foi o último dia bom de da minha querida avó... Depois daquele dia, ela sentia fortes dores, não conseguia comer pois colocava tudo para fora, para isso colocaram um tudo de alimentação, depois precisou também de ajuda para respirar.
Com alguns dias, fomos dormir, alguém sempre ficava com ela, este dia era a vez do papai, ela fechou os olhos e não abriu mais, o médico disse que simplesmente deixou de respirar...
Ficava me perguntando se ela sofreu muito para morrer, então uma vez tapei meu nariz e minha boca para ver se doía e a sensação de não poder respirar é angustiante!
Naquele dia, enquanto todos estavam no velório, na casa, fui para o jardim, sentei onde ela adorava sentar para ver o pôr do sol, fiquei olhando as núvens, parecia que iria chover a qualquer instante, senti uma mão tocar em meu ombro e era o Jimmy, ele sentou do meu lado...
Jimmy: Triste não?
Eu: Sim!
Jimmy: Ela se despediu de você né? Ela fez isso com todos nós enquanto estava viva.
Eu: Como?
Jimmy: Chamou em algum lugar e falou o quanto nos ama.
Eu: Não Jimmy ela não precisou me chamar, eu sempre ía até ela, e ela também não precisou se despedir porque eu sei que ela sempre vai estar comigo.
Ele me abraçou. - Eu sinto muito Dan, eu sei o tanto que você a amava, não é justo com você, perdeu a mãe e agora isso.
Eu: Ainda bem que alguém me entende!
Deitei em seus braços e chorei, depois entramos, ía acontecer o enterro, eu não queria ir, ver o caixão descendo e a terra depois, mas papai me fez ir.
Ver tantas pessoas falsas alí, que nem sentia nada por ela e nem a visitava enquanto estava viva me fez embrulhar o estômago, meus primos John e Clear são dois...
Fui abraçado em papai, joguei uma rosa vermelha para ela, porque sei que ela amava rosas vermelhas e não aguentei ficar até o fim.
Eu: Paizinho vamos antes de descerem o caixão por favor!
Ele: Dan eu não posso!
Eu: Por favor.
Eu ia saindo sozinho e ele me acompanhou...
Eu: Eu não aguentaria ver ela indo para debaixo da terra.
Ele: Dan, com um tempo esta dor vai diminuir. Sinto tanto.
Eu: Eu sei pai. Eu também sinto.
Fomos para casa, só em pensar que tudo que era dela vai ser repartido e vendido, nunca mais vamos nos reunir nos finais de semana na casa dela... Dói demais.
Aquele dia eu estava exausto, tomei banho e caí na cama, tive um sonho em que minha avó e meu tio Danilo brincavam no mesmo lugar onde eu estive quando passei pelas paradas cardiacas... De repente minha avó surgia e me dava tchal, falava: Não se preocupe Dan, estou bem, estou feliz, e vou sempre cuidar de você.
Acordei chorando, papai estava do meu lado e me abraçou.
Ele: Tá tudo bem amor, tudo bem, ela está em um bom lugar...
Eu: Eu sei paizinho, eu sei. Só estou com saudades.
Fechei meus olhos e voltei a dormir.
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Gente aqui é Isabella, o Alex não postou ontem porque está com crise de garganta, passou o dia acamado e com febre... Estou postando hoje por ele, a parte já estava escrita...
beijokas.
