Oi meus amores! Gente, me perdoe a ausência aqui na CDC. Eu tive vários problemas e também, estava de férias, viajando para fora do Brasil. O importante, é que não sou homem de sair, deixar conto pela metade. Posso demorar, mas sempre volto. Me perdoe seus lindos!
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A mãe dele estava dormindo, e aproveitei para cuidar dele. Tomamos banho, eu limpei o seu rosto com algodão, e passei uma pomada para desinchar o local. Antes de dormir, ainda fiz um cafezinho e dei para ele. Era como se eu fosse de casa. Fomos para o quarto, e o João dormia igual um anjo. Tomamos cuidado para não fazer barulho, e naquela cama pequena, dormimos agarradinhos um no outro.
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A minha vida com o Enzo, seguia tão bem. Éramos felizes, fazendo as coisas juntos, curtindo cada momento... E a cada dia eu me dava conta do quanto eu amava aquele homem. Para qualquer pessoa anormal, diria que não teríamos nada a ver um com outro, mas o jeito meigo e carinho dele, sem contar o seu lado paterno que o deixava ainda mais digno, com muita moral para encarar qualquer um. O Enzo podia não ter dinheiro, mas tinha uma felicidade expressa em seu rosto, toda vez que via o seu filho brincando, crescendo e tendo uma infância da qual ele nunca teve. Eu era o moderninho, o garoto rico, da moda, e ele era o cara da favela, tatuado, ex-traficante... Estas eram as comparações que sofríamos para seguir com o nosso amor. Já haviam se passado mais de cinco meses, e como o Arthur não havia visto o Enzo direito, naquele seqüestro, então eu podia levar o meu namorado em minha casa, para jantar com a minha família! Eu não podia mais escondê-lo. O mundo precisava saber que eu era louco por ele.
- Amor, será que seus pais vão gostar de mim? Eu to meio sem jeito. E você sabe que eu não levo muito jeito com estas coisas de gente chique.
- Relaxa coração! Eu estou do seu lado. Vai dá tudo certo.Vem, vamos entrar.
- Espera. – ele deu um passo para trás. Não é melhor a gente deixar isso pra outro dia?
- Enzo, vem! Você é o meu namorado. Os meus pais terão que te aceitar, querendo ou não. Agora vamos entrar logo de uma vez. – eu o empurrei porta adentro.
- Oi família! Eu trouxe um convidado pra jantar com a gente.
Todos me olharam e ao mesmo tempo voltaram seus olhares para o Enzo. Fiz questão de apresentá-lo logo ao meu pai.
- Pai, este é o Enzo, o meu namorado.
- Prazer rapaz. Vejo que gosta de tatuagens. – disse ele ironicamente, ao observar o pescoço do Enzo. Ele apenas sorriu discretamente.
- Enzo, esta aqui é a minha mãe querida. Dona Marli.
- Como vai? É um prazer conhecê-la.
- Bem, esta aqui é a Michele, minha cunhada, este é o meu sobrinho levado, o Mateus, e... Cadê o Arthur?
- Seu irmão está na cozinha terminando o jantar. Hoje, ele fez questão de preparar a refeição.
-Nossa! Que milagre. Então quando ele vier, eu te apresento o meu irmão.
Acomodei o Enzo no sofá da sala, e sentei-me ao seu lado. Meu pai não parava de observá-lo, e começou a enchê-lo de perguntas.
- Então me diz Enzo, você mora por aqui perto?
- Eu... É...
- O Enzo mora numa comunidade, na zona Norte do Rio. – eu fiz questão de enlouquecer o meu pai. – Ah! E antes que o senhor pergunte, ele trabalha com diversas coisas, como por exemplo: eletricista, encanador, pedreiro, pintor... Enfim, o Enzo é mil e uma utilidades.
Eu senti, que a cada palavra que eu dizia, o meu pai ia perdendo a respiração. Ele jamais aceitaria o meu relacionamento, mas eu precisava mostrar a ele, que eu era dono dos meus sentimentos e namorava quem eu quisesse.
- Você é favelado e faz... Como é mesmo o nome? “bicos”?
- Alberto!Isso é jeito de falar?
- Sim pai. Ele é sim, e faz bicos, sim. E é o amor da minha vida também! – foi a minha vez de ser grosso.
- Enzo, você bebe alguma coisa? – minha mãe tentou mudar de assunto.
- Um suco. Obrigado senhora.
- Fico muito feliz por você cunha. Sabe que aprovo todos os seus bofes.
- Eu sei Michele. Obrigado meu amor.
- Eu posso saber onde vocês se conheceram?
- Claro!
- Deixa o rapaz falar. – ele aumentou a voz.
- É... A gente se conheceu no morro mesmo. O...
- Pode falar Enzo. Eu e ele nos conhecemos no morro. Eu fui a um baile funk na comunidade do Borel, e em meio a uma confusão, acabei sendo salvo pelo Enzo. Daí, voltei lá mais duas vezes e nos apaixonamos.
- Seu... Bem, ele tem boca não é mesmo? Vai ficar sempre respondendo por ele?
- Aqui está o seu suco.
- Querida, me serve um Uísque. Eu preciso de uma boa dose.
- Eu vou mostrar o resto da casa ao Enzo. Com licença. – eu o tirei dali rapidamente, pois sabia que se o meu pai se empolgasse na bebida, iria acabar com nossa noite.
- Eu sabia que o seu pai não ia gostar de mim. Viu a cara de nojo dele, quando falava da comunidade? E quando disse sobre o meu trabalho? Eu não quero ficar aqui. Eu vou embora!
- Ei! Meu pai é fera, mas não morde. Ele vai ter que aceitar nós dois. E você tem que provar que é um ser humano como qualquer outro, independentemente de classe social. Eu amo você e nada vai me impedir de ficarmos juntos. Eu cheguei até aqui e vamos até o final.
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- Seu filho quer mesmo me enlouquecer né? Trazer um favelado pra dentro da nossa casa? O rapaz nem tem estudos! Eu tinha certeza, de que, escolhe este meio, só sai o que não presta!
- Alberto, este meio ao qual você se refere, é o nosso filho homossexual! Já conversamos sobre isso. E enquanto ao rapaz, não podemos julgá-lo, só porque ele não é rico, de boa família. Além do mais, no coração não se manda.
- Seu filho só me dá desgostos. Eu nunca vou permitir um primitivo, de favela, freqüentando a minha casa. Isso daqui não é prostíbulo e nem ponto de tráfico.
- O senhor pega muito pesado seu Alberto.
- Não se mete Michelle. Este é um assunto que eu vou tratar com o Guilherme a sós. Se ele quis me enfurecer, ele conseguiu. Mas ele vai me pagar. Eu ainda sou o pai dele!
- Para de implicância. Vamos conhecer o rapaz primeiro.
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- Voltamos! Gente cadê essa comida que não sai? Será que o meu irmão morreu na cozinha?
- Não seu engraçadinho. A comida já está na mesa.
Quando o Arthur entrou na sala, o Enzo teve um choque tremendo. Ele não podia acreditar no que via. Estava de cara com o homem que ele havia seqüestrado a sete meses atrás, e o pior! Ele era o irmão do seu namorado.
- Você está bem Enzo? – perguntou dona Marli.
- Este daqui é o namorado do Guilherme.
- Eu te conheço de algum lugar...
Foi a minha vez de entrar em pânico. Será que o Arthur lembraria do rosto do Enzo? E o Enzo irá ficar bravo, por eu não ter contado que sabia de todo o seqüestro e que a minha família era a vítima?
CONTINUA...