AS CRÔNICAS DE MONA - V
"Pelos caminhos do meu ser
Um anjo apareceu-me sem aviso
Encheu-me de pecados com prazer
Mostrou-me como é o Paraíso"
Três dias. Teria que ficar três dias sem carro, segundo o mecânico que deu uma olhada no seu. As chuvas tinham danificado seriamente o motor, e agora teria que se virar andando de ônibus. Detestava andar de ônibus, principalmente porque sua profissão de advogada exigia que trabalhasse ao menos de blazer, o que tornaria o calor insuportável dentro de um ônibus com as janelas todas fechadas por causa das chuvas. E como estava em contenção de despesas, depois de trocar todo o mobiliário da sua sala, não iria sobrar grana pra estar andando, três ou quatro vezes por dia, de táxi...
Resignou-se a pegar um "bus" de volta para casa. Adiara seus compromissos para um outro dia. Queria mais era descansar, tomar um banho de piscina, relaxar. Mas nem por sonho entraria na piscina do seu prédio depois de uma semana chuvosa. A água deveria estar podre! Contou os trocados que tinha, tirou a sombrinha dobrável que estava dentro da valise, e saiu da oficina resoluta a atravessar a rua e pegar um ônibus de volta para casa. Em pouco tempo anoiteceria, pois o céu nublado escurecia mais ainda a tarde, até poucos minutos atrás, chuvosa...
Na parada de ônibus, um grupo de mulheres e homens evangélicos cantavam aquelas musiquinhas que tanto detestava. Mas ignorou-os, doida que seu ônibus viesse logo. E ele veio. Fechou e guardou a sombrinha e subiu no coletivo, antes que qualquer um do grupo passasse na sua frente, pensando em conseguir uma cadeira desocupada. Mas o ônibus estava quase vazio, então não teve dificuldade nenhuma em sentar-se. O grupo de evangélicos subira logo atrás dela e, pro seu azar, aglomeraram-se em volta da poltrona onde estava sentada. Fez uma cara de quem não gostou, mas não estava disposta a perder a esportiva. Por isso retirou da sua valise, de design bem feminino, um livro com capa de couro e uma caneta, e resolveu rabiscar algumas linhas. Adorava escrever poemas para passar o tempo. Foi quando sentiu algo volumoso encostar no seu ombro...
Um rapaz jovem, aparentando uns vinte e cinco anos, no máximo, metido num paletó preto elegante, parara perto dela e encostara displicentemente o membro em seu ombro. Podia sentir, pela protuberância, que ele estava excitado. Olhou-o com cara de poucos amigos e ele mostrou os belos dentes num sorriso afoito. E ainda teve a ousadia de pedir para ela segurar um livro grande e negro que tinha nas mãos. Tratava-se de uma Bíblia evangélica, novinha em folha. Meio a contragosto, pegou o livro sagrado e colocou-o no colo. Mas o sujeito não parava de fazer pressão com o pênis visivelmente excitado em seu ombro...
E parece que sentia prazer em atrapalhá-la de escrever no seu livrinho de páginas em branco, tendo estampado na capa de couro o título "Os Contos de Mona". Empurrava-lhe o ombro com o pênis ereto dentro das calças, todas as vezes que ela tentava escrever alguma linha. Isso irritou-a e, correndo todo o coletivo com o olhar, avistou uma poltrona vazia. Entregou gentilmente o livro ao rapaz e levantou-se, disposta a trocar de lugar. Mas uma das evangélicas do grupo foi mais rápida, e passou à sua frente, quando percebeu que ela ia sentar na outra cadeira. Quis voltar para onde estivera sentada, mas alguém já tinha tomado seu lugar...
Frustrada, foi um pouco mais para a parte da frente do coletivo e postou-se de pé perto de um senhor que estava sentado em uma das poltronas. O ônibus lotara um pouco mais, e ela resolveu guardar o livro e a caneta, que ainda tinha nas mãos. Foi quando sentiu alguém encostar perto dela, roçando seu corpo suavemente. Olhou para trás e, espantada, viu tratar-se do mesmo rapagão que a estava incomodando antes. Fez uma cara de impaciência, respirou fundo, e resolveu relaxar. Não iria causar um escândalo logo no primeiro dia que tinha que andar de ônibus...
Aí o rapagão, vendo que ela não fugira dele novamente, pareceu tomar mais coragem. Em sua afoiteza, encaixou-se bem atrás dela. Mona sentiu seu volume fazer pressão bem entre suas nádegas. Inclinou o corpo mais pra frente, quase encostando no senhor que estava sentado diante dela, mas o garotão encostou mais, deixando-a sem poder se esquivar. Então, resolveu dar-lhe uma lição. Escorregou a mão para trás de si e tateou o volume por fora das calças, procurando tocar-lhe os testículos. Ele respirou fundo e aproximou-se mais dela, para facilitar-lhe o intento. Então, inadvertidamente, ela segurou-lhe as bolas e apertou com força, esperando ouvir seu grito rouco. Ele exalou um pouco de perfume do corpo, ao sentir a dor, mas segurou firme, sem gritar. Inesperadamente, beijou a a nuca de Mona. E Mona arrepiou-se toda...
Ela quase que solta um gemido de prazer com aquele beijo. A nuca era um dos seus pontos mais sensíveis. Subiu-lhe um calor de repente. Diminuiu a pressão nos testículos dele. O senhor sentado à sua frente pediu-lhe a valise e a pôs no colo. Mona soltou o saco do rapaz e segurou-se com ambas as mãos nos cabides do ônibus. E abriu mais as pernas. O garotão afastou-se um pouco, depois voltou a encostar atrás dela. Mas havia, então, algo diferente...
Mona percebeu que o garotão havia aberto o zíper da calça e colocado seu pênis para fora. Depois, com uma das mãos, procurou levantar a saia dela na parte traseira, escondendo seu membro ali. Foi mais além: meteu a mão entre as pernas dela, enfiou o dedo pelo fundo da calcinha e, com uma habilidade espantosa, rompeu a costura que unia a parte da frente da de trás da peça, fazendo dela uma espécie de saia. Então Mona sentiu a glande dele encostar na entrada da sua vulva, que já estava bem molhadinha. Meneou o corpo, ajeitando-se melhor, e o pênis dele entrou suave na sua vagina. Mona gemeu baixinho...
Ela fechou os olhos se deliciando com a ousadia do rapaz. Por isso não viu quando o senhor que pegara sua valise olhou para cima, encarando-a. Ele percebeu a expressão de prazer dela e desceu a vista, à altura dos seus quadris. Aí compreendeu imediatamente o que estava acontecendo. Percebeu que o rapaz estava olhando todo desconfiado para ele, então piscou-lhe um olho. O garotão retirou o pênis da vagina de Mona. Mas não deu nem tempo dela ficar frustrada: imediatamente encaixou a glande bem entre as nádegas dela, que gemeu baixinho de novo, empinando a bundinha mais para trás, de forma a melhorar o encaixe. Foi quando Mona sentiu uma mão áspera tocar entre suas pernas...
Mona arregalou os olhos e mirou para baixo, encontrando um sorriso sacana na cara do senhor que estava sentado perto dela. Ele piscou-lhe um olho, e não tirou a mão dali. Muito pelo contrário: encaixou um dedo na vagina dela. Devagar, mas com firmeza. Quando ainda pensava numa reação, o garotão enfiou de vez seu membro todinho no botãozinho estreito dela. Mona olhou em todas as direções do interior do ônibus, mas as pessoas pareciam não estar vendo a sua estripulia. O grupo de evangélicos, desfalcado do rapagão, entoava cantos em voz alta. Ela fechou novamente os olhos, abriu mais as pernas, e deixou-se ser invadida por todos os lados...
Cada solavanco que o coletivo dava, era um gozo que ela experimentava na frente ou atrás. Prendeu bem os lábios, mordendo-os, para não gritar e chamar à atenção. Sentiu dois dedos dentro da sua vagina, bem profundamente, e o pênis duro e quente do garotão, mais profundamente ainda, nas suas entranhas. Se a Bíblia pregava um Paraíso, ela acabara de encontrá-lo. Foi quando percebeu uma movimentação intensa dentro do ônibus. O coletivo parara, e todos desciam compassadamente. O coroa retirou os dedos de dentro dela. Mona tentou prender aquele pênis gostoso dentro de si, de modo a não ficar também sem ele, mas o garotão retirou-o, de um único puxão, fazendo-a perder o equilíbrio. Caiu sentada numa poltrona vazia...
Estava trêmula e não conseguia nem pensar direito. Fechou os olhos e encostou a cabeça na parte de trás da poltrona à sua frente, de modo a recuperar o fôlego. Não sabe precisar quanto tempo ficou assim. Foi despertada pelo toque do motorista do coletivo, em seu braço, perguntando se ela não iria descer. Passara da sua parada e chegara ao terminal da linha. Todos haviam descido, inclusive o jovem e o coroa hábil nos dedos. Perguntou quando sairia o próximo ônibus e resolveu esperá-lo sentada num banco de pedra que havia no terminal.
Já era noite. Pegou novamente o livro de capa de couro e a caneta, e pôs-se a rabiscar algumas linhas. A chuva voltou a cair, esfriando mais ainda a temperatura. E é em noites como essa que Mona se liberta em fantasias molhadas, conhecendo cada canto obscuro de uma cidade que só existe em seus devaneios.
Em uma das páginas em branco do livro, Mona escreveu com um sorriso quase angelical:
"Pelos caminhos do meu ser
Um anjo apareceu-me sem aviso
Encheu-me de pecados com prazer
Mostrou-me como é o Paraíso"