Peguei calmamente meu copo de suco e o tomei enquanto pensava em alguma resposta.
Acho que o Mateus percebeu que eu precisava de ajuda.
- Quem disse que você é o único Victor na faculdade? - perguntou o Mateus o encarando.
Ele riu.
- Eu nao perguntei nada a você, Mateus Sales.
Mateus deu de ombros e me olhou.
Era a minha vez.
- Nao falávamos de você - Falei - Era outro Victor.
Ele se aproximou e arqueou a sobrancelha.
- Nos conhecemos ontem Victor - sorri - Ainda não te acho estranho.
Ele desviou os olhos dos meus. Passou as mãos pelos cabelos.
- Porque Victor, deveria? - perguntei.
Ele riu.
- É lógico que não - ajoelhou-se ao meu lado - Você não acredita em mim, não é?
Sorri.
- Acredito.
Ele se levantou, satisfeito.
- Eu tenho que ir - disse - Nos vemos por aí.
Sorriu para mim e saiu.
Percebi que meu coração batia mais rápido que o normal.
Respirei aliviado.
- Foi por pouco - Falei.
- Eu nao disse que ele era estranho? - Falou Mateus - Acho melhor você ficar longe dele.
Meus olhos foram direto para os dele.
- Está preocupado comigo? -perguntei curioso.
- Nao quero que ninguem morra.
- Nao seja dramático Sales.
- Nao é drama - ele parou e pensou - Um Goddoi não pode morrer, não é?!
- Nao agora - conclui - Ele parece inofensivo.
Mateus começou a bater na mesa. Pequenas batidas ritimadas.
- Nao gosto dele - Falou.
- Você já disse isso.
- E repito.
Por mais que eu detestasse admitir, o Victor era um pouco estranho. Não sabia dizer, mas alguma coisa não estava certa. Ou era paranoia?
- Você precisa descobrir o sobrenome dele. Talvez descobrimos alguma coisa ...
- Ok Sherlock - O sinal indicando que o intervalo havia começado tocou.
Comi o resto do sanduíche em silêncio.
Mateus continuava batendo na mesa, o que me irritava levemente.
Olhei para ele.
- Para com isso.
- Isso o que?
Peguei em suas mãos e as segurei.
- Isso.
As mãos dele estavam geladas, diferente das minhas que estavam quentes.
Vi Leticia entrando na cantina ao longe.
Soltei as mãos dele.
Ela veio em minha direção.
- O que aconteceu com vo...
Ela parou de falar assim que viu o Mateus.
- Eu já estou saindo ... - ele se levantou, e olhou para mim - Tome cuidado.
Leticia sentou-se no lugar dele.
- O que foi isso?
Expliquei tudo pra ela. Inclusive a cisma do Mateus com o Victor.
- Misteriosoela riu - É mais excitante.
Revirei os olhos.
- Cala a boca - Falei.
- Mas ele é bonito.
Fiz que sim com a cabeça.
- E essa cisma do Mateus com o Victor?
- Nao sei ... - mexi nos meus cabelos - O Mateus não o acha confiável.
Ela deu de ombros.
- Eu o acho normal - disse.
Conversamos até o intervalo acabar.
Depois, voltei para a sala para assitir as últimas aulas.
Hoje, levei a Leticia para casa.
Já em casa, fui tomar banho. Foi um banho demorado, gostava de pensar.
Quando acabei, me deitei na cama e olhei para a lua, atraves da porta de vidro que dava para una pequena sacada.
A luz da lua era a única iluminação que havia na meu quarto.
Meu celular tocou, me assustando.
Era um número que eu não conhecia.
- Alô?
- Gabriel - era a voz do Victor.
Minha boca rapidamente secou.
Acendi a luz do abajur que havia no lado esquerdo da cama.
- Como conseguiu meu número? - tentei manter a calma e a leveza na voz.
Poderia ter conseguido com um de seus amigos ou conhecidos.
Eu era conhecido na faculdade.
"Quem não conhece o Gabriel Goddoi?"
- Um amigo me passou, espero não ter te incomodado ...
- Nao! - Falei - Tudo bem.
- Que ótimo - disse ele - Eu liguei para saber se você não quer almoçar comigo amanhã ...?
Fiquei em silêncio por alguns segundos pensando na resposta.
Precisava saber mais sobre ele para tirar essa cisma.
- Onde? - perguntei.
- Onde você quiser .. - suspirou - Na minha casa, talvez?
Saberia onde ele mora. Já era alguma coisa.
Mas mudei de idéia.
- Acho melhor em um restaurante - Falei.
- Tudo bem - pausa - Onde quiser.
- Oster, conhece? A comida de lá é ótima.
- Conheço, sem problemas.
Fiquei em silêncio por que não tinha nada para falar.
Olhei para a lua cheia que iluminava meu quarto.
- A Lua está linda, não é?
- Victor ... - eu podia sentir meu coração quase saindo pela boca.
Calma Gabriel, é quase impossivel ele estar ali.
Era impossível!!!
O condomínio era fechado. Seguranças, camera, cercas eletricas... As pessoas só entravam com autorização.
- Que foi, meu anjo? - perguntou ele.
Me levantei e andei lentamente em direção a varanda.
Abri a porta de vidro e um vento quente, veio em minha direção.
Olhei para baixo, procurando alguma coisa. Ou alguém.
Algumas luzes do jardim estavam acesas, mas a área não era totalmente iluminada.
Não tinha ninguém ali.
- Nada - Falei - Eu tenho que ir dormir.
- Tudo bem - ele provavelmente sorriu - Tenha uma Boa noite.
- Boa noite - sussurrei.
Desliguei e segurei o celular nas mãos.
Dei uma última olhada para o jardim.
Silêncio.
Dei meia volta e entrei no meu quarto.
Tranquei a porta de vidro e fui em deitar.
★★★★
Me levantei quase na hora do almoço.
Tomei banho e me vesti normalmente.
Minutos depois, fui de carro até o restaurante.
Victor já me esperava por lá.
- Gabriel - sorriu ao me ver.
Sorri se volta para ele.
Me sentei de frente para ele.
Victor estava bonito demais. Usava uma blusa social azul e uma calça jeans escura.
Cheirava a loção pós-barba.
O métri veio e fizemos nossos pedidos.
- Dormiu bem essa noite? - perguntou ele bebendo um pouco do vinho que havia na sua taça.
- Dormi - respirei - E você?
Ele fez que sim com a cabeça.
- Desculpa por ontem ... - Sorriu - Liguei tarde, não foi?
- Nao, eu estava acordado - Falei.
- Desculpa pelo o que aconteceu na cantina também - ele me olhou sem graça - É que não gosto do Mateus.
"É, ele também não gosta de você" pensei.
- Sem problemas - Falei.
Me lembrei que devia lhe fazer algumas perguntas.
- Ah - mexi no meu cabelo - Depois que seus pais morreram, você ficou com quem?
Ele sorriu ao me ouvir perguntar isso.
Um sorriso cansado.
- Com meus tios - disse - Sem dúvida, meus segundo pais.
Assenti.
- Eu realmente sinto, pelo o que aconteceu ...
- Tudo bem - Falou - Eu morava com meus tios até vir para a faculdade.
- E onde seus tios moram?
- Em uma cidade longe.
Que droga. Aquilo não era grande coisa.
- Qual seu sobrenome?
Ele arqueou a sobrancelha.
- Tantas perguntas ...
- Quero saber mais sobre você - sorri - Os Goddoi são curiosos.
Ele sorriu e assentiu.
- Oliveira Mello.
- Victor de Oliveira Mello?
Ele assentiu.
- Belo nome - Falei.
- Obrigado.
Depois disso conversamos mais.
Não consegui tirar tanta coisa dele.
Algumas informações aleatórias sobre a família, o lugar de onde ele vinha ... Nada de muito importante.
O Almoço acabou e agradeci, prometendo que faríamos novamente.
Fui para a casa e pensei a respeito de tudo o que tinha ouvido.
Ele não parecia estar mentindo.
Mas sei lá ... Tinha alguma cosa errada.
Peguei meu celular e liguei para o Mateus.
Enquanto chamava, caminhei até os fundos da casa, onde havia uma piscina enorme.
Assim que me sentei na espreguissadeira ele me atendeu.
- Fala!
- Acabei de almoçar com o Victor de Oliveira Mello.
- Olha, já sabe até o sobrenome !
- Faço um trabalho bem feito.
Ele riu.
- Sei ... Mas o que descobriu?
Falei para ele tudo o que o Victor havia me contado.
- Nada de muito importante! - reclamou.
- Da próxima vez, vá você então! - Falei.
Ele riu.
- Estava demorando ...
- O fato é que eu acho tudo isso uma loucura - Falei - Ok, ele deve esconder alguma coisa, mas os pais dele morreram, talvez ele queira esquecer isso ou sei lá ... Ele é inofensivo, já falei .
- Eu ainda não sei ...
- Vou investigar o nome dele, para ver se encontro alguma coisa. Se não encontrar nada, vou parar com isso - Falei.
Mateus bufou do outro lado da linha.
- Tá bom Gabriel - ele disse - Me ligue se descobrir alguma coisa.
Desliguei e disquei outro número.
- Natan? - perguntei.
- Sim, Gabriel?
- Isso! - Falei.
- Sr! Quanto tempo não nos falamos ...
- Sim, muito tempo não é Natan ...
- E como o Senhor está?
O Natan trabalha para o meu pai. Ele meio que investiga as pessoas com quem meu pai faz acordos financeiros que ajudam a empresa.
- Estou bem e você?
- Bem ... - ele disse - Em que posso ajuda-lo?
- Entao, tem uma pessoa que eu queria que você descobrisse algumas coisas ...
- Nome?
- Victor de Oliveira Mello.
Natan pareceu anotar o nome em algum lugar.
- Ok, quando tiver alguma coisa te falo.
Sorri.
- Obrigado Natan - Falei - Ah, e por favor, não conte nada para o meu pai.
- Nao contarei Senhor. - ele disse - Em breve te ligarei.
Assenti e desliguei.
Era só questão de tempo até eu saber a verdade.
♒♒
EI GENTE! OBG POR TODOS OS COMENTARIOS DIZENDO PARA EU CONTINUAR A HISTORIA. ESPERO QUE GOSTEM DESSE CAPÍTULO E ME DIGAM O Q ESTAO ACHANDO. VICTOR, BOM OU RUIM?