-Obrigado por me mostrar que vale à pena viver pra presenciar o mais simples sorriso... Dani... você não sabe o quanto sou grato por ter te abordado aquele dia à noite! Eu... -o puxei pra perto de mim.
Era hora! Eu não ia mais fugir do inevitável!
-Eu amo você, Daniel! Eu amo você! Eu amo você, Daniel! -e o beijei.
...
Mesmo depois do beijo, eu continuava com ele em meus braços. E eu esperava que ele jamais saísse dali. O lugar dele era em meus braços!
Sua cabeça estava no meu ombro e suas mãozinhas espalmadas no meu peito.
A diferença de tamanho e altura entre nós era engraçada. Nós éramos um casal muito improvável.
Eu conseguia admitir sem problemas que eu era bonito. Mas minha beleza era um tanto rude... meio bruta, como admirar uma bela casa toda de pedra. Já a beleza do Dani era delicada, como se fosse esculpida por anjos.
Eu diria que ele era a pessoa que todos procuram pra ter pro resto das suas vidas. Aquela pessoa que quando chega te faz pensar "Por onde você andava esse tempo todo que não do meu lado?!"
Mas eu era meio suspeito pra falar, já que eu estava apaixonado. Morrendo de amores, pra ser mais exato.
Eu sentia o calor dele me cercar, seu cheiro e sentia as ondas do oceano batendo em nós dois de vez em quando. A respiração dele era tranquila, calma e eu sentia uma calma que eu não reconhecia.
Eu havia dito ao Daniel que o amava, mas o silêncio dele não me incomodava. Me dava certa segurança, porque, no fundo, eu temia que ele confessasse que não sentia o mesmo por mim. Eu ficaria desapontado.
-O senhor me assusta um pouco. -depois de alguns minutos em silêncio, ouvi o Dani sussurrar com uma voz rouca.
-Assusto? -minha voz saiu rouca também.
-É. No bom sentido, eu acho. -ele suspirou. -Não pense que não estou contente por isso que o senhor disse.
Ele fez uma pausa, pensando que eu iria dizer algo. Então continuou.
-Só não sei como reagir a isso. -ele apertou seu peito com as mãos. -Sinto muito.
-Dani. -me afastei pra olhá-lo. Seus olhos estavam realmente assustados e isso me partiu o coração.
Me aproximei dele e novamente o beijei. Foi um beijo calmo e carinhoso pra que ele entendesse tudo que eu sentia por ele.
-Não se sinta pressionado a nada. Eu disse aquilo porque é verdade! Eu sei que sou um filho da puta, controlador e desnaturado... mas eu te peço uma chance pra mim te fazer feliz! É só isso que eu quero.
O puxei pela mão até a areia e ali me ajoelhei. Ri baixinho da face horrorizada dele.
-Você quer, oficialmente, ser meu namorado? -questionei polidamente.
Bem, mais cedo ou mais tarde eu teria que fazer essa pergunta e estava feliz que a frase não me fez morrer engasgado. Eu jamais havia feito tal pedido.
Franzi a testa e acrescentei rapidamente:
-A aliança eu não tenho nesse exato momento, mas...
Fui interrompido por ele que pulou em cima de mim, cobrindo minha face e beijos e rindo alto. Eu ouvia a risada dela iluminada por uma felicidade que eu deseja ficar eternizada na voz dele. Uma risada de pura felicidade! Como se ele fosse o ser humano mais feliz do mundo.Eu mesmo não consegui conter as risadas ouvindo as dele.
Parecíamos dois malucos nos rolando na areia enquanto nos beijávamos. Ele entre um beijo e outro dava uns gritos dizendo "Sim! Eu aceito!" e "Eu nem acredito!" e "Deus! Claro que eu aceito!"
Quando paramos, eu estava deitado na areia e ele sentado no meu tórax. Estávamos realmente pigando a sujeira. Eu ri baixinho da cara do Dani. O cabelo dele escorria areia e um lado da sua face estava toda suja.
-Não ri, não! -ele protestou. -Você não está a cara da limpeza!
Eu ri mais alto.
-Obrigado por observar.
Ele sorriu e se inclinou pra me beijar. Seus lábios eram tão doces e sua saliva também. Eu me questionava se alguém no mundo também iria, algum dia, encontra uma pessoa tão perfeita como aquele guri era.
-Então agora somos namorados! -ele sorriu e eu sorri pra ele. Porra! Eu adorava a maneira que ele sorria. Era um idiota apaixonado!
-Sim! Agora você é só meu e não vai sair tão fácil da minha vida!
-Eu espero que não. -ele sussurou contra meus lábios antes de me beijar novamente
-Será que podemos tomar um banho de mar? -ele questionou.
-Você sabe nadar?
-Não.
-Irá se arriscar muito fundo?
Ele negou rapidamente.
-Vai se comportar? -eu ri e ele acentiu rindo.
-Então bora lá!
Não deu dois segundos ele já havia se despido e estava correndo em direção a água enquanto gritava que eu não iria conseguir pegá-lo.
Ri e corri atrás dele. Bem... e ele estava certo. Eu não consegui o pegar. O guri corria pra caralho! Ainda mais na água. A temperatura da água colidiu com nossos corpos quentes assim que mergulhamos.
Eu me jamais havia sido tão feliz. Jamais havia sido tão completo.
Ele sentia algo por mim. Não sabia se era amor... só sabia que era algo forte. Eu só não iria pressioná-lo. Ele teria o tempo dele.
Ficamos vários minutos brincando na água e notei que não havia ninguém no mar nem na praia. Apenas uma mulher arrumando seu quiosque ao longe, então eu e ele não medíamos safadezas. Eu quase o chupei ali mesmo na água, mas ele me afastou dizendo que mais tarde eu poderia fazer o que quisesse com ele. Eu apenas sorri com perversidade. Com certeza lembraria daquilo.
Eu já sentia sede, então pedi pro Dani ficar atento e tomar cuidado com a água enquanto eu ia pegar um refrigerante e algo pra comermos. Depositei um beijo nos seus lábios e ui até meu amontado de roupas e peguei minha carteira. Caminhei em direção ao quiosque e antes de chegar senti uma mão no meu ombro.
Me virei a tempo de sentir lábios envolvendo os meus e duas mãos enroscando-se na minha cintura.
Minha primeira reação foi pensar que era o Dani, mas aí notei um cheiro diferente. Cigarros e suor. Um odor que fez meu nariz torcer-se.
Então minha face perdeu a cor quando visualizei Cícero me forçando um beijo.
O maldito gostoso do clube de futebol!
Notei que nossos lábios ainda estavam colados então o empurrei pra longe e o olhei com incredulidade.
-Senti a sua falta, cara! -a voz rouca dele estava cheia de tesão. -Por onde andou? Não lembra mais do namorado?!
-Não somos namorados. -eu nem fiz questão de disfarçar a grosseira. -Não te procurei porque achei que você tivesse se mudado! -menti.
-Que desculpa esfarrapada! -ele sorriu, venenoso. -Você simplesmente parou de me procurar.
Estava surpreso com esse ataque sexual da parte dele. Mas eu não devia. Cícero era um pervertido! Adora exibicionismo e era um voyeur de primeira. Em outra época eu teria o arrastado pro meu carro e treparia com ele com a capô aberto até desmaiarmos!
Mas...
Eu já tinha o meu ninfomaníaco!
-Você não me despertava nenhum interesse e continua não me despertando. -disparei.
-Seu pau adorava o interesse que eu despertava.
Cícero era o típico cara safado e irresistível. Tinha uma cara de anjo, mas era um tarado do caralho! Me envolvi com ele porque mal havíamos dito "oi" um pro outro e ele já estava com meu pau na boca. Na época eu só estava procurando sexo sem compromisso e ele foi perfeito. Agora eu enchergava a casca vazia que ele era e a que eu estava me transformando antes de tropeçar no Dani. Dani me fez mudar.
Cícero era mais baixo que eu. Era mínima coisa mais alto que o Dani. Sua beleza era muito forçada. Coisa de academia e cremes estéticos... mas eu tinha que admitir que o safado era gostoso!
Seus cabelos eram baixinhos em um tom vermelho. Olhos um tanto castanhos e mel. Havia umas pouca sardas no seu rosto.
-Qual é, Homero!? -Cícero se aproximou tentando me roubar outro beijo. -Eu sei que você me quer!
Antes que eu pudesse responder algo, vi Cícero ser jogado no chão e uma perna chutá-lo na região do peito.
Ele se encolheu todo e rosnou um palavrão pela dor que deve ter se alastrado pelo corpo dele.
-Fica longe do meu namorado, sua bicha ridícula! -a voz do Dani me assustou. Cheguei me encolher com medo dele me bater também.
A água escorria do corpo dele e como ele estava só de cueca, as marcas do corpo dele apareciam. Os olhos esverdeados dele estavam quase verdes de raiva e sua expressão corporal dizia que ele estava pronto pra batalha.
Cícero, depois de gemer um pouco, levantou-se devagar olhando pro Dani com um olhar assassino. Ele só aceitava agressões que envolvessem algo sexual.
-Você vai aprender a não mexer com quem não deve, garotinho! -o ruivo rosnou, se aproximando do Dani numa lentidão perigosa.
-Você que vai aprender a não ficar piscando esse cu feio pro macho dos outros! -tive que dar um beliscão em mim mesmo pra não rir alto com essa frase do Dani. O guri tinha língua afiada!
Vi em câmera lenta Cícero tentar um soco contra o Dani e ele se esquivar. O pé do Dani acertou novamente o peito de Cícero (me deixando chocado pela flexibilidade dele) e jogando-o novamente no chão.
O Dani se inclinou e começou a dar um monte de tapas e socos no rosto de Cícero enquanto o xingava de todos os palavrão do nosso dicionário.
Eu estava mortificado olhando incrédulo as cenas! Nunca pensei que eles iriam realmente brigar.
Corri até os dois e levei um tapa bem forte de Cícero enquanto tentava separar aquela briga. Depois de mais algumas tentativas arrastei o Dani pra longe de um Cícero todo destruido.
-Homero, me solta! -Daniel gritou pra mim, fervendo de raiva. -Eu vou acabar com a sua raça, seu viado do caralho! -ele gritou pro Cícero que se levantava com uma expressão dolorida. -Homero, me solta!
Nos arrastei até o nosso amonteado de roupas e com um braço segurava o Dani que ainda se debatia e com o outro peguei nossas coisas. Depois fui até o carro e nos tranquei ali.
O Dani ainda resmungava coisas como "De onde já se viu beijar homem dos outros?!" e "Que coisa absurda! Eu nem tô acreditando!"
-Do que você tá rindo? -ele questionou com curiosidade depois de um leve silêncio entre nós.
-De você. Com ciúme de mim.
Ele corou e depois suspirou. Gesticulou enquanto tantava achar palavras.
-Sinto muito. -finalmente disse.
-Por sentir ciúme?
-Não. Você é meu namorado e posso sentir ciúmes! -nós dois rimos baixinho. -Mas eu não senti ciúme. Foi raiva! Ele te beijou! Eu vi!
Antes de eu falar algo ele completou:
-Sinto muito por ter agido feito um homem das cavernas e batido no cara.
-Sente mesmo? -fitei seus olhos.
Ele respirou profundamente.
-Não muito. -admitiu e eu gargalhei com seu olhar culpado.
-É por isso que eu amo você! -deixei escapar, sem querer.
Meu erro porque depois disso aquele clima tão brincalhão e íntimo foi por água abaixo.
Um silêncio palpável se instalou entre nós. Me vi obrigado a dirigir até em casa pra tomarmos um banho e depois sairmos comprar um celular pra ele algumas outras coisas.
Eu entendia essa estranheza dele com aquelas três palavras. Realmente entendia, afinal ele nunca teve alguém que realmente o amasse.
Toquei na perna dele e ele cobriu minha mão com a sua. Sentia os arrepios subindo por todo meu braço. Aquele guri era um vício pra mim.
Quando chegamos em eu demorei cinco segundos pra acreditar no que meus olhos me mostravam.
-Merda! -exclamei. -Puta merda!
Eu apertava tão forte o volante que meus dedos estavam brancos.
-Que foi? -Dani me olhou preocupado.
Estacionei o carro e olhei pra ele.
-Meu anjo, por favor, não saia daqui. Em hipótese alguma deixe esse carro! Só saia quando eu vir te buscar! Promete?
Ele acentiu devagar e desconfiado. Se inclinou e me deu um beijo doce.
Brincou com sua língua em minha boca e depois deu chupou com carinho meu lábio.
E eu precisava daquilo pra ter forças... afinal o carro dos meus pais e do meu irmão estavam estacionados na frente da minha casa.
Depois de anos sem contato, os parasitas voltaram!
·
*Galera, perdão pela demora! Perdão! Mas o tempo tava meio corrido. Eu não vou desistir da história e vou tentar postar com assiduidade.
Eu quero agradecer aos comentários... leio um por um diversas vezes e me motivo com seus elogios! Vocês são demais!*