SINOPSE: Advogado revela ser viciado em "homossexo", praticando o ato friamente e de maneira egoísta com inúmeros parceiros anônimos durante anos. Mas o Destino coloca no caminho de Detlev um jovem simples e puro de coração, que se transformará num companheiro compreensivo, conduzindo Detlev a compartilhar algo que ele jamais imaginava viver ao lado de outro homem: o Amor“Céus, como eu adoro homossexo”, meditou Detlev, ofegante.
O suor escorria-lhe pela face. O corpo estava encharcado, enquanto
uma gelatinosa boca sem
dentes lhe sugava o membro rochoso.
Bastaram dez minutos para a realização daquele ato mecânico.
Após ter ejaculado na garganta do
velhote, Detlev retirou o lenço italiano do bolso da Ellus desbotada
. Enxugou primeiramente o rosto e
em seguida o peito liso carregado de satisfação.
“Tome um agrado e, por favor, saia do meu carro!”, ele disse
ao coitado que acabara de lhe
oferecer prazer. Este lhe sorriu com malícia, jogando os cabe
los melados e malcheirosos para trás,
contando as notas de vinte com um ar de triunfo, como se dissesse: “tudo bem, babaca!”.
O chapado homem sem rumos abriu a porta da Saveiro, ganhando o ar gélido da ilha, enxuga
ndo a
boca úmida com as costas da mão fina, enrugada, imunda.
Assim que o chupante desapareceu, desbravando o vazio da noite, Detlev travou todas a
s entradas.
Secou o membro desfalecido, guardando-o dentro do tecido de seda pura.
Fechou os botões de metal do jeans preferido utilizado nas noites de boa
caça. Sorria de satisfação
pelo ato realizado, pois curtia “rapidinhas” com pescadores m
orenos ou andarilhos descoloridos do
Araxá, geralmente corpos sem identidades.
Detlev era um homem atraente. Vaidoso, o alemão tinha orgulho da pel
e muito bem cuidada. Era
dono do maior patrimônio físico que um homem pode ter na vida: dentes natura
is perfeitos. E a
exuberante cabeleira cor prata harmonizava com brilhantes e astutos ol
hos azuis acinzentados.
Advogado, especialista em ganhar causas que outros profissionais do seu
ramo achavam
impossíveis, fez fama em São Paulo, defendendo os interesses de diver
sas empresas e comerciantes
influentes da capital.
Ao ultrapassar os quarenta, no auge da carreira, decidiu viver no anonimat
o da pequena e pacata
Ilha Comprida, que descobrira durante uma visita a um amigo empres
ário, morador antigo da terra de
ninguém, que sempre solicitava seus eficientes serviços.
Ilha Comprida detém o poder de atrair homens solitários.
Solteiro, era cobiçado por fêmeas e machos de todos os quilates.
Estabilizado, culto, viajado, não
fumante, não sedentário...
Bebidas? Somente duas taças de vinho tinto por dia; uma no almoço e out
ra na hora do jantar
invariavelmente sem companhia humana. No restante do tempo embebedava
-se de água filtrada,
geladérrima. Litros por dia. Um vício!
Defeitos? A lista era minúscula. Detlev era um homem práti
co e objetivo nas ações. Era filho
único de mãe solteira; uma mulher que dedicou todas as energias par
a o bem-estar do menino, dando lhe, com tremendo esforço, a melhor educação possível em bons colégi
os, boa alimentação e vestuário
decente na medida de suas posses.
Detlev aprendeu com a mãe a tomar conta de si mesmo desde muit
o cedo, tornando-se
independente logo aos quinze.
Vícios? Somente um: sexo. Detlev era fascinado pela arte da
boa fodaria. Manteve-se virgem,
casto e ignorante até os vinte e dois. Tímido em demasia, nunca avanç
ara o sinal com nenhum homem
durante a primeira confusa boa parte da vida.
Dedicava todo o tempo livre aos estudos, ao trabalho (foi assistente
do famoso doutor Perine, uma
das maiores autoridades jurídicas daquele tempo) e a Roxie, seu la
brador chocolate, que fora um
presente de Carina, amiga de faculdade. Nos anos 1980, os pais de Cari
na administravam um popular e
rentável canil na periferia de Taboão da Serra.
Foi somente numa noite infernal em outubro de 1981, durante um passeio
com Roxie pelas ruas
próximas de sua antiga casa na Vila Mariana, que Detlev desco
briu o baixo prazer quando um
estonteante maluco todo tatuado lhe abordou com um olhar sensualmente ameaçador.
Tocando no sexo esférico que dispensava todo tipo de discrição dentro da
calça de couro, o
morenaço como que hipnotizara os sentidos de Detlev, que o acompanhou, t
odo abobado, até um beco
nada seguro.
Na noite sufocante acima do normal, corpos de machos eram espremi
dos no grafitado concreto
frio. Línguas debatiam-se num beijo seco. Roxie deitou-se ao la
do do seu dono, indiferente aos agarros
animalescos que ocorriam entre os dois combatentes.
O moreno rapaz atacava o corpo de Detlev com afinco. Sua boca per
corria cada centímetro do
branquelo, desbravando todas as fronteiras existentes, enquanto o pá
lido e nervoso jovem não-mais-
virgem segurava com firmeza a correia do seu cão, temendo ser dei
xado sozinho nas mãos
extravagantes do maravilhoso selvagem que lhe desvendara os mistérios da carne.
Antes mesmo de ter seu membro retirado por completo para for
a do agasalho, Detlev despejara
sua porra nas pontas dos dedos daquele que lhe proporcionara o primei
ro orgasmo real de sua vida.
Levou um belo e sonoro tapa na fuça esquerda, enquanto ouvia palavras grossei
ras do sujeito que
deixara claro que não havia terminado a brincadeira.
Mais de vinte anos haviam se passado desde aquela experiência pueril.
Hoje era Detlev que dominava todas as situações.
Nas horas livres de seus compromissos particulares – que atualme
nte eram escassos, por
destemida opção –, havia tempo suficiente para o “homossexo”, cí
nica expressão idealizada desde que
começara a trepar com machos de todos os tipo.
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E então continuo ? ou não ? deixem suas sugestões , críticas, elogios e é isso , deixem seus comentário , bjss