Estávamos nós dois, deitados na cama. Eu observava a chuva que caía tranquila lá fora. Adorava chuva!
Um vento frio entrava pela janela e refrescava o quarto. Não era problema porque sentia o calor do Dani me cercar de todos os lados... ele era o meu sol. Enquanto eu o tivesse comigo nada seria mais importante que o manter feliz.
Eu nunca havia me apaixonado realmente por alguém. Não sabia os sintomas nem se era saudável a relação que eu estava tendo com o Dani... eu quase o sufocava... quase o obrigava a ficar comigo.
Eu era obsessivo por ele e isso estava claro. Eu delirava por ele... não queria pensar na nocividade que isso poderia causar a ele mais tarde. Por hora eu só queria o deixar curar-se por si só de todas as feridas que causaram nele... mais tarde, no futuro, iríamos conversar sobre o NOSSO futuro.
Eu encarava a minha pintura nu e ri ao notar novamente que eu estava excitado ali no desenho.
Meu pau estava envergado para cima e ultrapassava o umbigo... eu podia até ver as veias saltadas que o Dani desenhou perfeitamente. Então ele havia realmente notado tudo sobre o meu pau. Isso me deixou satisfeito e me fez sorrir. O guri era um safado!
-Dani? -beijei sua cabeça.
Meu anjo estava com a cabeça escorada no meu peito e inspirava profundamente. Seus cabelos longos se espalhavam pela sua face e pelo meu peito. Sentia a macies daqueles fios lindos e de diversas tonalidades misturadas.
Ele se mexeu mostrando-me que estava atento e de quebra deu um beijo no meu mamilo que fez meu pau fisgar.
-Por que você desenhou Aphrodite?
Senti o sorriso dele contra mim. Ele se mexeu devagar e se aconchegou mais no peito como se fosse uma espécie de travesseiro.
-Porque eu sempre a achei incrível. -sua voz veio um pouco rouquinha. -Uma professora de filosofia ensinou que ela era a deusa do amor... e quando olhava pra você na rua sempre te imaginava como um filho dela. -sua voz estava baixinha e envergonhada.
-Jura que você achava isso? -perguntei surpreso.
-Sim.
-E por quê?
-Senhor Lopes, o senhor é lindo! Charmoso e incrivelmente lindo. Eu acho o senhor muito... -ele fez uma pausa. -gostoso!
Ri da vergonha que se imprignava na voz dele. O puxei pra mim o beijei.
-Então nós dois somos filhos de Aphrodite.
-Isso não seria incesto? -a voz pasma dele me fez rir.
-É. Talvez! -beijei sua testa. -Vou preparar nossa janta. Amanhã vamos sair cedo! Precisamos arrumar nossas coisas e descansar.
-Tudo bem! -ele pulou da cama e saiu correndo pelado pela casa.
Me levantei assustado e corri atrás dele.
-Dani! Onde você vai?!
-Preparar a comida! -a cara de obviedade dele me fez rir.
Neguei com a cabeça e me aproximei dele. O peguei no colo e levei pro quarto novamente.
-Não. Você fica aqui e eu faço algo pra nós. -o depositei na cama e beijei seus lindos lábios vermelhos.
-Mas eu quero ajudar!
-Vai ajudar ficando aqui e descansando.
-Não estou cansado! -ele franziu a testa. -Talvez um pouco! Mas posso ajudar.
-Dani, por favor, descanse.
Seu olhar se suavizou e ele acentiu. Me abraçou e sussurou no meu ouvido "não coloque fogo na casa".
Saí rindo do quarto e esquentei rapidamente no microondas o frango que a empregada havia deixado.
Ficar nu pela casa não era um hábito... mas era ótimo ficar livre daquelas roupas todas. O único problema era o meu pau que batia nas coisas me causando certa dor.
Voltei pro quarto e o Dani estava olhando com curiosidade para o meu celular. Depositei a comida e o refrigerante na cômoda ali perto e deitei na cama novamente.
-Se você comer tudinho, talvez eu deixe você mexer. -sorri pra ele e depois franzi a testa. -Preciso comprar um celular pra você. Amanhã faremos isso!
Praguejei baixinho. Devia ter sido a primeira coisa a se comprar pra ele.
-Não quero um celular! -o Dani pulou em cima de mim e me beijou. Adorava essa espontaniedade nele!
-Mas você terá mesmo assim!
-Você irá me obrigar?
Franzi a testa e neguei com a cabeça.
-Não vou te obrigar a nada, meu anjo. -beijei seus lábios. -O celular é um modo muito eficaz de se comunicar. Quando voltarmos das férias você irá saber mexer no seu e eu não terei problemas de comunicação com você.
Ele me olhou desconfiado e depois sorriu.
-Eu poderia te enviar mensagens!
-Você irá! O tempo todo, se não mando os seguranças atrás de você! -sussurrei.
-Que seguranças?
-Aqueles que vou colocar pra te vigiar!
-Senhor Lopes! -o Dani exclamou ofendido. -Não vou roubar nada seu! Por favor! Não precisa de segur...
-Dani! -levantei a mão pra pará-lo. -Não é nada disso. -Beijei a linha franzida na testa dele. -É só pra ter certeza de que você está bem e ninguém vai te ferir de novo. Tenho certos receios se seu pai vai realmente te deixar em paz. Entende?
Ele novamente me olhou desconfiado e depois acentiu devagar.
-Vamos comer? -questionei. -A comida vai esfriar.
Assim que comemos começamos a arrumar as coisas pra praia no dia seguinte. O Dani estava preocupadíssimo em ficar só de sunga por causa das suas marcas, mas eu o assegurei que ninguém iria encher o saco dele por causa daquilo...
Eu mataria o primeiro que o fizesse!
Dani arrumou as roupas em uma mala que eu dei a ele e eu arrumei minhas roupas em outra.
Peguei protetores solar, toalhas e tudo que eu sabia que não havia na minha casa de veraneio. O resto eu pediria pro caseiro providenciar.
Na hora de dormir eu até tentei fazer sexo com o Dani, mas havia notado antes que ele estava caminhando de um jeito engraçado. Então, na hora de dar um "Olá!" para aquele botãozinho lindo, vi que ele estava mais vermelho que o normal.
Dei um beijinho ali e me afastei dele. Não ia machucá-lo de maneira alguma! Mas o Dani era um ninfomaníaco e ficou me provocando a noite toda!
Eu ria dele dizendo que era golpe baixo provocar alguém e depois não querer transar com essa pessoa. Voltava a abraçá-lo e fungar naquele pescoço enquanto ele ficava me apalpando.
Acordei às cinco e meia da manhã e o Dani estava todo enroscado em mim. Rosto no meu pescoço e eu não era diferente com ele.
Extendi o braço e desliguei o despertador. Me levantei sem acordar o guri lindo na minha cama e me arrumei rapidamente.
Tratei de colocar as malas no carro, deixar tudo pronto para sairmos. Preparei o café da manhã e voltei ao quarto para acordar o Dani.
Sorri quando percebi que ele abraçou o meu travesseiro e inspirava profundamente.
-Dani, meu anjo. -beijei seus lábios. -Acorda! Tá na hora!
Ele se remexeu e abriu os olhos devagar. Resmungou algo e levantou-se para me abraçar.
-Bom dia. -sua voz sonolenta era muito sexy!
-Bom dia. -beijei sua testa. -Pode ir ali no banheiro se arrumar. O café tá pronto e podemos sair assim que você se alimentar!
Ele acentiu e bocejou como um gatinho. O beijei de novo e ele saiu caminhando feito um pinguím até o banheiro.
Desci até a cozinha e fui me alimentando. Algum tempo depois ele apareceu com uma camiseta minha e com um sorriso enorme.
-Espero que não se importe. -ele apontou pra camiseta e sentou-se do meu lado.
-Não me importo, de modo algum. -ele ficava sexy com minhas roupas. -Mas por quê?
-Por que gosto de usar suas roupas? -ele tomou um gole de café, claramente satisfeito com o que a cafeina fez no seu corpo.
Acenti para a pergunta dele.
-Porque tem seu cheiro. -ele sorriu.
Sorri pra ele também. Ficava satisfeito em saber que ele gostava do meu cheiro, porque eu adorava o dele.
Tomamos café, comemos algumas coisas e deixei o Dani no carro enquanto conferia se tudo estava trancado e se a cerca elétrica estava funcionando.
Deixei uma mensagem pra empregada dizendo aonde ia e que era pra ela cuidar de tudo. Depois telefonei pro meu assistente e informei tudo a ele. Sobre quanto tempo eu ficaria fora e que ele transferisse todas as reuniões pra outra semana.
Pronto! Agora era só partir.
Entrei no carro e saimos de casa.
A estrada todo fomos tomando chimarrão e descobri que o Dani adorava esse costume gaúcho assim como eu.
Conversamos sobre tudo. A viagem durava duas horas e meia, então tivemos tempo de sobre para dialogar sobre tudo.
Ele contou sobre suas pinturas. De como ele pintava para dar contorno àquilo que não se encaixava no interior dele... então ele externava essas coisas em forma de pinturas. Eu, no começo, não entendia sobre as coisas que ele falava, mas depois fui compreendendo.
Ele disse que as únicas pinturas dele que não eram auto-retratos eram àquelas que ele me desenhava. Contou que desde sempre ele teve uma quedinha por mim e viver aquele relacionamento comigo estava sendo um sonho.
Eu sorria e dizia que também já vinha reparando nele fazia tempos. Ouvir aquilo me deixava feliz pra caralho! Ele tinha uma quedinha por mim? Era meio caminho andado pra um amor!
Ele contou que adorava uma tal de Lorde. Seu primo certa vez mostrou algumas músicas dela e algumas traduções e ele se apaixonou por ela ser uma visionária. Falou que ela canta sobre a realidade dos adolescentes que não se encaixam nessa vida de glamour dos famosos. Só depois entendi por que ele bateu no peito e bradou "Eu nunca serei da realeza!" (Por causa da música ROYALS da Lorde)
Fiz uma nota mental de comprar um CD da Lorde pra ele, assim que comprassemos um celular.
Ele era um adolescente incomum... ele era muito maduro e bem estruturado, levando em consideração todo o abuso e todo o trauma que ele sofreu. Eu podia passar uma eternidade ouvindo ele falar dele e de suas experiências em trabalhos escolares.
Eu notava um desconforto dele sempre que abordávamos o assunto do abuso que ele sofria dos familiares. Mas o que eu esperava? Que ele falasse normalmente sobre essa abominação? Então eu não tocava nesse assunto. Não o queria desconfortável no início da nossa viagem.
Então depois foi minha vez de contar sobre mim. Falei a ele sobre a faculdade de Direito, sobre como meus relacionamentos haviam sido todos estérios e não vingavam, contei sobre o péssimo relacionamento que eu tinha com meus pais depois da morte da minha avó e sobre outras perguntas que ele fazia:
-Qual sua música favorita? Sua cor favorita? O que deixa irritado? Por que você ronca enquanto dorme?
Eu ria e respondia.
-Eu gosto muito de uma banda indie chamada THE XX e minha música preferida é "Angels". Minha cor favorita é vermelho. Quando meus planos falham... isso me irrita. Eu não ronco!
-Ronca sim! -ele ria e eu ria com ele.
Chegamos na casa depois de duas horas de viagem e o sol já estava brilhante no céu. Eu adorei a espreguiçada que o Dani deu e empinou aquela bunda gostosa do caralho pra mim. Franzi os olhos ao pensar que outros homens poderiam cobiçar aquilo que era meu.
Descarregamos rapidamente a nossa bagagem e eu ria do Dani comentando sobre toda a ostentação da casa. Era parecida com a minha de moradia, mas sem algumas arte-manhas.
Chamei o senhor Batista, o caseiro, para levar tudo pra cima no quarto. Ele era um velho muito querido que morava com sua mulher, Juliane, na casa ao lado. Eram muito atenciosos e cuidavam de um jardim como ninguém na região!
Comprimentei os dois e os apresentei ao Dani que sorriu a eles. Agradeci por terem cuidado da casa e avisei que iria mostrar o mar pro Dani e voltava antes de anoitecer.
-Jura que vamos ir ver o mar?! -os olhos do Dani brilharam.
-Juro! -me inclinei e dei um beijo nele.
Dei partida no carro e peguei a estrada do mar. Não era longe, mas eu tinha preguiça de caminhar.
Estacionei e saímos nós dois. O cheiro da água salgada me atingiu em cheio. Peguei a mão do Dani e fomos em direção àquela imensidão de água salgada.
Era um ótimo dia pra se passar na praia, principalmente porque não havia quase ninguém naquela época do ano.
A areia estava quentinha e o vento típico do oceano não deu trégua um momento sequer.
Tiramos nossos tênis perto da água e caminhamos até que a primeira onda batesse em nossos pés. Gelada e refrescante.
Olhei pro Dani e ele olhava fixamente para o mar. Havia lágrimas nos seus olhos e um sorriso nos seus lábios.
-Há mais beleza no mundo do que eu achei ser possível. -ele falou baixinho.
-Como, Dani? -questionei. Limpei as lágrimas dele com o polegar, claramente confuso.
-Sabe quando você não tem perspectivas de futuro algum?
O olhei sem entender.
-Eu não tinha mais esperança. -ele encarava, ainda o mar e fechava os olhos sempre que uma onda batia em nós. -Eu achei que ia ficar pra sempre naquela vida... sozinho, mas então o senhor apareceu.
Ele olhou pra mim e sorriu. O vento fazia os cabelos dele dançarem e o sol só realçava o que havia de mais bonito nele... aquele sorriso.
-Obrigado por me salvar. -ele pegou minha mão e deu um beijo.
Meu coração estava apertado. Disparado. Aquele menino era tudo pra mim!
Peguei a sua mão e coloquei no meu coração.
-Obrigado, você, por me salvar. -dei um suspiro. -Você me salvou! Dani! Você que me salvou! Eu...
Ele limpou uma lágrima que caiu dos meus olhos.
-Obrigado por me mostrar que vale à pena viver pra presenciar o mais simples sorriso... Dani... você não sabe o quanto sou grato por ter te abordado aquele dia à noite! Eu... -o puxei pra perto de mim.
Era hora! Eu não ia mais fugir do inevitável!
-Eu amo você, Daniel! Eu amo você! Eu amo você, Daniel! -e o beijei.