Cap.1
Enfim, eu consegui. Foi demorado, foi sofrido mas eu havia conseguido realizar o meu sonho de infância. Depois de 4 anos tentando, consegui entrar na faculdade de medicina. Foi muito chorado. Eu estudei muito, lutei muito pra conseguir.
- Eu consegui ! Eu consegui !- sai gritando pela casa como um louco.
- Conseguiu o que menino ?- meu pai já apareceu com um pedaço de pau.
- Passei em medicina !- um sorriso nunca visto abriu em seu rosto.
- Ai meu deuuss eu não acredito filhao. Você conseguiu !! Que bom ! Que bom ! Eu quero ver.
- Vem ver pai !- meu pai era solteiro. Ele havia se separado da minha mãe a pouco tempo. Não liguei, afinal foi bem melhor assim, eles viviam brigando. Assim que chegamos na frente do computador, a surpresa.
- Filho, tem um problema.
- Eu sei- falei olhando pra tela do computador.
- Rio de Janeiro ?
Sim, era isso mesmo. Eu havia passado na UFRJ. Mas eu morava em Manaus. Isso significava que eu tinha que deixar toda a minha família e parentes pra trás, e meter a cara nos estudos na cidade maravilhosa.
- E então filho- meu pai me olhava comer- você estudou tanto, lutou tanto pra isso, não dá pra deixar você perder essa chance.
- Eu sei pai. Mas eu tenho medo. O rio é uma cidade diferente, enorme. Eu nunca fui lá, não sei se consigo me acostumar.
- Mas vai ser o melhor pra você
- Vou ter que ficar longe de você.
- Eu espero. Você pode vir nas férias aqui- ele se aproximou e acariciou meus cabelos- você não pode deixar essa chance escapar. É a sua chance de se tornar médico, de ser o que você sempre quis ser- Ergui a cabeça e olhei no fundo dos olhos dele. E realmente ele parecia falar a verdade.
- OK, papai. Eu vou pro Rio de Janeiro estudar.
TEMPO DEPOIS
Arrumei todas as minhas coisas. Ficar 8 anos em outra cidade, esse era o meu destino. Vir nas férias ver minha família e me matar de tanto estudar. Morar em uma república em Botafogo. Assim eu viveria na capital fluminense.
- Ai meu filho, eu vou sentir tanta falta de você- como era bom sentir aquele abraço gostoso que só pai tem.
- Eu também pai. Mas tenho que estudar. Eu tenho que ser médico. Tenho que ajudar as pessoas- olhei novamente nos olhos do meu pai e me lembrei dos nossos bons momentos. Lembro que ele sempre foi um bom pai. Mesmo quando trabalhava horrores no hospital, plantões sob plantões, sempre dava um jeito de ficar um pouco comigo, me dar atenção. O velho Augusto, assim ele se chamava. Como iria sentir falta dele e das palavras reconfortantes quando descobriram minha opção sexual.
FLASHBACK
- Isso é uma doença Augusto ! Como você pode apoiar algo tão nojento ?- minha mãe me condenava como se eu fosse um leproso.
- Nojento é o que você tá fazendo Luana ! Nosso filho é perfeitamente normal, ser gay é apenas um detalhe- eu apenas chorava num canto, vendo eles dois brigarem.
- Eu não escolhi ser assim- falei, olhando nos olhos dele.
- Eu sei meu filho- meu pai me deu novamente aquele abraço reconfortante e libertador que me acolheu- não ligue pro que sua mãe diz. Você é perfeitamente normal. Gostar de homens não te faz um doente. Pelo contrário, só te faz mais homem ainda, por ter coragem de assumir-se - Ergui meu olhar e vi pela primeira vez que sempre podia contar com meu pai.
FIM DO FLASHBACK
- Volte logo Magrão- esse era meu apelido. Vocês já entenderam o porquê. Ser franzino sempre foi uma característica minha.
- Pode deixar prima Lu. Logo estarei de volta, com meu jaleco e de diploma na mão- peguei minha mochila e olhei pra eles pela última vez- tchau gente. Amo vocês
- Tchau- os dois falaram em conjunto. Entrei na sala de embarque sem olhar pra trás. Não queria sentir meu coração doer, por estar indo buscar o meu sonho. Esse era eu. Júnior Figueiredo, 21 anos, alto, moreno, cabelo enrolado, olhos castanhos, corpo magro, pouquinho definido, gay e cheio de sonhos. Por enquanto era um só. Ser médico. Ter um diploma pra poder dizer, sou médico. Deixei Manaus pra buscar meu sonho. Como seria viver no Rio ? O que iria acontecer ? Quem eu iria conhecer ? Será se tudo daria certo ? Quantas dúvidas sem respostas. Só podia dizer uma coisa. Eu vou, sem olhar pra trás.
Continua
E ai ??? Escrevo bem ficção ? Essa é uma história nova, totalmente fictícia, e eu espero que gostem. Se gostar, comente e vote, não custa quase nada. Beijos Galerinha.