O nome Eusébio indica alguém paciente e sábio, que busca entender os motivos que levam cada pessoa a agir como age. 25 anos, recém-formado, sua primeira experiência como professor de educação física foi em minha escola.
Gostava de futebol e, assim como o antigo craque português do mesmo nome, era considerado um ótimo jogador. Eu, ao contrário, odiava quando ele nos reunia para as partidas. Inventava uma desculpa, ficava fora do jogo. Meus colegas zombavam de mim, e eu ficava num canto a observar sem muito interesse o que se passava no campo.
Mas ele me compreendeu, compreendeu a tristeza e a introspecção de alguém que se sentia um peixe fora d’água. Não apenas nos jogos. Eu me sentia diferente.
Com quatorze anos, gordinho e rosto salpicado de espinhas, eu me achava feio. E sentia vergonha do tamanho da minha bunda, que era também motivo de pilhérias. Eu era chamado de zé-bundinha e outros epítetos pouco elogiosos. Não era raro algum dos rapazes passar a mão. Aquilo me humilhava e me fazia afundar cada vez mais num mundo de desolação.
“Às vezes tenho até vontade de me matar.” Assim finalizei o relato das minhas angústias quando ele, Eusébio, veio conversar comigo no final da aula.
Segurando-me para não chorar, olhei em seus olhos, que pareciam mergulhar no meu eu mais profundo. Eram olhos que brilhavam de um brilho estranho. Senti um arrepio.
— Vai lá em casa domingo — convidou ele com um tom estranho na voz. — Vou te mostrar um jogo que com certeza vai te interessar. Vai de calção.
Era início de verão. Vestido de calção e camiseta, fui à casa onde ele morava sozinho e encontrei-o usando o mesmo traje. Nada anormal, afinal íamos praticar algum tipo de jogo.
Mas o jogo não era nenhum dos tantos que eu chegara a imaginar. Primeiro conversamos, em pé na cozinha, tomando sorvete. Eu repeti tudo que já lhe havia dito.
— Você se acha feio, é? — disse ele. — Pois eu te acho é bem bonitinho, com esse corpo fofinho que eu morro de vontade de abraçar. Posso?
Antes que eu tivesse tempo de compreender a situação, ele estava me abraçando, apertando-me contra o peito. Meu coração dava saltos; o dele também. E meus braços enlaçaram aquele homem forte cuja pele indicava um longínquo cruzamento de raças. Ele me achava bonitinho, fofinho. Nunca alguém me dissera palavras tão tocantes. Tocantes como suas mãos, que me afagavam os cabelos, desciam pelas costas, vinham sob minha camiseta, sob meu calção.
— Posso ver a tua bundinha? — pediu.
Eu não tinha mais vontade própria. Minha vontade era a dele, que me virou, baixou meu calção e ficou apreciando o que mais me causava vergonha.
— Que bundinha bonita — dizia apalpando minhas nádegas rechonchudas, brancas e lisas.
E o calção foi baixando, baixando. Logo estava depositado numa cadeira, onde logo recebeu a companhia da minha camiseta. Eu estava nu. Mas não sentia vergonha. Pelo contrário. Pela primeira vez, eu sentia orgulho do meu corpo.
— Tá gostando do jogo, né? — disse ele ao ver meu pau durinho, que ele pegou na mão e acariciou um curto instante.
Eu não sabia definir meus sentimentos. Sabia, isso sim, que faria tudo que aquele homem gentil quisesse.
— Estou... — confirmei com um fio de voz.
— Vamos pra outro campo então — disse ele.
O outro campo era sua cama, grande, num quarto pequeno e quase desprovido de móveis. Lá, ele também ficou nu e eu admirei seu corpo musculoso e pouco peludo, inclusive no púbis, onde os pentelhos eram ralos. Mas o pênis me impressionou. Era comprido, embora não muito grosso, tinha a pele escura e a glande toda exposta.
— Vamos deitar?
Deitados lado a lado, ele tornou a acariciar meu pau e me disse para segurar o dele. Segurei, sentindo uma emoção nunca antes experimentada, e comecei a masturbá-lo lentamente. Ele fez o mesmo comigo, meu tesão cresceu, estive a ponto de gozar. Mas ele parou.
— Vira a bundinha — disse ele.
Suas mãos iniciaram um passeio excitante entre minhas nádegas. Minhas pernas se abriam.
Então ele veio por cima de mim, mordiscou minha orelha.
— Você já deu essa bundinha linda? — sussurrou.
— Não... — balbuciei sentindo a rigidez de seu pau em minha bunda.
Mas ia dar. Isso eu sabia; ele também. Ausentando-se alguns minutos, ele retornou com um tubo de lubrificante. Observando-o passar o creme em toda a extensão de seu pênis, perguntei se não ia doer.
— A primeira vez pode doer um pouco — disse ele. — Mas é só no início. Depois você vai gostar.
Ele estendeu uma toalha na cama, eu me deitei em cima, com a bunda bem empinada. Ele se posicionou entre as minhas pernas, pôs o pau em contato com o meu orifício e se pôs a fazer pressão. Eu sentia meu ânus se abrir, forçado de fora para dentro, sentia-o se alargar, sentia o pau de Eusébio entrando pouco a pouco, desvirginando, machucando.
Comecei a gemer de dor.
— Calma — dizia ele. — Aguenta mais um pouco. A dor já vai passar.
Aguentei, trincando os dentes, enquanto a pica avançava no caminho do prazer que eu estava aprendendo a proporcionar. Estava decidido a ser bom naquele jogo, já que nos demais eu era uma negação. Queria ser o preferido do professor, que, após enfiar tudo, deitou-se por cima de mim e disse com a boca colada em meu ouvido:
— Além de bonita, essa bundinha é muito gostosa...
Não sei se porque minha vontade era grande, ou se trata de um fenômeno normal, eu não sentia mais dor nem a sensação incômoda que sobreveio. Sentia prazer, físico e psicológico. Aquele apêndice duro movendo-se lentamente dentro de mim, friccionando, massageando, elevou minha excitação ao grau máximo. Gozei, melando a toalha e compreendendo a razão de sua precaução ao colocá-la. Sábio Eusébio. Ele previra a situação. Sabia que eu ia gostar de tê-lo dentro de mim. Tanto, que, estendendo os braços, abri minhas nádegas com as duas mãos para que a pica entrasse mais. Eu a queria todinha em mim; eu o queria todinho para mim.
— Ah, que delícia... — murmurava ele.
Acabavam-se os lúgubres pensamentos. Acabavam-se os complexos. Agora eu queria viver. Viver e ter prazer, viver e dar prazer. E a intensidade do prazer daquele macho veio num gemido longo enquanto ele descarregava dentro de mim todo o desejo que meu corpo lhe suscitava.
Então ele se retirou, beijou minha boca e foi tomar banho. Ao sair, com a toalha enrolada na cintura, encontrou-me sentado no sofá da sala, já vestido, pronto para ir embora.
— Ainda é cedo — disse.
— Tenho que ir.
Ele me abraçou, disse que tinha gostado muito de mim e que gostaria de continuar me encontrando. Foi o que aconteceu. Aconteceu muitas vezes. Na escola, quando algum engraçadinho zombava da minha bunda, eu pensava com orgulho:
“Enquanto você goza dela, tem alguém que goza nela”Conheça os livros de Markus Quint.
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