Quando eu era pequeno adorava ficar doente. A minha mãe sempre fazia coisas gostosas para eu comer. Meu pai por mais que tentasse não conseguia suprir aquele lugar, e eu me sentia muito mal. Por mim, por ele. A cirurgia foi um sucesso... quer dizer fiquei com uma pequena cicatriz, mas nada demais.
Thiago: - Doutor quando vou poder ir para casa?
Médico: - Thiago teu pai pediu três dias. Para verificarmos se nada deu errado e até a própria cirurgia ficar mais presa. Então nada de movimentos bruscos ou agitação.
Thiago: - Ok. Obrigado.
Médico: - Tenha uma boa tarde. (saindo)
Thiago: - O senhor também. (pegando um copo d’água e tomando)
Cristovão: - Então. Cadê? Quantos centímetros?
Thiago: (cuspindo a água) – O que? Quantos...
Cristovão: - Quantos centímetros a tua cirurgia?
Thiago: - Ahhh. Não sei. Tá com curativo. E o senhor? Não deveria estar na quimio?
Cristovão: - Os médicos me deram folga hoje. Eles disseram que estão confiantes.
Thiago: - Que bom.
Cristovão: - Eu não acho. Toda vez que eles falam isso quer dizer apenas mais quimioterapia.
Thiago: - Sinto muito. Eu... eu...
Cristovão: - Tudo bem. (olhando para cima) – Ahhh... eiiii... quer ver um vídeo da minha banda preferida?
Thiago: - Claro. Quero sim.
Cristovão: - Pera aí. (correndo até a cama e voltando ofegante)
Thiago: - Devagar rapazinho. Devagar. (tentando sentar na cama, se sucesso) – Desculpa. Não consigo.
Cristovão: - Devagar rapazinho. Devagar. (com um sorriso nos lábios)
Thiago: - E qual é a banda? Carrossel? Patati e Patata? Balão Mágico?
Cristovão: (revirando os olhos) – Coldplay! Dãã!!!
Thiago: - Ganhou cinco pontos comigo.
Cristovão deu play e Cris Martins apareceu no palco. Deveria ser em algum show internacional, pois, havia muita gente. A primeira música foi ‘Magic’. Cristovão não tirava o olho do computador.
Cristovão: - Essa é a minha favorita. Presta atenção.
Em seguida tocou a música ‘Yellow’. Enquanto lia a tradução não consegui evitar as lágrimas. Mas fui esperto o suficiente para disfarçar. A música acabou e ele levou o notebook para a cama.
Thiago: - E porque você gosta tanto dessa música.
Cristovão: - Quando eu me for... quero virar uma estrela... ver todos vocês lá de cima.
Thiago: (engolindo seco) – Não tenho dúvidas que você vai ser a estrela mais linda de todas.
Cesar: - Que agitação é essa? (entrando com um copo de suco nas mãos)
Cristovão: - O Thiago sobreviveu. Ele tá vivo.
Thiago: - Ebaaa!! (levantando as mãos e sentindo dor) – Aiii.
Cesar: (olhando para Thiago)
Thiago: - Que foi?
Cesar: - Tem algo diferente em você.
Thiago: - Tem? (arrumando o cabelo e a camiseta)
Cesar: - Ahh é verdade. Você tá sem o apêndice. Fica melhor assim.
Thiago: - Nossa. Vou morrer de rir.
Cesar: - (se aproximando) – Pera ai. Deixa eu arrumar o teu cabelo.
Gustavo: - Thiago? (segurando um buque de rosas)
Thiago: - Gustavo?
Gustavo: - Oi?
Cesar: - Vem guri. Você precisa tomar banho. (pegando uma bolsa e levando Cristovão)
Thiago: - Até depois.
Gustavo: - Atrapalhei alguma coisa?
Thiago: - Não. Claro que não.
Gustavo: - Vim aqui em nome dos alunos da escola. Não poderia vir todo mundo... então... eles... mandaram esse buque de rosas.
Thiago: - Obrigado. São lindas. (pegando o buquê das mãos de Gustavo)
Gustavo: - A cirurgia foi boa? Digo... você está bem?
Thiago: - Estou ótimo.
Gustavo: - Eu... eu sinto muito Thiago. Por tudo. Queria ser essa pessoa forte que você espera, mas... queria que você me entendesse.
Thiago: - Eu também gostaria de ser compreendido. Afinal quem está recebendo ameaças sou eu.
Gustavo: - Entendi. Você seguiu em frente né?
Thiago: - Gustavo. Eu não quero brigar agora. Preciso ficar sozinho.
Gustavo: - Seu desejo é uma ordem. (saindo do quarto)
Chorei e fechei os olhos. Mil coisas passaram pela minha cabeça. Até que tive um estalo e sai correndo pelos corredores. Procurei o Gustavo e o encontrei entrando no elevador.
Thiago: - Gustavo!!!
Gustavo: - Thiago?!
Corri ao encontro dele e o beijei fortemente. Procuramos uma sala vazia e começamos a nos pegar.
Gustavo: - Thiago. Thiago. Sua cirurgia.
Thiago: - Não me importo. Eu quero você. Quero você agora. (tirando a blusa dele)
Gustavo: - Eu te amo. Te amo muito. (beijando Thiago)
Eu estava sentindo somente amor naquele momento. Fiquei pelado e o Gustavo teve todo cuidado para eu não sentir dor. Ele me penetrou de lado. Lágrimas escorriam de nossos olhos. De repente ele começou a meter forte e a me machucar. Olhei para trás e era um homem desconhecido.
Pessoa: - Assim que tu gosta né viadinho? Vou te fazer sangrar.
Thiago: (acorda assustado) – Nããooo!!!
Elizabeth: - Thiago? Tá tudo bem.
Thiago: (chorando) – Não. (abraçando Elizabeth)
Elizabeth: - Tudo bem meu querido. Estou aqui. Vai ficar tudo bem. Estou aqui.
Naquela tarde os meninos foram até o hospital. Era impossível não escutar esse povo chegando. As coisas estavam meio estranhas entre Kim e Bruno, mas mesmo assim eles foram me visitar.
Suzana: - Thiago. Menino. Você está horrível. Ainda bem que eu trouxe meu primer e algumas maquiagens.
Ludmila: - Ele acabou de sair de uma cirurgia. (pensando um pouco) – Usa a paleta número quinze.
Bruno: - Doeu muito?
Thiago: - Não muito. Eu estava dormindo. E me contem... o meu admirador secreto ainda na ativa?
Kim: - Não. Sumiu.
Suzana: - Fecha os olhos baby.... querem saber de uma coisa. Acho que essa pessoa é um viado incubado. E tem raiva de pessoas bonitas como... como... eu.
Bruno: - Porque agora você é viado. Tá certo.
Suzana: - Bruno. Pessoas iguais a mim são desejadas por essa sociedade. (passando uma esponja no rosto de Thiago). É a lei natural das coisas.
Alison: - Mas não descobriram nada até agora?
Thiago: - Nada.
Cristovão: (entrando no quarto) - Olha. Festa no apê. E quantas gatinhas. (piscando para Suzana que faz cara de nojo)
Suzana: - Olha. Os gremlins realmente existem.
Todos: - Suzana!!!
Thiago: - Gente. Esse é o Cristovão, meu companheiro de quarto e o irmão dele Cesar.
Suzana: (errando a maquiagem e fazendo um rastro no rosto de Thiago) – Cesar? (levantando) – Encantada. (estendendo a mão)
Kim: (olhando para Ludmila, esconde o sorrido com as mãos)
Cesar: - Prazer.
Thiago: - Gente. Esses dois são os meus companheiros desde quando cheguei aqui. Tratem eles bem.
Cristovão: (perto da Suzana) – Ei gatinha. Se importa com diferença de idade.
Suzana: - Oh querido. Se eu tivesse dois anos a menos. Seriamos da mesma idade e...
Ludmila: - Acho que você se enganou nessa matemática. Não seriam uns 30 anos a menos.
Suzana: - Hunf. Minha cútis é de bebê. Invejosa. AAAHHHH (olhando para o rosto de Thiago)
Thiago: - Tá vendo. Essa tua maquiagem...
Meu pai foi com Gustavo a delegacia de Crianças e Adolescentes. Elizabeth correu do hospital até lá. E ficou observando de longe. Eles assinaram os papeis e meu pai passou a se tornar o tutor legal de Gustavo. Isso fazia dele quase um irmão.
Dentro de uma sala escura. Os meus dois seguidores favoritos preparam aquele que estava destinado a ser o meu destino ‘final’. Eles capricharam em cada toque.
Pessoa2: - A gente podia raptar ele do hospital.
Pessoa1: - Você é um gênio. Claro. E ser pego pelas câmeras? A gente tem que usar o dia do baile. Esse viado vai pagar. Bem caro.
Pessoa2: - Adoro quando você fica bravinho. Pena que você não vale nada.
Pessoa1: - Como se você valesse alguma coisa.
Papai e Gustavo vinham conversando casualidades no carro. Até que ele viu uma mulher deitada na sarjeta. Ele imediatamente pediu para o meu pai encostar na esquina. O meu ‘irmão’ andou até ela e ficou horrorizado.
Gustavo: - Marta?
Marta: - Gustavo? Sai daqui seu peste.
Gustavo: - O que aconteceu? O que você fez?
Marta: - Deveria ter te matado quanto tive chance. Quando te roubei daquele hospital.
Gustavo: - Como assim? Que história é essa? (se aproximando)
Marta: - Isso mesmo. Te roubei. E deveria ter te matado. Mas não. Fui te criar. Te alimentar. Te dar amor.
Gustavo: - Como assim eu não sou teu filho? (chorando) – E de onde você me roubou?
Marta: - Sai de perto de mim!!! (correndo no meu da rua)
Gustavo: - Não. Mããe!!!
Marta: - Eu não sou tua mãe criatura!! Nunca fui. Eu sempre te odiei. Te usei para tentar seduzir uma pessoa, mas foi inútil. Eu te odeio. Eu quero que você e a tua mãe no inferno.
Gustavo: - Marta. Vem pra cá. Olha os carros. Mãe. Por favor... podemos pedir ajuda. Vem. (oferecendo a mão)
Marta: - Eu não tenho nada seu filho da puta. Culpa da vadia da tua mãe.
Hélio: (saindo do carro) – Gustavo.
Gustavo: - (Olhando para os carros em direção de Marta) – Por favor... (se aproximando dela). – Vem pra cá.
Marta: (agarrando a mão de Gustavo) – Não!! E você vem comigo.
Hélio: (agarrando a jaqueta de Gustavo) – Nãããooooo!!!
Marta se desequilibrou e caiu na rua. Não demorou muito para ser atropelada. Meu pai abraçou Gustavo com toda força e o impediu de ver o atropelamento de sua ‘mãe’.
Gustavo: - Não. Não. Mãe.
Hélio: - Calma filho.
Gustavo: - Eu não tenho ninguém seu Hélio.
Hélio: - Para de bobagem. Você tem a mim, tem aos meus filhos, seus amigos da escola. Essa mulher não te merecia filho. Ela tentou... Deus... ela tentou...
Meu pai acionou a polícia e precisou passar quase toda a noite resolvendo a situação. A mulher poderia ser louca, mas pelo Gustavo ele fez um esforço. Elizabeth chegou alguns minutos depois.
Elizabeth: - Gustavo.
Gustavo: - Professora. O que a senhora está fazendo aqui. (enxugando as lágrimas)
Elizabeth: - Preciso conversar com você.
Hélio: - Elizabeth. Esse não é o momento. E nem o lugar.
Elizabeth: (com lágrimas nos olhos) – Eu preciso Hélio. Não aguento mais. Está preso na minha garganta.
Hélio: Elizabeth. (pegando no ombro dela e fazendo sinal de positivo com a cabeça) – Estou ao seu lado, você sabe disso, mas precisa fazer sozinha. (indo até a sala do delegado)
Gustavo: - O que está acontecendo aqui professora?
Elizabeth: - Preciso te contar uma coisa... mas... por favor... me escuta sem fazer julgamentos. (chorando)
Quando eu era pequeno adorava ficar doente. Sempre tinha atenção de todos. Era o menino dos olhos da minha família e amigos.
Cristovão: - Dança comigo senhorita?
Suzana: - Claro meu senhor, mas espero que tenha mais de quinze dígitos na sua conta bancária. (conduzindo a dança)
Cesar: - Esse menino puxou ao irmão.
Alison: (no ouvido de Ludmila) – Quem diria que a Suzana tem coração?
Ludmila: - Quando ela quer... ninguém segura ela. Por isso que ela vai ser a nossa rainha.
Adorava a sopa que a minha mãe fazia. Ela me embrulhava e me sentia seguro, pois, sabia que ela faria qualquer coisa para me fazer sentir bem.
Thiago: - Obrigado pelas rosas.
Kim: - Que rosas?
Thiago: - A que vocês mandaram. Ali. Coloquei num vaso.
Kim: - Não sei do que está falando amigo. Não mandamos nenhum buquê.
Thiago: - Humm. Ok. (com um sorriso nos lábios)
E apesar das dores, do sentimento de derrota. A minha mãe sempre escolhia as palavras certas para me dizer, porém sempre chorava. Eu não entendia muito bem, mas depois percebi. Ela sofria junto comigo.
Gustavo: - Mentira. É tudo mentira.
Elizabeth: - Gustavo. Espera. Filho.
Gustavo: - Não me chama de filho. Minha mãe morreu. (correndo)
Elizabeth: - Gustavo!!!
Hélio: - Deixa ele. É muita informação para um único dia.
Sim. Ela sofria comigo, mas no final das contas, a minha mãe era o meu universo. No final da noite, depois da sopa de letrinhas, ela arrumava um espaço na minha cama e apenas deitava ao meu lado. Me vigiando enquanto eu dormia. E uma vez ou outra, escorria uma lágrima dos seus olhos, pois, ela preferia estar ali no meu lugar. Ter a minha doença.
Thiago: - Gustavo.
Gustavo: - (escorado na porta e chorando) – Eu preciso de você.
Thiago: - Meu pai contou. (abrindo um espaço entre as cobertas)
Gustavo: - (Chorando) – Me desculpa.
Thiago: - Tudo bem. Eu estou aqui. Eu estou aqui.
Cesar: (olhando Thiago e Gustavo)
Cristovão: - Quem está aí?
Cesar: - Ninguém. Vamos dormir.
Não dormi aquela noite. Passei toda a madrugada vendo o Gustavo dormir, ali em meus braços. Tão perto e ao mesmo tempo distante. Acariciei seus cabelos e senti sua respiração perto de mim. Ele chegou tão transtornado e parecia calma, em paz.
Cristovão: - Esse é o teu namorado?
Thiago: - Que susto menino. Não era para você tá dormindo?
Cristovão: - Vou no banheiro e o Cesar parece um urso dormindo.
Thiago: - Ok. Cuidado.
Cristovão: - Até daqui a pouco. (saindo do quarto)
Gustavo: - Bom dia. (olhando para mim.)
Thiago: - Bom dia.
Gustavo: - Desculpa por ontem. (se levantando)
Thiago: - É muita coisa para absorver. Você já sabe o que vai fazer?
Gustavo: - Não faço a mínima ideia. Quero dizer umas verdades para a Elizabeth...
Thiago: - Gustavo. Ela é tão inocente quanto você nessa história. A Marta roubou você dela.
Gustavo: - Mas...
Thiago: - Eu sei que você está confuso, mas tenta... não vai fazer nenhuma besteira.
Gustavo: - Ultimamente é o que eu mais tenho feito. Eu vou pensar. Eu prometo.
Thiago: - Vai para a escola?
Gustavo: - Não sei. Vou lá em casa e... (baixando a cabeça)
Thiago: - O que foi?
Gustavo: - Vou na sua casa e depois passo na escola. (saindo)
Thiago: - Gustavo?
Gustavo: - Oi? (olhando para trás)
Thiago: - Nossa casa. É a nossa casa.
Naquela manhã o médico foi me observar. Ele disse que reagi bem a cirurgia e que em breve voltaria para casa. Fiquei feliz com aquela notícia. Muitos parentes do Cristovão também foram ao hospital. Nunca vi tanta gente engraçada reunida, quer dizer... meus amigos são exceção.
Na escola faltavam menos de um mês para o baile. A Suzana se tornou uma ditadora. Todos já estavam ficando chateados com aquela situação. Ludmila era a mais irada e a única que confrontava a ‘rainha do baile’.
Ludmila: - Suh.
Suzana: - Graças a Deus que você está aqui. Olha. (mostrando tecido) – Combina com esses enfeites?
Ludmila: - Olha. É o seguinte.... (respirando fundo) – Você se tornou um mostro. Horrível. Sabe... nem o Godzilla é tão chato.
Suzana: - Ohhh, Deus.
Ludmila: - Calma é...
Suzana: - Quem colocou essas rosas vermelhas aqui?!! (batendo os pés no chão)
Ludmila: - Suzana? Você está ouvindo.
Suzana: - Ludi. Minha amiga. Ainda bem que eu tenho você. (chorando) – Ainda bem que tenho você. Estou dando tão duro para realizar os meus sonhos... digo... o nosso sonho.
Ludmila: - Amiga. Precisa se acalmar. Vamos para o refeitório. Por favor.
Gustavo tomou banho e chorou muito no banheiro. Ele se arrumou e desceu. Meu pai já o aguardava. Gustavo ficou assustado, pois, esperava levar uma bronca daquelas.
Hélio: - Gustavo. A partir do momento em que assinei aquele documento onde me tornava o teu tutor... eu... meio que me tornei um pai para você.
Gustavo: - E o senhor é. É o pai que eu nunca tive.
Hélio: - Eu não consigo imaginar a confusão na tua cabeça. A Elizabeth é uma boa mulher. Você precisa apenas ter calma.
Gustavo: - O problema é... que... quer... durante toda a minha vida. Eu nunca fui amado. Vim aprender sobre o amor com a sua família. Com o senhor. (abraçando Hélio)
Hélio: - Eu sei. E já te considero como meu filho.
Gustavo: - Eu quero conversar com a Elizabeth. Só não tô preparado. Tenho as provas e o nosso trabalho no baile. Preciso de...
Hélio: - Tempo. Eu conversei com a sua mã... digo... Elizabeth hoje e concordamos com isso.
Gustavo: - Obrigado por me entender.
Hélio: - Preciso te contar uma história Gustavo. Eu fui criança de rua. Minha mãe me largou com cinco anos. O pior de tudo é que eu não sei nem de onde eu sou. Me encontraram sem documentos ou alguma informação.
Gustavo: - Eu não imaginava.
Hélio: - Poucos imaginam. Eu tive todas as chances de me dar mal na vida, mas ao invés disse procurei crescer, estudei e hoje sou sócio de uma empresa de direito.
Gustavo: - Os seus filhos devem ter muito orgulho do senhor e...
Hélio: - Eu que tenho orgulho de vocês. Esqueceu que agora, eu sou teu pai. (abraçando o Gustavo).
Longe dali os passarinhos voavam em volta da nossa escola. O vento passava por todo canto. E o silêncio reinava. Até que.
Suzana: - Como assim!!! (gritando)
Alison: - O que foi?
Suzana: - Eu to com uma espinha nessa foto. Como pode?
Bruno: - Meu Deus. Lá vem a segunda guerra mundial.
Kim: (rindo)
Suzana: - Isso não é engraçado Kim. Perdi a coroa. Estava tão perto. Senti ela em minhas mãos. (erguendo os braços) – E agora ouço apenas minhas lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Jéssica: - Oi, Suh. Algum problema?
Suzana: - Não. Está tudo ótimo. (com um lindo sorriso no rosto)
Jéssica: - Aceita um bolinho? (tirando um cupcake de uma bandeja e dando para Suzana)
Suzana: - Vote em Jéssica?
Jéssica: - Não é genial? Ganho os votos e ainda por cima engordo as inimigas. Acho que você deveria ficar com uns cinco.
Suzana: - Eu... eu... (em estado de choque)
Ludmila: - Com licença Jéssica. A Suzana precisa organizar um baile. (levando Suzana a força)
Kim: - Nossa Alison. Foi a primeira vez que vi a Suzana não revidar. O negócio é sério.
Alison: - Vocês são completamente malucos. (indo para o lado oposto)
Bruno: - Kim... podemos convesar?
Kim: - Melhor não Bruno. Tenho muitas coisas para fazer e... (saindo correndo)
Bruno ficou triste com a indiferença de Kim, mas o próprio causou toda a confusão. Ele a amava, porém o medo de ser humilhado era mais forte. Em mesmo situação se encontrava o Gustavo. Ele chegou atrasado na escola, mas conseguiu assistir o tempo de português. No corredor ele encontrou a professora Elizabeth.
Elizabeth: - Gustavo.
Gustavo: - Olha. Eu não tenho nada contra você, preciso de tempo. Pode fazer isso por mim?
Elizabeth: - Tudo bem. Fico feliz em ouvir essas palavras. Podemos fazer algo no fim de semana?
Gustavo: - Tenho que ajudar uma senhora a reformar a casa dela. Não posso. Eu... só... tempo... ok. (fechando os olhos e saindo apressado)
Elizabeth: - Meu filho. Obrigado. (celular toca) – Alô?
Hélio: - Oi, Elizabeth. Tudo bem?
Elizabeth: - Tudo ótimo. E o Thiago? Prometi que o veria hoje.
Hélio: - Ele está bem. Adivinha. Ele me liberou hoje. Ele disse que pode ficar uma noite sozinho no hospital. Queria saber se a gente poderia sair junto.
Elizabeth: - Sim. Claro. Eu adoraria.
Hélio: - Te pego às 20h?
Elizabeth: - Perfeito.
Eu brincava de PS3 com o Cesar e Cristovão. Estávamos rindo bastante até que o meu amiguinho começou a passar mal e vomitou sangue. Eu fiquei desesperado com a situação, mas o Cesar agiu com calma e tranquilidade. Elevou a cabeça do irmão e o fez ficar calmo. Os olhos do Cristovão focaram em mim. Ele parecia agoniado. Desesperado.
Thiago: - Deus. (horrorizado)
Cesar: - Calma, parceiro. Tá tudo bem. Respira pelo nariz. Calma.
Cristovão: - (ofegante)
Thiago: - Acho melhor chamar uma enfermeira. Um médico.
Cesar: - Vai passar. Thiago. Com licença. (fechando a cortina)
Alison era um bom rapaz. Ele também era bolsista no Madre Tereza e começou a se entrosar no nosso grupo de amigos. Porém, o jovem escondia um segredo de nós. As coisas mudavam de figura quando o celular dele tocava.
Alison: - Alô?
Mulher: - Oi garotão? Tudo bem?
Alison: - Tudo gatinha e com você?
Mulher: - Perfeito. Quer algo para hoje?
Alison: - É aquele preço. Você sabe.
Mulher: - Querido. Com um documento igual ao seu. Eu pago o dobro.
Alison: - Onde vai ser?
Mulher: - No meu apartamento. Onde te pego?
Alison: - No mesmo local de sempre. Te espero lá.
Sim. A minha amiga Ludmila teria um baque quando descobrisse a verdade do seu namorado. Ela e Suzana decidiram ver os últimos preparativos para a festa de Agosto.
Suzana: - Vou levar o resto do dinheiro no escritório nessa sexta. Fica faltando apenas pagar a banda que somos nós. Acho legal a gente marcar um jantar ou algo.
Ludmila: - Pode ser.
Suzana: - Olha quem não me cortou.
Ludmila: - Como assim?
Suzana: - Sempre quando falo uma besteira você joga uma piadinha. Fiquei triste agora. O que foi?
Ludmila: - Estou feliz.
Suzana: - Imagina você num velório então... Vamos fala para mim. O que aconteceu?
Ludmila: - Na minha vida sempre enfrentei a indiferença da minha mãe. Você sabe como ela é. Então... o Alison me trata de uma maneira tão especial.
Suzana: - Alguma coisa não me cheira bem nesse boy. E eu juro que não é o desodorante dele.
Ludmila: - Eu sei. Por isso quero ter cuidado.
Suzana: - Sabe que sempre estaremos do teu lado.
Ludmila: - Eu sei.
Após o susto o Cristovão dormiu. O Cesar foi tomar banho e voltou com uma roupa de enfermeiro. O convidei para sentar na cama.
Cesar: - É a parte boa de virar amigo das enfermeiras. (puxando a camiseta)
Thiago: - Eu fiquei tão preocupado. E você agiu tão bem.
Cesar: - (pegando na mão de Thiago)
Thiago: - Está tremendo.
Cesar: - É difícil. (soprando o ar)
Thiago: - Não imagino o que é passar por isso.
Cesar: - Ter você aqui facilita mais as coisas sabia. Antes de você chegar ele estava tão triste. Você deu um sopro de ar.
Thiago: - (ainda segurando a mão de Cesar) – Ei. Fico feliz por colaborar, mas acho que ele não precisava de muito. Ele tem você.
Cesar: (encostando a cabeça no ombro de Thiago) – Posso ficar assim um pouco?
Thiago: - Pode sim.
O que significava aquilo? Eu estava gostando do Cesar? Ele de mim? Minha vida já tava realmente complicada, não precisava de algo a mais para bagunçar tudo.
A professora Samira era a mais animada com a chegada do baile de Agosto. Ela reuniu todos os alunos no auditório e falou sobre as regras da festa.
Samira: - Oi. Oi, som. (microfonia) – Desculpa. Testando.
Suzana: - (rindo) – Imaginei ela batendo com a cabeça no microfone.
Ludmila: - Suzana.
Suzana: - Fiquei com pena do microfone.
Samira: - Então. Como vocês sabem, depois das férias de julho temos o nosso baile de Agosto. Esse ano temos algumas novidades, entre elas destaco a escolha do rei e rainha da nossa escola.
(todos aplaudem)
Samira: - Antes de tudo. Quero chamar a nossa coordenadora e também candidata a rainha, Suzana.
(todos aplaudem)
Meninos: - Gostosa. Eita lá em casa. (assobios)
Suzana: - Gente. Parem. Deixem esse amor todo para o dia da eleição. Vamos lá. O tema do baile este ano será, ‘Azul da Cor do Mar’. Meninas já sabem, vestidos de todas os tons e azuis possíveis.
Alison: (falando para Bruno) – Pior que para as mulheres existem cinco milhões de azuis.
Bruno: - Verdade. Palhaçada.
Suzana: - E a atração musical ficará por conta da nossa banda ‘Gotas de Júpiter’, também conhecida em alguns lugares pelo nome de ‘Suzana e os Suzanetes’. (aplaudindo)
Ludmila: - Ela... ela... não fez isso.
Kim. (com a mão no rosto): - Ela não existe.
Naquela noite, meu pai chegou cedo em casa e correu para o banheiro. Tomou banho, barbeou-se e aparou os outros pelos indesejados. Só de toalha ele ficou olhando seu reflexo no espelho. “Nossa quanto o tempo passou”.
Do outro lado da cidade, a professora Elizabeth fazia três coisas ao mesmo tempo: maquiagem, chapinha e unhas. Ela tem certeza que o tempo foi generoso, pois, muitas de suas amigas de infância estavam totalmente diferentes. Elizabeth parecia a mesma menina radiante de 16 anos atrás.
Ele foi pontual e um verdadeiro cavalheiro ao abrir a porta do carro. Elizabeth sorriu e achou linda a atitude. Eles foram conversando sobre coisas rotineiras até o restaurante.
Elizabeth: - Obrigada. Por tudo.
Hélio: - Não precisa agradecer. Se algo do tipo acontecesse ao Thiago ou Alex gostaria que alguém fizesse o mesmo.
Elizabeth: - Bonito, inteligente, caridoso e um bom homem. Suas qualidades só aumentam Hélio.
Hélio: - E você é uma mulher tão linda. Eu nunca... faz tempo que não me sinto dessa forma. (se aproximando do rosto de Elizabeth)
Elizabeth: - Eu também.
Meu pai deu seu primeiro beijo em cinco anos. Ele parecia um jovem, seu coração palpitava, as palmas das mãos suaram e não podia acreditar no que estava acontecendo.
Faltavam menos de uma semana para o início das férias, ou seja, 15 dias sem fazer nada. E quase um mês para o início do baile. As rainhas e reis da escola já haviam sido escolhidos e Suzana resolveu chamar o Renato para ser seu par na festa.
Renato: - Puxa gata. Infelizmente a Jéssica me chamou.
Suzana: - Tudo bem querido. Deixa eu ir.
Renato: - Suh.
Suzana: - Oi.
Renato: - Tenho certeza que você já ganhou. Se tivesse me chamado antes.
Renato era um dos mais gatos e ricos da escola. Todas as meninas disputavam a atenção dele e Suzana ficou decepcionada ao perder um de seus trunfos mais importantes, ainda mais para a Jéssica.
Suzana: - Aquela vaca... egoísta... que ódio.
Ludmila: - Calma. O que temos hoje?
Suzana: - Aquela vaca da Jéssica convidou o Renato para ser o par dela e...
Ludmila: - O Renato? Gente, eu pensei que vocês dois estavam ficando.
Suzana: - Ficamos nas férias. Fomos fazer um tour na Europa. Por isso pensei que ele ia me chamar.
Ludmila: - Verdade. Tem lógica. Agora precisamos massificar tua campanha. Não quero que aquela loira oxigenada ganhe.
Suzana: - Falou e disse irmã. (estalando os dedos)
Alex e Gustavo foram até o hospital me visitar. Conversamos sobre muitas coisas, percebi que o Gustavo tava mais leve, espontâneo. O Cesar chegou e o convidei para ficar com a gente.
Alex: - Gente eu preciso ir. A Giovana está me esperando no shopping. Até mais. (saindo)
Gustavo: - Então... Cesar. Você não estuda?
Cesar: - Ainda não. Pedi da minha mãe para estudar no Santa Tereza quando essa situação passar.
Thiago: - Sério?
Cesar: - Hum rum.
Thiago: - Que massa.
Gustavo: - Mas será que você vai conseguir? Afinal mudar de escola é sempre difícil.
Cesar: - Eu conto com a ajuda de vocês.
Thiago: - Claro. A gente estuda até não aguentar mais.
Gustavo: - É. Conta com a gente. Eu preciso ir também. A Barbara está me esperando. (saindo do quarto) – Idiota. (batendo na parede)
Thiago: - Eu... eu... queria ficar só. Você se incomoda?
Cesar: - Não. Vou pegar o Cristovão na quimio.
O Gustavo sabia como me machucar. Ele era um tremendo idiota quando queria. Por outro lado entendia ele. Para mim as coisas foram sempre fáceis. Finalmente recebi minha alforria do hospital. O médico apenas me indicou alguns remédios e cuidados extras. Voltei para a escola e entreguei todos os trabalhos que me passaram. Graças a Deus consegui uma boa média. O meu admirador também parou de fazer provocações o que me deu um sossego. Ocasionalmente visitava o Cristovão e saia com o Cesar.
Escolhemos o repertório para o baile de agosto e começamos os ensaios do show. Entre as canções estavam ‘Toda forma de amor’, ‘Drops of Jupter’, ‘I Just a Kid’, ‘Mulher de Fases’, ‘Só os loucos sabem’.
Para a minha surpresa meu pai me presenteou com uma viagem para os Estados Unidos. Era tudo o que eu precisava mudar de ares. Aproveitei as férias de julho para me recuperar fisicamente e psicologicamente. Durante 15 dias esqueci de tudo e me concentrei na viagem. Em alguns momentos olhava para a tela do meu celular e via minhas fotos com o Gustavo.
Meu amigo Jonh que era um excelente saxofonista decidiu me acompanhar na viagem. Na verdade a gente ficou algumas vezes, porém agora ele tinha um relacionamento sério.
Thiago: - As coisas poderiam ter sido mais simples. Eu te amo. Te amo tanto.
Jonh: - (pega na costa de Thiago) - Vamos?
Thiago: - Vamos. Hoje vamos a praia de Santa Mônica?
Jonh: - Claro, baby. Vamos. Estava pensando em alguma coisa ou alguém?
Thiago: - Não. Em nada especial
Olhei para o mar, senti o vento no meu rosto e meu coração ficou pequeno. Apesar de tudo, o Gustavo ainda morava dentro de mim. Ouvi uma melódia conhecida, do musical 'Grease'. E cantei baixo a canção:
https://www.youtube.com/watch?v=lR93L8sUMNg (canção do episódio)
Thiago:
Acho que meu coração não é o primeiro a ser partido
Meus olhos não são os primeiros a chorar
Não sou o primeiro a saber
Que não da pra te esquecer
===================
Pego as malas para ir ao aeroporto e encontro Gustavo na sala. A gente se olha e se aproxima. Ele sorri, eu também. O abraço e sinto o seu cheiro. Nesse momento imagino todos os nosso bons momentos juntos. A gente rindo, contando piadas e nos beijando.
Thiago: - (olhando no retrovisor do carro) - A viagem vai fazer bem para você.
==================
Ludmila:
Eu sei que sou um tolo que quer
Ficar sentado aqui e esperar você
Mas, amor, não dá pra perceber
Que não há mais nada pra eu fazer?
Eu estou desesperadamente devota a você
================================
Ludmila sentiu rejeitada nas férias, pois, Alison tinha que trabalhar diariamente. Ela procurava entender os motivos, mas ficava incomodada. Cerca noite, ela esperou por duas horas na frente do cinema, então desistiu. Ele ligou no dia seguinte pedindo desculpa e que havia dormido no sofá de casa.
Alison: - Me perdoa amor. Te amo. (desligando o telefone)
Mulher: - Essas meninas apaixonadas ainda acreditam em garotos como você?
Alison: - Ela é diferente. Pode me dar o dinheiro. Por favor.
Mulher: - Querido. Só tome cuidado, essa história pode acabar mal. (entregando o dinheiro)
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Bruno:
Mas agora
Não há mais lugar para se esconder
Desde que você rejeitou o meu amor
Estou ficando louco
Desesperadamente devoto a você
Desesperadamente devoto a você
Desesperadamente devoto a você
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Bruno manteve a cabeça focada no futebol. Ele também decidiu viajar para o acampamento esportivo. Longe, ele pensou e avaliou todas as opções, mas nenhuma delas dava coragem para o meu amigo seguir seu coração.
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Kim:
Minha cabeça esta dizendo"boba, esqueça-o"
Meu coração esta dizendo"não deixe ele ir
Segure-o até o fim. "
E e isso que eu pretendo fazer
Eu estou desesperadamente devota a você
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A Kim tentou, mas não conseguia tirar Bruno de seu coração. Ela conversou com a Ludmila.
Ludmila: - Amiga que chato. Olha vou puxar a orelha do Bruno.
Kim: - Não. Isso é entre nós dois. Eu gosto tanto dele, nunca pensei que ele fosse gostar de mim.
Ludmila: - Eu também tô preocupada com o Alison. Ele trabalha tanto. Queria arrumar uma solução para isso. Ei. Você sabe onde a Suzana foi?
Kim: - Não. Deve ter sido Roma, Grécia, Itália. (rindo)
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Cesar:
Mas agora
Não há mais lugar para se esconder
Desde que você rejeitou o meu amor
Estou ficando louco
Desesperadamente devoto a você
Desesperadamente devoto a você
Desesperadamente devoto a você
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Cesar canta olhando para a cama que era minha. Vazia. Ele sorri ao olhar para o outro e lado. Suzana decidiu fazer uma visita e dançar com o irmãozinho dele. Cristovão parecia feliz. Eles riram durante toda a tarde.
Suzana: - Ainda estou esperando a tua conta ficar nos 15 milhões.
Cristovão: - Para moças bonitas como você, sempre o melhor.
Suzana: - Meu garotinho. (abraçando e beijando a cabeça de Cristovão)
Acho que este ano trouxe o melhor e o pior de nós. Mas ainda faltava um pouco para ele acabar.
Pessoa1: - Está tudo pronto. Vai ser na noite do baile.
Pessoa2: - Já preparei o bug no sistema de câmera da escola.
Pessoa1: - Aproveita Thiago. Aproveita que o teu fim tá próximo.