- Por favor, Antoine, eu preciso conversar contigo.
- Jujuba, desculpa, mas eu ainda não quero falar contigo. Não quero brigar!
- Quem é, amor? – Perguntou o Bruno vindo do quarto sem camisa. – Ah, oi, Jujuba!
- Oi, Bruno! Antoine, por favor!
- O que está acontecendo, amor? – Ele me perguntou.
- A Jujuba quer conversar e eu não quero muito não.
- Jujuba, pode sentar, fica à vontade. Mozão, tu podes vir aqui um minuto?
- Claro!
Nós fomos ao quarto.
- Mozão?
- É, eu queria marcar meu território. – Ele falou meio envergonhado.
- Mozão? Gostei! Achei bonitinho!
- Sério?
- Unrum! Pode me chamar assim! E amor, tu ficas lindo com vergonha. – Eu disse dando um selinho nele.
- Mozão, conversa com ela, acaba logo com essa briga de vocês, não tem nenhum motivo ficar nessa situação, te livra dessas confusões.
- Ah, amor, mas nós chegamos praticamente agora de Fortaleza, eu não queria já ir me estressando, eu queria prolongar o máximo possível aquele clima que tínhamos lá.
- Ooo meu amor, eu sei, mas conversa com ela, vê o que ela quer falar pra ti, e lembra: quando um não quer, dois não brigam. Vai lá, vai!
- Tá! Eu vou!
- Isso aí! – Eu disse virando as costas pra ele.
- Ei, espera aí! – Ele disse me puxando pelo braço.
- O que foi?
- Eu quero isso antes de tu ires para lá. – Ele disse me abraçando e me dando um beijo.
Não sei quantos minutos demorou aquele beijo, mas foram muitos. Nós encerramos o beijo e eu fui para a sala. Quando eu cheguei lá, a Jujuba estava sentada com os cotovelos apoiados nas pernas e a cabeça estava afundada nas mãos.
- Oi! – Eu disse de forma seca.
- Oi, amigo!
- O que tu queres falar comigo?
- Antoine, não fala assim comigo!
- Jujuba, tu querias que eu falasse como depois de tudo o que tu fizeste?
- Eu sei que eu errei! Eu sei que eu passei do limite! Eu sei que eu te magoei! Mas, eu tô arrependida, amigo, esses dias que tu ficaste fora, esses meses que a gente tá sem se falar estão me matando, tu sabes que tu não és somente meu amigo, tu és meu irmão, minha família nessa cidade. Tudo o que eu fiz era só pra te ver feliz. Eu acreditava que tu serias feliz ao lado do Thi, mas hoje, te olhando agora, eu sei que não é isso. O jeito que o Bruno te trata, o jeito que tu falaste agora com ele, eu percebo o quanto vocês se gostam, eu não tenho nada contra o Bruno, tu sabes disso. Eu só achava que ele estava te atrapalhando, atrapalhando a tua volta com o Thi, eu não enxergava o bem que ele te fazia. Desculpa, amigo, de verdade. Eu não quero mais ficar sem falar contigo, eu não quero mais ter que ficar perguntando para os outros pra saber como tu estás e o que tu andas fazendo. – Ela saiu falando feito uma metralhadora e as lágrimas acompanharam o ritmo da fala dela.
- Jujuba, eu não estou com raiva de ti. Eu estou decepcionado! Eu nunca poderia imaginar que tu farias algo assim. Eu nunca iria pensar que um dia tu irias conspirar contra a minha felicidade. Eu sei que o Thiago estava sofrendo, mas tu pensaste em algum momento em mim? Toda história tem dois lados, Jujuba, e infelizmente tu só ouvias um lado. Será que em algum momento tu chegaste a pensar em como eu me senti ao ver o Thiago com um cara, na casa onde a gente transou pela primeira vez, na casa onde ele fez juras de amor eterno? Será que tu chegaste a pensar em como eu me senti sendo ignorado pela pessoa que eu amava durante todo um dia? Será que tu pensaste em como ficou o meu coração? Será que tu não pensaste que se eu não queria voltar com o Thiago era por que a ferida foi profunda demais dentro de mim? Será que tu realmente querias a minha felicidade ou seria somente a felicidade do Thiago?
- Eu sei que eu não pensei em ti, mas quando eu descobri o que ele estava passando eu me foquei em tentar tirá-lo do vício. Eu não queria que meu amigo terminasse como um viciado que só come por que as pessoas na rua dão algum trocado.
- Eu sei, Jujuba! Eu entendo o quão deve ter sido difícil para ele, mas nada, nada justifica o que ele fez. Se ele estava tendo problemas por que não me procurou? Quer dizer que eu não passava de um idiota que só servia para fazer sexo? E a confiança, onde fica?
- Antoine, me desculpa, por favor! – Ela estava em prantos.
Ver minha irmã daquele jeito me abalou. Eu não estava com raiva, eu só estava chateado, magoado, decepcionado com ela. Eu fui até ela e a abracei. Ela colocou o rosto no meu pescoço e chorou até não querer mais.
- Me... perdoa... por... favor! – Ela falava soluçando.
- Jujuba, eu nunca quis ficar brigado contigo, foste tu que criaste toda essa confusão.
- Eu... sei! Me... perdoa!
- Eu já te perdoei, mas não espera que a nossa amizade volte a ser como era antes rapidamente, isso vai demorar. Eu não vou mentir para ti, eu ainda estou muito magoado contigo.
Foi eu falar isso e aí que ela se acabou no choro. Nós ficamos abraçados até ela se acalmar.
- Cadê o Bruno? – Ela perguntou depois de já ter se acalmado.
- Ele está lá no quarto.
- Chama ele, eu devo desculpas a ele também.
- Espera aí!
Eu fui até o quarto e ele estava deitado na cama assistindo televisão. Eu fiz que nem ele fazia comigo, me joguei em cima dele.
- Ai! Perdi algum órgão! – Ele reclamou.
- Tá vendo como é bom?
- Bom é isso! – Ele disse me abraçando e cheirando meu pescoço, eu me arrepiei todinho.
- Opa, a gente não pode fazer isso, a Jujuba está lá na sala.
- Ainda?
- Sim! Ela pediu para eu vir te chamar, pois ela quer falar contigo.
- Comigo?
- Isso! Vamos lá?
- Tá! – Ele disse se levantando.
Nós fomos para sala.
- Aí, amor, tá doendo.
- Desculpa! – Eu disse abraçando meu namorado.
A Jujuba ficou nos observando do sofá. Nós fomos ao encontro da minha amiga, e o Bruno foi logo falando com ela.
- Tudo bem, Jujuba? Quer dizer, desculpa... Juliana.
- Tudo, Bruno! Pode me chamar de Jujuba, não tem problema! Na verdade eu queria te pedir desculpas por eu ter te tratado tão mal, mas eu só queria ver meu amigo feliz. E agora eu vejo o quanto ele está feliz contigo. Desculpa mesmo, Bruno.
- Não tem nada que pedir desculpa, não, Jujuba! Eu te entendo! Não tenho a mínima raiva de ti, pode ficar despreocupada, de verdade!
- Mesmo assim, Bruno, eu não poderia ter falado daquele jeito contigo. Desculpa mesmo! – Ela voltou a chorar.
- Me dá um abraço!
Ele foi em direção a minha amiga.
- Amigos? – Ele perguntou enquanto a abraçava.
- Amigos! – Ela respondeu em meio a um mar de lágrimas.
Eles se separaram e o Bruno veio me abraçar por trás e assim nós ficamos. Acho que o Bruno realmente queria mostrar para a Jujuba que nós estávamos muito bem juntos, que não tinha razão para ela não aceitar nosso namoro.
- Antoine, só falta tu me perdoar. – Ela disse.
- Jujuba, eu já te perdoei, mas como eu te disse, nossa amizade pode demorar um pouquinho para voltar ao normal. Eu mudei nesse período que nós ficamos afastados, tu mudaste, aos poucos tudo vai voltando ao normal.
- Tudo bem, então! – Ela disse se levantando e limpando as lágrimas que ainda caiam – Eu já vou indo.
- Tu não vais ao barzinho?
- Não! Eu nem sabia que vocês iam para lá!
- O Dudu não te chamou?
- Não! Com certeza ele pensava que se eu fosse teria mais briga. – Ela disse aos prantos.
Eu entendia o que ela estava passando, ela estava se sentindo excluída do nosso grupo. Estava se sentindo sozinha.
- E tu não queres ir com a gente?
- Não! Eu acho melhor ir para casa!
- Tem certeza?
- Tenho sim! Até outra hora! – Ela disse indo em direção a porta.
- Ei, Jujuba! – Eu fui até ela e a abracei – Eu não estou com raiva de ti, tá?
- Tá, bom!
Ela foi embora e o Bruno me abraçou por trás novamente.
- Gostei de ver! Gostei da tua atitude em chamá-la para ir ao barzinho conosco.
- Achei ela muito deprê, eu nunca tinha visto a Jujuba assim.
- Pra ti veres o quanto tu és importante para ela! Mas, agora vamos nos arrumar que daqui a pouco o Dudu já tá ligando enchendo nosso saco. – Ele beijou meu pescoço.
Ele foi o primeiro a tomar banho e depois eu fui. Nós nos arrumamos, fechamos todo o apartamento e fomos rumo ao barzinho. Nossa conversa com a Jujuba demorou bastante, pois quando saímos de casa já ia dar 23h.
- Mozão, será que o Thiago vai estar lá?
- Não sei, amor! Mas se estiver, não precisamos nos policiar em nada, viu?
- De verdade?
- Unrum!
- Te amo, sabia?
- Também te amo!
- Tô com vontade de parar esse carro e te beijar.
- Não, senhor! A gente faz isso mais tarde, se a gente se atrasar mais ainda o Dudu vai fazer o maior drama.
- E é exatamente por isso que eu não vou parar...
- Sei! – Eu disse dando risada dele.
Quando nós chegamos no bar, estavam todos lá, inclusive o Thiago. Como o Dudu não chama a Jujuba e chama o Thiago?
- E aí? Demoraram, viu? Vocês já estavam se pegando? Os dias em Fortaleza não foram suficientes, não?
- Deixa de ser doido! Eu estava resolvendo um probleminha.
- Que probleminha?
- A Jujuba!
- E aí? Já estão se amando novamente?
- Ainda não, mas já nos acertamos.
- Que bom!
- Agora, como tu não chamas a Jujuba e tu chamas o Thiago?
- E quem disse que fui eu que chamei esse doido? O Carlinhos que o trouxe!
Ai, Jesus! O Carlinhos? Há quanto tempo eu não o via. O que será que ia acontecer naquele bar? Nós nos sentamos na mesa e as meninas vieram me abraçar.
- Nossa, mas que bronze todo é esse? A tua tia morava em uma praia por um acaso?
- Morava! – Eu disse caindo na gargalhada
Nós nos sentamos e o Thiago E o Carlinhos não tiravam os olhos de mim e do Bruno.
- Boa noite! – Bruno e eu os cumprimentamos.
- Boa noite! – Somente o Thiago falou conosco.
Nós nos sentamos e o Dudu resolveu pedir uma torre de chope. A noite era de reggae, e eu simplesmente AMO reggae, portanto a noite estava agradabilíssima. Nós fomos bebendo, bebendo. O Bruno sempre ao meu lado, a conversa rolava mais entre Dudu, Pam, Bruno e eu. Bruno e eu contamos como foi nossa viagem, não entramos em muitos detalhes, pois o Thiago estava lá. Em um determinado momento, a Pam, que estava sentada na minha frente, se levanta e vai ao banheiro. Nesse momento, o Thiago aproveita para sentar no lugar dela. Quando ela volta, ela é meio obrigada a sentar ao lado do Carlinhos, pois o Thiago não manifestou a mínima vontade de sair do lugar dela.
A noite foi passando e a gente foi bebendo, o único que não estava bebendo muito era o Thiago. Depois de várias torres, a banda começou a tocar a música “Novo Começo” da Chimarruts. O Thiago começou a cantar, e a cantar bem alto. Ele não olhava para mim, mas todos naquela mesa sabiam o motivo dele estar cantando com tanta vontade aquela música.
“Mil desculpas eu peço
Por não saber dizer adeus direito
Bem que tentamos, fizemos planos
Mas nossos ideais não são mais os mesmos
Talvez não fale de amor
Mas é algo que eu sinto dentro
Feito flor
Que perde o perfume com o tempo”
Nesse momento o Bruno sussurrou no meu ouvido.
- Isso é sacanagem demais! Ele está pedindo uma surra.
- Não faz nada, amor! Por favor!
- Ele pensa que eu sou o que? Eu sou paciente, mas ele já está indo longe demais.
“Que esse fim não traga dor
Pois é apenas um novo começo
Dois são um agora
Guarde as tardes de sol no teu coração
Veja, agora ando só
Tentando desatar os nós
Me livrar das amarras difícil chegar aqui
Esqueça a dor e leve o beijo
E o gosto da nossa história
E saiba que daqui por diante
O eterno contigo, contudo quero dividir”
- Isso é o meu limite! Vamos embora! – Ele disse se levantando subitamente
O Bruno estava visivelmente irritado e chateado.
- Vamos! – Eu me levantei também.
O Dudu se levantou meio cambaleando e veio até nós.
- Não vão ainda!
- Se eu ficar eu vou quebrar a cara daquele idiota. Quem ele pensa que é para dar em cima do Antoine assim, na minha frente?
- Calma, amor! – Eu disse pegando na mão dele.
- Calma, nada, Antoine! Esse é meu limite! Tu vais comigo ou vai continuar aí com o Dudu?
- É claro que eu vou contigo!
Com certeza o Thiago escutou o que falamos, pois eu ainda pude ouvir a Pam o xingando de várias coisas. Eu não olhei para trás e segui o Bruno que já estava indo ao caixa pagar o que tínhamos consumido. Ele pagou tudo, não deixou nem eu abrir minha boca. Ele pegou na minha mão e nós fomos para o carro, eu estava que nem aqueles moleques quando fogem de casa e o pai vem buscar e sai arrastando a peste pelos braços. Como ele estava chateado, não falei nada e só o acompanhei até o carro. Nós entramos e ele foi dirigindo até um determinado momento em silêncio, quando a gente já estava quase chegando em casa ele resolveu falar.
- Desculpa, amor! Eu não devia ter agido daquela maneira. Desculpa!
- Meu amor, não tem nada do que te desculpar, eu te entendo, tu não poderias ser paz e amor o tempo todo, né? E ele abusou também.
- Não está com raiva de mim?
- Claro que não! Não tenho nenhum motivo para isso!
- Eu te amo! Te amo! Te amo!
- Eu também te amo, seu bobo!
Quando eu digo que nossa relação era madura, era por que nós quase nunca brigávamos, sempre um apagava a ira do outro. Nós sempre tentávamos entender um ao outro e consequentemente quase não havia espaço para brigas entre nós.
- Antoine, essas nossas pequenas férias serviram para me mostrar a dimensão do meu sentimento por ti. Eu te amo demais, eu acho que já não saberia viver sem te ter ao meu lado. Eu nunca senti algo tão intenso por alguém, nem pelo Jean eu sentia isso. Tu, hoje, és a pessoa mais especial na minha vida. É por ti que eu acordo todos os dias, é por ti que eu batalho todos os dias. Quando eu acordo e te vejo dormindo ao meu lado eu sinto que eu sou o homem mais feliz desse mundo. Contigo minha felicidade plena. Eu não quero só namorar contigo, eu não estou pedindo agora, mas vai chegar um momento que eu vou querer me casar contigo, e isso não vai demorar muito. Eu quero poder acordar todo dia ao teu lado, eu quero dividir as contas contigo, quero dividir as alegrias, as tristezas, os momentos ruins e os bons, quero dividir minha vida contigo. Quero poder demonstrar todos os minutos o tamanho do amor que eu sinto por ti.
Eu não podia fazer nada além de me acabar em lágrimas com o que ele havia me dito. Que declaração mais linda
- Tá, chorando? – Ele me perguntou enquanto parava o carro em alguma rua perto de casa.
- Eu também te amo muito, Bruno! E eu quero as mesmas coisas que tu! Eu quero poder te amar durante todos os minutos, as horas, os dias e os anos da minha vida.
Ele tirou o cinto de segurança e veio para cima de mim. Nosso beijo tinha tanto amor que ele tinha um sabor especial, nossos corações estavam acelerados, nós já estávamos chorando.
- Quer casar comigo? – Ele disse colando a testa dele na minha, encerrando nosso beijo e me olhando fixamente nos olhos.
AGRADECIMENTOS
Boa noite, gente!!! Como estão?
Olhem, sinceramente, eu estou com vontade de matar o filho da puta que criou o sábado letivo, não tinha o que fazer, não? Porra! Acreditam que agora que eu estou chegando em casa? Sai de casa às 7h e só estou voltando às 19h. Ooooo vidaaa!! Portanto, por isso e somente por isso, hoje não responderei aos comentários de vocês, preciso deitar um pouquinho.
Eu estou querendo ver se eu, agora no feriado da semana santa, deixo alguns capítulos salvos em rascunho, assim eu poderia publicar todos os dias de onde eu estiver, e consequentemente, não deixaria vocês sem capitulo fresquinho. Mas ver como fica meu feriado, né?
Senti que muita gente tem deixado de comentar, o que está acontecendo? É minha ausência que está levando vocês a isso? Tô triste com isso! :( :( ;(