Três meses se passaram, Ana colocou o nome dele Ariel, nome de um anjo, nós estávamos tão bem, alegres mesmo, felizes.
Eu estava ajudando ela em tudo e fazia com o maior prazer, amava aquela fofura de bebê.
Ele estava com 3 meses.
Eu havia ido para sua casa, no momento, ela estava dando banho e eu ajudando...
Eu: Que banho gostoso! - Falei com voz de bebê.
Ela o pegou com a toalha... - Vamos para o quarto.
A gente foi e ela o deitou na cama, foi pegar uma roupinha e eu fiquei secando ele, era tão lindo, sentia um carinho enorme.
Vestimos ele e ela foi tomar banho, deixando-o comigo, sentei em uma cadeira de balanço e o coloquei para dormir.
Ela saiu do banheiro e ficou me olhando...
Eu: O que foi?
Ela: Acho lindo a maneira como você cuida dele!
Eu: O amo como também te amo.
Ela me abraçou e deu um beijo na minha bochecha.
Ela: Bota ele no berço e vamos comer algo.
Eu: Sim, estou mesmo faminto.
Cheguei a cozinha e ela estava colocando um copo de suco, quando o copo caiu de repente de sua mão.
Eu: Nossa que susto!
Ela: Estou toda arrepiada, olha... - Me mostrou o braço.
Eu: O que foi?
Ela: Um pressentimento ruim.
Eu: Deixa de besteira, nada de mal vai acontecer.
Longe dalí...
Olli narrando.
Etávamos eu e Paulo conversando com o alguns colegas quando o delegado aparece falando que houve denuncia de roubo, uma quadrilha invadiu a casa de um ricaço.
Nós entramos nas viaturas e fomos a caminho!
Chegando lá, eu e Paulo ficamos em silêncio, essa era a ordem, pegar de surpresa, segundo falaram a casa estava vasia, sem vítimas então era mais fácil agir.
Descemos das viaturas quando um tiro soou alto, foi um susto para todos, com certeza deixaram algum vigiando, ou alguns...
Atiramos de volta, os tiros aumentaram, ouviram lá de dentro, ouviamos as gritarias deles enquanto atiravam...
Pessoas estavam chegando nas ruas, nós estavamos mandando se afastarem. O delegado gritou: Vamos negociar, se rendam, não tem mais saída para vocês.
Eles não responderam.
Uma garotinha se aproximou, eu corri para afastá-la, Paulo continuou atrás da viatura, atirando.
Eu: Não se aproxime, é perigoso! - Ela deveria ter uns 12 anos, era para saber que não deveria estar alí.
Quando ia voltando de frente para eles a garotinha me chamou e eu me virei, achei que tinha acontecido algo...
Paulo: Olliver, não.
Ele correu e tomou minha frente, recebeu um tiro nas costas, caiu nos meus braços olhando para mim.
Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, era para o tiro ser em mim.
Eu: Paulo?
Ele caiu no chão, comigo segurando-o, fiquei com ele nos braços.
Pegaram um deles também, na verdade não estava mais nem aí para nada, não prestava mais atenção.
Eu: Paulo, não se preocupe vai dar tudo certo, vou chamar uma ambulância ok?
Ele: Não, não vai precisar, não vou aguentar.
Eu: Não fale besteira.
Ele: Eu sei Olli, só diz para a Ana que eu a amo e ao nosso filho.
Ele virou a cabeça, estavamos cobertos de sangue, liguei, chamei uma ambulância, eu simplesmente não acreditava que meu melhor amigo havia morrido em meus braços, era demais para mim.
Um dos meus amigos correu até nós...
Ele: Atiraram em dois, o resto se rendeu, Como ele está?
Eu: Não sei, chamei a ambulancia.
Eu poderia ter conferido mas tinha medo!
Ele pegou em seu pulso, verificou o ar, tudo!
Olhou para mim assombrado...
Eu: Não. Tenho certeza que ainda pode ser feito algo!
A ambulâmcia chegou, olharam ele, fizeram de tudo para reanimar, já era, cobriram ele...
Aquilo não estava acontecendo, era um pesadelo, a esposa e o filho dele ficaram em casa esperando-o, o que iria falar?
Fiquei andando de um lado para o outro, o delegado veio até mim... - Mantenha a calma!
Eu: Este tiro era para ser dado em mim!
Ele: Mas essas coisas acontecem!
Eu: E como vou contar a esposa dele agora?
Eu estava arrasado, destruído.
Longe dalí...
Fui deitar um pouco com Ana, acabei pegando no sono com ela, acordei e já era 2 da manhã...
Nossa dormimos demais, passamos direto, já era madrugada. O bebê não acordou, se não teriamos acordado com o choro, mas precisava comer.
Preparei o leite e fui até o berço, peguei ele devagar, e comecei a dar a mamadeira.
Já era para o Paulo ter voltado e eu ter ido para minha casa, o que será que aconteceu? Ficava preocupado, sei que Olli também não havia voltado, a profissão deles era arriscada demais.
Depois que acabei de dar a mamadeira, o coloquei no berço e logo ele voltou a dormir.
Fui olhar meu telefone e tinham 32 ligações perdidas do Olli, fiquei em pânico, será que aconteceu algo? Eu e Ana deixávamos nossos aparelhos em mudo para não assustar o bebê.
Pensei: Calma Victor, pode ser que seja apenas ele que voltou para casa e você não estava lá.
Saí do quarto, fui até a sala, retornei as ligações...
Ele: Acabei de chegar em casa!
Eu: Estou aqui na Ana...
Ele me interrompeu... - Vem aqui agora Victor.
Eu: Mas...
Ele: Vem, tenho algo sério para falar com você.
Desligou.
Fui até o quarto devagar, peguei nela com cuidado e dei uns tapinhas de leve em seu ombro. - Ana...
Ela abriu os olhos e se espreguiçou. - Oi Vic? Que horas são?
Eu: Duas e meia da manhã, a gente dormiu demais, olha o Olli está me chamando em casa, já dei a mamadeira do Ariel, vou indo, ok?
Ela: E o Paulo?
Eu: Não sei, mas deve estar a caminho, continue dormindo, qualquer coisa ele te acorda.
Ela: Tá obrigado Vic!
Ela deitou e lego dormiu novamente, calcei meu tênis e fui, corri um pouco com o carro pois por telefone percebi que o Olli não estava nada bem.
Entrei em casa e o ví sentado no sofá com a cabeça baixa e os cotovelos apoiados nos joelhos... Ele estava usando uma regata branca, parecia que tinha acabado de tomar banho...
Entrei e andei até o meio da sala, ele subiu a cabeça e vi que estava chorando.
Eu: O que foi Olli?
Marta veio com uma chicara de chá, pude sentir o cheiro. - Tome meu filho, você tem que se acalmar.
Eu: Marta...
Ela: Victor, sente-se, espere ele se acalmar um pouco, ok, então ele te conta tudo, não é fácil o que ele tem a falar.
Ela saiu com a mão na boca chorando também, eu estava desesperado querendo saber o que era...
Ele tomou um pouco do chá, colovou a chicara na mesinha e olhou para mim.
Ele: O Paulo e eu fomos com os outros para um chamado, alguém denunciou um assalto, houve uma troca de tiros. - Ele fungava enquanto falava. - Uma garotinha, que aparentava ter seus 12 anos se aproximou e eu corri para tira-la dalí.
Ele deu uma pausa...
Continuou: Houve um tiro e o Paulo entrou frente.
Eu: O que aconteceu? Cadê o Paulo? Pelo amor de Deus Olliver, não é o que estou pensando...
Ele: Era para ser em mim, o tiro era para ter me acertado, por minha causa ele está morto! - Ele gritava em meio ao silêncio.
Minhas pernas fraquejaram e sentei na poltrona...
Marta apareceu e o abraçou. - Você não tem culpa de nada está entendendo?
Eu estava parado, ainda não havia abstraído a informação.
Eu: A Ana, alguém pode contar a ela de maneira fria, por telefone!
Ele: Não. Eu disse que falaria. Como vou falar Victor? Como vou dar essa noticia?
Eu: Você está muito mal, eu conto.
Ele: Obrigado.
Fui abraça-lo... - Você não tem culpa, ele te salvou porque te amava, várias vezes disse que você era como um irmão. Eu teria feito a mesma coisa pela a Ana, entendo ele.
Ele: não consigo deixar de me sentir culpado.
Eu: Vá deitar.
Deixei ele deitado, fui a casa da Ana novamente, resolvi fazer naquele minuto mesmo, tinha medo de alguém dar a noticia de maneira errada.
Toquei em sua porta, ela atendeu...
Ela: Ah, achei ser o Paulo.
Eu: Não.
Pensava: Meu Deus, dai-me forças, como vou fazer isso?
Eu: Ana, senta.
Ela: O que foi?
Eu: Obedeça por favor.
Ela fez.
Continuei: Eu sinto muito. - Comecei a chorar.
Ela: O que foi Victor, você está me assustando.
Eu: Não encontro uma maneira natural de dar essa noticia. - Respirei um pouco. - Ana, o Paulo e o Olli tiveram um assalto para cobrir essa noite, as coisas saíram do controle...
Ela: O Paulo foi ferido? O que houve?
Ela já estava assuatada...
Eu: Eu sinto muito Ana, ele levou um tiro defendendo o Olli, ninguém pôde fazer nada.
Ela: É mentira, ele vai aparecer por esta porta e vai me dar um beijo, depois vai pegar nosso filho no colo e botar para dormir.
Eu: Não Ana, gostaria que fosse...
A abracei, o choro dela era de partir o coração, era como se sentisse uma dor enorme, ela gemia, vinha da alma.
Alisava sua cabeça enquanto ela chorava...
Foi muito tempo até a Ana se acalmar, a levei para minha casa, Marta disse que Olli também não conseguiu, então deu um calmante, dei o mesmo a Ana, só assim ambos dormiram.
Depois deste dia Ana nunca mais foi a mesma, não foi ao enterro, não conseguiu.
Ana não comia, não dormia a não ser a base de calmantes, não cuidava do filho, eu cuidava mais que ela, depois de dias vi que se continuasse assim ela poderia adoecer, a levei para um médico e ele me disse que ela estava com depressão.
Olli também ficou mal após a morte do Paulo, ficava acordado a noite e falava sempre ser sua culpa. Ele passou a fazer sessões de terapia.
O caso de Ana era mais grave, Olli levava uma vida normal, falava com todo mundo, dava para ver a tristeza em seus olhos, mas ele ainda tentava, Ana nem se quer falava, passava o dia em silêncio trancada no quarto.
Com mais ou menos um mês, cheguei em casa, fui fazer compras e Marta disse: Vai no quarto, você vai ter uma surpresa.
Fui e vi Ana com o bebê nos braços, aquilo me deu uma alegria tão grande!
Eu: Minha linda, você está bem?
Ela: Sim. Acordei decidida, quis pega-lo nos braços para ele me dar forças.
Eu: Sim Ana, lute por o seu filho, lute minha linda!
Ela não me respondeu.
Eu: Marta, vou ao curso, cuide deles por favor.
Marta: Claro querido, vá traquilo.
Falei um pouco com Ro como a Ana estava depois de tudo, assisti as aulas e depois corri para casa, fui ver os dois, Ariel estava no berço, mas Ana não estava no quarto.
Fui ao banheiro e nada! Fui a cozinha e Marta estava lá...
Eu: Martinha, onde está a Ana?
Ela: No quarto.
Eu: Não está não!
Comecei a ficar preocupado, ela nunca mais havia saído desde tudo que aconteceu.
Marta: Talvez ela tenha ido em casa!
Eu: Vou ver.
Peguei meu carro e fui as pressas, chegando lá, vi que a porta estava só encostada, entrei devagar, fui direto ao quarto, era como se algo me dissesse para ir, chegando lá vi que ela estava deitada abraçando uma camisa do Paulo.
Me aproximei: Aninha!
Ela não acordou.
Eu: Aninha acorda!
Peguei em seu braço e vi que estava frio, comecei a me desesperar, em sua mão tinha um vidro de remédio vasio.
Peguei em seu pulso mesmo sabendo que já não tinha mais nada a se fazer, fazia tempo, mesmo se fizesse uma lavagem gástrica, tentasse algo...
Caí de joelhos no chão segurando sua mão.
Levantei e vi uma carta encima do criado mudo, eram suas letras, tinha meu nome nela, saí dalí, fui a sala, sentei um pouco, não conseguia ficar em pé.
Comecei a ler:
Victor
Eu sei que vai parecer egoísmo da minha parte este ato que acabei de fazer, sei que quando você ler esta carta já terei partido, vai parecer egoísmo principalmente por ter um filho, e ao invés de ter feito isso era para ter lutado por ele.
Mas eu tentei, eu juro por ele que tentei, acordava todos os dias dizendo a mim mesmo para ter forças, porém a saudade, o vasio e a dor me venciam. Você deve imaginar, você tem o Olli que ama igualmente, imagina perde-lo? Eu queria senti-lo mais uma vez, olha-lo, beija-lo, não vou aguentar uma vida sem ele Vic, dói demais, a cada dia a dor só cresce.
Entendo o Paulo, ele salvou o irmão, eu faria a mesma coisa por você, você sabe porque tenho certeza que faria por mim também, e o Olli se houvesse tido oportunidade teria levado o tiro e deixado o Paulo vivo, porque o considera do mesmo jeito, como um irmão, eles tinham a mesma amizade que nós temos, diga a ele que aproveite a vida por o Paulo.
Estou escrevendo esta carta para falar no meu filho, só ele que me preocupa, lembra que falei que se morresse deixaria ele em suas mãos? Victor eu não vejo pessoas melhores para cuidar do meu filho, por favor cuidem dele, vocês dois, não quero mais ninguém, nem meus pais, quero vocês, sejam pais maravilhosos, só não o afaste dos avós de sangue. Conte a ele de nós, fale que o pouco tempo que passamos com ele o amamos e que nos amávamos também, éramos felizes. Mostre nossas fotos.
É isso Victor, te amo meu amigo, meu irmão e te deixo o meu bem mais precioso, agora vou encontrar o amor da minha vida.
Adeus.
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Beijos gente.