-Na patinação nós temos os saltos e as piruetas. Nem preciso dizer qual é o mais fácil -sorriu Kevin enquanto dava várias voltas pela quadra num movimento acelerado, que mais parecia uma maratona que um aquecimento, como disse ele. Jack estava no centro, parado, ouvindo atentamente os comandos do professor. Ele até tentou andar no ritmo do atleta, mas foi inútil. Agora, ele estava concentrado, com os olhos fixos em uma cadeira da arquibancada, escutando e imaginando todas as cenas que Kevin descrevia, era bizarra sua expressão séria, como se fosse derreter o assento com seus olhos, mas era sua maneira de prestar atenção na aula -São seis os tipos de salto.
-Seis? Pra que tudo isso? -disse o ator assustado, perdendo contato visual com a cadeira e observando a volta que Kevin fazia na lateral da pista.
-Calma Jack -disse andando em trajetória retilínea para chegar ao espantado- são seis, mas algumas são parecidas com as outras. O mais simples é o Salto Valsa. É um salto de meia volta, que você começa de frente num pé e sai de costas no pé contrário.
-Tá, entendi mais ou menos.
-Vou fazer uma vez pra você ter uma noção. Fica de olho no movimento dos meus pés e das minhas mãos.
Kevin fez o salto em menos de cinco segundos e mal houve tempo para Jack analisar. Como parou de frente para o ator, ele percebeu a expressão de incompreensão no rosto do aluno. Sorriu para ele e fez sinal de que iria de novo. Dessa vez ele não saltou, apenas fez o movimento que seu corpo faria para o completar.
-Imagina que você tá dançando valsa e, no momento do giro, você vai com um pé e volta no outro. Só que aqui você tem que saltar. -disse sorrindo- Quer tentar?
Jack deslizou sobre a pista e no quinto passo ergueu sua perna direita, tentando girar seu corpo, mas o máximo que conseguia era deixá-lo de lado. Não conseguira tanta altura, mas estava bem. O problema se deu na aterrissagem, além de colocar o próprio pé direito no chão, ele não estava acostumado a tirar todo seu corpo do solo e voltar, tendo que se apoiar em lâminas finas. Era tudo muito novo para ele. O patins tocou o solo meio que de lado e o único jeito para ele se apoiar, foi pondo seu joelho no chão. Na verdade, ele bateu, sem tanta força, com a patela no solo o que o fez sentir algumas dores.
Para a sorte de Jack, logo que ele caiu, Kevin estava o segurando, evitando seu total desequilíbrio. Kevin, segurando em suas costas, foi parando seu corpo e o ajudando a se por de pé. Ainda o abraçando pela cintura, mas sem que encostassem seus corpos, o mestre perguntou preocupado, mas baixinho no ouvido do aprendiz:
-Tudo bem?
Jack não podia ver, mas os olhos de seu mentor estavam fechados, seu nariz buscava todo o aroma liberado por ele, além de seus lábios que pareciam se esconder dentro da boca, entre os dentes para não cair na tentação de beijar sua nuca, pescoço e rosto ali mesmo. Jack não podia ver, mas sentia tudo aquilo. Sentia a respiração de Kevin cada segundo mais forte em seu corpo, ainda abraçado a ele. Sentia uma imensa vontade de que aqueles lábios tocassem-lhe e o dessem a sensação mais prazerosa daquele momento. Sentia a firmeza e o cuidado com que o patinador abraçava sua cintura. Sentia uma imensa vontade de virar e agarrá-lo, como na cena de um filme. Mas não era. E Jack não podia brincar em serviço. Mesmo contra sua vontade, ele tinha que se desprender daquele abraço, daquela sensação, daquele pensamento.
-Estou sim. Acho que vou tentar de novo.
-Mas e o joelho? -disse Kevin o soltando, abrindo os olhos, prendendo a respiração, ficando de frente pra ele e o visualizando por inteiro.
-Foi apenas um choquezinho de nada, nem tá doendo mais, foi o susto mesmo.
-Olha lá, doutor machão. Qualquer lesão pode prejudicar sua carreira e o senhor tem uma dívida comigo.
-Está tudo bem Kevin. Começar de frente com um pé e aterrissar com o pé contrário.
-De costas.
-Ah sim, de costas.
A cada tentativa, Kevin dava um conselho diferente para Jack. Primeiro foi a posição do pé. Depois foi a postura do corpo. O movimento de impulsão. Uma técnica de pouso. Enfim, foi lapidando o aluno, que por mais que desanimado, não entregava o jogo. Era determinado, isso encantava seu professor. Às vezes, Kevin torcia para um erro, só pra ter a oportunidade de poder mostrar o movimento, tocando o corpo do companheiro, mesmo que fosse um toque em sua perna. Não era só desejo, era bom sentir a maciez da pele de Jack. E, finalmente após longas vinte tentativas, Jack conseguiu executar um salto cravado, merecedor de palmas do técnico.
-Merece até um copo de água -brincou com a situação de Jack.
-Não sabe como isso me deixa feliz -falou patinando até a borda da quadra para pegar o tão cobiçado copo d'água.
-Agora as coisas vão apertar um bocadinho meu jovem.
-Bocadinho?
-Jack, eu vou mandar uns arquivos pra você onde tem passo a passo todos os saltos e piruetas. Gostaria que você visse eles com bastante atenção, pra quando chegar aqui não perdermos tempo. Ensaia em casa a postura, a troca de pés, onde as mãos precisam ficar, ok?
-Sim senhor.
-Mas não vai ser tudo de uma vez. Fica tranquilo. Vou mandar aos poucos pra você ir se familiarizando com o conteúdo.
-Quanto tempo por dia nós vamos treinar?
-Olha, como você sabe, eu estou me preparando para as Olimpíadas.Tenho que treinar minhas séries oitos, dez horas por dia, depois fazer uma hora de musculação e essas coisas. Sobram umas quatro horas para treinar você.
-Kevin, você tem vida social? -disse rindo- Você ao menos dorme?
-Acredite, se pudesse, não dormiria.
-E eu achando que minha vida é muito agitada.
-Agitada como, se seu nome mal aparece em sites de fofoca.
-Tava pesquisando sobre mim? -perguntou curioso e de certa forma feliz, olhando em sua direção.
-Tinha que saber pra quem eu iria dar aula -respondeu olhando pra pista sorrindo- Mais uma série?
-É pra já.
A conversa entre os dois era basicamente profissional. Mas o modo como os dois a fazia fluir, a leveza e a atenção que davam um ao outro, faziam daquele daquele diálogo algo prazeroso, algo que não devia terminar nunca. Jack e Kevin se entendiam em tudo, até mesmo na queda, onde um salvava o outro. Compartilhavam da mesma vontade e do mesmo medo, a vontade de ter o outro e o medo da rejeição, mesmo que escancarada abertura que permitiam e a atração estampada em suas faces. Os dois queriam a realização de um sonho, e estavam começando a viver ele. Kevin, por sua primeira olimpíada e Jack, por seu primeiro contrato com um renomado diretor.
Aquele ginásio transpirava amor. O amor que os jovens sentiam por suas profissões. O amor que eles davam a tudo que faziam. O amor fraterno e amigável que doaram-se desde que se conheceram. O amor que brotava em seus corações, que ia além da cobiça, do interesse. O amor afetuoso que transparecia nas atitudes de um para com o outro. O amor que nascia em um berço de ouro, cercado de boas intenções e que tendia apenas a crescer, transbordar, emanar, ecoar, engrenar, tornar-se um só. Dependia apenas de tempo e coragem para ambos, o que infelizmente, nesse momento lhes faltava.
-Por hoje é só meu caro. Preciso começar minha sessão de treinamento. -disse Kevin se aproximando de Jack com os braços cruzados e um sorriso forçado no rosto. Estava mais que evidente que ele queria poder continuar ensinando ao ator os movimentos, ou melhor, estar com ele por mais tempo.
-Nossa, nem vi a hora passar.
-Aula boa acaba rápido.
-Até demais. -deixou escapulir Jack.
-Como?
-Ah Kevin, eu tô ficando amarradão em patinação -ele deu uma gaguejada nesse momento, por que os comandos de seu cérebro lutavam com suas cordas vocais para dizer "eu tô ficando amarradão em você".
-Só não vá tomar a minha vaga na seleção. Por favor.
-Pode deixar, vou ser bonzinho. Agora deixa eu ir por que já estou atrapalhando seu horário. -falava enquanto se apoiava na grade até chegar ao banco para tirar os patins- Prontinho. Vou tomar uma ducha. Bom treino - disse sorrindo e indo em direção ao vestiário.
-Jack... -gritou agonizante o patinador, como se quisesse que ele voltasse. E queria. Jack virou no mesmo momento, com um olhar extremamente fofo, com os olhos vidrados e com um sorriso apaixonante no rosto esperando pela pergunta que se seguiria.
-Sim.
-Ah... Ah... -"eu só queria ver seu lindo rosto outra vez, esse sorriso perfeito, esse seu olhar penetrante, só queria poder gravar você mais um pouco na memória"- Nada, só pra saber se amanhã você vem e que horas.
-Claro que venho. O horário é o que for melhor pra você.
-Então tá certo. Boa ducha -disse envergonhado indo patinar. Jack permaneceu estático, acompanhando todos os movimentos com os olhos e sorrindo encantado com toda aquela beleza, do movimento e do praticante.
-Kevin... -chamou-o após a conclusão da performance. O atleta continuou a riscar o gelo e na sequência dirigiu sua atenção ao observador.
-Pode falar.
-Vai estar cansado depois de sua maratona de ensaio?
-Um pouco.
-Ah sim -não conseguindo disfarçar o descontentamento.
-Por que?
-Nada, ia só te chamar pra sair, ir a um bar, sei lá - disse meio embargado, não o olhando nos olhos, por pura vergonha.
-Poxa, acho que não vai dar hoje. -demonstrando estar triste.
-Tudo bem. Eu também sou retardado de não desconfiar que você vai estar cansado. -falou revirando os olhos e bufando para si.
-Que tal tomarmos uma lá na piscina do hotel, depois das nove.
-Pra mim está perfeito.
-Fechado então. Deixa eu voltar pra minha série -disse alegre, colocando a música para começar e voltando a ensaiar. Jack o olhou, pensou em qualquer besteira, sorriu e foi tomar seu banho. Era tão bom saber que terminaria o dia com Kevin.
Durante a ducha, Jack se via numa encruzilhada. Seus pensamentos eram todos em Kevin, em estar a seu lado de novo, ou em como estar a seu lado de novo. Uma parte de sua mente focalizava Kevin saltando, patinando, dando piruetas com seu sorriso inigualável no rosto. A outra via-o no banho do dia anterior, o vapor da água quente do chuveiro que tampava boa parte de seu corpo, atrapalhando e aumentando a curiosidade em ver o formato, a beleza e a grandeza de seu corpo -mesmo que ele tivesse estatura normal-; via ainda, ele descobrindo cada músculo a cada passo que dava, o modo como ele se ensaboava, como sua mão deslizava sobre suas curvas, o giro que dava para que a água caísse sobre suas costas, a proximidade que estava de seu corpo nessa hora, a vontade de tocá-lo, senti-lo, não com as mãos, mas com os lábios, a saudade que sentia dos movimentos de sua boca durante a fala, o pedido, em pensamento, para que ele se virasse.
A sensualidade de Kevin vencia o seu prazer pela busca da perfeição. Todavia, não era maior que a vontade de estar com ele e nem rebaixava a importância do sentimento que crescia pelo patinador. Em curtas palavras, ele não sentia apenas tesão pelo atleta, mas naquele momento, este prevalecia e era totalmente explicável. Kevin tinha atributos invejáveis, mais precisamente seu rosto desenhado, seu corpo atlético, todo emoldurado e, entre outros, suas nádegas que eram super valorizadas pela roupa colada ao corpo. Pensar nelas fazia Jack perder a noção de tempo e espaço. Jack admirava toda a beleza de Kevin respeitosamente, porém, ele também é humano e, aquele par de glúteos, faziam-no pirar. O que restava ao ator fazer era contentar-se com seus pensamentos e tentar chegar mais perto possível do prazer que poderia sentir ao tocá-lo. E foi isso que fez.
Ao fim do demorado banho, Jack retornou ao ginásio, ignorando a agenda que tinha com seu empresário, sentou-se em um dos confortáveis assentos e assistiu ao espetáculo que Kevin dava na pista. Permaneceu todo tempo calado para não desconcentrar o jovem. Ouviu a música e a sincronia feita pelo executor numa coreografia perfeitamente triste e emblemática, repleta de saltos e piruetas de alto nível. Percebia que ao final de cada apresentação, Kevin media o espaço da quadra e ajustava o movimento, sem dar um pio. Via ele tirar um sorriso incrivelmente radiante quando conseguia completar o que queria. Observava como seus olhos se fixavam na câmera do notebook ao lado da quadra, de onde ele supunha que algumas câmeras transmitiam a filmagem. Vidrava-se quando ele parava por um minuto cronometrado para beber água ou suco e respirar, olhando sem cansar-se para a quadra e os pontos onde Jack supunha que seriam executados saltos e piruetas. Vidrava-se mesmo por que nesse momento ele tinha a oportunidade de filmar seu corpo através de seus olhos. Era o único instante em que Kevin parava. Ora ele escorava sua cabeça a grade, ora sentava no chão, ora ficava de pé mesmo, com as pernas levemente afastadas e a garrafa na mão, ora estava de frente para Jack, ora de costas. O que realmente importava, era que ele estava ali. Parado ou patinando. Ali, Jack podia ver seu sorriso, sua concentração, sua raiva, sua decepção, sua alegria, sua perseverança, sua confiança, sua mágica.
Jack sentiu fome e acabou por fazer algo que o entregaria de vez. Almoçou qualquer coisa numa lanchonete perto do ginásio e levou dois sanduíches naturais, duas garrafas de água e duas de suco, que pela cor que notara da arquibancada devia ser de laranja. Ao chegar na pista, viu Kevin novamente assistindo ao vídeo de sua série. Jack pacientemente o esperou terminar e pensou em algo para falar. No entanto, seu cérebro fazia questão de lembrá-lo que era ator e não roteirista. Kevin terminou a avaliação e preparou o movimento. Feito ele, o profissional tornou a procurar algo para beber, não percebendo a presença de seu mais novo admirador.
-Será que você está procurando por isso?
-Nossa, você ainda está aí?
-Achei que você fosse sentir fome e comprei uns sanduíches naturais, água e suco.
-Tá falando sério?
-Por que? Você não come? -perguntou preocupado.
-Não é isso, é que você me quebrou um baita galho. Eu tô meio enrolado com um movimento e não ia dar pra sair daqui agora.
-Olha, fiz uma boa ação, já mereço presente do papai Noel. -brincou.
-Palhaço. E qual seria esse presente?
-Um você já sabe.
-Tem mais de um. -disse curioso.
-Deixa pra lá. -tentou fugir do assunto.
-Ah, fala. -insistiu fazendo bico. Jack sentiu uma vontade de se revelar e beijar aquele garoto lindo, mas segurou-se e completou.
-É bobeira minha.
-E o que é que tem?
-Depois eu conto, prometo.
-Nossa, desculpa, nem vi que tava te deixando envergonhado.
-Tudo bem. Come aí.
Kevin fez sua refeição em menos de cinco minutos e já queria voltar para a pista.
-Vai patinar com a barriga cheia?
-Foi só um sanduíche Jack.
-É verdade -disse coçando a cabeça-. Vai lá então, eu vou ver mais um pouco da arquibancada pra não te atrapalhar.
-Você nunca atrapalha. -Jack sorriu tímido e subiu ao seu assento.
Tempo depois, Kevin ia dando uma pausa para ir ao banheiro, quando sentiu falta de seu companheiro de tarde. Procurou-o com os olhos por todos os lados, sem sucesso. Pensou que ele havia ido embora. Já sem seus patins, Kevin saiu em direção ao banheiro, o mais próximo ficava na arquibancada. Andou ainda memorizando seu exercício, corrigindo-o na mente, até se deparar com uma imagem um tanto impactante. Jack estava deitado de lado em quadro cadeiras, com o rosto virado para a quadra. Ele devia estar vendo o ensaio e caiu no sono, havia acabado de fazer uma viagem longa e nem teve tempo de descansar.
A vontade de ir ao banheiro ficou em segundo plano quando Kevin o viu. Jack estava lindo, dormia profundamente e sorrindo. Ver aqueles lábios tão perto e alegres, trazia a Kevin uma imensa vontade de senti-los. O patinador se agachou perto do rosto do ator, entre a primeira e a segunda cadeira em que este estava deitado, deixando suas mãos entre suas coxas, e escaneou cada centímetro do rosto dele. Sua bochecha um pouco rosada por causa do frio, da mesma forma em que os lábios alegres estavam enrugados, suas pálpebras e cílios cobrindo seus olhos dorminhocos, sua sobrancelha delicada, um pouco grossa, seu nariz afilado e levemente afilado na ponta, seu cabelo liso que caía sobre sua testa sob medida, sua orelha perfeita. Avistou uma cicatriz na interseção entre seu maxilar e seu rosto coberto por uma fina barba que nascia aos poucos, escondendo aquela marca. Por instinto, sua mão aproximou-se da cicatriz e a mapeou de perto, sem a tocar.
Kevin tinha medo de o acordar. Por várias vezes, virava seu rosto na direção contrária, mas não conseguia se segurar por muito tempo, tamanha era a atração que sentia por ele. Jack era um verdadeiro ímã para Kevin. Sua mão tocou suavemente o rosto do parceiro e desbravou a marca nele existente. Enquanto seu polegar tocava a cicatriz, o menor dos dedos explorava uma outra parte sem a percepção do patinador, a boca. Quando viu, tratou de trocar a posição e sentiu aqueles gélidos lábios com seu indicador, permitindo-se abrir a a própria boca para sentir os movimentos. Era perfeito. Eram perfeitos. Eram lindos. Eram macios. Eram gostosos. Eram hipnotizadores.
Kevin caiu em si quando o apoio da cadeira se moveu por causa do vento (que não tinha qualquer sentido de estar passando no ginásio, uma vez que era fechado e climatizado), causando um som baixo. Levou sua mão à mecha de cabelo solta na testa e alisou por um instante curto. Seguiu com seu braço até o ombro de Jack e o balançou de leve algumas vezes para o despertar. "Melhor que poder tocá-lo, era ver que ele estava feliz" concluiu o atleta quando seu aluno acordou um largo sorriso no rosto e o olhando penetrantemente nos olhos.
Perto do ginásio, na mansão de George B., mais um sonho estava prestes a começar. Depois de longas audições, o diretor havia achado a cara-metade para seu papel. Branca, cabelos vermelhos até o meio das costas, medindo 1, 65, com corpo de patinadora, olhos azuis, realmente linda, talentosa e ainda sabia bastante de patinação. Era uma novata de 21 anos, mas via-se em seus testes um grande potencial a ser trabalhado e, nesse filme, era a escolha perfeita. Adrienne Marshall, canadense de Victoria -Columbia, sentia-se realizada, estava tudo incrivelmente dando certo, antes ainda do tempo que previra. Era um sonho poder trabalhar e ser mundialmente vista, ela, mais do que qualquer um queria aproveitar essa chance.
George B. a deixou na porta do ginásio, para que ela conhecesse o professor. Ele não pode acompanhá-la, pois tinha alguns assuntos a tratar. Com um pouco de vergonha e ansiedade, ela adentrou o local. Visualizou tudo e procurou o professor. Quando o achou, viu que estava agachado ao lado de alguém que parecia dormir na poltrona. Aproximou-se de vagar e, com mais medo de atrapalhar o momento ainda, chamou pelo nome.
-Kevin Petrov? -chamou com a voz meio trêmula. Ele olhou assustado, pondo-se de pé rapidamente.
-Oi, quem é você.
-Adrienne Marshall, o George me mandou aqui.
-Ah, tudo bem.
-Desculpa, eu não queria atrapalhar o seu momento com seu namorado. -meio que se esquivando.
-Namorado? -disse Kevin.
-Namorado? -indagou Jack.
Percebendo que tinha acordado, Adrienne foi pedir-lhe desculpas, chegando seu corpo para a lateral, a fim de o ver.
-Jack? Jack Blown? Jack é o namorado do Kevin? Jack, você é gay?