Fiquei abraçado com a carta um tempo chorando...
Pensei: Victor, seja forte, você precisa agir!
Peguei meu cel e liguei para o Olli.
Comecei a chorar desesperadamente, não conseguia falar que a Ana estava morta!
Ele: Victor, o que aconteceu?
Com muita dificuldade e em meio a soluços consegui falar: A Ana... se matou.
Ele: Como?
Eu: Estou aqui na casa dela, vem rápido, por favor!
Ele estava no trabalho.
Abracei minhas pernas e fiquei alí chorando com a carta na mão.
Com uns 10 minutos ouço uma sirene, de repente muitos entram, Olli corre para me ver, me abraça, beija minha testa. - Calma amor.
Eu: Como vou ter calma? A Ana se matou Olliver, cometeu suicídio!
Eu comecei a andar de um lado para o outro desesperado.
Ele: Vem, vamos sair daqui!
Me levou até meu carro e derigiu até em casa.
Entramos...
Eu: Você precisa ler isso!
Ele pegou a carta, eu sentei na poltrona.
Ele: Oh meu Deus!
Não consegui ir ao enterro, só me vinha a imagem dela morta na cabeça.
Estava em casa com Olli, eu segurando o bebê, quando tocam na porta. Olli foi abrir e meu pai entra por ela.
Eu fui abraçá-lo...
Ele: Este é o bebê?
Eu: Sim pai.
Entreguei Ariel a ele.
Ele: Oh meu Deus Victor, ele agora é meu neto!
Eu: Espero que sim, era isso que a Ana queria!
Ele: Você está um caco Vic, com olheiras.
Olli: Ele não tá dormindo a noite!
Eu: E como iria? Eu encontrei a Ana morta!
Olli: E o Paulo morreu nos meus braços mas a gente tem que tentar seguir em frente Victor!
Ele: O Olli está certo!
Ele me entregou o bebê. - Cadê Olli?
Eu: O que?
Olli: A carta, seu pai vai resolver tudo perante a lei pra gente!
Eu: Ah, ok. Minha cabeça está tão cheia que se fosse para eu mesmo correr atrás não conseguiria, primeira vez que agradeço a Deus por ter um pai juiz.
Ele leu a carta em silêncio, olhou para a gente e deu um suspiro. - Isso emociona qualquer um.
De repente tocam na porta mais uma vez, vou abrir com o Ariel no colo...
Eram os pais da Ana...
Gabriela, a mãe dela, era linda, alta, magra, cabelos pintados de loiro e o pai dela Wilson era alto, corpo legal e bem bonito também.
Gabriela estava com os olhos vermelhos de chorar, tinha vindo do enterro, tenho certeza! Ela era como uma mãe para mim, na minha época de escola eles moravam aqui, mas saíram da cidade e Ana ficou para fazer faculdade pois não queriamos nos separar.
Eu a abracei com o Ariel no colo e nós começamos a chorar, o pai dela ficou de cabeça baixa.
Eu: Eu a encontrei.
Gabriela: Eu sei.
Entreguei o Ariel a ela... - Victor eu agradeço muito o que você fez por a Ana, não pude vir no parto e quando o Paulo morreu, mas você cuidou de ambos...
Eu: Ela é como uma irmã, a senhora sabe. Tenho algo que quero mostrar.
Entreguei a carta a ela, peguei das mãos do meu pai, e dei.
Peguei o Ariel, ela foi até o sofá junto a Wilson, ambos estavam lendo tudo, eles sabiam da minha sexualidade desde quando ainda moravam aqui e nunca se importaram.
Wilson: Não acredito que ela nos colocou nessa situação. Sua última vontade foi que abrissemos mão do nosso neto!
Eu: Não. Aí ela deixa bem claro que vocês vão fazer parte da vida dele e eu não vou mudar isso jamais!
Gabriela: Primeiro quero que passe um tempo, uns dias, quero ver como se sai cuidando dele, depois decido.
Olli: Mais do que ele já provou, todo o tempo que sua filha passou de resguardo o Vic ajudou, na depressão dela ele ficou cuidando sozinho do bebê.
Ela baixou a cabeça.
Eu: Olha, se não fosse o pedido dela não estariamos tendo esta conversa, por mais que me doesse na alma eu entregaria a criança numa boa, mas ela me fez fazer parte da vida dele desde a primeira ultrassom, já havia me falado antes que se algo acontecesse me queria cuidando dele. Eu amo este bebê como se fosse meu, eu e o Olli tinhamos uma relação muito grande com os pais dele.
Pai: Oi Gabriela, Wilson?
Gabriela: Como vai Roberto?
Pai: Saudades daquele tempo, até hoje agradeço o muito que fizeram ao meu filho.
Eu o olhei...
Gabriela: Ok, mas vou dar um jeito de estar sempre presente!
Aquilo me deu um alívio tão grande!
Ela: Já até imagino o que vamos fazer!
Wilsom: Vocês cuidem direito dele, vamos ficar de olho!
Pai: Vou agilizar tudo!
Após eles saírem ficamos sozinhos, sentei com o Ariel no colo e Olli no sofá a minha frente...
Ele: Me fala, o que foi aquilo?
Eu: O que?
Ele: Seu pai falando por código de coisas do passado e num instante convenceu ela!
Eu: Nunca te contei isso, mas no passado a mãe da Ana foi a mãe que não tive, eu passava por bulliyng na escola, era muito pesado, batiam em mim, em casa era muito sozinho e a Ana e a mãe dela me ajudavam demais, agradeço de verdade! Sempre disse a ambas que as considerava como uma mãe e uma irmã. Só não sabia que o meu pai sabia disso tudo, para mim foi uma grande surpresa!
Ele: Nossa amor, quando Ana falou comigo uma vez, me disse que você havia passado por coisas muito difíceis, agora entendo!
Passado alguns dias o Olli e eu resolvemos nos mudar de casa para uma maior, decoramos o quarto do bebê, Gabriela nos deu praticamente tudo que a Ana comprou para ele, os móveis resolvi comprar novos pois os antigos me faziam lembrar de tudo que queria esquecer no momento.
Por enquanto dei um tempo no curso, me abdiquei de tudo por Ariel, queria focar apenas nele.
Já na nossa nova casa, Olli estava montando o berço novo, Marta preparando o almoço e eu dando a mamadeira ao Ariel quando tocam na porta, fiquei meio surpreso, fui abrir, de repente dois senhores entram...
Senhora: O Olliver está?
Eu: Olli?
Ele aparece... - Sandra, Marcio?
Ele os abraçou...
Ele: Vic, estes são os pais do Paulo.
Eu não os conhecia, eles também não moravam naquela cidade!
Ele: Como souberam da nossa nova casa?
Sandra: A Gabi nos disse.
Eles entraram e ficaram conversando um pouco, terminei de dar a mamadeira...
Eu: Quer segurá-lo?
Sandra: Claro!
Entreguei o Ariel, ela o segurou um pouco e uma lágrima desceu de seus olhos.
Ela: Ele tem os olhos do pai.
Marcio, o pai do Paulo levantou e ficou de costas. - Não sabe como está sendo difícil para a gente, perder um filho assim.
Ele: Sabemos, o Paulo morreu nos meus braços e eu me culpo até hoje.
Marcio: Não filho, não se culpe, o Paulo te adorava e você a ele, quantas e quantas vezes não foram para nossa casa no feriado, a forma que ele falava de você, te gostamos muito.
Sandra: Só viemos mostrar nosso apoio, não nos opomos em vocês cuidarem do nosso neto, se é essa a vontade da mãe, assim será!
Eu: Obrigado, é um alívio para mim.
Sandra: Conversamos com a Gabriela e o Wilsom, e entramos em comum acordo de os apoiar.
Depois daquela visita maravilhosa, que me fez sentir ainda mais leve, fui colocar o Ariel no berço, ele tinha dormido. De repente o quarto ficou com um cheiro forte de rosas, senti uma paz...
Eu: Vocês estão aí não? Pois fiquem tranquilos, o Ariel será bem cuidado, amado e obrigado por fazer as coisas terem sido tão fáceis, eu sei que tem o dedo de vocês nisso. - Fechei meus olhos e disse: Amém.
Aquela foi a única vez que isso aconteceu, sentia a presença deles, era como se realmente estivessem alí. Na verdade acho que foi um aviso de que tudo ia realmente dar certo e uma despedida, foram ver o Ariel. Acredito nessas coisas.
Saí dalí contente.
Meu telefone tocou, era a Gabriela...
Eu: Oi Gabi?
Ela: Podemos conversar?
Eu: Claro!
Ela: Estou indo aí.
A atendi.
Ela: Tenho uma noticia, lembra que eu disse que estava vendo algo para ficar mais próxima?
Eu: Sim.
Ela: Vou voltar para cá. Olha Vic não se assuste, só quero ajudar no que puder e participar mais da vida dele.
Eu: Claro Gabi, você tem todo o direito, na verdade para mim será um grande apoio.
Ela: Fico aliviada que pense assim.
Eu: Você sabe que é como uma mãe para mim não? Vou gostar de ter você por perto.
O bebê começou a chorar...
Ela: Vamos?
Eu: Claro!
E assim foi o inicio de uma fase nova na minha vida, onde tinha um filho, e minha nova melhor amiga era como uma mãe para mim, diferente da antiga que era como uma irmã e que jamais vou esqurcer. A mãe da Ana se tornou minha mãe, e ainda iria me ajudar em muitas coisas difíceis que estavam por vir.
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Gente, espero que estejam gostando.
Beijinhos.