É, eu era aquele tipo de garota... farra sempre foi meu segundo nome. bebida então, nem se fala!
E aquele dia em especial eu já tinha bebido toooooodas! Sim, achava bonito mesmo! Derrubar todo mundo pq sempre fui a mais forte! Fazer amizade com gente na fila do bar.. Beijar o vendedor pra conseguir cerveja mais barata.. nossa, quantas lembranças!
Enfim, aquela era só mais uma festa.. carnaval de rua, todos bêbados, já tinha ficado com 2 carinhas e tava de olho no meu melhor amigo Pedro, minha paixão secreta, daqueles que a gente sempre fica no fim da festa, sabe? tava esperando apenas mais dois centavos de bebedeira pra ter a coragem de beijá-lo, já que dessa vez ele não tinha tomado nenhuma atitude ainda.
E de repente me esbarro com uma criatura linda.. de longe, lembro que tinha estudado comigo na escola havia anos.. boatos de que era...
- EEEEEEEI GAROTA, QUANTOS ANOS (ela disse e me puxou pra perto)
- OPAA - respondi e a abracei.
Senti, foi diferente.
Sabe aquilo que eu vinha fugido a minha vida toda? Desde criança, percebia o incômodo que causava em minha família por meus gostos peculiares.. Sempre preferi o futebol à salão de beleza, sempre busquei atividades malucas pra fugir das bonecas. Hoje em dia a gente vê isso como sexismo, mas aqui em casa era: TOMA JEITO DE MENINA, MARINA!
Naquele momento, eu vi que o tempo inteiro que fugia daquela minha personalidade mais moleca e me fingia de patricinha pegadora podia vir por água a baixo. Tremi.
Ela disse algo sobre quero te encontrar mais tarde, e me pediu meu numero. Dei o errado e tratei de dar o fora dali.
Voltei as trapalhadas da festa. Continuei a encher a cara e fui em busca de uns amigos. Não comentei sobre aquele reencontro e eu mesma passei muito tempo pra lembrar que ele tinha acontecido. Passou. Até pq o foco dessa história é outro. Ou outra, né.
Voltando a festa, me perdi pela vigésima vez dos meus amigos, fui para num local mais calmo, uma pracinha. De longe eu conseguia ver o movimento, mas queria mesmo descansar um pouco do corre corre.
Aí que vi aqueles olhos.
Nossa, era uma morena baixinha que me tirou o ar.
Fiquei apaixonada quase que instantaneamente. Devo confessar que a partir daí, muita coisa só soube depois, que minha mente bêbada não me deixa lembrar de tudo. Na minha memória, só ficou aquilo: aqueles olhos.
Lógico que o teor de alcool não me segurou dessa vez, encarei, parei, observei, desejei.
- Boa noite, sou Marina. E você?
- Bianca. Prazer. Mas assim, eu já te conheço, garota. Tá lembrada de mim não?
A partir daí eu lembro que me deu um frio na barriga. Eu concorria a uma vaga de estagio na empresa que ela trabalhava. Inclusive naquela noite eu deveria estar fazendo um artigo p apresentar lá no dia seguinte. Não sabia se minha vergonha era por isso ou por eu tê-la encarado por algum tempo antes de ir me apresentar.
ELA: - Vi que você tá se divertindo, passou por mim correndo umas 3x. Mas agora tá meio vermelha, você tá se sentindo bem?
Eu, envergonhada ri, mas disse que estava sim, que já estava me preparando pra ir embora.
Emendamos uma conversa sobre sabe-se lá oq.. até porque meu nível de bebedeira só me deixa lembrar dos olhos. e do encantamento que aquela mulher me proporcionou.
Que loucura né? A pessoa chega numa festa sem nunca ter pensado numa mulher na vida. E sai tendo desejado duas.
Na volta pra muvuca tava doidinha da cabeça. Que que eu vou fazer agora? O que será que isso quer dizer? E quando que...
Parei. Meus pensamentos foram interrompidos por um beijo.