Entre a Razão e o Coração - Parte 4

Um conto erótico de Marujo RJ
Categoria: Homossexual
Contém 2265 palavras
Data: 03/04/2015 11:36:24

Segui durante toda a viagem calado, apenas pensando na traição do meu avô. Eu não esperava algo assim vindo dele. Não esperava que ele pudesse manter contato com aquela gente depois de tudo o que aconteceu. Acho que se dissessem que o inferno congelara, seria mais fácil de aceitar do que os dois mantendo contato.

Levou quatro horas de Curitiba até Floripa, e durante todo o caminho Gisela não parou de falar no tal primo que iria encontrar a gente lá. Sério, nunca vi uma pessoa conseguir falar tanto em tão pouco tempo, se não fosse o fato dela ser um amor e ter um dos maiores corações do mundo, acho que já teria jogado ela pra fora do carro.

- Sério, gente. Vocês tem que conhecer meu primo. Cara, ele é incrível. Está passando por uma super barra, sabe? Minha tia morreu tem uns meses e ele até agora não conseguiu superar. Ele deixou as empresas dele sob os cuidados de um sócio e meio que se isolou do mundo. Eu tive que fazer um mega esforço pra tirar ele de casa. Até agora estou sem acreditar em como a gente conseguiu isso. Aposto que eu vou conseguir tirar ele dessa fossa. Vou apresentar ele pra Camilla. Aposto que os dois vão se dar super bem! Por que tipo... Ele é demais. Nossa! Eu estou com a boca seca... – disse Gisela.

- Então Gi... Toma uma aguinha, toma. Vai fazer bem. – disse entregando uma garrafinha de agua mineral a ela e agradecendo a Deus pelos segundos de silencio.

Chegamos a casa dos avós de Mateus por volta das 18h e graças ao horário de verão, ainda pudemos desfrutar de alguma claridade. Logo que chegamos na casa tratamos logo de acomodar pelos quartos que havia na casa.

A casa era enorme, tinha uns 8 quartos ao todo, sendo 3 deles suítes. Mateus e Gisela ficaram com o quarto dos seus avós do Mateus, que era o maior e mais confortável da casa, eu fiquei sozinho em um suíte logo ao lado do quarto deles e o restante do povo se dividiu em duplas até completar os outros quartos.

Depois de arrumar minhas coisas decidi que iria tomar um banho e dar uma descansada, afinal eu dormira pouco na noite passada e durante o dia quase não tive tempo de descansar. E assim eu fiz, tomei um banho, me joguei ainda sem roupa na cama de casal que havia na suíte e me lancei nos braços de Morfeu.

Quando acordei já havia passado das 22h. Levantei e fui procurar por Mateus. A casa parecia um cemitério, não havia uma alma viva pra contar história.

- Puta que pariu! Cadê esse povo todo? – disse coçando a cabeça no caminho de volta para o quarto.

Ao pegar meu celular vejo a seguinte mensagem de Mateus.

FOMOS COMER ALGUMA COISA. TENTAMOS DERRUBAR A PORTA DO QUARTO PARA TE RESGATAR, MAS NÃO CONSEGUIMOS. NÃO SE PREOCUPE, VOU LEVAR ALGO PRA VOCÊ COMER.

- Quer saber? Que se fodam! Vou dar uma saída.

Já que todo mundo tinha saído, eu não seria o trouxa a ficar em casa dormindo na nossa primeira noite de diversão. Peguei uma camiseta branca, vesti uma bermuda azul, calcei as minhas havaianas e dei uma última olhada no espelho.

- É meu caro! Você está apresentável. Quem sabe não arrumamos alguém pra esquentar a nossa cama hoje?!

Resolvi dar uma caminhada pela praia. Eu precisava sentir a areia fofa sob os meus pés, o ar gelado com o aroma do mar no meu rosto, acima de tudo, eu precisava me sentir em paz. Eu precisava de um tempo sozinho, um tempo onde eu não precisasse usar uma máscara, ou dormir com qualquer estranho para que eu me sentisse bem.

Caminhei até perder a noção de tempo e distância. E quanto mais eu andava, mas os sentimentos que a tanto eu guardava insistiam em vir para a superfície. Por fim, me dei por vencido e deixei que todos eles viessem de uma vez, o que resultou muitas em lágrimas.

Um pouco mais calmo, sentei nas areias da praia e passei a observar o mar. Eu não sei dizer se foi o som das ondas do mar, a crise de choro ou os dois, só sei que naquele momento eu estava me sentindo bem mais em paz comigo mesmo.

Já recomposto, decidi que era hora de comer alguma coisa. Saí da praia e segui pelo calçadão da orla até achar um barzinho que parecia ser bem bacana.

O lugar estava bem cheio e não havia mesas vazias, resolvi ficar pelo balcão mesmo. Pedi uma porção de fritas e uma cerveja gelada. A cerveja chegou bem rápida e as batatas demorariam um pouco mais a chegar. Nesse tempo aproveitei para ver melhor o tipo de pessoas que estavam ali nessa noite.

Tinha gente de todo jeito ali, mas ninguém que realmente chamasse a minha atenção. Fiquei tão distraído observando as pessoas sentadas que não percebi que alguém havia se sentado ao meu lado no balcão, até que falou comigo.

- Lugarzinho cheio esse, né? – perguntou a voz ao meu lado.

Ao virar para responder o dono da voz eu simplesmente congelei. Meu coração acelerou, minhas mãos começaram a ficar suadas e eu simplesmente travei, não consegui responder a sua pergunta.

- Cheio, né? Nenhuma das mesas está disponível.

- Verdade. – foi o máximo que eu consegui responder a ele.

Sinceramente não sei o que deu em mim. Não sou o tipo de cara que perde a fala por qualquer coisa, mas esse cara definitivamente mexeu comigo.

Ele era simplesmente lindo. Devia ter por volta de 1,90 m, com um corpo bem forte, é o tipo de cara que não precisa malhar 24 horas por dia para ter aquele corpo, a própria natureza se encarregou de torna-lo assim, tinha pele morena, cabelos bem pretos, barba aparada e tão preta quanto os cabelos, e o que mais me chamou a atenção foram os olhos, olhos castanhos e profundos, que escondem muita tristeza.

- Alexandre. – disse estendendo a mão.

- Felipe. – disse respondendo ao seu cumprimento com um forte aperto de mão.

- Olha lá. Aquela mesa desocupou. O que você acha de dividirmos ela? – perguntou Alexandre. – Isso se você não se importar, é claro.

- Claro que não. Vamos lá. Odeio beber sozinho. Vai ser bom ter companhia. – disse.

- Amigão, nós estamos indo para aquela mesa lá. – disse Alexandre ao garçom no momento em que ele trazia a minha porção de fritas.

- Sim senhor. – respondeu o garçom.

Assim que nos acomodamos o garçom recolheu a bagunça deixada pelos outros clientes e logo em seguida trouxe a minha porção de fritas.

- Os senhores desejam mais alguma coisa? – perguntou o garçom.

- Sim. Me trás uma cerveja que eu vou acompanhar o garotão aqui. – disse Alexandre.

O garçom foi e regressou com a cerveja do Alexandre, fizemos um rápido brinde batendo nossas garrafas, e em seguida tomamos gole. Não seio que essa cara tinha de tão especial pra conseguir me deixar sem palavras daquele jeito, geralmente sou um cara super comunicativo, mas com ele era diferente, eu sentia com medo de dizer algo estupido e afasta-lo.

- Você é meio caladão, né? Meio na sua? – disse Alexandre me tirando de meus pensamentos inseguros.

- Que nada! Geralmente eu falo pra caramba, mas hoje eu estou super de boa. – disse dando um sorriso nervoso enquanto coçava a parte de trás da minha cabeça, habito que eu tenho desde criança quando me sinto nervoso.

- Aposto que veio sozinho pra poder azarar as gatinhas. E eu aqui te atrapalhando. – disse Alexandre com um sorriso.

No bar tinha musica ao vivo, o que o deixava com um clima muito agradável. Sem que eu percebesse a banda começou a tocar uma das musicas que eu mais me amarro do Roupa Nova, bem, na verdade, é a única que eu conheço, e por isso é a minha favorita.

- Que nada! Você é o cara mais gostoso do bar. Eu estou é com sorte. – disse meio distraído com a música, para segundos depois assimilar a merda que eu havia dito e ficar sem saber para onde olhar.

- Poxa! Que isso! Assim eu fico sem graça, cara. Eu é que sou o cara de sorte aqui! Um moleque lindo feito você sentado aqui comigo. Hoje é meu dia de sorte. – disse Alexandre.

Depois disso, tudo fluiu mais naturalmente. Alexandre era uma combinação perfeita, ele era lindo, tinha um ótimo papo, e o melhor, era gay. Conversamos muito, sobre todo tipo de coisa, sem ter noção de tempo. Quando percebemos já passava das 02:00h.

- É, cara. Já são 02:13h. – disse para Alexandre.

- Nossa! O tempo passou voando. – disse com um sorriso bobo no rosto.

- Melhor nós irmos andando. Parece que só falta a gente. – disse.

Pedimos a conta ao garçom.

- Deixa que eu pago. – disse Alexandre.

- Não cara. Que isso! Deixa que eu pago. Eu bebi pra caramba.

- Não, não. Eu insisto. Pode deixar que eu pago. Você paga a próxima, ok? – disse ele piscando pra mim.

- Tudo bem. – disse meio sem graça.

Ao sairmos do bar Alexandre pega em meu braço e pergunta:

- Você está muito cansado? – perguntou Alexandre.

- Não. Nem um pouco. – respondi. - O que você acha de sentar na areia e ver o mar?

- Com você, seria maravilhoso. – disse olhando no fundo dos meus olhos, que fez meu coração disparar dentro do peito.

Na praia, como antes, não havia ninguém. Caminhamos um pouco até que o Alexandre parou e me olhou novamente nos olhos.

- Gostei muito de ter te conhecido, sabia? Não esperava conhecer ninguém naquele bar. Muito menos nessa viagem. – disse colocando uma das mãos na minha cintura e me puxando para ele.

- Eu também não esperava encontrar alguém como você. – disse, me aproximando ainda mais dele.

Nossos rostos estavam a poucos centímetros um do outro, eu conseguia sentir o quão forte seu coração estava batendo, o calor que seu corpo moreno emanava, o quanto nossos corpos se encaixavam perfeitamente.

Alexandre tocou seus lábios nos meus e era como sewatts passasse pelo meu corpo naquele momento. Seu beijo começou delicado e cheio de carinho, mas com o tempo foi ganhando paixão e mais desejo. Nos beijávamos como se amanhã não fosse existir, sem nos preocupar com quem quer que fosse. Descobri que ali em seus braços, nenhum problema existia, que nenhum mal me atingiria se eu estivesse ali junto a ele.

Era estranho sentir que eu estava me apaixonando por um cara que havia conhecido a poucas horas em bar, principalmente se tratando de mim, um cara que jamais se apaixonava, que já havia jurado para si mesmo que nunca mais se apaixonaria.

Eu interrompi o beijo e afastei Alexandre.

- Está ficando tarde e eu preciso ir. Foi bom te conhecer. – disse deixando Alexandre ali parado no meio da praia sem entender nada.

Passei todo o caminho de volta para a casa dos avós de Mateus pensando no Alexandre e na besteira que eu fiz ao deixa-lo lá no meio da praia sem entender o motivo de tamanha infantilidade da minha parte.

Tudo o que fiz ate chegar à cama e deitar foi no automático, totalmente robotizado. E quando eu deitei, ultima pessoa que eu pensei foi no Alexandre de pé na praia sem entender a razão de eu ter fugido.

- Ninguém entenderá... Ninguém... – disse baixinho para mim mesmo antes de cair no sono.

***

- Não papai! Eu prometo! Eu prometo! Não deixa ele fazer isso! Não deixa ele fazer isso! Não! Não! Não!Nããããããão!

Acordo ofegante e com meu corpo nú coberto de suor. O maldito sonho havia voltado para tirar minha paz. Respirei fundo e contei mentalmente até 10.

- Essa droga não vai acabar com o meu fim de semana! – disse pra mim mesmo. – Toda essa droga já passou! Isso tudo ficou no passado! – disse levantando da cama e seguindo para o banheiro.

Depois de tomar um banho demorado e cuidar da higiene pessoal, eu já estava pronto para sair e curtir com meus amigos. Olhei no celular e já eram 09:00.

- Hora de tomar café da manhã.

***

- Não entendo por que ele tem que ficar com a outra suíte se ele veio sozinho. – disse Gabriel, um dos nossos amigos da faculdade.

- É verdade. Por que ele não troca de quarto com a gente? Ontem eu e o Ga tivemos que sair do quarto enrolados na toalha pra poder tomar banho depois de trans...

- Cala a boquinha Amanda! Ninguém precisa saber que nós trepamos ontem. Porra! Onde foi que eu arrumei uma garota tão burra? – reclamou Gabriel.

- Acho que essa daí você encontrou no pasto Biel. – disse enquanto sentava para tomar café da manhã.

- Que pasto amor? – perguntou Amanda para Gabriel.

- Por Deus Amanda! Fique calada! Você já é linda e respira. Não precisa fazer mais nada, ok meu amor?

- Gabriel, você é um monstro machista, sabia? Eu ainda vou arrancar essa sua língua um dia. – disse Mariana.

- Bom dia bela adormecida. Pensei que não acordaria mais – disse Mateus.

- Bom dia! Eu acho que estava com um pouco de sono. – disse.

- Bota sono nisso em Fe. – disse Camilla. – Você perdeu a noite ontem. Fui super legal. O restaurante que nós fomos era o máximo.

- Quem sabe mais tarde não vamos lá de novo?! – disse.

- Seria ótimo. Pelo menos assim você e o primo gostosão da Gi vão com a gente. – disse Camilla.

- Falando em Gisela, onde ela está Mateus? – perguntei.

- Parece que ela foi buscar o tal primo. – disse Mateus. – E que por sinal chegaram.

- Gente esse daqui é meu primo Ale! Ale, esses aqui são os meus amigos. – apresentou Gisela.

- Você? – perguntamos juntos.

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Comentários

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Obrigado. Adorei esse conto, muito bem escrito e a história é ótima. Só isso mesmo do Felipe que eu achei meio confuso. Mas tá perfeito.Continua logo, hein ? Rsrs 😘😚💞

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Sem problemas amigo, obrigado pela crítica construtiva. Vou Reler os outros capítulos e ver o que posso fazer para tornar a leitura menos complicada. RS

De ante mão, o Felipe é quem conta a história da Fernanda e do Carlos. É em torno dele que toda a história gira.

mais uma vez obrigado e obrigado por ter lido.

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Olha, não é criticando por maldade não, mas seu conto está confuso demais. Começou com uma coisa, aí depois apareceu esse Felipe que ninguém sabe de onde saiu. De onde saiu esse cara ? Ele é filho da Fernanda com o Carlos ?

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