- Oi, maninho! – Anne me recepcionou com um abraço assim que eu cheguei na casa dos meus pais.
- Oi, maninha! Cadê o Guillaume?
- Tá lá em cima grudado no vídeo game! Moleque viciado!
- Vou lá com ele!
- Maman tá te esperando, ela quer saber qual o motivo de tu teres vindo almoçar aqui em casa, já que isso nunca acontece.
- Depois eu vou lá falar com ela!
- Mas o que é que tu queres?
- Depois eu falo!
- Viado!
- Girafona!
Subi as escadas e fui até o quarto do meu irmãozinho caçula.
- Posso entrar? – Eu disse batendo na porta do quarto.
- Manoooooooo!!! – Ele largou o vídeo game e saiu correndo para me abraçar.
- E aí, mano?
- Eu estava com saudades de ti! Tu somes daqui! – Ele disse ficando triste, ele sempre foi muito apegado à mim.
- É a universidade que não em dá muito tempo, tu sabes disso, né?
- É, eu sei! Vem, joga vídeo game comigo.
- Tá, mas só uma partida, daqui a pouco maman tá chamando a gente pra ir almoçar.
- Tá bom! – Ele sentou na frente da TV novamente e me ofereceu um controle.
Nós jogamos mais de uma partida, e o moleque me ganhou em todas.
- Eu te disse que eu era bom!
- A Anne disse que tu és viciado, como que tu não ias ganhar?
- A Anne é uma metida! Ele quase não para mais aqui em casa também.
- Como assim?
- Ela vive indo dormir na casa de uma amiga dela.
Eu já tinha passado por essa fase e desconfiava que essa amiga não era amigA, poderia talvez um amigO se engraçando para o lado da minha irmãzinha. Eu tinha que averiguar essa história.
- Ela vai todo dia?
- Não, geralmente ela vai na sexta e volta no sábado à tarde.
Mais estranho ainda!
- Deixa, eu vou ter uma conversinha com a maman!
Nós continuamos jogando e nem percebemos a hora passar.
- Que lindo! Ver meus bebes jogando juntos novamente. – Papa disse nos olhando todo emocionado da porta.
- Oi, papa!
- Oi, filhote!
- Tudo bem? – Eu me levantei e fui abraçar meu papa.
- Tudo! – Ele estava lagrimando.
- Chorando, papa?
- Ah, filhote, é que tu fazes muita falta aqui em casa, e aí eu rever vocês juntos fez com que eu lembrasse da época que vocês eram menores e viviam juntos, os três.
- Papa, a gente cresceu, mas não deixamos de ser seus filhos.
- Eu sei, mas é diferente. Bom, deixa pra lá, vamos almoçar, a mãe de vocês já está chamando.
- Vamos, sim! Vamos Guillaume!
- Ah, não, espera aí, só mais essa!
- Depois ele não gosta de ser chamado de viciado.
- Espera aí rapidinho!
Papa e eu nos olhamos e lembramos do que nós fazíamos quando ele era bem menor. Nós fomos nos aproximando lentamente dele e ele, como estava ligado na TV, nem percebeu a nossa intenção. Papa se abaixou e rapidamente pegou nas pernas dele e eu me posicionei na atrás dele e peguei os braços. Nós o levantamos no ar em questão de segundos e ele pegou um susto tão grande que começou a gritar.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!! ME SOLTEEEEEEEEEEM!!!!
- Moleque viciado, vamos almoçar agora! – Eu falei rindo dele.
Nós descemos as escadas com ele pendurado e fomos até a cozinha, quando Maman nos viu daquele jeito ela teve uma crise de risos.
- Tá, vocês já podem me largar. – Ele ria demais.
- Pode largar, papa? – Eu perguntei.
- Será? E se a gente balançasse ele assim... – Ele disse balançando meu irmão para um lado e para o outro.
- Acho que ele não vai aguentar se a gente fizesse isso... – Eu disse balançando mais ainda.
- Tá bom! Soltem esse menino! – Maman falava rindo.
- Tá vendo só, isso que dá ficar na frente daquele vídeo game e não querer vir almoçar com a gente. – Eu disse o soltando. Papa fez o mesmo.
- Chéri, é tão bom te ter aqui em casa! – Maman veio me abraçar.
- Essa casa fica mais alegre contigo, Antoine! – Disse Jojo que estava terminando de arrumar a mesa.
- Jojo, minha gostosa, como tu estás? – Eu dei um beijo estalado no rosto dela.
- Mas esse menino tem mania de te babar, Jojo!
- Ele não baba não, dona Ange! Tudo bem, meu filho! E contigo?
- Melhor impossível! Liga pra maman, não, Jojo, isso é ciúme.
- Não é, não!
- Tá vendo como é, Jojo? – Eu disse rindo.
- Filhote, tu estás muito alegre, o que aconteceu?
- Nada, papa! – Eu disse sorrindo feito um bobo.
- E esse sorriso? E essa carinha? Tem coisa aí! – Maman disse – Venham, sentem-se!
- Cadê a Anne?
- Ela foi ao banheiro lavar as mãos e já está vindo.
- Depois quero conversar com a senhora sobre ela.
- Depois do almoço nós falamos, mas eu quero saber o motivo do senhor ter vindo almoçar aqui, e principalmente o motivo dessa alegria toda.
- Ué, não posso acordar feliz?
- Chéri, maman te conhece e sabe muito bem que tu estás escondendo alguma coisa.
- Não estou escondendo nada, maman! Só estou de férias e resolvi vir almoçar com minha família. Só isso!
- Hum... não sei, não!
- Ah, mas eu também queria pedir pra senhora pra gente fazer um jantarzinho aqui em casa.
- E qual o motivo desse jantarzinho?
- É que a Jujuba e eu já voltamos a nos falar, aí eu queria chamar todos os meus amigos pra gente beber, conversar, comer... aí como a senhora e o papa gostam de todo mundo, eu pensei em fazer aqui. Pode?
- Claro, filhote, eu adoro essas festinhas de vocês! – Papa se manifestou.
- E quando seria, cheri?
- Dia 10 de julho, até lá o Bruno já está de férias e fica melhor pra ele vir.
- Tudo bem, então! Vamos organizar tudo, né Jojo?
- Sim, senhora! Aquele pão vem, Antoine? – Ela falava se referindo ao Dudu.
Dudu foi tirar gracinha com ela uma vez dizendo que ela era linda e que ele pegaria, e ela, indo na brincadeira também, disse que ele poderia pegar naquele exato momento. O coitado ficou todo envergonhado pensando que a Jojo não falaria nada.
- Vem sim, Jojo! Ele não falta nem querendo.
- Como está o namoro, filhote?
- Muito bem, papa!
- Meu outro filho te trata bem?
- Não existe uma maneira melhor para ele me tratar. O Bruno faz tudo por mim e eu por ele.
- E por que esse pilantra não veio almoçar conosco?
-Ah, é que ele tem uma reunião agora lá no hospital, aí ele não poderia faltar, ele bem que queria vir almoçar aqui, mas foi impossível.
- Vocês poderiam vir mais vezes aqui!
- Nós vamos vir, papa! A gente só não vem mais vezes por que nossa rotina é bem corrida.
- E... e... ele dorme... lá na tua casa?
- Tem dias que ele dorme lá e tem dias que eu durmo na casa dele.
- Atah!
- Maman, manda o Guillaume parar! – Disse Anne
- O que ele está fazendo?
- Ele fica abrindo a boca com a comida toda mastigada!
- Guillaume, que falta de educação!
Ele me olhou e piscou. Eu balancei a cabeça em sinal positivo.
- Haaaaaaaaaaaam!!! – Ele disse indo para o lado de Anne com a boca aberta e com a comida toda mastigada.
- Ah, seu moleque nojento! Nojento! Nojento! Nojento! – Ela falava dando uns tapinhas nele.
Eu só fazia rir da cena dos dois. Meu irmão era uma peste com a minha irmã, eles viviam se provocando e brigando, mas não era nada fora do normal, coisas de irmãos mesmo.
Nós comemos e conversamos durante todo o almoço. Eu me diverti demais com meus irmãos.
- Mano, vem mais vezes visitar a gente! Eu sinto tua falta aqui! – Guillaume disse me abraçando quando eu já estava indo embora.
- Eu venho, sim! Pode deixar! Ah, eu acho que eu vou passar uns dias lá no Porto Grande, quer vir comigo?
- Sério?
- Unrum! Depois a gente pede pra Maman!
- MAMAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAN, EU POSSO IR COM O ANTOINE PARA O PORTO GRANDE???? – Ele berrava da frente de casa.
- O que é, menino? – Ela veio com cara de brava.
- Maman, eu posso ir com o Antoine para o Porto Grande? – Ele falava todo empolgado.
- Não!
- Maman, deixa vai? Eu vou passar umas semanas lá, ele poderia vir comigo, ele só fica dentro de casa grudado naquele vídeo game, vai ser bom pra ele.
- Não, sei! Quando tu vais?
- Depois do jantar.
- Tá, vou pensar, depois conversamos sobre isso. Ah, tu não ias falar sobre a Anne?
- Ah, é verdade! Guillaume, vai lá com o Papa e pede para ele me esperar por 10min.
- Tá!
Ele se afastou e eu fui logo falando com maman.
- Maman, é o seguinte: eu achei muito estranho quando o Guillaume me disse que a Anne sai toda sexta feira para dormir na casa de uma amiguinha e volta no sábado à tarde.
- E o que é que tem nisso?
- Maman, ela está na idade de ter os namoradinhos. É bom a senhora ficar de olho, quando eu tinha a idade dela, lembra que eu disse uma vez que eu ia dormir na casa do Thiago e eu fui para uma boate?
- Lembro! Claro que lembro! Eu fui atrás de ti dentro da boate.
- Pois é, eu não estou falando que a Anne está fazendo a mesma coisa, mas é bom ficar de olho. Adolescência e fogo!
- Tudo bem, chéri! Vou ficar de olho nela! Ela que pense que ela vai namorar...
- Também não é assim, né Maman? Ela tem que namorar, mas é bom que ela faça isso aqui em casa, com todo mundo olhando.
- Non! Non! Non! Ela ainda é très petite! Ton père não vai gostar nada disso!
- Mas maman...
- Non, Antoine, ela é muito jeune! Ainda não está na hora para isso!
- Maman, ela já vai fazer 16 anos, como que não está na hora?
- Tu começaste a namorar muito depois dos 16.
- A senhora é que pensa! Eu namorava escondido, e é exatamente isso que eu não quero para a Anne.
- Vou falar com ton père, mas tu já sabes a resposta!
- D’accord! Já vou, deixa eu ir senão papa vai me deixar aqui. – Papa estava buzinando feito um alucinado, ele me daria uma carona.
- Por que tu demoraste tanto, bebe?
- Estava conversando com a maman, papa!
- Eu já estou quase atrasado, acho que não vou poder te deixar na tua casa.
- Não, eu não vou pra casa, eu vou lá no hospital com o Bruno.
- Ah, lá eu posso te deixar, fica perto do Escritório. Vamos, entra logo!
- Tchau, mano! – Guillaume disse.
- Tchau!
- Vem mais vezes!
- Eu venho! E não esquece que a gente vai para o Porto, viu?
- Mas a maman não deixou!
- Deixa comigo!
- Eu vou?
- Vou fazer de tudo pra te levar!
- Legaaal!
-Tchau!
Papa deu partida no carro e nós fomos conversando durante o caminho.
- Que história é essa de Porto? – Ele me perguntou.
- É que eu vou passar umas semanas com o Bruno e os meninos na casa de um amigo do Bruno no Porto Grande, aí eu chamei o Guillaume, mas a maman não deixou. Eu disse pra ela que seria bom ele sair um pouco da frente da televisão.
- Isso é verdade! Pode leva-lo, eu libero!
- Sério, papa? Que legal!
- Mas a gente poderia ir lá em um final de semana?
- Claro que sim, papa! Vai ser muito bom ter todo mundo lá!
- Então, deixa que da tua maman eu cuido! – Ele disse sorrindo.
- O senhor é demais!!!
- Filhote, qual é o verdadeiro motivo desse jantar?
- Não tem motivo nenhum, papa!
- Filhote, tu não me enganas! Eu sei que tem algo, tu estás muito feliz, sorrindo muito, tem alguma coisa por trás disso tudo e eu acho que, ai meu coração, eu já desconfio o que seja!
- Eu não posso estar feliz, papa? Eu heim! – Eu sorri
- Feliz pode, mas eu te conheço e sei quando tu estás mentindo... vamos, desembucha, o que tem por trás desse jantar.
- Não tem nada, papa! – Eu fui firme!
- Tu não vais falar mesmo, né?
- Papa, eu não vou falar por que não tem nada! Deixe de ser curioso!
- Tá bom! Eu vou esperar esse jantar! Mas eu acho que eu sei o que é!
Nós fomos combinando como seria a ida para o Porto e esquecemos um pouco o assunto “jantar”.
-Pronto, bebe, estás entregue!
- Obrigado, papa! E então nós vamos dia 11 e o senhor com a maman e a Anne vão só no dia 16.
- Isso mesmo!
- Tá bom! Tchau! Eu vou ainda essa semana lá em casa.
- Vai mesmo, o Guillaume sente muita tua falta.
Eu desci do carro e papa foi embora. Eu não tinha marcado nada com o Bruno, eu iria fazer uma surpresa para ele. Eu passei na recepção, e como as meninas de lá já me conheciam, eu pedi para que não me identificasse.
COMENTÁRIO:
Boa noite, meus amores! Hoje não comentarei nada, tá? Tô quase dormindo em cima do computador. Só estou publicando para que mais ninguém fique me ameaçando. Kkkkk E claro, para não deixar vocês sem um capítulo fresquinho, né?
BEIJOOOOOOOOOOOOO EM TODOS!
Até manhã!