O cowboy dos sonhos - 12 (Final)

Um conto erótico de Beto Torres
Categoria: Homossexual
Contém 2778 palavras
Data: 28/04/2015 13:47:39

Conforme prometi, estou aqui para relatar (enfim) o final dessa minha aventura amorosa com o Barão. Desde já agradeço pelos votos, pelos comentários e peço perdão mais uma vez pela demora em terminar. Nem nos meus maiores sonhos (ou pesadelos mesmo) eu imaginaria que fosse viver uma história tão intensa, cheia de problemas e reviravoltas. Foi gravidez falsa, filme pornô, ex-mulher que volta, tiro... Mas vamos logo ao que interessa.

Eu estava tentando processar tudo aquilo na minha cabeça, mas estava difícil. O Barão estava fora de perigo, mas estava paraplégico. Mal o Dan me falou isso e eu já estava imaginando o quão isso seria complicado para ele. Mas agora, mais do que nunca, eu precisava estar do lado dele. Mas a responsável por tudo isso não poderia simplesmente dar as costas e ir embora como ela estava fazendo, não. Pelo menos não sem antes ouvir mais algumas coisas que eu faço questão de lhe dizer.

A encontrei já na rua, indo embora. Puxei-a pelo braço e ela, chorando me olhou como quem está desolada. O Dan veio correndo atrás de mim, insistindo para que eu o ouvisse, mas não havia nada que me impedisse de dizer umas verdades na cara daquela desgraçada.

– Você está feliz agora, sua vadia?

– O que você ainda quer comigo? – pergunta ela, bancando a vítima – Não é o suficiente pra você que eu vá embora?

– Você é um ser humano desprezível, vil, abjeto. Como até ontem você falava que amava o Barão e agora tem a capacidade de abandoná-lo ao descobrir que ele não vai mais poder andar?

– Não era isso que você sempre quis? Que eu tirasse o meu time de campo? Estou tirando. Já estou com minha viagem marcada. Nenhum de vocês nunca mais vai ouvir falar de mim. Eu não estou pronta para esse tipo de situação. Não saberia lidar com isso. E quem é que pode me julgar? Você? Você tem mais é que me agradecer porque eu estou caindo fora. Estou deixando vocês serem felizes...

Não aguentei aquela cara-de-pau. Me segurei para não enfiar a mão na cara dela, mas tive que dizer:

– Eu tenho nojo de você! E se você acha que está nos fazendo um favor muito grande indo embora e que eu te devo gratidão eterna por isso, sinto dizer, mas você está muito enganada. O Barão não te quer. Você já não era nada pra ele de qualquer forma, com tiro ou sem tiro. Você tem mais é que ir embora mesmo, pro inferno de preferência. Mas onde quer que você vá, eu quero que a cada passo que você dê, você lembre que o cara que você mais amou na vida está numa cadeira de rodas por egoísmo seu. E que isso te corroa por dentro até você morrer. Que essa culpa te destrua um pouco mais a cada dia.

Acho que minhas palavras conseguiram feri-la. Ótimo. Era essa a intenção. Ela apenas me olhou, ainda chorando, e se foi. Foi a última vez que eu a vi.

Voltando pra dentro do hospital, eu raciocinava como toda aquela nova realidade seria difícil. Adaptar-se a uma vida de cadeirante não seria nada fácil, mas eu precisaria de forças para dar forças a ele. E o Dan pedia insistentemente para que eu parasse e o ouvisse.

– Desculpa, Dan – falei, ainda nervoso por conta da discussão – O que você quer?

– Eu preciso que você me escute. Eu só tenho cara de maluco, mas eu não sou. Quando você estava discutindo com a Ana Rita e eu conversava com o médico, ele me disse que o Oliver evoluiu bem à cirurgia e que vai poder sair dentro de alguns dias, uma semana, no máximo.

– Então você mentiu?

– Menti, cara. Para que a Ana Rita se sentisse culpada. Para que ela mesma percebesse que ela não é merecedora do amor de ninguém, pois ela é capaz de abandonar quem ela diz amar no pior momento. Menti para que você ficasse livre dela. Me desculpa.

– Desculpar você? – perguntei, agora feliz por estar livre daquela vaca e por saber que o Barão estava bem – Cara, eu te amo!

Dei-lhe um beijo no rosto e um abraço forte. Nada poderia ser melhor do que aquilo. Diante da situação de extrema tensão, eis que o Dan se mostra um excelente amigo, mais até do que eu imaginaria que ele fosse.

– Tudo bem, cara, mas o seu namorado é o Barão. Só pra te lembrar disso...

Sorri e corri para procurar o médico para que ele mesmo me confirmasse aquilo. E ele confirmou. Voltei para casa e, mesmo ainda apreensivo por não tê-lo visto, dormi feliz por saber que o Barão está fora de perigo.

No outro dia, voltei ao hospital após o colégio, mesmo sob protestos da minha mãe dizendo que eu não tinha nada o que fazer lá. E daquela vez, ele estava podendo receber visitas.

Não segurei a emoção quando o vi. Corri pra perto dele e segurei forte sua mão. Minha vontade era abraçá-lo forte, mas só se eu quisesse matá-lo de uma vez.

– Que medo eu tive de te perder, peão.

– Já ouviu dizer que vaso ruim não quebra? – falou ele, enxugando uma lágrima minha e dando aquele sorriso que ficava lindo em meio aquela barba dele.

– Me perdoa? Eu fui um idiota por não querer te ouvir.

– Esquece isso, meu lindo. Temos que olhar pra frente. Eu te amo, marrento. Eu nunca iria desistir de você. Até tiro por tua causa eu tomei, espero que isso signifique alguma coisa.

Sorri e beijei sua mão. Lhe contei o que aconteceu, como a Ana Rita tinha ido embora, que eu tinha denunciado o pai dela e que ele tivera sido preso ontem mesmo enquanto tentava fugir.

– Ele é um cara rico, influente, não vai ficar na cadeia por muito tempo, meu lindo.

– Acha que ele ainda virá atrás de você? – perguntei.

– Acredito que não, mas não tenho como ter certeza. A única coisa da qual eu tenho certeza é de que eu quero ficar perto de você. Ficar com você. Você é a pessoa com a qual mais me importo nesse mundo.

Cara, que homem fofo é aquele? Naquela situação toda e ainda se via na necessidade de ser carinhoso comigo. Como eu pude ser tão orgulhoso a ponto de quase perder um cara como o Barão? Conversamos mais um pouco até que a enfermeira me pediu para sair, pois o horário de visitas tinha terminado.

– Não vai me dar um beijo? – pergunta ele, ao me ver indo embora. Olhei para a enfermeira e ela fez uma cara não muito amigável diante daquele pedido. Mas quer saber? Foda-se! Voltei e o beijei. Saudades daqueles lábios, daquele toque, daquele carinho.

– Te amo, peão – falei, dessa vez saindo de verdade.

– Também te amo, marrento – respondeu ele, para desespero da enfermeira, que agora estava horrorizada. A cara dela foi ótima. Tenho certeza de que, depois que eu saí, ela deve ter nos chamado de “veado” pra baixo.

– Amanhã eu volto. Vê se não morre de saudades de mim.

– Se eu não morri de um tiro, não é de saudades que eu vou morrer, meu lindo.

Sorri e saí. E foi assim nos dias que se seguiram. O visitei diariamente e, quando ele voltou pra casa, todos os dias, eu ia lá. Ajudava a trocar os curativos, dava um jeito na casa. Até banho nele eu dei nos primeiros dias, pois ele não podia abaixar. Minha família achou o máximo essa minha dedicação em ajudar o próximo. Mal sabiam eles de todos os beijos que eu dava naquele cowboy todos os dias.

– Já pensou em fazer faculdade de enfermagem? – pergunta ele, deitado de bruços no sofá, enquanto eu terminava de aplicar o remédio sobre a cicatriz, que já estava quase totalmente restabelecida.

– Minha praia é Engenharia, peão.

– Sabe o que eu queria agora?

– Não. O quê?

– Estar bem novamente pra que nós pudéssemos namorar de verdade. Estou com saudade daquele sexo gostoso que nós fazemos – diz ele, sentando-se no sofá e me puxando para perto dele.

– Só mais alguns dias, Barão – falei, enquanto ele beijava meu pescoço – Tá animado hoje, não é?

– É você que me deixa maluco, meu lindo. Quero te comer novamente. Saudades de ter você cavalgando nessa vara gostosa aqui – diz ele, enquanto levava minha mão até seu pau, que já estava duro dentro daquela bermuda.

Apertei o pau dele de uma forma que o fez gemer e falei:

– Você sabe que seria meio arriscado fazer isso agora, mas tem uma coisa que eu posso fazer facilmente por você.

O beijei e fui descendo minha boca até o seu pescoço e peito. Lambi todo seu abdômen e passei a língua lentamente no seu pau, enquanto ele gemia e me mandava continuar. Mamei aquele cacete todo, sugando com todo o vigor possível. Quando vi que ele ia gozar, parei e o beijei. Tirei meu pau pra fora e fiquei de pé no sofá, enquanto ele me chupava gostoso e batia punheta ao mesmo tempo. Ele lambia as minhas bolas e engolia meu pau inteiro. Sentei no sofá e ficamos nos beijando e nos punhetando até que gozamos juntos. Adormeci ali mesmo, sentindo seu cheiro e ouvindo sua respiração descompassada após aquela brincadeirinha rápida, mas intensa, como nossa relação sempre foi.

Cerca de um mês depois, ele já estava de volta ao trabalho, totalmente restabelecido. A primeira vez que transamos após o ocorrido foi foda. Ele me comeu dentro do carro e eu fiquei surpreso com a minha desenvoltura. Estou melhorando gradativamente, pois com o Barão toda transa é um aprendizado.

E assim tem sido nossa vida. Nossa relação continua em segredo, mas tenho absoluta certeza de que algumas pessoas desconfiam do fato de sairmos muito juntos para festas. Mas somos discretos e, vez ou outra, pegamos mulher de comum acordo pra despistar os mais curiosos e pra evitar explicações que não queremos dar. Já pensamos em nos casar futuramente e mudar de cidade, mas não temos pressa. Brigamos como qualquer outro casal, mas as nossas reconciliações sempre são a melhor parte.

Para quem sempre quis saber, minha história é sim verídica e tudo o que contei aqui eu tive o prazer de ter vivido e aprendido com cada uma dessas coisas. O Barão é o homem da minha vida e ele abre um sorriso enorme cada vez que eu lhe falo isso, e nada do que somos hoje seria possível se não tivesse acontecido tudo o que nos aconteceu. Crescemos, amadurecemos e descobrimos nossa importância um na vida do outro através dessas intempéries que, no final das contas, foram essenciais para que hoje nós sequer cogitemos a possibilidade de terminar nosso relacionamento por uma ou outra briguinha boba.

Algumas coisas mudaram nesse meio tempo. Eu entrei na universidade (a Engenharia me pegou de jeito... hehehe) e tive que mudar para outra cidade, só voltando à minha aos finais de semana, pois fica a cerca de 100 km de distância, e está sendo justamente nessa fase da minha vida que eu estou descobrindo o quanto o Barão gosta de mim. Ele não mudou em nada, mesmo com a minha ausência durante cinco dias da semana. Vez ou outra, ele dá um jeito de vir me ver durante a semana, mesmo que rápido. Dia desses, ele apareceu na porta da universidade e foi quase impossível que ele passasse despercebido. Aquele cara alto, bonitão, vestido daquela forma que eu adorava, com aquele chapéu que eu tinha lhe dado de presente não podia jamais passar batido. E não passou. Quando eu saí, tinha um grupo de meninas que estavam olhando pra ele e ele, exibido como sempre foi, jogava seu charme pra elas. Quando eu cheguei e o cumprimentei como um amigo, pois não podia dar bandeira ali, ele falou ao perceber minha cara de ciúmes que eu não consegui disfarçar:

– Meu coração é só seu, meu lindo.

– Mas pelo visto, seu corpo é de domínio público.

– Olhar não tira pedaço. Meu corpo é só seu e você sabe disso. Ou não é você que conhece cada centímetro de mim?

– Você só fala isso porque sabe que eu sou louco por você e que eu não me importo com esse tipo de coisa...

Ele se inclina em minha direção e fala em meu ouvido:

– Quer que eu te beije agora pra deixar bem claro quem é que manda no cowboy aqui, marrento?

Seria uma boa. Mas apenas sorri e entrei no carro. Rindo bastante diante da minha falta de resistência ao charme dele, ele também entra e deixa pra me beijar quando já estamos dentro do automóvel. Esse dia, nós fomos a um barzinho alternativo frequentado por essa galera mais descolada e que não se importa muito com convenções. Não necessariamente um bar LGBT, mas um lugar onde poderíamos ficar mais à vontade sem que ninguém se incomodasse com nossa intimidade. Foi a primeira vez que pude beijá-lo em público, mesmo sendo apenas uns beijos rápidos, pois não me sinto muito à vontade dando aqueles beijos cinematográficos para o mundo ver, nem com mulher. Só quando eu estou bêbado. Fomos elogiados por duas mulheres que estavam lá no tal barzinho, que nos disse que formávamos um casal muito bonito justamente por sermos bem diferentes um do outro e que tínhamos almas lindas. Como ela conseguiu enxergar nossas almas, eu não sei bem, Só sei apenas que ouvir aquilo me deixou incrivelmente feliz.

No ano passado, enquanto escrevia as primeiras partes desse conto, consegui um intercâmbio de seis meses para a Inglaterra, como forma de complementar o meu currículo acadêmico. Foi por isso que parei de escrever. Fiquei com medo de contar isso a ele e ele pensar que eu estava o deixando, mas no final das contas, ele me deu a maior força.

– Não queria ficar longe de você – falei, abraçado a ele naquele sofá onde já nos amamos muito.

– Não enxergue as coisas dessa forma. Estarei aqui quando você voltar, esteja certo disso.

Ele me beija e eu falo:

– Você sabe que eu vou sentir falta de tudo em você.

– Eu também, marrento. Mas é só você não me trocar por nenhum britânico que está tudo certo.

– Se você pedir pra eu não ir, eu não vou.

– Você está maluco? Acha que eu seria egoísta a ponto de te pedir uma coisa dessas? Quando eu levei aquele tiro e corria o risco de ficar sem andar, o Dan me falou de toda a sua disposição em ficar do meu lado caso isso acontecesse. Seu caráter é excepcional. Não é uma viagem pra outro país por um tempo pré-determinado que vai me fazer esquecer quem você é e o que você significa pra mim, meu lindo. Você já fez muito por mim quando cuidou de mim durante a minha recuperação. Está na hora de fazer um pouco por você mesmo.

Cara mais fofo que esse está pra nascer. Foram seis meses longos, mas extremamente bem aproveitados. Conheci novas pessoas, uma nova cultura, aprendi um novo idioma, enriqueci meu currículo. Ficar longe dele e da minha família não foi fácil, mas foi possível, foi suportável. Falava com ele todos os dias, pois depois do advento da internet, o que a geografia separa, uma rede social une. Voltei recentemente e o nosso reencontro não poderia ter sido melhor. Ele me levou para outra cidade e ficamos sumidos por dois dias, apenas nos amando, curtindo o momento e matando a saudade. Não sou tão pretensioso de achar que ele não ficou com ninguém durante o tempo em que estive fora. Na verdade, não vou saber disso nunca. Mas isso não faz a menor diferença diante do cara que ele é e do quanto ele me faz sentir especial.

Nesse exato momento em que escrevo essas linhas, ele está aqui do meu lado, tirando um cochilo após almoçarmos. Olhando para ele assim dormindo, só de calça jeans e com o chapéu sobre os olhos por causa da luz, como todo peão costuma fazer, lembro da intensidade que permeava nosso início de relacionamento, onde tudo parecia conspirar contra nós, e vejo a forma discreta como nossa história agora se desenrola. Vivemos o que tínhamos que viver pra chegarmos mais sábios até aqui e podermos sermos suficientes um para o outro como temos sido até então.

Amo meu cowboy e sei que ele também me ama. O futuro é uma incógnita bem mais complicada do que as que eu vejo no meu curso na universidade. Mas até então temos estado bem dispostos a descobrirmos juntos o que o destino nos reserva mais à frente. E contra o amor não há nada que seja maior. É isso que nos move.

FIM

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Comentários

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Muito bom cara... foi melhor ainda ter encontrado o conto terminado, pois não precisei ficar esperando e assim deu pra entender melhor o conto. Que ficou excelente!

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Que bom ter encontrado esse conto com ele já terminado! Nossa, os leitores devem ter sofrido horrores esperando o final (Oh, Maldade! He, he, he). Beijinhos, chéri!

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Acompanhei tua estória desde o ano passado e agora vi que tinha continuado. Ela foi linda! Mas fiquei decepcionado com i que li no final desse último capítulo. Que amor é esse que permite ficar com outras pessoas? Que tem de ficar escondido? Muito cômodo pra o Barão! Não precisar comprometer sua imagem. E acho um pouco de falta de amor próprio de sua parte aceitar essa situação dele com outras pessoas numa boa... Mas essa é minha opinião! Quando há amor de verdade se enfrenta tudo. Mas quem sou eu pra julgar!!! Espero que seja feliz do seu jeito!!! Abraçao!!!

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hm... legal... pena que é o fim.

nao sei o que dizer, pois tipo, esse é o fim e eu já deixei comentario em um capitulo, eu nunca deixo grandes comentarios em ultimos capitulos de algo que eu deixei comentario antes.

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