O fato é que só sabemos o quanto estamos apaixonados por alguém quando sentimos ciúmes. A primeira vez que sentimos ciúmes, na verdade, é a última prova para ter certeza desse sentimento. Eu, no entanto, não estava preparado para sentir isso por um cara, ainda mais por Leonardo. Antes de explicar o meu motivo de ciúmes, é bom explicar outra parte das nossas conversas no kik. Há uma forma de conectarmos com outras pessoas no kik, de qualquer parte do mundo, e era isso que gostávamos de fazer quando estávamos à toa. Nessas tantas conversas, algumas ou outras pessoas acabam fazendo parte da nossa amizade virtual. Uma dessas pessoas foi uma americana chamada Ellen.
Num certo momento, Leonardo adicionou Ellen à nossa conversa e passamos a falar em inglês com a moça. Ela tinha ficado encantada comigo e com Leo (amava brasileiros) e ficamos naquele papo meio sem noção durante muito tempo. Até que em alguma parte da conversa ela disse que Leo era o namorado virtual dela. Tudo bem, a menina podia ser meio louca, eu não ia ligar para aquilo, mas depois ela disse sem pudor algum que eles já haviam trocado nudes (fotos peladas). Minha primeira reação foi querer xingar o Leo, mas depois não consegui encontrar o motivo. Instantaneamente, porém, parei de conversar com a Ellen. Me senti tão mal naquela hora que me deu vontade de apagar o aplicativo, mas eu ainda não conseguia encontrar os motivos.
O que quer que Leo fizesse enquanto não estava conversando comigo era problema dele, não era como se tivéssemos algum tipo de compromisso. Não demostrei nada a ele, mas tinha ficado extremamente chateado e o ciúme passou a ser uma sensação quase constante para mim. Passei a ter ciúmes dele dizer que ia sair com amigos, eu não estava mais conseguindo aceitar que ele poderia ser “amigo” de outra pessoa. Contudo também não fiz nada para mudar nossa situação, continuei negando cada convite que ele fazia. Mas esse episódio com a Ellen foi pouco comparado com as coisas que vieram depois e que me fizeram morrer de ciúmes mais e mais. Falo mais sobre isso daqui a pouco.
É importante dizer que eu também trocava nudes com outras pessoas. Hoje em dia eu acho isso sem graça, mas na época era legal conversar com alguém e em seguida vê-lo pelado. O curioso é que pouquíssimas vezes eu enviei fotos minhas. Não sei ao certo por que eu fiz isso, mas quando alguém me pedia foto do meu pau eu enviava as fotos do Leo. Arrependi muito disso, porque ele confiou em mim e tudo mais, mas foi o que eu fiz e não vou mentir. O pau dele é maior que o meu e é perfeito, talvez tenha sido por isso. Mas, como toda mentira, um dia essa teve seu fim.
Voltando aos motivos que Leo me dava para sentir ciúmes, um dia nossas intenções foram reveladas: de alguma forma, dentro de algum contexto, Leonardo me disse que trocava fotos com outros caras da mesma forma que fazia comigo. Eu fiquei sem reação, novamente, com raiva e um pouco triste, mas não havia o que ser feito porque eu fazia a mesma coisa (só não contei na hora). Ele ainda me contou o motivo de fazer isso: ele era bissexual. Me ligou para contar, pediu para eu não me afastar dele, disse que queria que isso ficasse só entre a gente. Eu podia ter me assumido também, quem sabe ter o chamado para sair, mas não o fiz. Fiquei com medo como sempre. A partir desse dia conversar com Leo passou a ser horrível, mas daquele tipo que a gente não consegue evitar.
Ele continuava o mesmo, mas alguma coisa em mim tinha mudado. Eu ficava constantemente triste em saber que, por exemplo, ele podia estar se encontrando com alguém e que futuramente ia me abandonar. Cheguei até a chorar pelo filho da puta, numa ocasião que eu vou retratar agora: duas pessoas foram fundamentais nessa nossa amizade virtual. Uma delas se chama Lucas e o outro esqueci o nome (não me julguem). Eu conheci o Lucas no Kik, Leonardo também conversava com ele. Um dia, porém, decidimos juntar as conversas e ficamos nó três conversando. Do nada Leo adiciona essa segunda pessoa importante, um garoto que devia ter uns 19 anos. Na hora eu fiquei com ciúmes, mas, como sempre, não fiz nada. Esse ciúme só aumentou para ÓDIO quando descobri que o segundo cara não era do kik, na verdade Leonardo o conhecera em outro aplicativo, o Grindr.
Eu devo ter ficado com muita raiva, mas não lembro direito o que eu fiz. Só sei que eu parei de conversar com o Leonardo. A sensação que eu tinha era a de que eu não o conhecia como achei antes, eram tantas coisas que ele fazia pelas minhas costas que acabei desistindo dele. Me tornei frio e ele percebeu que tinha alguma coisa errada e eu não contei o que era. Mas esse joguinho não durou muito tempo, pois, como disse antes, minha mentira não durou muito tempo e Leonardo acabou descobrindo. Dessa vez, era ele que estava puto comigo.
Continua...