Bia ficou completamente chocada assim que me viu e soube de tudo o que tinha acontecido.
- Mas esse cara e' um louco! _ disse, indignada _ Sabia que esse ciume excessivo iria dar merda, sabia! Nao te avisei, Daniel? Mas voce queria, era louco por ele, se sujeitou a essa relaçao maluca por amor a esse cara, anulou sua vida...
Calado, eu a ouvia, dando-lhe razao. Por ser hora do jantar, ela aprontou rapidamente alguma coisa, um macarrao com calabreza, que comemos na cozinha mesmo.
- E agora? Vai largar ele de vez? _ indagou ela, me olhando atentamente.
- Nao sei _ respondi, olhando para o prato.
- Nao sabe? _ ela exclamou _ Virou mulher de malandro, Daniel? O cara te domina, te bate, tenta controlar tua vida e ainda assim... Caramba, aquela pica e' tao boa assim?
- Caralho, Bia. Eu gosto daquele puto, dà pra entender? _ disse, irritado; a verdade era que a minha cabeça estava uma merda confusa, nem eu sabia o que sentir.
Ela respirou fundo, enrolando o macarrao no garfo. Dava pra ver que estava super puta comigo.
- Os dois sao loucos _ resmungou _ Sinceramente, lavo minhas maos, Daniel. Na boa. Voces que se entendam.
Jogou quase que a comida inteira no lixo, irritada. Eu estava magoado, chateado pra burro, e pedi para deitar mais cedo; ela arranjou o quartinho de hospedes, uma caminha de solteiro que quase nao me cabia, e um colchao molenga com cheiro de poeira, mas que se fodesse. Exausto, dormi a noite toda, achando surpreendente que o doido do Tiago nao tivesse ido bater na porta da Bia para me levar com ele. Sonhei a noite toda com nos dois, com o tempo em que a gente era moleque e ia junto para todo lado; uma vez ele me deu um skate no Natal, e na primeira tentativa cai que me ralei todo. Ele cuidou de mim com tanto carinho, me incentivando, dizendo que em breve eu estaria fera naquele esporte; quando minha mae viu o curativo enorme no meu braço, obviamente brigando comigo, Tiago assumiu toda a culpa, pedindo que ela nao me castigasse, pois o skate foi presente dele. Nesse momento, e em varios outros antes e depois, tive certeza de que o unico dono do meu coraçao seria sempre ele, apenas ele. "Voce e' meu, eu sou seu, Dani", ele dizia, resumindo toda uma relaçao complexa em poucas palavras.
Ainda nao seriam seis horas de uma manha gelada quando a campainha do apartamento da Bia começou a tinir com uma insistencia frenetica. Cobri a cabeça com o edredom do Piu Piu que ela tinha colocado pra mim, e escutei a garota arrastando os chinelos pelo corredor, indo atender a porta, reclamando.
- Cade ele? _ escutei a voz de Tiago vibrando na sala.
- Cara, voce sabe que horas sao? _ disse Bia, bravissima _ Nao dorme nao, porra?
Sentei na cama. Que frio do caramba! Alcancei meu moletom de gorro, vestindo-o enquanto os dois discutiam na sala.
- Nao consegue dar um tempo para o cara pensar, Tiago? _ Bia dizia, enfrentando o rapaz _ Ele chegou aqui ferido, arrasado, tà numa magoa desgraçada de voce, meu. Escuta, voce vai perder esse cara. Ou voce muda, ou ele vai embora. E outro como ele nao se encontra por ai, nao, meu filho.
- Ele nao vai me deixar, ele nao pode...
- Tenho certeza que nao. Os dois sao loucos e idiotas o suficiente para ficarem juntos... Mas para de vacilar com ele, caramba. Nao quero ver o meu amigo sofrendo.
- Eu gosto dele pra caralho, Bia. Voce nao entende? _ Tiago repetiu praticamente o mesmo que eu disse a ela na noite passada.
- Nao mesmo. Um amor maluco e agressivo assim, nao vou entender nunca! Mas ele te curte e te aceita assim, o que posso fazer? Pra mim isso e' loucura, mas ai jà nao e' comigo... So' nao extrapola, cara. Nao sufoca o moleque, nao tente controlar a vida dele, e nao senta a porrada nele de novo ou voce vai se ver comigo! Estou falando serio.
Cheguei na sala, vendo que eles conversavam em pe', Bia ainda de camisola, usando uma blusa velha, toda descabelada e brava; Tiago nao parecia ter dormido, sua cara era de cansaço, e usava ainda o moletom branco da GAP, manchado com meu sangue no ombro. Parecia nervoso e desorientado, e ao me ver, correu para me abraçar.
- Dani... Seu doido! _ sussurrou _ Quase fiquei maluco ontem em casa, depois que voce saiu. Nao dormi nada, fiquei andando a noite toda... Mas respeitei teu tempo, cara.
Ainda o encarando, sentei no sofà e ele veio junto, segurando na minha mao, me olhando preocupado.
- O que preciso fazer para voce me perdoar? _ disse.
Bia nos olhou, balançou a cabeça inconformada, e saiu para a cozinha.
- Ontem, quando eu vim para cà, ainda com muita raiva de voce, eu pensei em terminar tudo _ falei, vendo que seus olhos tao bonitos pareceram tremer de medo ao ouvir isso _ Mas nao consigo. Voce foi um grande filho da puta ontem comigo. Merecia levar umas bordoadas pra aprender... Ainda estou muito magoado contigo, puto pra caralho... Que amor e' esse, meu? Voce me maltrata, desconfia de mim, quer me controlar, me bate... Voce me ama ou me odeia, porra? Juro como desejei nunca ter me declarado a voce, nunca ter te beijado, levaria esse sentimento comigo para o tumulo, mas nunca me decepcionaria assim com voce...
- Me perdoa _ ele sussurrou, passando a mao por meus cabelos _ Me deixe tentar melhorar com voce, controlar meu ciume, essa merda toda... Me dà outra chance, Dani.
"Ainda sou O Idiota do Ano em Campinas", pensei olhando para ele. Cutuquei o cara no peito.
- So' mais essa, Tiago _ disse, firme _ Vacila comigo de novo e eu sumo daqui, voce nunca mais vai saber de mim, sacou? Agarra essa chance e tenta ser um cara melhor, porra. Tenta ser o homem que justificava meu amor e minha admiraçao, e nao esse moleque encrenqueiro e otàrio de agora.
Ele engoliu em seco, meneando a cabeça de leve, concordando. Tentou me beijar, mas desviei.
- Minha boca ainda tà doendo _ falei, mas ele me agarrou assim mesmo, beijando meu pescoço, lambendo meu queixo, minha orelha, sentindo meu cheiro; deu tesao mas fiz ele parar, estavamos na casa dos outros.
Bia trouxe cafe' para nos, dando outra dura no Tiago que, calado, so' escutava, engolindo o orgulho e concordando com rapidos olhares. Uma meia hora depois peguei minhas coisas, deixei a moto pra pegar depois, agradeci a Bia, e descemos. Havia neblina sobre Campinas naquela manha, um transito da porra, um frio de quase seis graus. Telefonei ainda no caminho de casa, para a academia, avisando que nao iria trabalhar, que nao me sentia muito bem, o que nao era totalmente mentira.
- Tambem nao vou trabalhar hoje _ disse Tiago, ligando o ràdio FM do carro _ Vou ficar com voce em casa.
Nao era necessario, mas se ele queria... Mexi no cursor do radio enquanto ele dirigia, pulando todas aquelas bostas de sertanejo universitàrio que se alastrava como praga por radios do Brasil afora. Deixei numa musica dos Detonautas, "Tudo O Que Eu Falei Dormindo", e me pareceu otima para o meu momento.
"E se para os outros jà nao faz sentido
Eu continuo tentando, insistindo"
- To pregado de sono_ disse Tiago, suspirando _ Nao consegui dormir nada... Quero um banho quente e depois cama. Contigo, viu?
- Ainda to meio puto com voce, velho _ disse, mexendo no celular _ Voce tà e' merecendo uns dias de greve de sexo, isso sim.
- Caralho, Dani. Quer me matar? _ ele ficou todo nervoso.
- Entao me dá essa bunda gostosa e eu mudo de ideia, porra.
- Filho da mae _ ele resmungou, mas nao xingou tanto como de costume; achei estranho.
Em casa, ele dormiu a manha inteira, enrolado no edredom, querendo que eu ficasse junto com ele e fiquei por um tempo, sem sono, ouvindo o cara ressonar e pensando em nossa vida dali por diante. Ele que nao tomasse jeito! Se continuasse louco assim, nao tinha condiçao de manter nem amizade mais. Seria fim de papo, adeus para nunca mais voltar.
Às onze horas a neblina subiu, ponteando o ceu azul profundo de pequenas nuvens esparsas. O frio ainda era intenso, mas isso nao me impediu de abrir uma Coca Cola gelada pra gente almoçar; fritei batata congelada, grelhei bifes e os comemos com paozinho frances. A gente cozinhava mal pra caralho, porem ficou gostoso e calorico; ao menos nao era aquela merda de batata-doce cozida e file de frango que precisei comer por um tempo, pra ganhar musculos. Peguei nojo daquilo, nao gostava nem de lembrar.
Voltamos para o quarto, onde batia um solzinho. Tiago colocou o DVD do Jurassic Park para assistirmos, era um lixo de filme, mas o doido adorava. Ficou abraçado comigo debaixo do edredom, de cueca boxer e camiseta de manga comprida, de pau duro, me provocando, cutucando minha bunda toda hora. Por um momento ele ficou pensativo, sem prestar atençao no filme.
- Escuta, voce tem mesmo muito tesao na minha bunda? _ perguntou, mexendo no meu cabelo.
- Claro, Tiago. Nao e' zoeira. Sempre toquei altas punhetas pensando nessa tua bunda, desde moleque. Porque? Vai me dar ela?
- Cara, isso vai doer pra burro _ disse ele.
- E voce acha que nao doi quando voce mete em mim? Doi pra caralho! _ disse, me virando e olhando-o, aceso ao pensar que ele finalmente daria aquele cu pra mim _ E se voce curtir? Eu aprendi a curtir, porra. Nunca imaginei que fosse bom assim, mas foi. Alem do mais, sou menos dotado que voce...
Ele refletia, duvidando, se resolvendo. Chupei o pescoço dele, doido de tesao so' em pensar nele todo abertinho pra mim, levando minha vara.
- Coloco devagarinho, prometo _ sussurrei aquela frase cliche que todo cara dizia quando queria ganhar um rabo.
- Vai, entao. Mete essa merda em mim, caralho _ disse ele, puto da vida, engolindo o orgulho como quem engole um porco-espinho _ Se eu tiver que dar, que seja pra voce.
Fiquei louco, nem acreditei. Tirei a roupa dele, afastando o edredom, beijando cada parte daquele corpo maravilhoso, chupando o pau dele para deixa-lo bem relaxado, e nesse ponto o safado curtiu pra caramba. Mandei que ele virasse, sentei aos pes dele, tirei minha camiseta e acalmei meu pau que pulsava de felicidade ante a visao daquela bunda magnifica. As costas dele, tao perfeitas, musculosas, o dragao oriental vermelho de cinqueta centimetros que testemunharia agora o meu velho tesao sendo saciado; beijei desde a nuca ate à bunda, doido nela, pedindo para ele arrebitar. Tenso, ele obedeceu, abri as polpas carnudas e meti a lingua no rabo dele, dando o meu melhor no cunete; Tiago gemeu baixo, suspirando, segurando o travesseiro com força. Ninguem resistia à um bom cunete, em qualquer parte do mundo. Ele tinha tomado banho, estava cheirosinho, liso, quente; por mim, passaria a vida toda ali, entre as pernas grossas dele, mordendo, chupando, rodando a ponta da lingua là dentro, porem minha boca ferida começou a fisgar de dor e tive que parar. Tirei minha cueca, molhada na frente pela lubrificaçao, apontei o pau que pingava baba e pincelei o cu dele; Tiago contraiu tudo, parecia um moleque virgem.
- Relaxa, cara _ debrucei-me sobre as costas dele, beijando sua orelha _ Quer com capa?
- Nao, enfia sem... Vai logo com isso, Dani, to com frio ...
Meu pau estava no seu limite maximo, duro como um toco. O liquido pre-seminal vinha em abundancia e o usei para molhar o rabinho do Tiago, junto com uma cusparada; era uma merda o lubrificante nunca estar à nossa mao quando precisamos, mas na hora do tesao ia no cuspe. Segurei o ombro dele, forcei o pau e o cara travou; forcei de novo e agora ele tentou relaxar, pois nao era burro e sabia como se fazia: se travasse muito ia doer pra caramba. Ele nem olhava pra tras, continuava agarrado ao travesseiro, ofegando, nervoso, na espera; resolvi amaciar o cuzinho dele com meu dedo e mais cuspe, sentindo seus musculos internos deliciosamente numa pressao quente. Quando ele pareceu mais relaxado depois do vaivem do dedo dentro dele, forcei o pau e a cabeça entrou, num aperto tesudo. O cara urrou, afundando a cara no travesseiro.
- Caralho! _ exclamou numa voz abafada _ Tà me rasgando, porra.
- Relaxa _ falei, sem tirar de dentro, beijando seus ombros, forçando mais, lentamente, colocando mais da metade enquanto ele arfava, suando _ Relaxa, mano... assim, assim...
Foi tudo. Agora era so' alegria! Ele reclamava da dor, mas nao tanto como imaginei que fosse. Nao fui obrigado a dar como homem? Que ele tambem desse, porra. Dentro dele, logo fiquei fissurado, louco pra mandar ver, ele era quentinho, macio, muito apertado, meu saco jà formigava querendo gozar, eu nao ia aguentar muito.
- Soca, filho da puta _ disse ele com a cara brilhosa de suor, a boca ate branca de tanta dor.
Meti, a principio lentamente, para depois acelerar, segurando no quadril dele, viajando naquele tesao que esperei dez anos para ser saciado. Que delicia, que delicia... Minha porra jà borbulhava no saco, louca pra explodir de alegria dentro dele; caralho, eu nao conseguiria segurar muito tempo... Me sentia como um moleque cabaço comendo o primeiro cu, sem saber controlar o gozo.
Peguei no pau dele: mole como pinto de velho. Coitado, ele estava sofrendo demais, ofegava, grunhia e suava. Virei o cara de frente, ergui suas pernas e enfiei, vendo-o fechar os olhos e apertar os làbios de dor. Que loucura, eu metia revirando os olhos, gemendo alto, talvez ate a vizinha gorducha revendedora da AVON estivesse ouvindo.
- Goza logo, caralho _ ele pediu, puto jà com aquilo.
Soquei mais forte, mais fundo, gozando dentro dele sem avisar, segurando seus ombros e metendo ate o talo, deixando a porra vir quente e furiosa. Beijei a testa do Tiago, sorrindo de felicidade, tirando devagarinho meu pau ainda vibrando e pingando de dentro dele, me deixando escorregar ao lado da cama, mole de prazer, amortecido, tremulo. O àpice do sonho realizado se consumiu num ultimo segundo de vestigios de orgasmo e respirei fundo.
- Caramba _ ele resmungou, tocando sua bunda _ Parece ate que foi um cavalo que gozou dentro de mim.
Dei uma risada sonora, limpando o suor da testa com a mao.
- Voce nao curtiu muito, ne'?
- So' senti dor e vontade de cagar _ ele riu, me olhando _ Nao rola, Dani. So' fiz porque voce quis muito. Mas achei ruim. Tá ardendo pra burro, parece que entrou um extintor de incendio dentro do meu rabo... O que a gente nao faz pra agradar quem a gente gosta, ne'?
- Tudo bem, Tiago. Nao vou mais encher seu saco com isso, nem te forçar, cara _ suspirei _ Eu achei muito bom. Claro que pra quem come sempre e' bom...
Ele levantou, andando meio esquisito. Minha porra escorria pelas pernas dele, foi uma visao linda que me deixou maluco. "Tambem sou teu macho, seu puto", pensei, ouvindo o cara entrar no banheiro. Vesti minha roupa outra vez, me enfiando debaixo do edredom e vendo o resto daquela droga de filme; Tiago tomou banho e saiu, vestindo a roupa com a qual estava antes da transa. Tirou o DVD dos dinossauros e colocou Velozes e Furiosos. Agora sim! Assistimos abraçados enquanto a tarde avançava e esquentava um pouquinho, quase nada.
Na metade do filme o doido acabou dormindo. Olhei para ele por um tempo, pensando em algumas coisas, lembrando de outras, numa conexao desordenada, superficial; deixei ele na cama e fui para a sacada assim mesmo, so' de cueca. Batia um sol fraco, frio, com jeito de doente, e me espreguicei, olhando a cidade movimentada là embaixo, as sombras longas e frias tipicas daquela estaçao do ano. Pensei que, no final das contas, de um dia, de um ano, de uma vida inteira, tudo o que a gente fazia era tentar; tentar melhorar, acertar, ser feliz e fazer quem se amava feliz. Se dava certo? Quem poderia afirmar se nao tentasse? Eu insistia, ele tambem, dando cabeçada e fazendo merda, mas tentàvamos. Talvez levasse algum tempo ate tudo entrar no prumo, ser totalmente bacana como seria o certo, mas insistiàmos. Uma hora a gente conseguia, porra.
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Decepcionados com este final? Espero que o compreendam. Ele representa a coragem das pessoas que transgridem os defeitos de quem amam, perdoam e tentam de novo,,pois o amor e' maior, o amor nao desiste, perdoa e tenta melhorar o que esta ruim. Perdoar e começar de novo eh um ato de coragem.
Abraços em todos! Curti muito fazer esta historia :)
Ate mais ver, galerinha!