Escrito em Azul – Capitulo 1
(Toda perfeição tem seu limite.)
– Como assim, você contratou outro diretor de criação?! –inquiriu Anna-Lú depositando os talheres na borda do prato um pouco irritada, e depois prosseguiu. – Eu sempre cuidei de tudo e já tenho ajuda suficiente de todos os nossos funcionários.
O pai de Anna-Lú que até então não havia esboçado nenhuma reação apenas passou vagarosamente o guardanapo pela boca e depois o dobrou com cuidado arrumando-o de volta sobre as pernas, o que só aumentou a tensão de Anna-Lú. Elevou os cotovelos sobre a mesa juntando as pontas dos dedos em uma espécie de pirâmide, como que para apaziguar o tom inflexível imposto à conversa. O jeito intolerante que Anna-Lú consigo carregava, lhe era familiar, tão comum ao pai quanto à filha, não era a toa que isso lhes rendiam diversos desentendimentos. Por isso, antes de começar a falar mediu bem as palavras exibindo seu autocontrole, na verdade muito irritante autocontrole na opinião de Anna-Lú.
– Refleti longamente antes de tomar essa decisão e o fato é que você anda muito sobrecarregada Luluzinha! – disse franzindo a testa. Anna-Lú bufou, pois cansara de repetir que o pai não a chamasse assim, porém não interrompeu.
– Você continuará como Diretora Geral de Criação e terá o controle do tráfego, assim eu sei que tudo sairá perfeito como você gosta. E será bom pra você dividir o fardo com alguém, juntar todo este talento incrível que você tem com novas ideias minha filha, tenho certeza que ela e você se acertarão muito bem – falou terminando seu discurso e sorvendo um pouco de vinho.
– Ela? E quem seria ela? O senhor ficou louco? Diga-me?! – Exaltou-se Anna-Lú empurrando o prato de vez para o centro da mesa, levantou-se bruscamente jogando o guardanapo com força na mesa.
O senhor Eduardo Garcia continuou sentado à mesa de jantar fingindo comer normalmente e isso irritava Anna-Lú profundamente. Já perdera as contas de quantas vezes o pai fazia isso, pouco importava se Anna-Lú aceitaria ou não, a decisão já estava tomada.
– O que os funcionários vão pensar? Que eu sou uma inútil, hein?! O senhor não pode fazer isso papai, eu sou a presidente! – desafiou-o Anna-Lú.
– Creio que a opinião de nossos nobres funcionários pouco me interessa e você está enganada Lulu, eu posso e o fiz, eu sou o dono e acionista majoritário desta empresa, eu fundei esta empresa, e ainda estou vivo, depois que eu morrer ai quem sabe você vai poder brincar um pouquinho com a direção. Estamos entendidos?! – sentenciou seu Eduardo não deixando duvidas de que não havia como a filha opor-se a isso.
– Sim, senhor! – foi tudo que Anna-Lú conseguiu responder. Quando o pai falava nesse tom ela já sabia que não haveria argumentos para contradizê-lo, muito menos de fazê-lo voltar atrás. Mesmo embravecida e apesar da juventude Anna-Lú não perdeu os bons modos, o jantar com o pai para ela acabou ali, despediu-se com dois beijinhos e disse que o veria no outro dia, na festa de premiação dos melhores do ano, onde mais uma vez ela estava entre os indicados ao prêmio principal.
Se, tinha uma coisa que Anna-Lú amava, era ser publicitária mais do quê profissionalismo, para ela era excitante, poder gerar ideias, criar slogans, expressões, ilustrações, detinha controle absoluto sobre as decisões tudo que era criado na Síntese Publicitá passava por ela antes de sair do departamento de criação da qual ela também era chefe e agora o pai a estava obrigando aceitar uma estranha para dividir a diretoria. Anna-Lú apertou ainda mais o volante enquanto sua cabeça fervilhava com esses pensamentos, chegou ao apartamento de Caio às 22h30minh, entrou e deu de cara com Caio no meio da sala em uma cueca samba canção rosa, não daquelas colantes, e logo que a viu passar pela porta soltou um gritinho de susto falso e com as mãos cobriu as mamas.
Anna-Lú achou tudo muito ridículo e a cara de Caio fazer cenas desse tipo, mas estava muito mal-humorada para comentários e muito menos para risadas. Deixou-se apenas cair sobre o sofá suspirando profundamente.
– Deixa de frescura veado! – Disse Anna-Lú com a intimidade permitida pela grande amizade, além do mais já o tinha visto de sunga centenas de vezes e de cueca não fazia muita diferença.
– Já vi que o jantar com seu pai não foi nenhum pouco agradável, acertei? – perguntou Caio já esperando a confirmação.
– Acertou! – disse Anna-Lú resignada. – Acredita que ele contratou outra pessoa pra assumir a direção de criação, como se não bastasse tudo o que ele me fez passar a vida inteira vai me fazer passar por mais essa humilhação. – Anna-Lú concluiu desconsolada.
– Já falou com a Mari sobre isso? – indagou Caio.
– Não! Esqueceu que hoje é a grande noite dela, foi jantar com os pais e oficializar o noivado – respondeu Anna-Lú, Caio assentiu com um leve aceno de caça.
– E agora, o que você pretende fazer Anna-Lú?
– Nada, o que eu posso fazer? Apenas aceitar, ele é o dono da Agência, e ele foi bem claro quanto a isso – disse Anna-Lú levantando-se e dando de ombros.
– E aí quer uma bebidinha pra relaxar? – perguntou Caio.
– Não, não, sabe do que eu preciso? Só uma coisinha vai me fazer relaxar essa noite – respondeu.
– Sexo! – falaram juntos, em um entendimento mutuo riram.
– Boate! – disse Caio e Anna-Lú assentiu.
– Certo, vou me vestir com algo mais decente! – disse Caio sorrindo e já deixando a sala.
Desceram a rampa de entrada da Boate Vogue onde se tinha tudo de mais moderno em som, luz e estrutura com atendimento sofisticado desde a entrada, pegaram suas comandas na excelente recepção onde de cara nota-se a decoração ambiental fina e puseram-se a caminhar, depois da recepção à direita uma área vip, à esquerda dois camarotes com piso superior, logo abaixo o bar, no centro um grande salão onde fica a pista de dança e mais à frente um belíssimo palco com telão para DJs e bandas, além do espaço para fumantes, tudo devidamente climatizado, ou seja, todo glamour que Anna-Lú já estava mais do que habituada. Passaram em frente ao bar e subiram para o camarote principal, o lugar era o seu preferido ao passarem pelas pessoas Caio mostrara um ou outra garota para Anna-Lú fazendo pequenos e discretos comentários do tipo, que tal essa, não é nada mal ou algo do tipo, queria um bumbum igual a esse amiga, ou ainda, você levaria para cama qualquer uma aqui e isso você sabe fazer divinamente, falava e soltava pequenos risinhos. Enquanto isso Anna-Lú encostara-se a uma das mesas altas que eram dispostas próximas às paredes, olhando como uma “caçadora” nata, as garotas que vez ou outra lhe lançavam olhares furtivos, com algumas Anna-Lú já havia se divertido uma única vez, pois se restringia a certas regras que ela mesma criara uma das quais era não ter segunda vez, na opinião do pai Anna-Lú vivia uma vida desregrada e sem firmar qualquer compromisso amoroso.
– Então, já se decidiu? – perguntou Caio no exato momento em que Anna-Lú avistou apoiada no balaústre do alto das escadas na entrada do camarote uma linda garota de cabelos vermelhos que caiam sobre os ombros contrastando com a pele muito branca, não lembrara se já a tinha visto, mas com certeza havia se decidido.
– Aquela! – respondeu Anna-Lú lançando em direção à garota um olhar lascivo, Caio olhou na direção em que Anna-Lú vidrara a tempo de ver a ruiva ruborizar acanhada.
– Certo, já que escolheu sua vitima, vou ao bar pegar umas bebidas e aproveito pra trazer a presa até você – falou Caio dando risadas.
– Também não é assim bicha, sou apenas seletiva – rebateu Anna-Lú dando um leve sorriso pela lateral da boca.
– Sei... É por isso que a garota ficou vermelha não é?! Ela se sentiu um pedaço é um pedaço de carne isso sim – respondeu Caio com um sorriso triunfante já virando em direção das escadas.
Anna-Lú acordou com a luz do sol refletindo em seu rosto, tentou levantar a cabeça, mas sentiu tudo girar, virou e com os olhos semicerrados viu ao seu lado uma ruiva totalmente nua e adormecida, olhou em volta tentando se situar, porém foi inútil a cabeça doeu e estômago revirou, pensou na noite anterior e no quanto havia bebido, não lembrava nada. Sentou-se com os pés fora da cama e apoiando os cotovelos sobre os joelhos colocou o rosto entre as mãos lembrando em relances a noite passada, desde o momento em que ainda na boate bebia e embebedava a ruiva, e a provocava falando com voz levemente rouca ao pé do ouvido, até estarem no minúsculo apartamento da ruiva, onde Anna-Lú a despiu com certa pressa querendo devorá-la por completo, deitaram-se aos beijos, e a ruiva já completamente entregue aos desejos de Anna-Lú, que desceu os beijos sobre o corpo da ruiva, sugou os seios e circundou as aureolas com a ponta da língua, arqueou o corpo da ruiva quando chegou ao abdômen, inclinou-se ainda mais para beijar e deixar pequenas mordidas em sua virilha e olhando uma ultima vez nos olhos da ruiva tomados de excitação antes de mergulhar os lábios em seu sexo encharcado, fazendo à ruiva se contorcer em gemidos cada vez mais intensos, entre as pernas da ruiva penetrou-a e começou movimentos de vai-e-vem enquanto sugava seu clitóris a ruiva incitava a cabeça de Anna-Lú ao encontro de seu sexo, com uma das mãos agarrou os cabelos castanhos e com a outra agarrou-se aos lençóis da cama gritando e explodindo num gozo intenso.
Anna-Lú ficou sentada mais um tempinho enquanto recordava a noite de sexo com a ruiva de corpo escultural e olhar de menina, tentou sem sucesso fazer desaparecer a horrível sensação que se instalara em seu estômago, resolveu que era hora de ir, pôs-se sobre os seus pés e começou a recolher as roupas espalhadas pelo chão do pequeno apartamento, em poucos minutos já estava devidamente vestida, exatamente quando seu celular começara tocar despertando a ruiva, que sorriu satisfeita para Anna-Lú.
– E então, gostosa quando nos veremos novamente? – perguntou ela.
– Você é linda e muito gostosa, mas não haverá uma próxima vez gatinha. Desculpe – respondeu Anna-Lú dando um selinho na ruiva. Logo, o telefone toca outra vez.
– Cadê você Anna-Lú, tá atrasada a Mari tá feito uma louca atrás de você, esqueceu-se da premiação é? – era Caio metralhando tudo de uma só vez.
– PQP! Já são 15h, que droga, já estou à caminho bicha, fala pra Mari que eu já estou chegando, tchau – respondeu e desligou rapidamente, olhou para o visor do telefone e lá estavam 32 ligações de Marina.