Havia acabado de terminar o ensino fundamental, e estava indo para o primeiro ano do ensino médio. Sempre fui muito tímido e preferia ficar na minha, durante anos fui conhecido como "O estranho", era difícil ouvir minha voz durante as aulas, só quando um professor fazia alguma pergunta direcionada a mim ou quando alguém puxava papo (Era muito raro isso acontecer). Então não foi tão difícil assim mudar de escola.
Acordei, fiz minha higiene matinal, desci já uniformizado e preparei meu café, pouco tempo depois minha mãe apareceu colocando uma xícara de café as pressas enquanto resmungava por estar mais uma vez atrasada.
- Bom dia, filho. Acordou animado pro primeiro dia de aula?
- É... Um pouco - Menti.
- Que bom! - Respondeu sem nem ter prestado atenção na minha resposta - seu pai já esta descendo, pede ele pra te levar e diz que acordei muito atrasada por isso não deu tempo.
Ela me deu um beijo rápido na testa e saiu apresada pela porta, antes que eu pudesse responder.
Minha mãe se chama Ana, ela é secretaria, e tem sérios problemas com horários, esta sempre correndo por estar atrasada, mas tenta ser o mais presente possível na minha vida e da minha irmã.
- Eai filhão. Cadê sua mãe? - Meu pai me cumprimentou dando um tapinha nas minhas costas
- Ela saiu correndo, tava atrasada de novo - Respondi.
- hahaha - Ele riu
- Pediu que me levasse hoje - Avisei enquanto engolia o ultimo pedaço do meu pão.
- Tudo bem. Só deixa eu tomar meu café e te levo.
Meu pai se chama Marcelo e é professor de natação, um cara alegre e sempre contagiando todos seus conhecidos, até hoje não conheço uma pessoa que não goste dele.
Assim que terminei meu café, subi pra pegar minha mochila e meu fone de ouvido, seria terrível se justo no primeiro dia, esquecesse ele em casa.
- Bora filho! - Meu pai gritou já indo pro carro.
Desci correndo e entrei no carro. A viagem foi normal, falamos da escola nova, das expectativas, ele me perguntou se não tinha esquecido nada e falamos sobre a antiga escola também.
Assim que cheguei me despedi de meu pai e sai do carro. As pessoas estavam uniformizadas e em grupos, pareciam ser velhos conhecidos. Comecei a procurar minha turma, haviam listagens com os nomes dos alunos de cada turma no mural da escola, procurei meu nome nas turmas do primeiro ano, e logo encontrei, estava na também? - Perguntou um garoto ao meu lado, observando que meu dedo estava sobre a listagem da turma.
- Sim - Respondi quase baixo o bastante pra que ele não ouvisse
- Legal! Me chamo, Lucas - Se apresentou estendendo a mão para me cumprimentar.
- Prazer cara, sou o Daniel - Respondi segurando em sua mão amigavelmente.
Caminhamos lado a lado procurando nossa sala. Ele falava o tempo todo, como se me conhecesse à anos, e eu apenas sorria, concordava ou respondi com "sim" e "não"... Lucas era espontâneo e sorridente, em menos de dez minutos eu já sabia que morava apenas com seu pai, era filho único, pretendia fazer faculdade de medicina, adorava futebol, morava algumas ruas depois da minha...
Finalmente achamos nossa sala. Alguns alunos já estavam lá, mas o professor ainda não. Então decidimos sentar nas primeiras mesas próximas a porta, e ele já percorria toda a sala conhecendo os outros alunos, eu apenas olhava rapidamente de um para o outro procurando algum rosto conhecido, mas nada.
- Oi - Era alguém que estava sentado atras de mim, mas nem a havia notado ate aquele momento.
- Oi - Respondi.
Era uma garota magra, de cabelos escuros. Ela era realmente bonita, mas não parecia ligar pra isso, nem maquiagem estava usando, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo bagunçado.
- Eai, qual é o seu nome? - Ela perguntou em um tom baixo.
- Daniel - Respondi - e o seu?
- Jennifer, mas pode me chamar de Jenny.
Depois disso começamos a desenvolver o papo aos poucos, não era tão fácil quanto com o Lucas, mas nos esforçamos e logo riamos das piadas um do outro. Lucas se juntou a nossa conversa e deu sua pitada de humor ao papo.
Pouco tempo depois começou nossa primeira aula, era de história, mas nem tivemos que usar o caderno novo, foi só aquela velha historia de se apresentar aos colegas e falar um pouco sobre si. Lucas nem precisou falar seu nome. afinal 90% já tinha tido o prazer de bater um papo com ele antes da aula começar.
No recreio andamos juntos. Jenny era filha mais nova, seu irmão era casado e já seria pai, adora musicas e matemática e é uma garota muito inteligente.
Aquela primeira semana não teve muitas novidades, apenas apresentações e poucos deveres para copiar, as aulas só começariam de fato depois do carnaval, mas nesse pouco tempo deu pra me aproximar bastante de Jenny e Lucas.
